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Marcos Vinicius Cabral

FUTEBOL PRETO E BRANCO

por Marcos Vinicius Cabral


Após ser eliminada na Copa América Centenário, disputada nos Estados Unidos em 2016, havia um temor nos brasileiros dos quatro cantos do país em ver o Brasil fora de uma Copa do Mundo, pela primeira vez em sua história.

Eis que surge Adenor Leonardo Bachi, ou melhor, Tite, que pega uma equipe desacreditada e a classifica para a Copa do Mundo da Rússia.

De lá pra cá, criou-se uma expectativa por seu trabalho à frente da Seleção Brasileira, iniciado naquele junho de 2016, quando o Brasil ocupava a sexta colocação nas Eliminatórias.

Com 41 pontos, o time brasileiro terminou em primeiro lugar com 10 pontos a mais que Uruguai e 13 da Argentina, garantindo com folga o passaporte para a o Mundial da Rússia.


Enfim, o sonho do hexa estava brilhando como o sol no horizonte e (quase) tudo conspirava a favor de Neymar e Cia.

Mas o comandante da nau verde e amarela cometeu alguns equívocos que poderiam ser evitados.

Um deles foi em não ter um líder, pois com esse rodízio desnecessário da braçadeira de capitão, o time ficou órfão daquele jogador que chamava atenção de todos quando necessário.

Assim como foram o “Capita” em 1970, o Dunga em 1994 e o Cafú em 2002.

Os outros foram não ter barrado Gabriel Jesus, ter voltado com Marcelo na lateral, não ter colocado Douglas Costa de cara contra a Bélgica e ter mantido alguns jogadores mesmo mal, demonstrando um paternalismo nojento.

Porém, se fomos tricampeões em 1970 com um Pelé já consagrado, o tetracampeonato veio num hiato de 24 anos ou 5 Copas do Mundo depois (1974, 1978, 1982, 1986 e 1990).


Já com a famigerada “Família Scolari”, conquistamos o pentacampeonato em um Mundial pobre tecnicamente falando.

Pois bem, já estamos há 16 anos sem o tão sonhado hexa ou 4 Copas do Mundo fazendo vergonha (como esquecer dos 7 a 1 para a Alemanha em casa, em pleno Mineirão?).

Num país em que grandes jogadores parecem brotar do chão e que já teve, e ainda tem, craques de primeira linha, soa estranho creditar a um treinador o fracasso e a recuperação da seleção brasileira. 

Mas vai ser exatamente isso o que vai acontecer. 

E com rapidez surpreendente. 

Contudo, independente de ter escalado bem ou mal, o treinador merece continuar no cargo.

Desde a estreia, com um contundente 3 a 0 sobre o Equador, em Quito, no dia 1º de setembro de 2016, pelas Eliminatórias da Copa, o Brasil voltou a ser Brasil.

E espero que daqui a pouco – quatro anos passam rapidinho –  voltemos a nos sentir e não apenas desejar o hexacampeonato.

40 GÊNIOS SEM COPAS

por Marcos Vinicius Cabral


O futebol do século passado romantizava seu torcedor e não era um produto extremamente comercial.

Sim, o esporte que praticado por chineses e japoneses há dois mil anos e aperfeiçoado pelos ingleses no seculo XIX, no ano de 1863, descarrilou na inóspita estação chamada negócios.

Lá, com olhos nus enxergamos a dura realidade que tanto nos aflige: está cada vez mais chato ser torcedor nos dias de hoje!

Nessa malquista estação vimos de tudo: cotas de TV’s milionárias, contratos de publicidade surreais, altos salários de jogadores, ingressos com preços elevadíssimos, estádios de futebol sendo chamados de arena – daí se entende tanta violência dentro ou fora dos campos de futebol -, clássicos com portões fechados ou com uma única torcida e, principalmente, os erros bisonhos da arbitragem mesmo com os aparatos tecnológicos que os auxiliam para não cometerem tantos deslizes.

Ah, com um adendo: dirigentes de clubes ou de federações que se intitulam acima do bem e do mal, fazem coisas do arco da velha à “via fórceps”!

E não é de se estranhar que “Teixeiras”, “Marins”, “Blatters” e outros tantos cartolas tenham sido banidos e presos por envolvimento em corrupção à sombra da bola.

Porém, não vamos entrar nesse tema e deixá-lo raso no seu mais profundo ostracismo.

Mas vamos ao que deveria ser logo de cara o assunto deste texto: a NÁO conquista de uma Copa do Mundo na carreira de um atleta pode desqualificar tudo o que foi construído ao longo de sua trajetória futebolística como jogador?

– Tivemos grandes craques e coloco Rivelino, Zico, Maradona e Platini no mesmo nível de excelência. O fato de ganhar ou não uma Copa do Mundo não vai apagar de forma alguma o que esses caras jogaram -, diz o gonçalense Flávio Henrique, de 46 anos.

Já Washington Rodrigues, o “Apolinho”, vai além:

– As Copas do Mundo já tiveram um peso maior nas carreiras dos jogadores. Com a massificação do futebol a partir da era da Televisão, a repercussão do ponto de vista emocional mudou muito. Ganhar segue sendo muito bom e perder muito ruim, mas o eco de ganhos e perdas é menor. As exceções são por conta das derrotas traumáticas, como os 7 X 1 da Alemanha sobre o Brasil e se compararmos com Uruguai 2 x 1 no Brasil em 1950, fica fácil entender -, conta o jornalista esportivo de 81 anos indo para sua 13ª Copa do Mundo.

De certa forma ele tem razão mas há controvérsias quanto ao tema.

– É lógico que uma Copa do Mundo representaria um grande marco para as carreiras de todos que participaram. Por outro lado são reconhecidos por não terem ganhado uma Copa. E tem muitos gênios lembrados por isso -, conta o ex-lateral Leandro, de 59 anos, que fez parte daquele Brasil que encantou o mundo na Copa do Mundo da Espanha, em 1982.

Portanto, com a Copa do Mundo da Rússia em andamento, o Museu da Pelada elaborou uma lista com os melhores jogadores de todos os tempos das mais diversas nacionalidades que não tiveram a oportunidade de jogar ou ganhar uma Copa do Mundo.

Ei-los em ordem cronológica de seus nascimentos:

1 – SINDELAR (1903/1939)


Considerado o maior jogador austríaco de todos os tempos, Matthias Sindelar era tcheco. Nascido na cidade de Morávia em 1903 – região da Europa central que constitui atualmente a parte oriental da República Tcheca – mudou-se com apenas dois anos para a cidade de Viena, na Áustria, onde se naturalizou. Era um centroavante goleador que também voltava para buscar jogo e puxar os marcadores para fora da área e tabelando com os meias, foi um dos mais revolucionários jogadores europeus no início do século passado. Sua elasticidade e leveza renderam-lhe o apelido de Der Papierene, o “Homem de Papel”. Na Copa de 1934, a equipe austríaca – apelidada pela imprensa esportiva de time maravilha – praticava o melhor futebol naquele Mundial mas foi prejudicada pela arbitragem. O quarto lugar teria um desgosto profundo para o craque, já que a final seria o confronto entre Itália – do ditador Benito Mussolini – e a Tchecoslováquia. Com a ascensão do nazismo e a anexação da Áustria, Sindelar não pôde participar da Copa seguinte, a de 1938, e morreria um ano depois, sob circunstâncias misteriosas.

2 – HELENO DE FREITAS (1920/1959)


A cidade de São João Nepomuceno em Minas Gerais, era contemplada com o nascimento de Heleno de Freitas, em 1920. Descoberto pelo folclórico Neném Prancha, chegou ao Botafogo em 1937, aos 17 anos, com a responsabilidade de substituir o atacante Carvalho Leite (goleador do tetracampeonato estadual de 1932 a 1935), ídolo até então inquestionável. Mesmo sem ter conquistado um título pelo Glorioso, foi através de seus 204 gols e sua forma elegante no fino trato à bola, que se tornou ídolo do clube, antes do surgimento de Garrincha. Vendido ao Boca Juniors da Argentina, na maior transação do futebol brasileiro para a época e fez história pelo Vasco da Gama, jogando no memorável “Expresso da Vitória”, onde conquistou o Campeonato Carioca, em 1949, que seria seu único título como profissional. Passou ainda pelo Atlético Junior de Barranquilla, Santos e América, onde encerrou a carreira. Dono de um gênio indomável, Heleno de Freitas não teve a chance de disputar uma Copa do Mundo, devido à Segunda Guerra Mundial e seu maior feito nas 18 vezes que vestiu a camisa do Brasil, foi ter sido artilheiro do Campeonato Sul-americano de futebol de 1945 – atual Copa América – com 6 gols marcados. Apelidado de “Gilda” pela torcida tricolor numa clara alusão à Rita Hayworth – atriz americana – era boa pinta, de classe alta e boêmio. Contraiu uma sífilis que o deixou louco vindo a falecer no ano de 1959 em um hospício na cidade mineira de Barbacena, onde fora internado seis anos antes, em 1953, com apoio da família. O jornalista e biógrafo Marcos Eduardo Neves, lançou em 2012, “Nunca houve um homem como Heleno”, livro que retrata sua trajetória futebolística que serviu de pano de fundo para o filme Heleno, estrelado por Rodrigo Santoro.

