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ROBIN HOOD DO BRASILEIRÃO

por Mateus Ribeiro


Tira dos grandes para ajudar os pequenos. Tal qual o heroi fora da lei, o Alvinegro de Parque São Jorge vem fazendo a alegria dos menos favorecidos, enquanto os mais poderosos sofrem quando encaram o Corinthians.

É bem verdade que o time está desfalcado de peças importantes, e que a oscilação faz parte do futebol. Porém, perder para o Vitória e para o Atlético Goianiense (que tem uma das piores campanhas da historia do Campeonato Brasileiro) foi o suficiente para ligar a luz de alerta em Itaquera. E com todo o respeito aos profissionais que vestem a camisa dos adversários, o Corinthians tem a obrigação moral de pelo menos jogar bem contra tais equipes. Não jogou, e pasme, não marcou um gol nessas duas partidas. Sinceramente, beira o inexplicável.

Se levar em consideração que o Corinthians ainda empatou com Avaí e Chapecoense no primeiro turno, podemos contabilizar dez pontos perdidos para times inferiores técnica e financeiramente.

Quem é torcedor do Corinthians sabe que o clube sempre costuma derrapar quando encontra adversários mais fracos. Algo parecido com uma maldição eterna, que causa calafrios nos torcedores.

Porém, os dois últimos sábados foram tenebrosos para quem foi até o estádio esperando ver duas goleadas, pois os tropeços pareciam impossíveis. Pelo contrário, assistiram duas catástrofes. Para o Corintiano, trágico. Para os demais torcedores, cômico.

Com essas derrotas, o campeonato provou que é um dos mais imprevisíveis dos últimos tempos. Inúmeros times vencendo fora de casa, grandes favoritos sofrendo contra times pequenos, times tradicionais lutando contra o rebaixamento. A cada rodada um time é surpreendido. Nesta, o infeliz foi o Corinthians. E na passada também.

Sendo assim, a disputa fica mais aberta, afinal, tudo pode acontecer. Vamos aguardar e ver se o time de Fábio Carille se recupera ou mantém a fama de Robin Hood!

NÃO ADIANTA TENTAR VENDER, EU NÃO QUERO COMPRAR

por Mateus Ribeiro


Quem acompanha meus textos sabe que detesto muitas práticas da imprensa esportiva. Na verdade, desprezo, abomino e repudio praticamente tudo que a mídia em geral anda fazendo nos últimos tempos. Seja pelo jornalismo engraçadinho, seja pelas análises parciais, seja por comentarista inventando craque para defender interesse pessoal, seja o motivo que for, assistir ou ler qualquer coisa da imprensa me causa uma arrependimento gigantesco por um dia ter aprendido a ler. Sinceramente, cheguei em um ponto que achei que as coisas não pudessem ficar piores.

ACREDITE, CONSEGUIRAM PIORAR. Todos se lembram do insuportável boom que foi a contratação de Neymar. Desde o “mistério” (que não enganou ninguém) sobre sua possível ida para Paris, até a assinatura do contrato, foram dias cruéis para quem busca informações relevantes e interessantes sobre o futebol. Cheguei a cometer a inocência de imaginar que depois de passado todo esse fricote por parte da mídia, as coisas fossem dar uma pausa. Ledo engano. Tudo virou um inferno.

Chegamos no ponto que a REDE GLOBO cogitou transmitir a estréia do atacante pelo clube francês. Duvida?

Globo desiste de transmitir estreia de Neymar no PSG e exibirá Brasileirão
A Globo desistiu da estreia de Neymar no PSG na TV aberta e optou por transmitir a partida entre Vasco e Palmeiras…

De semanas pra cá, periga você ligar a TV no programa da Ana Maria Braga e encontrar alguma reportagem falando sobre o look de Neymar. Ou então, que façam um programa de cinco horas falando sobre seus dias de PSG, para ser transmitido no lugar da famosa Retrospectiva. Até aí, tudo normal, pois esse tipo de jornalismo para imbecil faz bastante sucesso no Brasil. O que me deixou realmente com a cabeça desgraçada foi o que grande parte da imprensa esportiva anda fazendo. Estão tentando criar um heroi nacional.

