Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

marketing esportivo

PORTFÓLIO DE PRODUTOS

por Idel Halfen


Uma das críticas mais frequentes em relação aos fornecedores de material esportivo versa sobre uma suposta oferta insuficiente de produtos “alternativos”. Em outras palavras, os torcedores anseiam por encontrar outras peças para comprar além das “costumeiras” réplicas dos uniformes de jogos. 

Dois erros crassos dão origem a essa crítica: 

1 – o torcedor se considerar uma perfeita amostragem do universo de consumidores ao partirem da premissa que se ele e mais alguns amigos desejam, também uma gama considerável de pessoas irá desejar. O que para ser ser verdadeiro haveria como requisito inicial que todos tivessem a mesma disponibilidade de dinheiro e igual prioridade de consumo. 

2 – achar que o fornecedor pode ter prejuízo em troca de satisfazer um desejo do torcedor. Parecem esquecer que os resultados da operação são fundamentais para a renovação do contrato de fornecimento, sendo que os valores desse pesam significativamente nas contas dos clubes. 


Não há como não admitir que a pretensão é legítima, afinal de contas todo torcedor tem orgulho em ostentar algum produto que remeta ao seu clube de coração, isso sem falar no conceito do “aspiracional”, que nos faz desejar trajar peças semelhantes às que os jogadores e comissão técnica usam. 

Todavia é preciso entender que o processo não é tão simples quanto possa parecer, visto que da intenção de comprar para a efetiva compra há um longo caminho a ser percorrido, o qual passa pelo preço, pela capacidade financeira e pela distribuição do produto. 

O que quero dizer com isso é que o preço e/ou o impacto desse no orçamento do consumidor pode ser um inibidor de compra. Tal racional também influencia os planos dos varejistas que acabam preferindo investir em produtos com giro mais rápido e garantido, ainda que com um valor agregado menor. É preciso ter em mente que o próprio varejista tem recursos limitados de capital de giro e de espaço para armazenamento e exposição de suas mercadorias, situações que o fazem serem seletivos na escolha do seu sortimento. 

Evidentemente que essa narrativa quanto à dificuldade de se colocar mais produtos no mercado não significa que eles não devam ser desenvolvidos. Devem sim, até porque ajudam no fortalecimento e no posicionamento da marca, porém, é fundamental que todo desenvolvimento seja amparado por um planejamento que minimize os efeitos de uma eventual baixa demanda. 


Ainda sobre a dificuldade de se sair das vendas dos artigos mais tradicionais, no caso as camisas e shorts, para as, digamos, mais irregulares, como casacões de chuva e agasalhos, vale salientar que um dos indicadores utilizados para se medir o desempenho dos vendedores da indústria em relação ao setor varejista é a positivação de produtos, na qual se apura como está sendo trabalhado o mix de produtos. 

A título de ilustração, citamos a seguir outros indicadores que também servem como parâmetros de avaliação comercial: rentabilidade do pedido, receita do pedido (valor do mesmo), ciclo médio de compras (quanto tempo que o cliente leva entre um pedido e o próximo), ticket médio do pedido (total de vendas dividido pelo número de clientes), abertura de clientes (quantidade de novos clientes) e positivação de clientes (quantos clientes foram atendidos no mês). 

No caso que serve de tema para esse artigo, o lançamento de um produto sem estimativa de boa demanda pode até vir a ser compensado e justificado pela rentabilidade do pedido, visto ser perfeitamente factível que a margem praticada em outros produtos compense um eventual desconto nesses produtos “mais difíceis”. 

O que não se justifica de forma nenhuma é não conseguir enxergar que desenvolver e lançar produtos envolvem riscos e, dessa forma, precisam ser exaustivamente ponderados.

EXPECTATIVAS DE UMA CAMPANHA

por Idel Halfen

A paz nos estádios, anseio de muitos, é o tema da campanha lançada recentemente pelo canal SporTV, a qual, por sua vez, serviu como inspiração para o presente artigo. 

Na verdade, aproveitaremos as críticas que foram feitas sobre a iniciativa – sim, elas existiram – para estruturar alguns argumentos que ajudarão na reflexão e no entendimento sobre o que se deve esperar de uma campanha e de como se dá o processo de desenvolvimento deste tipo de ação.