3 – DI STÉFANO (1926/2014)


Registrado em 4 de julho de 1926 como Alfredo Estéfano Di Stéfano Laulhé e nascido em Buenos Aires, Di Stéfano foi – segundo cronistas esportivos – um artista da bola, inteligente, habilidoso e veloz, mas acima de tudo, um artilheiro nato e obcecado pelo gol. Despontou no River Plate e aos vinte anos já era titular da chamada “La Máquina”, jogou depois no Milionários de Bogotá e finalmente no Real Madrid, onde viveu seu auge como jogador. Naturalizou-se espanhol e na Fúria, jogou de 1957 a 1962 e apesar do favoritismo para conquistar a Copa do Mundo de 1958 na Suécia, a Espanha não se classificou para disputar o Mundial. Na outra oportunidade que teve, em 1962 no Chile, chegou lesionado e jogaria a segunda fase da competição mas foi precocemente eliminada pela Seleção Brasileira. Uma pena para um dos maiores jogadores da história do futebol, que mesmo não tendo sequer disputado um jogo no evento mais importante do planeta, fez  418 gols em 510 jogos. Com a camisa merengue, conquistou cinco vezes a Copa dos Campeões da Europa e é o único jogador no mundo que tem duas Bolas de Ouro (1957 e 1959), que lhe foram entregues em 1989 e que inclusive, podem ser contempladas no Museu do Real Madrid. Faleceu em Madrid, em 7 de julho de 2014, no Hospital Gregorio Marañon, onde se encontrava internado após ter sofrido um enfarte.

4 – KUBALA (1927/2002)


Notabilizada por suas riquezas culturais como igrejas, museus e centros históricos, a cidade de Budapeste recebia de braços abertos László Kubala Stecz, quando veio ao mundo em 1927. Começou a se destacar na sua primeira equipe, o Ferencváros, um dos principais clubes da Hungria, porém, com a morte de seu pai e a convocação para o serviço militar, fugiu do país. Foi morar na cidade natal de sua mãe, na bucólica cidade da Bratislava, na Tchecoslováquia e lá assinou contrato com a equipe local. E mais uma vez o serviço militar o fez se tornar um andarilho, fugindo do país tcheco e voltando à Hungria. Portanto, entre idas e vindas, ingressou no humilde time do Vasas e com a ascensão do comunismo, embarcou de trem e foi parar na Áustria. Dessa vez, sua segunda deserção à equipe húngara traria fraturas pessoais que marcariam sua carreira, como a suspensão imposta pela FIFA em jogos oficiais. Criou um time chamado Hungaria – em que os jogadores eram refugiados do sistema comunista – e obteve grandes resultados, vencendo o  poderoso Real Madrid, o surpreendente Español e a temida Seleção Espanhola, que se preparava para a Copa do Mundo de 1950. Ao lado de Di Stéfano, se tornou um jogador de essência pluralista e o único jogador a ter defendido três seleções e por nehuma delas jogou uma Copa do Mundo: Tchecolosváquia, Hungria e Espanha. É considerado o maior ídolo da história do Barcelona, prova disso foi a construção do Estádio Camp Nou – para receber a grande quantidade de torcedores que iam vê-lo em ação com a camisa do time catalão – já que o estádio Les Corts – era pequeno demais para o tamanho da popularidade do húngaro. Surgia definitivamente a “Kubalamania”, que se encerrou quando o carismático camisa 9 se aposentou no fim dos anos 60 e foi eternizado na imponente estátua com mais de dois metros de altura, feita de bronze pela escultora espanhola Montserrat García à frente da sede do clube, na Catalunha, inaugurada em 2001. Poucos meses depois, o maior nômade do futebol mundial desapareceria em definitivo deste mundo aos 74 anos.

5 – PUSKÁS (1927/2006)


A cidade de Budapeste recebia naquele ano de 1927, o choro de seu filho mais ilustre: Ferenc Puskás Biró. Líder da Seleção Húngara que fez história na primeira metade da década de 1950 – o país ficou quatro anos invicto, ganhando a medalha de ouro do futebol nos Jogos Olímpicos de Verão de 1952 – quando seu elenco ficou conhecido como “os mágicos magiares”. Com uma equipe muito bem organizada, foi vice-campeão na Copa do Mundo de 1954 perdendo por 3 a 2 para a Alemanha e mesmo assim, foi inquestionavelmente, a melhor equipe daquele Mundial. Dono de uma  classe impressionante para passes e possuidor de uma habilidade com dribles curtos e secos, carregava na perna esquerda um primoroso chute. Jogador cerebral, conseguiu a façanha de fazer 84 gols em 85 jogos pela Hungria o que lhe proporcionou ser reverenciado pelo amantes do futebol bem jogado. Recebeu em 2010, quatro anos após sua morte, um musical que destacava os seus feitos na Copa do Mundo de 1954, disputado na Suíça, onde continha gravações e fragmentos de sua vida como jogador, intitulada “A Equipe de Ouro”.

6 – EVARISTO DE MACEDO (1933)


Carioca da gema e apaixonado pelo Flamengo, Evaristo de Macedo Filho, nasceu no Rio de Janeiro, em 1933. Deu seus primeiros chutes profissionalmente numa bola em 1950, no Madureira, sendo convocado para as Olimpíadas de 1952 em Helsinki, na Finlândia. Em 1953, foi jogar no Flamengo, onde conquistou o tri-campeonato carioca em 1953/54/55. Pela Seleção Brasileira, Evaristo de Macedo não teve muitas chances de jogar e mesmo assim, em 14 jogos, fez 8 gols, sendo até hoje o recordista de gols em um só jogo oficial da seleção: no sul-americano de 1957, fez 5 gols contra a Colômbia. Participou dos 2 jogos em 1957 contra o Peru nas eliminatórias da Copa do Mundo da Suécia, em 1958. Com o status de ídolo do Flamengo em 1957, era nome certo para disputar o Mundial na Suécia, mas aos 24 anos de idade foi para o Barcelona e nunca mais vestiu a camisa do Brasil. Com um futebol envolvente e objetivo, chegou ao clube mais tradicional da Espanha no mesmo ano e por lá ficou até 1962. Se tornou ídolo, entrou para a galeria dos imortais do clube, e além de fazer sucesso no time catalão, é até hoje o maior artilheiro brasileiro da história do clube, com impressionantes 181 gols marcados em jogos oficiais e amistosos. Se transferiu para o arquirrival Real Madrid e conseguiu a façanha de ser ídolo também. Enquanto encantou a todos na Espanha, não ter jogado com Pelé foi talvez sua grande frustração: “Nas minhas passagens por Barcelona e Real Madrid, joguei ao lado de Puskás, Kocsis, Czibor, Gento e Di Stéfano. Todos eram craques, mas nenhum como o Pelé, que eu conheci ao vivo jogando contra ele em 1959”, disse certa vez. Encerrou sua carreira em 1966 no Flamengo e teve uma vitoriosa carreira como técnico de futebol. Um dos seus tantos feitos foi ter conquistado o inédito título do Campeoanto Brasileiro de 1988, pelo Bahia.

7 – SPENCER (1937/2006)


A cidade de Ancón, no Equador, era presenteada com o nascimento do maior jogador equatoriano de futebol de todos os tempos, naquele dezembro de 1937: Alberto Pedro Spencer Herrera. Desde muito cedo, exatamente aos nove anos de idade, sofria seu primeiro golpe dado pela vida com a morte de seu pai. Desfeito da perda, se tornou profissional aos 18 anos e estreou na partida contra o Emelec. Contratado pelo Peñarol – após enfrentá-lo defendendo o modesto Círculo Deportivo Everest – na inauguração do Estádio Modelo, em Guayaquil, Spencer só faltou fazer chover naquele dia. Porém, com um amor irrestrito pelo Equador – país onde nasceu e deu seus primeiros chutes numa bola – e uma paixão avassaladora pelo Uruguai – onde seu auge foi no Peñarol – acabou jogando pelas duas seleções nas eliminatórias das Copas do Mundo de 1962 e 1966, mesmo não tendo disputado um Mundial sequer. Ao longo de sua carreira, quebrou recordes pelo Peñarol ao tornar-se octacampeão uruguaio e tri-campeão da Libertadores – onde detém um recorde imbatível de ser com 54 gols o artilheiro até hoje da competição -, uma vez campeão equatoriano pelo Barcelona, 5º maior artilheiro do Campeonato Uruguaio e 2º maior artilheiro da história do Peñarol com 326 gols. Aos 35 anos de idade, se aposentou do futebol e balançou as redes adversárias 528 vezes para delírio de seus torcedores que tiveram o privilégio de vê-lo em campo. Seu coração não resistiu às tantas emoções de uma carreira recheada de feitos e parou de bater em 2006, aos 68 anos de idade, em Creveland, nos Estados Unidos. Deixou como legado os gols inesquecíveis de quem é considerado até hoje o maior jogador de seu país.