Que o Neymar é bom, não há dúvidas. Todo mundo sabe. Ele realmente é bom pra cacete no que faz. Porém, não dá para você ligar a televisão e de cada 10 palavras, ouvir 11 vezes o seu nome. E também não é muito legal essa tentativa de mostrar todo seu lado irreverente, ou seu espírito de liderança. Qualquer um que acompanhou sua trajetória, desde os tempos de Santos, sabe que alguns fatos acabam com a possibilidade dele ser esse ídolo que tentam vender a imagem: Neymar sempre foi um tremendo de um arrogante dentro de campo, além de ser um baita de um cara plastificado. Nada nele é verdadeiro, nada ali é feito sem que role uma cara ou uma boca para as câmeras. Desde suas comemorações até seus pitizinhos, nada ali é feito sem algum interesse por trás, ou é espontâneo. E não adianta essa patrulha da Globo/Sportv tentar vender essa imagem de intocável.


Eu imaginei que essa blitzkrieg para transformar um de seus cartões de visita em um Super-Homem da Nova Era fosse ser constante (e realmente vem sendo). Estou desapontado, porém, nada surpreso.

Novamente, achei que havíamos chegado no limite. Novamente, fui tapeado. A turminha da caneta e do microfone está fazendo algo que subestima muito a inteligência do telespectador (ou de qualquer pessoa que tenha estômago). Acredite você ou não, estão tentando vender a ideia de que o Campeonato Francês é interessante e competitivo.

NÃO! PELO AMOR DE QUALQUER DIVINDADE! NÃO FAÇAM ISSO CONOSCO.


O Campeonato Francês é chato. Extremamente desagradável. Nível técnico baixo, times que lutariam pra não cair no Campeonato Paulista. Jogadores de terceiro escalão mundial jogando por times de quinta categoria, disputando um campeonato nacional que não serve de parâmetro para absolutamente nada. Como se não bastasse o campeonato ser uma baita de uma chatice, agora ele fica nas mãos de um ou outro time. Se até um tempo atrás, o BAGUETÃO era o campeonato com o maior Número de equipes campeãs, daqui pra frente teremos o PSG campeão em 90% das vezes, e o Mônaco fica com o restante. Eu não debato sobre a hegemonia, se o time tem dinheiro para comprar meio mundo e ganhar esse campeonato horroroso, que o faça. Não acho ruim. O que não dá para engolir (nem com cachaça) é jornalista pseudo sério falando essas asneiras de que o campeonato é competitivo.

Não é competitivo. Muito menos legal. Qual a graça de assistir a um jogo que você sabe o time vencedor? Qual a graça de assistir o Lille perdendo para o Caen? Sério, não dá pra ser feliz com o Campeonato Francês. Talvez o único país que tenha uma liga tão insuportável seja a Espanha. E imagino que Messi e Cristiano Ronaldo ocupem o lugar de Neymar em seus países.

Eu até entendo que por ser PARÇA do Neymar, a imprensa o apoie bastante. Mas não é por causa disso que o internauta e o telespectador (que pagam caro pela internet e pela TV por assinatura) tenha que ser submetido a essa overdose de Neymar e de mentiras sobre as peladas que ele vai disputar por lá.

Todos sabemos que ele vai fazer 500 gols, que será pentacampeão (aí depois de cinco temporadas tomando pau na Champions, vai fazer biquinho e bater o pé para sair), e tudo o mais. Porém, não queremos ver seus lances 300 vezes no mesmo jornal, não queremos que tentem transformar um jogador de futebol (o maior brasileiro em muitos anos, é bom que se diga) em um ícone. Muito menos queremos essa lavagem cerebral que tenta nos convencer que o Campeonato Francês seja alguma coisa além de tenebroso.


Trocando por miúdos: o Campeonato Francês é uma desgraça em 360 graus, e ninguém que seja sério se interessa. Não precisa nos incomodar.

Não adianta tentar vender tudo isso, que seja sobre Neymar ou sobre a Ligue 1. Eu não quero comprar. Espero que vocês também não.

Aquele abraço, e até a próxima.