Uma das desaprovações fez menção à eventual possibilidade de os responsáveis pela criação da peça, ou mesmo pelo briefing, não serem frequentadores de estádios e, como tal, não terem a devida do ciência dos meandros do “produto” futebol. Esse tipo de raciocínio, para ser coerente, nos levaria a crer que apenas mulheres poderiam desenvolver campanhas para absorventes íntimos, por exemplo, ou, exagerando, que só crianças estariam capacitadas a criar anúncios sobre fraldas infantis. 

Evidente que não, aliás, talvez a isenção até seja útil em alguns casos, pois uma cabeça “limpa” de experiências e paradigmas pode vir a proporcionar, quem sabe, um quadro aonde as pesquisas e os estudos exerçam papel de relevância. Isso também não quer dizer que quem esteja por dentro do produto a ser trabalhado não deva exercer a função. Nada disso, na realidade sou contra os prejulgamentos acerca da capacidade de alguém quando baseados na relação, ou não, com o produto a ser anunciado. Em minha opinião, o importante é se ter a experiência na profissão, talento e estudo. 


Outro equívoco se deu na suposição de que o público que briga no estádio não tem acesso à TV a cabo. Nessa argumentação se tentou correlacionar a violência ao poder aquisitivo das pessoas, o que não pode ser visto como regra, óbvio. Foi ignorado também que, mesmo que fosse verdadeiro esse corolário, haveria a possibilidade de, sendo pessoas que trafegam à margem da lei, se conseguir acesso aos canais fechados através de práticas informais. Fora isso, foi esquecido que, com o advento de redes sociais, os conteúdos passam também a trafegar em diversas plataformas onde o acesso é gratuito. 

Ainda sobre essa observação, é importante lembrar que muitas das vezes uma campanha não é dirigida ao consumidor final daquilo que está sendo divulgado, mas sim ao influenciador ou até quem efetivamente pagará pela aquisição. Se assim não fosse, as propagandas de ração para cães deveriam ter latidos como linguagem. 


Por fim, há que se contestar as previsões pessimistas que foram feitas a respeito dos resultados que serão obtidos com a campanha, pois, para esse tipo de objeção fazer algum  sentido é mandatório se ter a ciência das expectativas quanto a números e prazos. Muitas vezes os objetivos das campanhas não são tão óbvios quanto parecem. Inúmeros são os casos de propagandas com mensagens dirigidas ao consumidor final que, na verdade, têm como objetivo convencer o varejista a comprar o produto, ou mesmo mostrar a fornecedores e instituições financeiras que a empresa está sólida para, com isso, obter melhores condições creditícias. 

É claro que a paz nos estádios não acontecerá pura e simplesmente em função dessa campanha, mesmo porque nem existe um plano de mídia com índices de cobertura e frequência adequados a esse fim, tampouco pode ser ignorado que o problema da violência passa por políticas relativas à educação, leis rígidas, punições exemplares e segurança. 

Achar que um mero filme resgatará de forma instantânea a paz no estádio é desprezar os outros 3 P’s do composto de marketing e apostar todas as fichas na Promoção. 

No entanto, devemos reverenciar a iniciativa do SporTV e torcer para que a campanha sirva para contagiar outros setores da sociedade.

VIVOS NA COPA

por Idel Halfen


A diferença das duas “VIVOS”

Pelo que temos observado, a operadora de telecomunicação Vivo tem no esporte uma importante componente para o fortalecimento de sua marca. Presente no tênis e no futebol, onde, além de patrocinadora da Confederação Brasileira, detém uma das cotas de patrocínio na transmissão por TV aberta, a empresa atesta entender a importância dessa plataforma em sua estratégia mercadológica.

E, na contra mão dos que não conseguem entender que a exposição da marca é apenas um dos benefícios que se pode obter numa operação de patrocínio, a Vivo está na seleção brasileira sem que a marca apareça nas camisas de jogo. Seu objetivo ali é estar associada a uma equipe tradicional – e que ainda é a maior vencedora na modalidade -, mesmo ciente da subjetividade envolvida na mensuração dos resultados dessa ação, principalmente quando confrontada com o cálculo de retorno da exposição já incorporado – apesar de suas falhas – no cotidiano de patrocinadores e patrocinados… a tal da mídia espontânea.

