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80 ANOS DO MEU MAIOR ÍDOLO

por Mateus Ribeiro


Carlos Ribeiro é o meu amado e saudoso pai. Seu Carlos, ou Carlão, nasceu em 13 de maio de 1940. Se estivesse por aqui, estaria completando 80 anos de vida hoje.

Seu Carlos tinha cara de beque central bruto. De fato, sabia como poucos impor respeito. Por outro lado, também era um grande centroavante irreverente e arrancava muitas risadas de quem estivesse ao seu lado.

Desde que eu me conheço por gente, sempre admirei muito meu pai. E foi por conta dele que eu comecei a me interessar por futebol. Eu tenho ainda em minha cabeça algumas cenas do primeiro jogo de futebol que assistimos na vida, no Gran São João. Era uma partida de um time infantil e eu aposto todas as fichas que meu pai deveria ter achado um jogo horrível, mas estava feliz por ter conseguido um companheiro para o acompanhar em sua maior paixão. Começava ali, em um domingo qualquer, uma história repleta de bons momentos, risos, lágrimas e emoções.

O meu mestre era torcedor do Santos Futebol Clube e sempre me falava sobre as façanhas do Alvinegro da Vila Belmiro. Ele bem que tentou me convencer a torcer, mas eu, que sempre fui do contra, escolhi outro time alvinegro: o Corinthians, que ele não podia nem ouvir falar (e nunca soube a razão disso, uma vez que na juventude dele, o Santos não costumava sofrer contra o Corinthians). Ele relutou, mas como um rapaz gente fina que sempre foi, aceitou numa boa.

Eu era muito novo quando comecei a acompanhar futebol com meu pai. Acompanhei ele reclamando do jejum incômodo, já que o Santos não vencia um campeonato desde o Paulistão de 1984, conquistado em cima do Corinthians. Durante anos, vi o meu time de coração vencer Campeonato Paulista, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e até mesmo o Mundial de 2000, que ele chamava de “torneio de verão”, mas abriu um grande sorriso quando Edmundo chutou aquela bola na Lua (nota: guarde bem essa passagem). Quis o destino que esse jejum se encerrasse em cima do Corinthians, na final do Brasileiro de 2002. Chorei como criança, mas no fundo, estava feliz por ele.

O tempo passou e assistimos milhares de partidas juntos. Porém, em 2012, meu velho ficou doente e passou um longo tempo no hospital, entre a vida e a morte. Mais uma vez, o destino me reservou fortes emoções, uma vez que ele acordou praticamente no mesmo dia que o Corinthians iria disputar o Mundial 2012. Eu iria trabalhar no domingo e após meu expediente, iria para o hospital. Depois de fazer uma gambiarra e assistir o jogo em uma tela de GPS, comemorei loucamente com os parceiros de serviço e, conforme havia planejado, fui ao hospital visitar Seu Carlos. Ao chegar em seu quarto, dei o abraço mais apertado da minha vida e pedi sua benção. A TV estava ligada repercutindo a conquista do Corinthians e ele, abrindo um sorriso enorme, me disse: “Até que enfim ganharam um de verdade, hein?”

Eu não me esquecerei de nenhum momento que vivi. Eu não me esqueço dele escalando os times que viu jogar. Eu não vou me esquecer dele falando sobre o Santos de 1962, o Brasil de 1970, ou como eu não entendia nada de futebol.

Eu sempre agradecerei. Sempre agradecerei todos os ensinamentos, que inclusive, me fizeram ser um corneteiro amador, que divide espaço com tantas feras aqui no Museu da Pelada.

Eu sempre vou me lembrar do dia que chorando, o senhor chamou a nossa amada dona Diva para dizer que um dia me ensinou e que naquele momento, estava sendo ensinado. Isso sempre será o meu maior tesouro.

Hoje, para celebrar mais um aniversário, vou ficar assistindo grandes jogos de Santos e Corinthians, para celebrar a nossa história tão bela, que não acabou e nunca acabará.

Parabéns, Carlão. Uma hora ou outra a gente se vê por aí!

PALPITES DA CHAMPIONS

por Mateus Ribeiro


Como faço todo ano, aqui vai a minha previsão sobre as oitavas de final da Uefa Champions League:

Borussia Dortmund x Paris Saint-Germain: após ser eliminado de maneira VERGONHOSA em 2019 pelo Manchester United, o Paris Saint-Germain tem tudo para passar de fase e ser eliminado por um time com mais historia e camisa nas quartas. Palpite: 1 a 1 na Alemanha e 3 a 1 em Paris.