VALE QUANTO PESA?

por Mateus Ribeiro


Todo mês de agosto o assunto é o mesmo: a fatídica janela de transferências que movimenta clubes de toda a Europa (e alguns outros infelizes da América do Sul). Dia após dia, durante algumas semanas, boatos e fatos pipocam nos noticiários esportivos.

Em meio a esse bombardeio de compras e vendas, o mundo se chocou especialmente com uma transação: a ida de Paulinho para o Barcelona. Muitos pseudo entendedores e torcedores acharam um absurdo o fato do clube pagar uma verdadeira fortuna: 150 milhões de reais, o que torna o volante a quarta aquisição mais cara do Barcelona.

Choveram piadinhas na Internet. Brotaram críticos. Nasceram milhões de economistas analisando o gasto desenfreado por parte dos clubes. Pobre de Paulinho, que estava no lugar errado, e na hora errada. Virou o bode expiatório. Isso tudo já era esperado, uma vez que o queridinho do Brasil havia sido vendido para o PSG, e todos esperavam que viesse algum jogador cheio de holofotes e mídia. Não veio Coutinho, veio Paulinho. Paulinho é totalmente fora do padrão galã boleiragem que a imprensa e essa geração ESPN tanto dá valor (mesmo que a técnica seja sofrível), e não é “moralizador”, como esse bando de babaca que venera Adriano gosta de falar. Óbvio que iriam chiar. E quem chiou foram os mesmos bobões que bateram palmas quando o volante marcou aqueles gols pela seleção.


Na minha opinião, Paulinho não vale isso. Aliás, pra mim, nenhum jogador vale isso. A questão é que o volante fez duas temporadas incríveis no Corinthians. Após isso, fracassou em um time que com muito esforço faz parte do segundo escalão do futebol europeu. Depois disso, resolveu encher o bolso na China. Obviamente, em um campeonato sem o mínimo de competitividade, a chance de deitar e rolar era enorme. Paulinho deitou, rolou, e era sempre convocado para a Seleção. Fez algumas boas partidas na tal Copa das Confederações (com Scolari), fez parte do bonde do 7 a 1, e é um dos homens de confiança de Tite. Alguns podem se iludir com os gols e recordes quebrados por Paulinho, principalmente com os gols marcados no Uruguai. Porém, não podemos ser cegos a ponto de achar que jogar bem contra os sacos de pancada da América do Sul seja parâmetro para alguma coisa. Não é, e os últimos três mundiais mostraram isso.

Mesmo achando que Paulinho é apenas um bom jogador com estrela, e que sua contratação foi um absurdo, discordo totalmente de toda essa onda que visa esculhambar e desmerecer o jogador, por inúmeros fatores. Vamos lá:

1 — Essa loucura financeira não é velha, mas não começou ontem:


Em 2011, tivemos um cenário parecido, guardadas as devidas proporções. Fernando Torres era um dos xodós da torcida do Liverpool. Em uma transação controversa, foi parar no Chelsea. Torcedores queimaram camisas, amaldiçoaram a carreira do espanhol (com um certo sucesso), mas nada adiantou. Torres foi para o lado azul de Londres. O que o Liverpool fez para acalmar a torcida? Despejou um caminhão de dinheiro (aproximadamente “apenas” 31 milhões de Libras) no MEDONHO Andy Carroll, que até fazia seus golzinhos, porém, nada que merecesse essa pornografia. Conforme esperado, o cabeludo beberrão não se firmou, fez onze gols em quase sessenta partidas, e foi demonstrar seu talento no West Ham.

E quem não se lembra das cifras exorbitantes que clubes torravam no início do século por Anelka, famoso mais pelo seu desinteresse nas partidas do que propriamente pelos seus gols? Ou de Balotelli, que apesar de parecer um cara maneiro, iria penar pra jogar a Série B do Campeonato Brasileiro, e mesmo assim teve time saindo no tapa e torrando dinheiro por sua contratação nos últimos seis anos? Para ir um pouco mais longe, podemos lembrar dos violentíssimos SESSENTA milhões de euros que o Real Madrid pagou para tirar Figo do Barcelona. Está certo que era um dos grandes nomes do rival (apesar de eu mesmo nunca ter visto graça no futebol do português), que poderia gerar retorno, e todo esse papo furado. Mas sessenta contos, há 17 anos atrás, era algo inimaginável. Imagine hoje quanto não pagariam pra tirar o Suárez…

2 — Será mesmo que só Paulinho foi loucura?