Os que ainda defendem esse mero cálculo como definitivo para suas análises irão certamente argumentar que a operadora comprou uma das caríssimas cotas de TV, o que denota a importância da exposição. Concordo, a exposição é importante, minha réplica se dá no sentido de que se buscar apenas isso é muito pouco diante das possibilidades de ativação e associação que cabem numa relação de patrocínio.


Para “incendiar” um pouco mais a discussão, lanço para reflexão mais um questionamento: a marca Vivo que aparece nas placas ao redor do campo devem entrar no cálculo do retorno de mídia?

Antes de iniciarem a reflexão, esclareço que a marca agora citada é apenas homônima da operada. Trata-se, sim, de uma marca chinesa de aparelhos celulares fundada em 2009 e que é uma das patrocinadoras da FIFA.

E agora?

Tanto a Vivo operadora como a chinesa jamais poderão ser acusadas de marketing de emboscada – ambush marketing – visto que ambas pagaram pelas suas propriedades de patrocínios, ainda que involuntariamente peguem carona com as ações.

A alegação de que as logos são diferentes é verdadeira, porém, não é essa a percepção dos que observam as marcas sem a devida atenção e conhecimento de que são duas empresas distintas. É evidente a confusão.


Marca chinesa

Partir da premissa que atuam em regiões diferentes é ignorar que a globalização e os processos de fusões e aquisições estão cada vez mais presentes na sociedade. Contudo, independentemente disso, parece bastante claro que as marcas sendo homônimas e parecidas ganham com essa sinergia uma maior vantagem em termos de exposição diante dos concorrentes.

Isso sem falar que a própria coincidência pode ter feito com que muitos passassem a conhecer as marcas “estrangeiras” e, quem sabe, demandá-las numa eventual oportunidade.

Não consigo responder com a certeza necessária a provocação que fiz: “se a aparição nas placas de campo entra no cálculo de retorno da Vivo do Brasil”. Tendo a achar que sim, principalmente em função da enorme semelhança. Além do que, acredito que mesmo subliminarmente a simples citação de um nome pode remeter a outro que não tenha nenhuma relação. Exemplificando: Continental Airlines/Continental Pneus ou o monumento Pão de Açúcar e a rede de supermercados.

Todavia, tão gratificante quanto a possibilidade de se discutir a necessidade e a eficácia das métricas para a avaliação das ações, é notar que segmentos como o de telecomunicações acreditam no esporte como ferramenta de marketing.

O QUE VESTEM AS SELEÇÕES NA COPA

por Idel Halfen


Repetindo o que já foi feito nas Copas de 2010 e 2014, analisaremos aqui as marcas esportivas que suprem as seleções que disputam o Mundial de 2018, utilizando para efeito de parametrização o histórico de fornecimento desde a Copa de 2002. 

Assim temos que em 2018 a Adidas com doze seleções é pela 3ª vez a marca mais presente. 

Em segundo aparece a Nike com dez, lembrando que na Copa passada a marca norte-americana ficou na liderança com o mesmo número de equipes. Cumpre observar que a Nike é o único fornecedor presente em equipes dos cinco continentes. 

A Puma completa a relação de marcas reconhecidamente globais com apenas quatro times, metade do que tinha em 2014, valendo salientar que em 2006 foi o fornecedor com mais seleções. 

As mudanças em relação ao número de equipes por marca costumam ocorrer basicamente em função da classificação dos países, o que não significa que não ocorram trocas de fornecedores. 


Vinte seleções estiveram presentes tanto em 2014 como em 2018, dentre essas quatro (25%) mudaram a marca dos uniformes: 

Bélgica de Burrda para Adidas, Costa Rica de Lotto para New Balance, Iran de Uhlsport para Adidas (foi a 3ª marca diferente em 3 Copas, pois em 2006 vestia Puma) e Nigéria que após duas Copas com Adidas voltou a usar Nike, que tinha sido a sua fornecedora em 2002. 

Desde 2002 apenas sete seleções participaram de todas as Copas: Alemanha, Argentina, Brasil, Coreia do Sul, Espanha, Japão e Portugal, sendo que nenhuma dessas mudou de fornecedor – quatro vestem Adidas e três Nike. 