8 – EUSÉBIO (1942/2014)


Mesmo tendo uma carreira marcada por lesões – seis operações no joelho esquerdo e uma no direito – Eusébio da Silva Ferreira, veio ao mundo em Lisboa, em 1942. Apelidado de “Pantera Negra”, foi no Benfica que ganhou fama internacional no futebol, levando o clube português ao bi-campeonato Europeu em 1961/1962 e outras três vezes ao vice-campeonato do torneio. Em sua única Copa do Mundo disputada, em 1966, na Inglaterra, foi artilheiro da competição com 9 gols marcados e levou Portugal ao honroso 3º lugar. É considerado um dos melhores futebolistas de todos os tempos pela IFHHS (Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol) e eleito o terceiro jogador do século, atrás de Pelé e Maradona. Fechou os olhos em definitivo às 3h30m, em um domingo de janeiro de 2014, pouco antes de completar 72 anos.

9 – GEORGE BEST (1946/2005)


“Maradona good. Pelé better. George Best”, é um ditado bastante popular na Irlanda do Norte, país onde o jogador nasceu, em 1946. Mesmo tendo se consagrado no Manchester United – onde é considerado um Deus pelos torcedores britânicos – o maior jogador irlandês de todos os tempos, não conseguiu disputar uma Copa do Mundo. Esteve bem perto disso no Mundial de 1982, disputado na Espanha, mas por opção do técnico, não foi convocado e mesmo com 36 anos na época, era muito respeitado em sua terra natal. Sempre envolvido com belas mulheres e escandalosas bebedeiras de uma vida notívaga, viu sua carreira e dinheiro irem por água abaixo. Aos 38 anos, em 1984, se aposentou definitivamente, já não sendo nem sombra do craque promissor dos anos 1960. Certa vez, internado e pouco antes de falecer em 2005, George Best receberia a visita de Pelé no hospital. O Rei lhe entregara uma carta com os seguintes dizeres: “Do segundo melhor jogador de todos os tempos, Pelé.” O irlandês morreria com falência múltipla dos órgãos em 2005, sendo enterrado aos 59 anos ao lado da mãe em na solitária Belfast, sua cidade natal.

10 – CRUIJFF (1947/2016)


Poucos jogadores com status mundialmente respeitados, teriam condições de ombrear com Pelé na arte do encantamento do futebol. E um desses, foi exatamente o símbolo do “Carrossel Holandês”, na Copa de 1974: Hendrik Johannes Cruijff. Nascido em  1947, em Amsterdã, o holandês se tornou o melhor jogador europeu do século XX, segundo especialistas. Com visão de jogo diferenciada, habilidade, velocidade e inteligência, colocou seu talento à disposição de um jogo coletivo, inaugurando o “futebol completo”, ou seja, onde todos defendiam, marcavam e atacavam ao mesmo tempo. Levada bem próxima à perfeição, a “Laranja Mecânica”, fez escola e séquitos mundo afora, como o Ajax – seu time – que ganhou o tri-campeonato da Copa dos Campeões, sendo ele duas vezes eleito o melhor jogador europeu. Numa das negociações mais caras da época, foi contratado pelo Barcelona e levou o time catalão ao título espanhol, depois de um jejum de 14 anos. E injustamente, quis o destino que na história dos mundiais, gênios da bola não se tornassem campeões do mundo, como Cruijff, que foi vice-campeão em 1974 e se recusou a disputar a de 1978, por ser contrário ao regime militar na Argentina, onde o Mundial foi disputado. Morreu em março de 2016, vítima de câncer de pulmão.

11 – CUBILLAS (1949)


Maior jogador da história do Peru, Teófilo Juan Cubillas Arizaga nasceu em Lima, em 1949. Integrante da lista dos 50 melhores jogadores do Século XX elaborada e publicada pela FIFA em 2004, o peruano foi um médio ofensivo dotado de uma técnica esporádica e capacidade de fazer gols em grande escala de beleza e oportunismo. Começou sua carreira aos 16 anos, jogando pelo Club Alianza Lima e já era visto como um fazedor de gols nato. Dois anos depois, todos o elegiam como o maior jogador do país. Sua fama de grande jogador estendeu-se por toda a América do Sul. Na Copa do Mundo do México, em 1970, a consagração veio em seu rendimento em que de Pelé apontou o camisa 10 peruano como seu sucessor. Pela Seleção Peruana conquistou a Copa América de 1975 e além do Mundial de 1970, participou nas Copas do Mundo da Argentina em 1978 e na Espanha em 1982. A sua despedida oficial foi em 1986, com 36 anos de idade, depois de vinte anos jogando futebol, numa partida memorável onde participaram diversas estrelas de todo o mundo. Um ano depois, na sequência do trágico acidente aéreo em que morreram todos os jogadores do Alianza Lima, Cubillas voltou a jogar pelo seu clube nas 13 partidas restantes, conseguindo o vice-campeonato em homenagem aos atletas. Há 10 anos, em comemoração aos 50 anos da primeira conquista da Copa do Mundo pelo Brasil em gramados suecos, a renomada revista SI Latino armou uma equipe com os melhores jogadores sul-americanos que jogaram Copas do Mundo. A equipe ficou assim: José Luis Chilavert (Paraguai); Elías Figueroa (Chile), Héctor Chumpitaz (Peru), Daniel Passarella (Argentina) e Roberto Carlos (Brasil); Paulo Roberto Falcão (Brasil), Enzo Francescoli (Uruguai), Teofilo Cubillas e Diego Maradona (Argentina); Garrincha e Pelé (Brasil).

12 – ZICO (1953)


O maior jogador do Flamengo nasceu em Quintino, no Rio de Janeiro em 1953. Dono de um repertório vasto de arrancadas espetaculares, dribles desconcertantes, lançamentos milimétricos, visão de jogo apuradíssimo e cobranças de faltas inigualáveis, Arthur Antunes Coimbra foi um fora de série. No Flamengo, o Galinho ganhou quatro Campeonatos Brasileiros, a Taça Libertadores e o Mundial de Clubes, além de sete Campeonatos Estaduais. Jogou também pela Udinese na Itália, onde é respeitadíssimo e pelo Kashima Antlers, do Japão, onde é o verdadeiro Deus. Das três Copas que disputou, a que mais deixou saudades foi a de 1982, na Espanha, quando formou ao lado de Cerezo, Sócrates e Falcão, um espetacular meio campo da seleção canarinho. Embora sendo a favorita, caiu perante a Itália do camisa 20 Paolo Rossi, pesadelo da torcida brasileira até hoje. Em 1978, sofreu uma lesão que o tirou da competição contra a Polônia, na segunda fase de grupos. E em 1986, em virtude de estar se recuperando de uma séria lesão no joelho, ficou na reserva, entrando em cinco partidas de sua última Copa. No jogo contra a França, perdeu um pênalti e o Brasil foi eliminado na última chance que havia para se tornar campeão do mundo, único título que talvez tenha faltado para sua carreira. É ao lado de Romário, o artilheiro da Seleção Brasileira em eliminatórias, com 11 gols; maior artilheiro da história do Maracanã, com 333 gols; recordista de gols em uma única temporada, com 89 gols em 1979; recordista em premiações da Bolas de Ouro e de Prata da Revista Placar: 7 (sendo 5 Bolas de Prata e 2 Bolas de Ouro). Respeitado dentro e fora das quatro linhas, o Galinho merecia sorte melhor em Copas.

13 – FALCÃO (1953)


A pacata Abelardo Luz – cidade catarinense com aproximadamente 17.782 habitantes, segundo o IBGE – se vangloria até hoje de ter desde 1953, Paulo Roberto Falcão como seu filho prodígio. Iniciou sua bela trajetória profissional dentro das quatro linhas no Internacional, onde foi três vezes Campeão Brasileiro, em 1975, 1976 e 1979. Jogador de meio campo, era técnico, elegante e marcava muitos gols com a facilidade que chegava na área adversária. Foi preterido por Cláudio Coutinho, então treinador brasileiro na Copa do Mundo de 1978, na Argentina e viu a Seleção Brasileira ser terceira colocada. Já consagrado na equipe colorada, transferiu-se para o Roma, da Itália e com feitos inesquecíveis – como o scudetto de 1980 – conseguiu quebrar um jejum de 38 anos sem título da equipe italiana e ser endeusado pela torcida. É conhecido no país da pizza como “Rei de Roma”, mostrando a importância de sua passagem pela equipe romana. Fez parte do time brasileiro de 1982 que encantou o mundo em gramados espanhóis e foi ao lado de uma geração de craques, castigados pelo destino. Um amargo 5° lugar é até hoje lembrado. Disputou quatro anos depois, o Mundial no México mas fora de sua melhor condição física e técnica, ficou no banco vendo alguns remanescentes da Espanha sucumbirem para a França de Platini. Voltou ao Brasil no mesmo ano e já longe de ser o monstro de jogador que foi, encerrou a brilhante carreira aos 33 anos.