O Manchester City gastou 184 milhões de euros com Sterling, De Bruyne e Fernandinho. Se você somar as cifras pagas pela eterna promessa Robinho, atingimos 227 milhões de euros.

Somados, Morata e David Luiz custaram quase 142 milhões de euros ao Chelsea.

Já o Liverpool gastou muito para montar um Southampton cover nos últimos anos. Como cereja do bolo, torrou mais de cem milhões em Roberto Firmino, que consegue iludir um ou outro aí, que imagina que uma meia dúzia de gols justificam um valor criminoso desses em um jogador que até ontem ninguém sabia quem era.

Isso sem contar as loucuras que o PSG fez para conquistar a belíssima glória de passar longe de qualquer final europeia e ser coroado com uma humilhação frente ao Barcelona. Ou então o Arsenal, que abria a carteira para contratar ilustres revelações desconhecidas sub-20 a pedido de Wenger, tudo para amargar um tenebroso jejum do Campeonato Inglês, e após um tempo começar a beliscar algumas Copas.

Não custa também relembrar o Real Madrid, que raspou o cofre para arrancar Kaká do Milan. A grande verdade é que se não fosse o fato do ex jogador do São Paulo ser o bibelô da imprensa esportiva brasileira, sua contratação seria considerada um grande fiasco. Como é o Kaká, dá lhe passada de pano, culpa nas contusões e no treinador para tentar explicar o fato de um dos “melhores do mundo”, contratado a peso de ouro, não render nada próximo do que se esperava dele.

Quem parece entrar nessa onda agora é o Milan, que está gastando muito em jogadores bem longe do patamar do clube (exceto o ótimo Bonucci), mas que segundo os nerds da bola são “contratações pontuais”.

Se você acha que é só por lá, lembre de da grana que o Corinthians deu naquele dublê de jogador chamado de Alexandre Pato. Ou então, tente argumentar a razão do patrocinador do Palmeiras achar justo pagar mais de 30 milhões de reais em um atacante que em seis anos de profissional já rodou mais que pião novo e só deu certo em um time bem encaixado?

O buraco é bem mais fundo que parece.

3 — E se Paulinho for bem?


É claro que um investimento deste tamanho é feito visando resultados. E acredite você ou não, existe a possibilidade de Paulinho ir bem no Barcelona. Da mesma maneira que pode ir mal. A diferença é que ele já chegará ao clube com olhares desconfiados, enquanto muitos que pouco ou nada fizeram pelo futebol continuam chegando com holofotes e sendo blindados pela imprensa até os dias de hoje.

A chance de Paulinho se dar bem existe, apesar do Barcelona perder muito com a saída de Neymar. Porém, o time ainda conta com Messi, Suárez e Iniesta, o que garante bons momentos. Ninguém é estúpido ao ponto de imaginar que Paulinho veio para substituir Neymar, mas já pensou se o Barcelona tiver um ano mais vencedor que o PSG? Já imaginou se Paulinho dá uma de Belletti? Já pensou se isso acontecer? Pois é, a chance existe, apesar de vocês já terem cravado o contrário.

A discussão é válida. Porém, tardia. Não foi Paulinho que iniciou essa maluquice. E também não foi o Barcelona o único clube a fazer tamanhas loucuras.

De resto, espero que Paulinho se dê bem, pois parece ser um bom profissional, e merece realizar seu sonho e calar a boca de muita gente mal intencionada. Espero também que essa roda gigante e maluca do dinheiro emperre logo de uma vez, para que o futebol deixe de ser esse campeonato maluco para ver quem gasta (e lava) mais dinheiro.

Abraços amargos, e até a próxima!

UM CIRCO SEM A MÍNIMA GRAÇA

por Mateus Ribeiro

Quando era adolescente, era fanático por tudo que envolvia futebol. Colecionava revistas, álbuns de figurinhas, assistia a todos os programas esportivos e partidas possíveis. Era realmente um vício, a ponto de me sentir chateado quando passava um dia sem ver a bola rolando.