Essa estabilidade de fornecimento advém da maior atratividade que essas seleções despertam, o que faz com que as marcas envidem os maiores esforços para manterem essas equipes em seus portfólios, afinal de contas estar presente no maior evento do futebol mundial é um enorme diferencial. 


Evidentemente, há um custo maior envolvido nessa operação, o que talvez não retorne em vendas, mas certamente fortalece a marca. 

Tal condição faz com que as marcas com menor capacidade de investimento tenham que seguir estratégias alternativas para estarem presentes nesse universo, o que pode acontecer através de “apostas” em seleções menos tradicionais, no fornecimento de chuteiras para jogadores que participam do evento ou ainda como fez a italiana Macron que fechou um acordo com a UEFA (Union of European Football Associations) para vestir as seleções menores, pois dessa forma consegue ao menos ter visibilidade na Euro (campeonato europeu de futebol). 

Para quem tiver interesse no tema, sugiro a leitura dos dois artigos desse blog referentes às Copas anteriores: 2010 – A Copa das marcas esportivas – http://halfen-mktsport.blogspot.com/2010/07/copa-das-marcas-esportivas.html e 2014 – Material Esportivo na Copa – http://halfen-mktsport.blogspot.com/2014/07/material-esportivo-na-copa.html.

A SELEÇÃO PERDEU… ESPAÇO

por Idel Halfen


(Foto: Paulo Araújo)

Se buscarmos na lembrança o comportamento da população em ano de Copa do Mundo, iremos certamente perceber que atualmente a seleção brasileira não tem mais o mesmo espaço nas conversas, na mente e nos veículos de mídia que tinha no passado. Aqui deve ser explicitado que nos referimos ao espaço proporcional, pois pode até ser que o número de páginas dedicadas ao tema num jornal, por exemplo, tenha se mantido, porém, outros assuntos, entre os quais a política e os fatos que dali se derivam, passaram a ter uma participação maior. 

Existem várias teses para se explicar esse fenômeno. Alguns defendem que a mudança na comunicação através da internet, com maiores opções de mídias e conteúdos, propiciou uma acessibilidade e um cardápio maior de opções. 

Outros citam que o fato de a seleção ser formada por muitos jogadores que não atuam no Brasil deixa os torcedores menos identificados e mais distantes da seleção. 


Há ainda os que citam o maior engajamento da população com a política em função dos escândalos da Lava Jato e das transmissões dos julgamentos via TV. Provavelmente muitos dos que estão lendo esse artigo se lembrarão espontaneamente de mais nomes de juízes do STF do que dos jogadores da seleção. 

Quando que isso aconteceria no passado? 

Não creio que seja possível isolar e escolher apenas um desses motivos para explicar o quadro atual, na verdade, penso que a causa seja um mix de todos eles, cuja ponderação variará de acordo com o perfil de cada pessoa. 

Tenho poucas ou nenhuma esperança de que esse cenário se altere radicalmente no futuro, todavia, seria perfeitamente factível se desenvolver um plano de ações para que a seleção passasse a ocupar um espaço maior na mente do povo. 


Estabelecer aqui quais seriam as ações táticas para isso seria irresponsável e prematuro sem a elaboração de um planejamento estratégico, ainda que muitas pessoas e até organizações não se atentem para a importância dessa ferramenta. 

Como a seleção está sendo percebida? Como quer ser? O que precisa fazer para isso? São algumas das perguntas vitais para o planejamento preconizado. 

E quais são seus concorrentes? Não me refiro aqui ao campo exclusivamente esportivo, ainda que outros esportes e até times tomem também espaço na mente, na lembrança, na atenção e, trazendo para aspectos mais tangíveis, nos orçamentos dos patrocinadores e na mídia. Enfim, como a seleção precisa se posicionar para ter, além do destaque que almeja nas competições esportivas, uma posição diferenciada e privilegiada nos variados espaços citados? 


O fato aqui explorado, além de nos chamar a atenção para uma situação que talvez não tenha até então provocado a devida reflexão, nos propicia a oportunidade de aplicar conceitos fundamentais para uma boa gestão de marketing. Ressaltando que, ao contrário do mercado tradicional, onde os concorrentes costumam elaborar estratégias de marketing para sobressaírem no mercado, nessa “competição” poucos, ou nenhum dos ofensores, tem como objetivo tomar espaço da seleção.