14 – SCHUMACHER (1954)


A cidade alemã de Duren se enchia de orgulho para receber em 1954, Harald Anton Schumacher quando nasceu. Iniciou a sua trajetória aos longos de seus 24 anos como profissional, no Colônia, onde realizou 422 partidas até 1987, tendo conquistado três vezes a Copa da Alemanha (1977, 1978 e 1983) e a Bundesliga de 1977-78. Goleiro seguro, com defesas arrojadas e boas colocações, é considerado um dos maiores goleiros da história do futebol. Defendeu a Alemanha nas Copas de 1982 e 1986, e em 1987, surpreendeu o mundo com sua autobiografia, em que denunciava a prática de doping nos clubes e na Seleção da Alemanha durante o período em que foi jogador. Tais histórias essas, confirmadas por seu companheiro Paul Breitner. O livro acabou sendo o motivo para sua expulsão da seleção e dando lugar a Eike Immel e, posteriormente, Illgner, seu sucessor no gol do Colônia. Com isso foi parar no Schalke, e em sua única temporada – boa diga-se de passagem – assinou com o Fenerbahçe e conquistaria seu único título: o Campeonato Turco de 1988-89. Com a Alemanha já reunificada, Schumacher assinou com o Bayern de Munique, onde realizou somente 8 jogos antes de se aposentar pela primeira vez, em 1992. No mesmo ano, voltaria ao Schalke 04, como treinador de goleiros, e exerceria a mesma função novamente no Bayern, entre os anos de 1993 e 1994. Em seguida, retomou a carreira de jogador no Borussia Dortmund, onde também foi treinador de goleiros. Penduraria as luvas definitivamente em 1996, com mais um título: a Bundesliga de 1995-96 – primeira (e única) conquista do goleiro na Alemanha reunificada.

15 – JÚNIOR (1954)


Atleta que mais vezes vestiu a camisa do Flamengo, com 865 partidas, o paraibano Leovegildo Lins da Gama Júnior, nascido em 1954, chegou cedo à cidade maravilhosa. Jogador ambidestro, bom marcador e distribuidor de jogadas admirável, Júnior fez história no futebol. Descoberto por Modesto Bria, nas areias das praias cariocas, iniciou sua brilhante carreira na década de 70, com a camisa 4, jogando de lateral direito. Em seu primeiro ano, marcou um gol do meio campo contra o América/RJ, na fase final do Campeonato Carioca. Integrante do Flamengo que conquistou tudo nos anos 80, foi jogar na Itália em 1984, defendendo o Torino e três anos depois, se transferindo para o Pescara, já desfilando seu talento no meio campo e apelidado de “Maestro”, por reger tão bem os companheiros em campo. Voltou ao Flamengo após pedido de seu filho Rodrigo, que nunca havia visto o pai jogando com a camisa da equipe rubro-negra no Maracanã e em 1989, voltou em definitivo. Ganhou a Copa do Brasil em 1990, o Carioca em 1991 e o Brasileiro em 1992, aos 38 anos, sendo eleito o melhor jogador da competição e apelidade de “Vovô Garoto”, com atuações impagáveis. Disputou duas Copas do Mundo, as de 1982 – onde fez parte da equipe mágica que encantou o mundo em gramados espanhóis – e a de 1986, no México. Ao lado do saudoso Nilton Santos – considerado a Enciclopédia do Futebol – é um dos grandes nomes da lateral esquerda de todos os tempos. 

16 – PLATINI (1955)


Clássico, cerebral, estrategista na armação das jogadas, estudioso como poucos físicos – dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço – Michel François Platini nasceu em Jœuf em 1955. Dono de um futebol estiloso e agressivo ao mesmo tempo, Platini voou longe. Na França jogou no Nancy e no Saint-Étienne, neste último ganhou seu único título francês. Na Juventus da Itália, ganhou a Copa dos Campeões da Europa, o Mundial de Clubes e três títulos italianos. Atuando pela equipe de Turim, ganhou três vezes a Bola de Ouro, como o melhor jogador europeu e Campeão da Eurocopa de 1984. Poderia ter tido sorte maior nas três Copas do Mundo em que esteve vestindo a camisa 10 dos “azuis”: Em 1978, na Argentina, o time foi eliminado logo na primeira fase; em 1982, a França ficou em quarto lugar, após a dramática semifinal com a Alemanha e em 1986, conseguiram o terceiro lugar, derrotando Itália e Brasil, mas caindo novamente para a Alemanha nas semifinais. Não há dúvidas que grandes artistas da bola não deveriam vencer uma Copa do Mundo e Platini foi um deles.

17 – RUMMENIGGE (1955)


Um dos atacantes mais respeitados da Alemanha, Karl-Heinz Rummenigge nascia naquele 1955, na cidade de Lippstadt. Antes da consagração e de se tornar conhecido mundialmente, jogou no clube bávaro em sua cidade natal dos 8 aos 18 anos de idade, quando se transferiu para Bayern de Munique. Se transformou em ídolo com boas atuações e chegando ao Internazionale de Milão, onde viveu sua grande fase como esportista. Como o destino costuma pregar suas peças, com Rummenigge não seria diferente, pois não teve a mesma sorte em Copas do Mundo, mesmo chegando à final da Copa do Mundo FIFA de 1982 na Espanha – onde acabaria ganhando os prêmios da Chuteira de Prata e a Bola de Bronze – e viu a chance do título ir por água a baixo em sua segunda Copa. Na México, em 1986, se concretizou como sua terceira tentativa fracassada de ganhar a Copa, perdendo  para um Maradona endiabrado. Porém, se tornou Campeão da Europa, ganhou a Copa da Europa, a Bundesliga, a Copa da Alemanha, e se proclamou duas vezes vice-campeão do Mundo. Jogou ainda no Servette Football Club da Suiça e atestou sua condição de artilheiro e em 1989, aos 34 anos, aposentou em definitivo seu jogo muito técnico e cerebral.

18 – BONIEK (1956)


Oriundo de uma geração de grandes expoentes do futebol polonês, Zbigniew Boniek nasceu em Bydgoszcz em 1956. Foi o astro mais conhecido de sua geração no futebol da Polônia, sobressaindo-se entre os também celebrados Grzegorz Lato, Kazimierz Deyna, Władysław Żmuda e Andrzej Szarmach. Dono de uma visão única de jogo foi uma das estrelas da Juventus e encantou os italianos com dribles e gols marcantes. Estreou na Copa de 1978, como um garoto no meio de veteranos já consagrados nacionalmente. Marcou dois gols contra o México na primeira fase e ganhou projeção. Em seguida, cairia literalmente no duplo sentido da palavra: no grupo do Brasil e da Argentina, além do bom time do Peru e para fora do Mundial. Mas sua melhor perfomace surgiria no Mundial seguinte, quando marcou quatro vezes, sendo três na segunda fase de grupos, contra a Bélgica, todos tidos como sublimes: o primeiro foi um chute de 20 metros de distância; o segundo, uma cabeçada inteligente; o terceiro, após aparecer subitamente para receber assistência de Grzegorz Lato, tirar o goleiro Jean-Marie Pfaff da jogada e enfim marcar. Chegou a um inédito terceiro lugar, numa das melhores gerações polacas de todos os tempos. Em 1986, Boniek não teve o mesmo brilho de quatro anos antes e em virtude do mau estado de seus joelhos teve atuações discretíssimas. Foi eliminado pelo Brasil e o polonês dava adeus à bola com uma saída pouco notada no descortinar da carreira.

19 – DARÍO PEREYRA (1956)


Poucas cidades podem se orgulhar de ter um filho ilustre e Montevidéu é uma delas. Foi nesta cidade uruguaia que nascia Afonso Darío Pereyra Bueno, em outubro de 1956. Com apenas 18 anos estreava na Seleção do Uruguai e já aos 19 carregava no braço esquerdo a braçadeira de capitão. Chegou no fim da década de 70 ao São Paulo e fez história. Improvisado na zaga por Carlos Alberto Silva – sua posição de origem era cabeça de área – ganhou a Bola de Ouro da Revista Placar como melhor zagueiro do país nos anos: 1981, 1983 e 1986. Ao longo de onze anos no Morumbi, formou com Oscar uma parceria que até hoje é considerada como uma das melhores da história do tricolor paulista. Disputou a Copa do Mundo de 1986, no México e mesmo com um 16° lugar, até hoje é lembrado pelos torcedores celestes como um grande jogador, que aliava vigor físico, técnica e habilidade, qualidades estas que lhe dariam condições de jogar em alto nivel até 1992, quando abandonou a carreira jogando no Gamba Osaka, no Japão.

20 – DASAYEV (1957)


O destino não poderia ter lhe dado outra incumbência senão a de usar as mãos em vez dos pés na infância, na cidade de Astracã, onde nasceu em 1957. Considerado até hoje como uma lenda no esporte da extinta União Soviética, Rinat Fayzrakhmanovich Dasayev é ao lado do também ex-goleiro russo Lev Yashin e do ex-atacante ucraniano Oleh Blokhin, um dos três melhores futebolistas do país. Camisa 1 nas Copas de 82 e 86, na Olimpíada de 1980 (onde ganhou o bronze) e na Eurocopa 1988 (onde foi vice-campeão e eleito o melhor goleiro do torneio e, naquele ano, do mundo). Seu grande momento foi na Espanha, em 1982, quando fez o possível e o impossível para tentar conter o ímpeto da mágica equipe brasileira. É bem verdade que o Brasil venceu, mas foi suado com sua atuação embaixo das traves. Na Copa do Mundo da Itália, em 1990, jogou apenas na estreia, na derrota de 2 a 0 para a Romênia e este seria seu último jogo pela Seleção Russa. Figurou na lista de Pelé, em 2004, como um dos 125 melhores jogadores e ex-jogadores de futebol ainda vivos (sendo o único russo na lista).