Hoje, tudo é mais fácil. TV por assinatura, Internet, tudo possibilita que informações apareçam aos milhões, a qualquer hora, em qualquer lugar. Antigamente, essas facilidades eram apenas um sonho distante na minha cabeça. A distância desse sonho me aproximou de uma das maiores paixões que tive na vida: o rádio! Todo domingo acordava cedo para ficar grudado em um velho aparelho ouvindo Milton Neves segurando o rojão durante um plantão que durava horas. Milton e sua equipe conseguiam unir uma competência ímpar com uma dose de humor que deixava todos os públicos satisfeitos. Inclusive eu, um jovem que apesar de apaixonado, pouco entendia de bola. Comecei a gostar muito do mundo da comunicação, e a acompanhar com um olhar mais crítico tudo que envolvia o jornalismo esportivo. Bom, pelo menos tudo o que estava ao meu alcance.

Continuei ouvindo rádio, assistindo Cartão Verde, Super Técnico, o saudoso Show do Esporte, e tantos outros programas. Esperava pelo dia que a tecnologia chegasse logo, e com ela, eu pudesse ter opções mais variadas no meu já grande cardápio esportivo. A tecnologia chegou, e com ela, um oceano de decepções.


Comecei o texto dessa maneira para mostrar que antigamente, com muito menos recursos, a qualidade era alta. Óbvio que tinha muita, mas muita coisa ruim. Porém, acredite se quiser, até o Globo Esporte era legal. Me referi ao Globo Esporte pelo fato do jornal da hora do almoço ser uma das principais vítimas daquele que é um dos principais inimigos da inteligência humana: o jornalismo engraçadinho.

O modelo adotado pelo programa era terrível: um apresentador descolado, brincadeiras sem o mínimo de graça, e reportagens irrelevantes. Um negócio constrangedor mesmo, mas que poderia ser superado. Infelizmente conseguiram, com aquela desgraça intitulada Jogo Aberto.


Renata Fan e Denílson

Comandado por uma dupla tão carismática quanto uma folha de papel vegetal, o programa é um absurdo em todos os aspectos. Mas o absurdo reside no fato de que exista quem consiga achar graça na dupla, e pior ainda, quem enxerga humor nas brincadeiras (muitas vezes maldosas) praticadas por Renata Fan e seu escudeiro Denílson. Como se não bastasse tudo isso, colaboram com a tragédia o fato de tudo no programa ser absolutamente previsível. A cereja em cima do bolo é o fato do ex-jogador cantar a apresentadora ao vivo, em rede nacional, em toda oportunidade. O que mais machuca a alma é saber que essa aberração (um verdadeiro desserviço) possui um grande número de fãs, que acha engraçado essa mistura de humor raso, informações vazias e clubismo velado travestido de piada. O programa falha em tudo, porém, como sempre existe um sapato velho para um pé cansado, existe quem perde tempo com esse aborto da natureza.

Já bastante cansado de tudo, imaginei que a referida atração fosse o fundo do poço. Descobri que era apenas a ponta do iceberg. Com a chegada da internet e o boom das redes sociais, tudo piorou. De uns tempos pra cá a coisa ultrapassou todos os limites da inteligência e da paciência humana.

Você está duvidando que a situação está insuportável? Siga estes dois passos:

1 — Ligue sua TV;

2 — Assista ao programa “É Gol”, transmitido pela Sportv.

O terceiro passo é a decepção por ter perdido 60 minutos de sua vida. Tudo de pior do jornalismo infantiloide está ali contido. Linguagem jovem da Internet, aquelas piadinhas dignas de show de stand up, e o tal do Zé Carniça.

Enfim cheguei no ponto que queria: tal qual em TODOS os jogos do campeonato transmitidos na TV, um dos assuntos mais abordados no tal “É Gol” é o nosso querido e estimado jogo Cartola FC. Eu escalo meu time e brinco em algumas ligas. O jogo é legal. Porém, a paciência vai para o espaço cada vez que algum apresentador, repórter ou comentarista faz alguma intervenção falando do jogo. E não são poucas as vezes. E você acha que esse é o pior que o jogo pode proporcionar? Ledo engano. O Cartola apresentou ao mundo a pior coisa que o futebol me proporcionou: o tal do Cartolouco.