Real Madrid x Manchester City: no duelo entre o velho rico e o jovem que recebeu a herança, ganha quem não tem Otamendi na zaga. Palpite: 4 a 1 na Espanha e 2 a 2 na Inglaterra.

Atalanta x Valencia: o confronto mais importante das oitavas, afinal, vai definir um semifinalista, já que o vencedor certamente vai tomar uma paulada nas quartas (possivelmente contra Real ou Barcelona). Palpite: 1 a 1 na Itália e 2 a 1 para o Valencia na Espanha. Valencia passa com as calças na mão.

Atlético de Madrid x Liverpool: desafio difícil para o Liverpool, que vence por 2 a 1 na Espanha e por 3 a 1 na Inglaterra.

Chelsea x Bayern: o Chelsea está mais tranquilo, pois não pegará o Corinthians no Mundial de Clubes. Mesmo assim, empata em 2 a 2 na Inglaterra e perde por 3 a 1 na Alemanha. Bayern passa tranquilamente.

Lyon x Juventus: o time francês sofre com o desfalque de Juninho Pernambucano. Toma de 3 a 1 em casa e de 2 a 0 fora.

Tottenham x Leipzig: tal qual Atalanta x Valencia, outro jogo que vai definir um semifinalista. O time inglês vence ambas as partidas por 2 a 1 e perde para a Juventus nas quartas de final.

Napoli x Barcelona: o Barcelona vive uma fase difícil. Sendo assim, ganha por 2 a 1 na Itália e 4 a 2 na Espanha.

Lembrando que o mata-mata da Uefa Champions League começa nesta terça-feira. Fiquem de olho!

IRON MAIDEN: BANDA LANÇA UNIFORME EM PARCERIA COM O WEST HAM UNITED

por Mateus Ribeiro


Todo fã sabe que o baixista Steve Harris é torcedor fanático do West Ham, tradicional clube de futebol de Londres. Pois bem, agora, além de torcedor, ele pode se orgulhar de ser parceiro. O Iron Maiden (representado pela figura de seu baixista/dono) se juntou ao West Ham para lançar a coleção de roupas futebolísticas estilizadas, que recebeu o nome de “Die With Your Boots On”, música lançada em 1983, no clássico “Piece Of Mind”.

O kit contém camiseta, calção e meião. O design do uniforme é similar ao que o clube londrino utiliza como primeiro uniforme, com o nome da banda estampado na faixa horizontal no centro da camiseta.

Sobre sua paixão pelo West Ham United, Steve Harris diz que “quando estou lá em cima tocando e vejo fãs na platéia vestindo material do West Ham, tenho arrepios.”

Para quem quiser adquirir seu kit, basta ir até o site oficial da banda:
https://666.ironmaiden.com/collections/die-with-your-boots-o…

O FUTEBOL VIROU UMA ETERNA SEGUNDA-FEIRA

por Mateus Ribeiro


Quando eu era moleque, uma das razões da minha existência era meu time do coração. Eu vivia para estudar e assistir futebol, principalmente jogos do meu time. A relação entre eu e meu time era algo que me fazia sentir dois extremos: se vencia, eu era a pessoa mais feliz do mundo; se perdesse, eu me tornava um demônio.

Porém, com o tempo, fui aprendendo a desviar a tristeza e as dores da derrota utilizando o que chamamos de “migué”. Pois é, eu sempre tinha uma conversa fiada para utilizar na segunda-feira quando meu time perdia no final de semana. Invariavelmente, eu falava que “jogamos melhor”, que o juiz havia prejudicado ou arrumava qualquer culpado. Falava e fazia de tudo, mas jamais assumiria em praça pública que o adversário fez por merecer a vitoria. 

Desde aquela época, eu era uma pessoa sensata o suficiente para saber que apenas uma coisa decide o futebol: o gol. Acredite se quiser, mas a bola na rede ainda vale mais que qualquer outra coisa no esporte bretão.

Saindo um pouco da máquina do tempo, voltemos ao maravilhoso ano de 2019. Eu já não acompanho futebol mais com tanto afinco, por achar que tudo hoje está uma tremenda chatice, principalmente no que se refere ao debate. Vamos supor que você aí do outro lado do monitor passou vinte anos dentro de uma bolha e resolveu assistir alguma mesa redonda. A chance de você achar que as regras mudaram é enorme. Afinal de contas, a vitória deixou de ser a principal razão do jogo.