21 – LEANDRO (1959)


Nascido na belíssima cidade de Cabo Frio, José Leandro de Souza Ferreira abriu os olhos esverdeados pela primeira vez em 1959. Antes de chegar ao Flamengo – único clube que jogou durante toda carreira – deu suas primeiras entortadas nas quadras de futebol de salão do Tamoyo e depois no time de várzea do Santos, que eram muito tradicionais na cidade cabofriense. Surgiu no rubro-negro na década mais vitoriosa do clube de quase 123 anos, conquistado a Libertadores e o Mundial, ambos em 1981, os Brasileiros em 1980, 1982, 1983 e 1987. Isso sem contar os torneios internacionais, cariocas, prêmios individuais e o maior de todos eles: o respeito e reverência dos 40 milhões de flamenguistas. É considerado ao lado de Carlos Alberto Torres e Djalma Santos, referência na lateral direita. Jogador externamente habilidoso, eficiente na marcação e na criacão das jogadas e com uma colocação incomum em preencher os espaços vazios do campo com altivez, o camisa 2 do Flamengo ganhou praticamente tudo na carreira, com exceção da Copa do Mundo. Disputou a Copa da Espanha em 1982, quando viu o sonho se transformar em pesadelo na derrota para a Itália por 3 a 2, na conhecida “Tragédia do Sarriá”. Já em 1986, se negou a embarcar com os companheiros para o México, deixando a torcida brasileira perplexa e um dos bancos do avião vago. Em 1985, em virtudes de seus combalidos joelhos, passou a jogar na zaga e vestir a camisa 3 e conseguiu jogar em alto nível por mais cinco anos. Aos 31 anos, encerrou precocemente sua carreira, contabilizada em 415 jogos, 14 gols marcados e uma única expulsão, exatamente em seu último jogo, contra o Bangu, em Moça Bonita. Em pouco mais de 10 anos como atleta profissional, Leandro atuou em todas funções do time do Flamengo, exceto a de goleiro.

22 – VALDERRAMA (1961)


A cidade de Santa Marta recebia em 1961, Carlos Alberto Valderrama Palacio, conhecido como “El Pibe”. Na infância, no colégio Liceo de Celedón, na paradisíaca cidade onde nascera, o menino de vasta cabeleira adorava jogar bola. Com uma habilidade impressionante, era comum vê-lo driblar seus adversários e colocar seus companheiros para fazer os gols. Iniciou sua carreira no Unión Magdalena, seu clube de coração, aos 20 anos. Capaz de desarticular qualquer sistema defensivo com apenas uma jogada de classe, o meia chegou ao Millonarios, passou pelo Desportivo Cali, jogou no Montpellier da França, antes de chegar ao Valladolid da Espanha e ter seu futebol reconhecido mundialmente. Portanto, podemos dizer que “El Pibe” é considerado até os dias atuais como um dos maiores talentos do futebol colombiano. Recordista em vestir a camisa da Seleção Colombiana, com 111 partidas, o camisa 10 de vasta cabeleira loira, jogou três Copas do Mundo – 1990, 1994 e 1998 – esbanjando toda sua classe em cada uma delas. Capitão de uma geração maravilhosa – certamente uma das melhores já produzidas pela Colômbia – Valderrama até hoje é lembrado pelo futebol que jogou e de seu legado para outras gerações. Eleito o melhor jogador da Copa América em 1987, o cabeludo tem uma estátua em sua cidade natal, que comprova sua representatividade não só para o país mas para o futebol. Jogou até os seus 42 anos , na equipe americana do Colorado Rapids, onde deixou de ser a figura folclórica e jogador extremamente habilidoso dentro dos gramados para se refugiar em sua cidade natal.

23 – FRANCESCOLI (1961)


Único uruguaio incluído por Pelé na lista dos 100 melhores de todos os tempos, escolhido pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol, sexto maior jogador de seu país, além de ser o 24º da América do Sul no Século XX, Enzo Francescoli Uriarte encheria de orgulho a cidade de Montevidéu ao nascer em 1961. Mesmo com tanta reverência, nunca jogou pelos dois maiores clubes do Uruguai: o Nacional e o Peñarol, do qual é torcedor declarado. Começou a carreira ganhando muitos jogos colegiais pelo Salesiano – onde estudava – e certa vez, recebeu o convite para defender o Montevideo Wanderers, passando assim a fazer parte das categorias de base da equipe. Aos 22 anos, chega ao River Plate da Argentina e conquista sua primeira Libertadores e segunda da história do clube, somados aos cinco títulos argentinos. Passou ainda pelo Racing Paris, Olympique de Marseille, Cagliari e Torino. Com muito sucesso nas cinco edições de Copas América – Francescoli chegou em quatro finais e venceu três delas – e pouco insucesso nas duas Copas do Mundo – em 1986 no México e em 1990 na Itália – quando a Celeste vivia uma época decadente dentro de campo. Com ele já veterano, os uruguaios não se classificaram para os mundiais de 1994 e 1998. Encerrou sua carreira aos 36 anos, no mesmo River Plate que lhe dera suas primeiras alegrias como jogador de futebol.

24 – RUUD GULLIT (1962)


A cidade de Amsterdã seria pequena para limitar o talento de Ruud Gullit. Nascido em 1962 e dotado de uma impressionante força com dribles rápidos e inteligência, o holandês conquistou o mundo. Por onde passou, deixou sua marca de artilheiro demonstrando amor à camisa em suas passagens por alguns clubes. Em 1987, foi eleito o melhor jogador do mundo (prêmio chamado de Ballon d’Or na época). Na cerimônia de entrega deste prêmio, dedicou sua vitória, ao então preso político, Nelson Mandela. Gullit chegou à Copa do Mundo de 1990 como bi-campeão da Copa dos Campeões da UEFA com o Milan e compondo o selecionado Campeão Europeu. A Laranja decepcionou, e não venceu nenhuma partida, classificando-se à segunda fase apenas como uma das melhores terceiras colocadas (sistema iniciado na copa de 1986 e que funcionaria até o Mundial de 1994), novamente perdendo (e sendo eliminada) pela Alemanha Ocidental, nas oitavas de final. Na Copa seguinte, a de 1994, ficou de fora por demonstrar personalidade contra os pensamentos do técnico Dick Advocaat e deixou de exibir seus vastos cachos de cabelos em mundiais. Atuou como jogador e treinador do Chelsea a partir de 1996 até deixar o clube em 1998, quando aposentou-se dos gramados.

25 – VAN BASTEN (1964)


Na cidade de Utreque – quarta cidade mais populosa da Holanda – em 1964, chegava ao mundo Marcel Marco Van Basten. Acostumado a acompanhar o futebol de seus ídolos no esporte – diz a lenda que costumava desenhar os gols marcados pelo compatriota Johan Cruijff e o francês Didier Six – e mostrá-los ao pai, um ex-jogador profissional. E foi no Ajax, em 1982, que ele debutou para o cenário futebolístico. Sua estreia não poderia ter sido tão marcante, ao entrar no lugar da lenda Cruijff e marcando um gol. Alí, seria o primeiro passo dado pelo garoto de pernas longas para conquistar os corações dos torcedores do Ajax e da Seleção Holandesa, ao substituir o craque do país. Com enorme faro de gol, elegância com a bola nos pés, sentido amplo de posicionamento e postura imponente próximo à área, Van Basten faria história. O golaço de voleio contra a União Soviética do lendário goleiro Dasayev, no título da Eurocopa de 1988, seria o cartão de visitas para um jogador que dispensava apresentações. O título continental, as duas Bolas de Ouro e o bi-campeonato na Copa dos Campeões credenciariam o holandês para ir longe na sua única Copa do Mundo, a de 1990, disputada em solo italiano. E no torneio, a decepção viria nas oitavas de final, com a desclassificação para a Alemanha Ocidental. Porém, dois anos depois, em 1992, Van Basten terminaria o ano com sua terceira Bola de Ouro e recebendo também o prêmio de melhor jogador do mundo pela FIFA. Com 30 anos de idade, decidiu não mais lutar contra as contusões que lhe acompanharam em toda carreira. Em seu último jogo oficial, com lágrimas nos olhos, ouviu do seu sucessor, o liberiano George Weah: “Todo mundo, inclusive eu, quer ser como Van Basten”.