Cartolouco

Vou poupar o estômago de quem está lendo e não vou me prolongar muito nesse assunto. Tudo o que posso dizer é que essa onda engraçadinha já deu. Sério. Ninguém com o mínimo de cérebro e sentimentos tem paciência para aturar essa palhaçada. E o tal do Cartolouco (que não faço ideia de onde brotou) consegue juntar tudo de pior dessa onda que de engraçada não tem absolutamente nada.

Enquanto isso, milhares de pessoas competentes e sérias passam horas criando conteúdo de qualidade em sites independentes, páginas no Facebook e afins. Duvida? Acesse as páginas do Sem Firulas, do Museu da Pelada, ou o site do Trivela, que apesar de tratar o futebol como coisa de nerd, tem seus bons momentos. O que é inadmissível é saber que o que é sério e bom não tem espaço, ao mesmo tempo que essa enchente de incompetência e mediocridade aparece na TV, na Internet, no rádio, e onde mais for preciso.

Chego a sentir saudades do Debate Bola, que tinha profissionais que tinham o dom para saber brincar. Coisa que essa turma que sentei a mamona no texto não tem. Nem o dom de saber brincar, tampouco o de informar.

Resta ver o que pode vir pela frente. Pelos rumos atuais, é provável que tudo piore nesse circo que virou a imprensa esportiva. Infelizmente, um circo sem a mínima graça.

DINHEIRO E OBA-OBA NÃO ESCREVEM A HISTÓRIA

por Mateus Ribeiro


Em mais uma noite terrível para clubes brasileiros, Palmeiras e Atlético Mineiro foram eliminados da Copa Libertadores da América. O alviverde caiu para o modesto Barcelona de Guayaquil nas penalidades máximas, enquanto o Galo de Minas apenas empatou com o mais modesto ainda Jorge Wilstermann.

Os dois clubes se juntaram ao Flamengo como os brasileiros eliminados (dentro do campo, já que a Chapecoense foi excluída do torneio por outros motivos). Curiosamente, no início do ano, os três figuravam como os melhores elencos do Brasil, pelo menos na boca da imprensa esportiva “especializada” e de alguns torcedores mais exaltados.

Quem acompanha futebol sabe que essa história de melhor time, melhor elenco, geralmente é o Selo da zica, que faz com que os times assim nomeados não alcancem nem metade do que foi projetado. Exemplos temos de monte, e em todas as proporções: os galácticos do Real Madrid, o time da MSI, a seleção de 2006, o “melhor ataque do mundo” e o próprio Internacional de Porto Alegre nos últimos anos.

A receita é basicamente a mesma: trazer jogadores que estão sem mercado na Europa a preço de ouro, inflacionar o mercado, encher as redes sociais de propaganda e vídeos mostrando todo o suposto poderio do elenco, lançar dezenas de campanhas, e dar entrevistas falando sobre as finanças do clube. Do lado da imprensa, o papel é projetar sucesso, fazer um carnaval em cima de qualquer pereba que o clube contrata por um valor exorbitante, palpitar sobre as possíveis escalações do time e repetir a frase “time x tem um dos melhores elencos do Brasil” quantas vezes puder. Sem medo de repetir, para entupir a grade de programação, sem pudor algum mesmo. Resultado: um número gigantesco de torcedores mais desinformados que compram essa ideia, e invariavelmente se decepcionam.

Com Palmeiras e Atlético Mineiro as coisas não foram diferentes. E, analisando friamente, a chance de acontecer algo longe das expectativas era real.

Falando sobre o Palmeiras, o campeão brasileiro de 2016 resolveu continuar tentando gastar o dinheiro da Crefisa de qualquer forma. Despejou um caminhão de dinheiro em Borja, o símbolo do fracasso. Alguns podem dizer que ele foi bem nas fases finais da Libertadores passada, e que cansou de fazer gols no futebol C O L O M B I A N O. Está certo que realmente ele foi bem no torneio continental. Mas, sejamos honestos, é inadmissível pagar uma quantia pornográfica por um jogador que tem um ano bom no futebol, e que em seis anos de carreira já rodou o planeta. Estava escrito que provavelmente não iria atingir o nível que se esperava dele. Pior, até o momento, é um mico gigantesco.