A posse de bola e o insuportável conceito de jogo se tornaram a menina dos olhos da crônica esportiva. Obviamente, esse comportamento que beira o patético, chegou até o torcedor, que estufa o peito para falar sobre as “ideias de jogo”. Por sinal, essas tais ideias raramente são destrinchadas pelos entendidos, a não ser quando se utilizam da tecnologia para congelar UM lance da partida para tentar explicar como um time joga.

A vitoria não vale mais nada. O importante é saber falar para se justificar. Nenhum time precisa mais vencer, já que mais vale perder e ter a bola do que cometer o crime hediondo de ganhar “jogando feio”, lembrando que feio mesmo é achar que ficar tocando bola pra goleiro e zagueiro resolve alguma coisa.

Quando eu justificava minhas derrotas falando de forma vazia que meu time havia jogado melhor, jamais imaginei que depois de vinte e poucos anos isso se tornaria padrão para algus profissionais da bola, desde jogadores até palpiteiros.

De fato, o futebol virou uma eterna segunda-feira. Chato, cheio de desculpas e pautado em bobagens sem importância cometidas nos dias anteriores.

Um abraço e até a próxima!

25 ANOS DO TETRA

por Mateus Ribeiro


Há 25 anos, mais precisamente no dia 17 de julho de 1994, o Brasil se tornava tetracampeão mundial de futebol após o craque de bola Roberto Baggio mandar sua cobrança de pênalti na Lua, em uma clara comemoração aos 25 anos da missão Apollo 11 (que obviamente, 25 anos depois, completa meio século de vida).

As lembranças podem ser muitas, mas são basicamente iguais na cabeça de todo mundo: os gritos histéricos de “É tetra!” sendo repetidos exaustivamente, a gravata do Pelé, o Dunga falando todos os palavrões possíveis, a molecada na rua enchendo a cara de refrigerante enquanto os pais e parentes mais velhos tomavam litros de cerveja e muita festa pelas ruas.

Eu estava feliz pra caramba, comemorando junto da minha família, e na minha cabeça, o Brasil era invencível. Antes do início da Copa, meu pai me deu o álbum de figurinhas, me ensinou a fazer cola de trigo (a cola era cara, e mesmo que a nossa situação não fosse de pobreza extrema, luxos não eram exatamente permitidos ou incentivados) e me disse que o Brasil venceria. Venceu mesmo, e tal qual meu velho, não me decepcionou.


Eu estava emocionado, principalmente por ver o Viola ali no meio, e naquela época, ele era um dos meus principais ídolos. Hoje, é bem possível que se eu encontrasse metade do elenco de 1994, não faria a mínima questão de apertar a mão, por divergências de opiniões. Mas naquele domingo, aquela turma me fez a pessoa mais feliz do mundo.

Vinte e cinco anos depois, eu não torço mais (na verdade, desde idos de 2001 eu nem perco meu tempo), porém, esse dia não sai da minha cabeça. A maior Copa do Mundo da história tinha dono, e eu me senti um pouco campeão do mundo naquele 17 de julho de 1994.

Um quarto de século após um dos dias mais felizes da minha vida, reconheço que o futebol apresentado passou longe do espetáculo, e agradeço por isso, pois hoje sou um resultadista, com todo o orgulho do mundo.

Duas décadas e meia depois, sei o quanto identificação é importante e que traumas deixam marcas. Eu juro por tudo que é mais sagrado e que (não) acredito que entendo os adultos que já não ligavam mais em 1994, muitos deles atormentados por Paolo Rossi, penalidades máximas, Maradona e Caniggia.


E no final das contas, sabe o que tudo isso significa? Que depois do final do meu expediente (que começou muito cedo e vai acabar muito tarde), eu vou vibrar com a falta do Branco contra a Holanda, com o Bebeto se declarando para o Romário. Também vou sofrer com o empate dos holandeses e com a porrada que Leonardo deu em Tab Ramos. Vou relembrar como chorei na hora que o juiz apitou o final da prorrogação, temendo o pior. 

Afinal de contas, não é todo dia que se comemora uma data tão especial. E não é todo dia que se volta a colaborar com esse projeto maravilhoso chamado Museu da Pelada.

Obrigado, Brasil. Obrigado, Museu!