26 – HAGI (1965)


Nascido na modesta cidade de Sãcele, em 1965, Gheorghe Hagi é história viva do que de melhor a Romênia produziu desde sua Independência em julho de 1878. Não à toa, até hoje carrega o apelido de “Maradona dos Cárpatos”, em referência ao craque argentino e à região onde situa-se a Romênia. Com uma perna esquerda indomável, estreou na seleção de seu pais em 1983, aos 18 anos e produziu um grande feito até então: esteve com o país na Eurocopa de 1984, o primeiro torneio que a Romênia jogava desde a Copa do Mundo de 1970. Jogou de forma tímida a Copa da Itália, em 1990, no qual sua equipe acabou sendo eliminada de forma melancólica nas oitavas de final para a estreante Irlanda do Norte. Porém, quatro anos mais tarde, o meia teria atuações impagáveis na Copa do Mundo dos Estados Unidos, como contra a Colômbia – em um chute a 50 metros de distância – e também por sua liderança na equipe romena. Na competição, chegou bem perto das semifinais mas foi eliminada pela Suécia na disputa dos pênaltis. De consolo, acabou sendo a revelação nos gramados americanos e configurando na lista dos melhores do Mundial. E em sua terceira Copa do Mundo, em 1998, na França, após se classificar em primeiro em seu grupo, uma cena até hoje é lembrada pelos amantes do futebol: após vitória sobre os favoritos ingleses, que garantiu a classificação às oitavas, Hagi e todos os romenos protagonizaram uma das cenas mais folclóricas das Copas, com todos tendo pintado o cabelo de loiro, em alusão ao uniforme do time. E foi nas oitavas que caiu perante uma Croácia surpreendente. Jogou no Real Madrid, Brescia, Barcelona e foi maestro no Galatasaray, tendo o atacante Jardel e o goleito Taffarel como companheiros de clube. Se despediu da Seleção Romena aos 35 anos, deixou títulos na lembrança dos torcedores e atuações memoráveis pelos campos que desfilou com a leveza que só os grandes craques têm.

27 – WEAH (1966)


Atual presidente da Libéria, George Tawlon Manneh Oppong Ousman Weah nasceu na cidade de Monróvia em 1966. Eleito melhor jogador do mundo pela FIFA em 1995, recebeu a Bola de Ouro e é até hoje o único africano a receber ambos os prêmios. Começou sua carreira jogando no Young Survivors Clareton e depois de passar por outros clubes africanos, foi para o Tonnerre Yaoundé, dos Camarões, onde recebeu o apelido de Oppong (Super). Na temporada 1990/91, conquistou pelo Mônaco, a Coupe de France, antes de se transferir para o Paris Saint-Germain. Desembarcou na Itália para vestir as cores do Milan e fazer com que os torcedores esquecessem o holandês Van Basten. Seus gols inesquecíveis levavam sua assinatura, assim como também sua genialidade, domínio perfeito de bola e arremate mortal. O liberiano conquistou o scudetto pelo Milan na temporada 1995/96. Nas andanças pelo mundo, conquistou títulos, respeito e lugar cativo nos corações dos torcedores por onde passou. Nunca foi à Copa porque a Libéria não se classificava e ele recusou se naturalizar francês. Em 2004, foi lembrado por Pelé na lista dos 125 maiores jogadores de futebol, como parte da comemoração de centenário da FIFA.

28 – STOICHKOV (1966)


Se Hristo Stoichkov se tornaria filho ilustre da pátria búlgara ao nascer em 1966 na cidade de Plovdiv, o meio campista marcaria época no Dream Team do Barcelona no início da década de 90 e na Seleção da Bulgária, na Copa dos EUA, em 1994. Jogador técnico, com toques de bola e visão refinados, desequilibrava qualquer partida com uma perna esquerda admirável. Foi um dos destaques e levou a equipe búlgara a um inédito quarto lugar no Mundial de 94. Com uma forte personalidade, certa vez disse: “Existe um Cristo lá em cima e outro aqui embaixo. Ambos fazem milagres”, numa alusão a versão búlgara de seu nome Hristo. Disputou ainda a Copa da França, em 1998, mas nem foi sombra do gênio indomável do Mundial passado. Pendurou as chuteiras em 2004 e é até hoje o maior jogador da Bulgária de todos os tempos.

29 – CANTONA (1966)


Polêmico e habilidoso, são duas das tantas faces que acompanhararm Éric Daniel Pierre Cantona, desde o seu surgimento no mundo, em 1966, na cidade de Marselha. Iniciou sua brilhante carreira defendendo o Les Caillols, jogando em diversas posições, até mesmo de goleiro. Mas foi na base do Auxerre, aos 15 anos, que a vocação para ser atacante surgiria espontaneamente. Viveu grande fase nos times por onde jogou, como por exemplo no Bordeaux e Montpellier, dois dos mais tradicionais clubes franceses. Cantona é considerado um dos principais responsáveis pelo ressurgimento do Manchester United nos anos 90, com a camisa 7 que o transformou em lenda do clube. Explosivo e temperamental, teve algumas passagens marcadas por confusões dentro de campo que o lhe privaram de sorte maior, principalmente na Seleção Francesa, já que não jogou nenhuma Copa do Mundo. Encerrou a carreira aos 30 anos de idade e mesmo tendo vários torcedores, dirigentes e tantos outros pedindo seu retorno, Cantona não mudou de opinião, terminando seu ciclo no futebol para tristeza dos que viram o francês jogar.

30 – BAGGIO (1967)


Considerado um dos maiores jogadores italianos, Roberto Baggio nasceu na cidade de Caldogno, em 1967. Fã de Zico, iniciou sua trajetória nos campos de futebol vestindo a camisa do modesto Vicenza, antes de chegar ao Fiorentina. Quase abandonou a carreira após ter uma lesão séria no joelho antes mesmo de sua estreia. Na sua melhor temporada – 1987/88 – deixa todos assombrados na partida contra o Nápoli, em que deixa Maradona no chão, dribla dois jogadores mais o goleiro e marca seu terceiro gol no jogo. Na temporada seguinte – 1989/90 – mesmo perdendo a final para a Juventus, se torna artilheiro e melhor jogador do campeonato. Depois disso foi jogar na Juventus e em 1992, recebe o prêmio de melhor jogador do continente, ao receber a Bola de Ouro da France Football, e do mundo pela FIFA, sendo o primeiro jogador italiano a ganhar tal honraria. As comparações ao francês Michel Platini, se tornaram inevitáveis. No Milan, lesões o atrapalhariam a fazer uma boa temporada e acabou no modesto Brescia. Único jogador italiano a marcar gols em três Copas diferentes, Baggio – mesmo tendo jogado em alto nível técnico – teve sua carreira marcada pelo pênalti desperdiçado na final contra o Brasil, que deu aos brasileiros o tetra-campeonato. Jogou as Copas de 1990, 1994 e 1998, recebendo o apelidado de Il Codino Divino (O Rabo de Cavalo Divino, numa alusão ao seu penteado na época). Jogador técnico e extremamente habilidoso, se aposentou aos 37 anos e fez sua despedida pela Seleção Italiana em abril de 2004, em amistoso contra a Espanha ao qual ele foi convocado como forma de agradecimento aos serviços prestados ao futebol italiano.

31 – ASPRILLA (1969)


Naquele novembro de 1969, abria os olhos pela primeira vez na cidade de Tuluá, na Colômbia, Faustino Hernán Asprilla Hinestroza. Aos 19 anos, iniciou a carreira no Cúcuta Desportivo e aos 20, sagrava-se campeão da Copa Libertadores da América e Copa Interamericana, ambas em 1989 e do Campeonato Colombiano, em 1991, jogando pelo Atlético Nacional. Com um futebol atraente, de toques rápidos e uma precisão impressionante na condução da bola, foi para o Parma, da Itália, e fez história no clube italiano com os títulos conquistados. Jogando o fino da bola dentro das quatro linhas, disputa sua primeira Copa do Mundo, a dos Estados Unidos em 1994, numa equipe comandada pelo treinador Francisco Maturama e com jogadores talentosos como Valderrama, Valencia e Rincón. Com status de favorita e cotada ao título – ainda mais após uma irrepreensível campanha nas eliminatórias e um 5 a 0 nos argentinos, em pleno Monumental de Nuñes, em Buenos Aires – a decepção foi grande nos gramados norte-americanos e a Seleção Colombiana nem passou da primeira fase. Na Copa da França, em 1998, um 21° lugar para não ser lembrado. Em 1999, chega ao Brasil para jogar no Palmeiras e um ano depois, conquista títulos importantes, como sua segunda Libertadores, por exemplo. Chegou a jogar no Fluminense em 2001, mas sem grandes feitos. Voltou ao Atlético Nacional em 2002 e por dois anos conseguiu jogar em alto nível, mesmo com sucessivas contusões que enfrentou. Teve fôlego ainda para jogar no Taluá – equipe amadora da sua cidade natal – e em 2009, aos 39 anos, encerrou a carreira no Sport Áncash do Peru. No mesmo ano, em uma partida de despedida entre um combinado dos Amigos de Asprilla x Atlético Nacional, amarrou pela última vez seu par de chuteiras que por anos encantou o mundo.