Mas não para por aí. O tal Felipe Melo chegou como se fosse o Falcão do Século XXI. Falou muito, jogou pouco, teve imprensa e torcida passando pano para suas atitudes estúpidas, fez mal para o grupo (óbvio) e foi dispensado. De resto, um elenco inchado e com nomes do calibre de Keno, Tchê Tchê, Egídio, Bruno Henrique, Edu Dracena, e tantos outros não pode ser considerado imbatível. Ainda mais se tal elenco for comandado por um treinador que acredita que uma calça pode dar sorte ao time. Para o Palmeiras, resta uma reflexão profunda sobre o ano de 2017 (e sobre o papel dos tais diretores de futebol).


O Atlético Mineiro não tinha tanto holofote, mas também era bem cotado. O que não consegui entender desde o início foi porque um elenco envelhecido, recheado de jogadores que saíram da fase boa há tempos era tão louvado. Para completar o pacote, contrataram aquele que seja talvez o jogador mais acomodado e supervalorizado do Brasil, Elias.

Não bastasse todos esses fatores, o tão falado planejamento foi por água abaixo quando demitiram o, até meses atrás, aclamado e intocável Roger Machado. A solução encontrada foi trazer um treinador cuja glória máxima foi vencer as Olimpíadas. Está certo que era um título inédito. Porém, não é justificável a expectativa exacerbada em cima de alguém que comandou um time vencedor de um torneio de nível técnico baixíssimo, aos trancos e barrancos, onde a única seleção que realmente se importou e levou jogadores de renome foi a brasileira. Desde o começo, estava na cara que Micalle não seria o salvado da Pátria. Não foi, e o Atlético continua sua trilha de ser favorito em todos os campeonatos que disputa, e terminar apenas com o estadual (isso quando termina com algo).


Sobre o Flamengo, ainda disputam a Copa Sul-Americana, com chances de ir mais longe. Porém, isso é muito pouco. Está longe das expectativas criadas. Tão longe quanto o time está de passar o carro nos adversários do Campeonato Brasileiro, como muitos entendidos cravaram no início do ano.

Pode se dizer que o Flamengo tem um time até bacana do meio pra frente. Mas nada de outro planeta, analisando friamente. Aí entro em outro mérito: um dos principais itens de uma equipe de sucesso é o equilíbrio. E aí não adianta você ter um meio campo e um ataque razoáveis quando seu sistema defensivo é catastrófico. Somado a tudo isso, uma torcida que se iludiu e caiu no conto de jornalistas que pouco se importam com as bobagens que falam no início da temporada, e só querem ver o circo pegar fogo. Resultado: time escalado pela vontade de terceiros e o pobre Zé Ricardo pagando o pato.

Tenho quase certeza que pouco disso será falado. Talvez até comentem sobre essa importância demasiada que dão para o dinheiro sendo gasto apenas e simplesmente por gastar. Mas nunca falarão o suficiente. Nunca se falará o suficiente do oba oba também.

Continuaremos a ver programas esportivos desenhando um sucesso imenso para clubes que torram milhões em jogadores e em propaganda. Continuaremos a ver torcedor que não se importa com o valor absoluto (muito menos com o relativo) de certas contratações. Continuaremos a ver diretor de futebol sendo chamado de herói. Continuaremos a ver presidente sendo tratado como rei porque, TEORICAMENTE, cumpre a obrigação de cuidar bem das finanças do clube.

Eu entendo o fato de torcedor se iludir. eu mesmo já até acreditei que Pato e Ganso fossem jogadores de futebol de nível profissional. Digo mais, acreditei que pudessem ter um futuro. O que não dá pra engolir é esse número gigantesco de profissionais (muitos deles de competência duvidosa) da imprensa, que ganham muito dinheiro para palpitar e iludir torcedores. Pior ainda, sabendo que estão falando borracha desde o início do ano e que correm o risco enorme de passar vergonha.

Que eles deixem de passar vergonha. E que o torcedor deixe de se iludir.