32 – GAMARRA (1971)


Poucos defensores conseguiram o respeito e admiração dos torcedores como Carlos Alberto Gamarra Pavón. Nascido na cidade de Ypacaraí, em 1971, Gamarra é até hoje um dos maiores nomes do futebol paraguaio. Iniciou sua carreira no Cerro Porteño no começo da década de 90 e em seguida, passou pelo Club Atlético Independiente da Argentina, antes de retornar ao Cerro. Fez muito sucesso no futebol brasileiro, jogando pelo Inter/RS, Corinthians, Flamengo e Palmeiras, clubes estes que até hoje têm boas recordações do zagueiro de estilo clássico. Jogador de extrema colocação em campo, preenchia os espaços vazios com elegância e se tornou um marcador implacável dos atacantes, porém, sua lealdade o fez se destacar na carreira. Na Copa do Mundo da França, em 1998, conseguiu a proeza de não cometer uma falta sequer no torneio inteiro, jogando contra os anfitriões com o ombro deslocado. Não seria surpresa que fosse eleito o melhor defensor do Mundial em solo francês, estando na mesma equipe que o goleiro Chilavert, o lateral Arce e o zagueiro Ayala. Com um futebol muito técnico para um zagueiro, jogou em alguns clubes do mundo e em 2006, durante a Copa do Mundo da Alemanha, anunciou que não vestiria mais a camisa paraguaia e dois anos depois, jogou pelo Olímpia, seu último clube.

33 – DAVID BECKHAM (1975)


Único jogador inglês a ser campeão nacional em quatro clubes de países diferentes (Manchester United, Real Madrid, Los Angeles Galaxy e, por último, Paris Saint-Germain), David Robert Joseph Beckham nascia em 1975, na cidade de Leytonstone. Jogador talentoso, caracterizava-se pela precisão de seus passes e chutes de longa distância, sendo especialista em cobranças de faltas e pênaltis, tendo marcado grande parte de seus gols destas formas. Viveu seu ápice na carreira em 1999, quando conquistou pelo Manchester United quatro títulos (Premier League, FA Cup, UEFA Champions League e Copa Europeia/Sul-Americana) e ficou em segundo no prêmio Ballon d’Or, entregue pela revista francesa France Football, e na eleição da FIFA, o segundo melhor do mundo (onde também ficou em segundo em 2001). Em sua primeira Copa do Mundo, em 1998, Beckham foi do céu ao inferno. Marcou seu primeiro gol em uma Copa, contra a Colômbia e foi expulso infantilmente, ao agredir o volante Simeone. Cantou o hino de seu país pela segunda vez, na Copa de 2002, onde acabou sendo desclassificada pelo Brasil nas quartas de final e disputou a Copa de 2006, muito discretamente. Porém, jogaria sua quarta Copa mas ficou de fora por uma contusão no tendão de Aquiles. A sua última equipe foi o Paris Saint-Germain, no qual anunciou sua aposentadoria no final da temporada 2012/2013, aos 37 anos. Com a camisa da Inglaterra, é o jogador de linha com mais partidas disputadas, sendo superado pelo goleiro e compatriota Peter Shilton.

34 – SEEDORF (1976)


Único jogador do mundo a vencer a UEFA Champions League por três clubes diferentes (Ajax, Real Madrid e Milan), Clarence Clyde Seedorf, nasceu na cidade de Paramaribo, no Suriname em 1976. Desde cedo já chamava atenção de todos pela química entre ele e a bola, no Inter de Moengotapoe (o clube é considerado o maior campeão surinamês), seu primeiro time. Aos 16 anos, vestiu a camisa do Ajax pela primeira vez, se tornando o jogador mais novo a defender as cores do tradicional clube holandês, que contava com jogadores que seriam a base da Holanda para competições importantes. Foi ali que o mundo despertou para o futebol de Seedorf, agora naturalizado holandês. Chegou ao Sampdoria em 1995 e jogando o fino da bola, foi contratado pelo Real Madrid, passando por Internazionale e Milan. Em 2012, chegou ao Botafogo e logo se tornou ídolo fazendo os botafoguenses se apaixonarem pelo seu futebol. Disputou a Copa do Mundo de 1998 – chegando inclusive as semifinais no qual perdeu na disputa por pênaltis para o Brasil – e jogou grande parte das eliminatórias da Copa de 2006, porém, menosprezado pelo treinador Marco Van Basten, preferiu abrir espaço para os novos talentos e abdicou do direito de jogar na Alemanha. Não conquistou nenhuma Copa do Mundo, em contrapartida conquistou títulos, prêmios individuais e além disso, jogou muita bola. Deixou de campos de futebol em 2014, virando técnico e ensinando os jovens a desvendarem os segredos da bola.

35 – FORLÁN (1979)


Nenhum outro jogador vestiu mais vezes a camisa Celeste em sua história que Diego Forlán Corazo. Nascido em 1979, na cidade de Montevidéu, Forlán entrou pela primeira vez em um campo de futebol para treinar nas categorias de base do Peñarol aos 11 anos, incentivado pelo pai Pablo Forlán – ídolo do clube da década de 60 – e seu fã número 1. Dois anos depois, foi para o Independiente da Argentina, onde seu avô Corazzo havia sido ídolo na década de 30. Sempre fez muitos gols pela Seleção Uruguaia e é o jogador que mais vezes balançou as redes adversárias, sendo artilheiro insuperável até hoje. Jogou as Copas do Mundo de 2002, 2010 e 2014, sendo artilheiro e eleito o melhor jogador na de 2010. No site da FIFA, teve o reconhecimento dos internautas pelo gol marcado contra a Alemanha, considerado o mais bonito daquele Mundial de 2010, na África do Sul. É o quinto jogador sul-americano a ganhar a tão desejada Bola de Ouro numa Copa do Mundo. Os outros quatro foram Diego Maradona em 1986, Romário em 1994, Ronaldo em 1998 e Messi em 2010. Atacante de muita habilidade, Forlán rodou por grandes clubes e é um dos mais respeitados jogadores uruguaios de todos os tempos.

36 – IBRAHIMOVIC (1981)


O sueco Zlatan Ibrahimović nasceu em Malmö em 1981. Como toda criança na infância, era apaixonado por bola e faria dela sua profissão. Seguindo os passos de grandes jogadores, teve um começo de carreia difícil no Ajax e foi à Copa do Mundo de 2002 ainda desconhecido. Em 2004, na Eurocopa, em Portugal, os ventos soprariam a seu favor e chamou atenção do mundo com um gol de calcanhar contra a Itália, revelando ser um jogador diferenciado. Depois disso, com épicas atuações e já consagrado – era bi-campeão italiano pela Juventus – jogou sua segunda Copa do Mundo, a de 2006 mas sem marcar nenhum gol, frustando a todos que admiravam seu vasto reportório de jogadas bonitas. A Suécia não se classificaria para o Mundial de 2010 mas Ibra continuava a encantar o mundo com gols, gols e mais gols. Como por exemplo, na inauguração do Estádio Friends Arena, no amistoso contra a Inglaterra em 2012, numa bicicleta de fora da área, numa distância de mais de 27 metros do gol, que foi inclusive o ganhador do Prêmio Puskás. Teria disputado sua terceira Copa do Mundo no Brasil, entretando, a Suécia foi derrotada por Portugal e eliminada. Tornou-se o maior artilheiro sueco em setembro de 2014 ao marcar seu 50° gol, superando o recorde do atacante Sven Rydell, que se mantinha desde 1932.

37 – CRISTIANO RONALDO (1985)


Os moradores de Funchal jamais imaginariam que a cidade onde Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro nasceu, em 1985, se tornaria famosa. Ainda bem novo, começou a jogar com 8 anos de idade na base do Clube Futebol Andorinha de Santo Antônio e depois foi para o Sporting Clube de Portugal, onde chamava a atenção de todos. Desde cedo já se acostumava com desafios e quebrava recordes atrás de recordes, como o de ter jogado no Sporting sub-16, sub-17, sub-18, B, e na equipa principal, tudo numa só temporada. Um grave problema no coração – que foi cauterizada a laser – quase o obrigaria a desistir de jogar futebol, privando Deus e o mundo de conhecer o fantástico jogador que acabaria se transformando anos mais tarde. Jogador de muita velocidade e habilidade impressionante, foi contratado pelo Manchester United em 2003. Escolheu o número 7 por ter sido usado por ídolos como George Best, Éric Cantona e David Beckham, que estava de malas prontas para ir jogar no Real Madrid. Correspondeu com títulos, boas atuações e prêmios individuais. Desembarcou na Espanha em 2009, para jogar, fazer história, quebrar recordes, conquistar títulos e se tornar o jogador mais bem pago do mundo. Pela Seleção Portuguesa, disputou a Copa do Mundo de 2006 e se tornou um dos melhores jogadores jovens do Mundial, levando a equipe portuguesa ao surpreendente quarto lugar. Na Copa de 2010, lutando contra contusões durante a competição, perdeu nas oitavas de final para a Espanha, que sagraria-se campeã. Na Copa de 2014, Portugal nem passou da primeira fase, ao ser goleado pela Alemanha por 4 a 0, empatar com os EUA por 2 a 2 e ganhar por 1 a 0 de Gana. Eleito por três vezes o melhor jogador do mundo pela FIFA – 2008, 2016 e 2017 – e duas pela FIFA Ballon d’Or – 2013 e 2014 – restou a Cristiano Ronaldo o consolo de ter sido o primeiro jogador português a marcar gols em três mundiais consecutivos e se conquistar a Copa do Mundo da Rússia, não terá motivos para se consolar.

38 – LIONEL MESSI (1987)


Deus é brasileiro, mas que os argentinos foram e muito abençoados por Ele em poderem desfrutar do futebol encantador de Lionel Andrés Messi Cuccittini após o surgimento de Maradona, isso não resta dúvidas. Nascido em Rosário, cidade tradicionalmente conhecida na Argentina, em 1987, iniciou sua carreira no Newell’s Old Boys, aos 7 anos de idade. Em 2004, então com 17 anos, jogava ao lado de Ronaldinho Gaúcho, que fazia coisas sobrenaturais no Barcelona. Alguns anos depois, herdou do brasileiro a 10 e com ela, começou a produzir feitos maravilhosos. Como por exemplo,  ganhar por cinco vezes (2009, 2010, 2011, 2012 e 2015), o prêmio de melhor jogador do mundo ou Bola de Ouro da FIFA, sendo que a primeira – 2009 – então com 22 anos à época, o tornou o mais jovem da história a ser premiado. Jogador de extrema habilidade, técnica refinada, velocidade e com uma perna esquerda de fazer inveja a todo jogador, Messi figura entre os grandes nomes do futebol mundial de todos os tempos. Em sua primeira Copa do Mundo, na Alemanha, em 2006, aos 18 anos, estreava marcando um gol contra Sérvia e Montenegro, na goleada por 6 a 0 e se tornava o quinto jogador mais jovem a marcar em uma competição desta magnitude. Nas quartas de final, a Argentina perdeu nos pênaltis para os anfitriões. Já na Copa seguinte, em 2010 na África do Sul, o argentino foi um fiasco, mesmo vivendo grande fase no Barcelona. Passou despercebido pelos gramados africanos, não marcou nenhum gol e foi eliminado nas quartas de final do Mundial. Em sua terceira Copa, no Brasil em 2014, perdeu por 1 a 0 para a Alemanha na prorrogação das oitavas de final e como consolo, foi eleito o melhor jogador da competição. Na Copa da Rússia, tenta pela quarta vez o tão sonhado título.

39 – NEYMAR (1992)


Paulista de Mogi das Cruzes, Neymar da Silva Santos Júnior, teve seu cordão umbilical cortado em um hospital da cidade, em 1992. Iniciou sua carreira nas categorias de base da Portuguesa Santista em 1998, e chegou às categorias de base do Santos em 2003, de onde só saiu em 2013 para ser vendido ao Barcelona. Usando a camisa 10 do Brasil, fez parte do elenco campeão do Campeonato Sul-Americano de 2011 – resultado que garantiu a vaga brasileira nas Olimpíadas de 2012 -, se tornou protagonista, marcando um lindo gol de falta e decidindo na disputa de penalidades, convertendo a cobrança que garantiu o ouro inédito contra a Alemanha. Na Copa de 2010, foi preterido pelo técnico Dunga, junto com Paulo Henrique Ganso e ficaram sem pisar nos gramados africanos. Já no Mundial seguinte, a Copa do Mundo de 2014, na estreia contra a Croácia, marcou os dois gols na vitória por 3 a 1, na Arena Corinthians. Contra Camarões, ainda na primeira fase, mais uma atuação de gala e eleito o melhor em campo, com mais dois gols marcados na vitória por 4 a 1, no Estádio Mané Garrincha. Contra o Chile teve uma atuação discreta mas mesmo assim foi decisivo na disputa de pênaltis, na qual converteu a última cobrança, que classificou o Brasil para as quartas de finais. Nas quartas de final, contra a Colômbia, o baque. O Brasil saiu classificado após partida segura e vitória por 2-1, porém Neymar saiu lesionado após dura entrada do colombiano Zúñiga. O acontecimento moveu o País e muitos apontam o fato como um dos principais motivos pela vexatória eliminação da Seleção na partida seguinte, contra a Alemanha, em que foi derrotado por 7 a 1. Atualmente, joga no Paris Saint-Germain e luta para conquistar seu primeiro título em uma Copa do Mundo.

40 – POGBA (1993)


Enquanto a França conquistava seu primeiro e único título de sua história na Copa do Mundo de 1998, um jovem talento chamado Paul Labile Pogba, despontava aos 5 anos de idade, no US Roissy-en-Brie, time que ficava ao sul de sua cidade natal Lagny-sur-Marne. Nascido em 1993, este meia de ligação clássico e com uma profunda habilidade, não demorou muito para integrar a Seleção Francesa sub-20. Este foi o primeiro título conquistado e se tornou especial já que acabou sendo escolhido o melhor jogador do torneio. Se o Le Havre foi a primeira equipe profissional que lhe possibilitou assinar seu nome numa súmula, o caminho percorrido pelo jogador para chegar à seleção principal não seria tão demorado assim. Em dezembro de 2013, Pogba foi eleito o Golden Boy (Menino de Ouro), levando o troféu que é entregue para o melhor jogador jovem da Europa. Suas boas atuações o credenciaram a ser convocado pelo técnico Didier Deschamps para desfilar seu talentos nos gramados brasileiros. E foi contra a Geórgia, nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2014, que a estreia ocorreu. Foi eleito o melhor jogador jovem e fez um gol contra a Nigéria, nas oitavas de final. Atualmente, o jogador de 25 anos defende o Manchester United e está tentando o bi-campeonato para a França nos gramados russos.

O MENINO CHICHÃO SE TRANSFORMOU NO CAPITÃO AMÉRICA

por Marcos Vinicius Cabral

O sol ia nascendo e trazendo um presságio de coisas boas para aquele sábado, 14 de julho de 2012.

Enquanto o céu estava azul com nuvens parecidas com algodão doce, a todo instante meu pensamento ia longe, mas especificamente no Botafogo e Flamengo, que decidiram o Brasileiro de 1992.

O vento, uma leve brisa que nos beijava o rosto, direcionava nossos olhares para lugares distintos: ele (meu pai) para o trânsito à sua frente e eu para os mergulhos ensaiados das gaivotas à procura do peixe fresquinho.

Nosso silêncio era, por ora, quebrado como um cristal se espatifando no chão quando sons vinham da mala do nosso carro, desordenando os quadros que ali estavam arrumados.


– Vai devagar que eles não podem quebrar! – dizia eu para meu pai, preocupado com cada lombada irregular do asfalto por onde o carro passava.

Se a preocupação era grande em chegar com os quadros intactos, o que dizer da alegria quando recebi o convite do maestro Júnior para desenhá-los, no fim de 2011, após fazer muitas caricaturas em época natalina para o recordista de partidas oficiais do Flamengo?

Afinal de contas, estávamos indo eu e Babylon (apelido carinhoso que dei ao meu pai há alguns anos) ao Cheirinho de Gol – clube tradicional situado no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro – entregar algumas caricaturas e também participar das comemorações das duas décadas da conquista do Pentacampeonato Brasileiro do Flamengo.

Chegamos um pouco antes das 9h, conforme recomendação do eterno camisa 5 rubro-negro.

Nas dependências do clube, havia um jogo em que Dodô – conhecido como artilheiro dos gols bonitos, nas passagens por Botafogo, Fluminense e Vasco – mantinha a forma, já que defendia o Al Ain Football Club, nos Emirados Árabes.

Enquanto assistíamos o jogo, aos poucos foram chegando um a um os campeões.

A pedido do maestro Júnior, fui buscar os quadros na mala do carro para entregá-los.


Gottardo

Daquele (improvável) Flamengo que sagraria-se campeão, fiz as caricaturas de Gilmar, Júnior Baiano, Wilson Gottardo, Gaúcho, Zinho e lógico, de um maestro, que sob sua regência soube tão bem tirar belas notas musicais de uma orquestra desafinada.

E fiz a do Carlinhos Violino, que conduziu serenamente o Flamengo rumo ao título, com sua voz macia e jeito sempre peculiar.

Mas em virtude de ter que sair um pouco mais cedo junto com meu pai, não pude entregar a todos suas caricaturas.

Entreguei ao Gilmar, maestro Júnior e ao Zinho.

Entretanto, fui avisado que os demais receberiam seus quadros.

Porém, o único que não recebeu – segundo o  maestro Júnior – foi o Carlinhos Violino.

Portanto, hoje, 23 de maio de 2018, um dos maiores zagueiros do futebol brasileiro faz aniversário: Wilson Gottardo!

Nascido em Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo, o menino Wilson Roberto Gottardo era um apaixonado por esportes em geral.

Era praticante de algumas modalidades esportivas e, certa vez, numa corrida com mais de 50 garotos mais velhos que ele, ganhou a medalha de prata.

— Foi a primeira e única  medalha que seu Euclides viu eu ganhar na vida, pois um ano depois, veio a falecer — conta emocionado ao Museu da Pelada ao lembrar do pai.

Se aos 13 anos perdera seu maior incentivador, viveu praticamente uma vida toda sem sua figura paterna.

Mesmo com as inexplicações da vida, foi viver e seria uma bobagem se entregar, apesar do duro golpe.

Não baixou a guarda e viu todo o desdobramento de Dona Thereza para criá-lo junto aos outros cinco irmãos.

Se tornou exímio jogador de futsal, sendo inclusive campeão intercolegial,  onde desenvolveu habilidades para jogar nas laterais direita e esquerda, além de fazer bem o papel de volante.

Já no vôlei, beneficiado pela velocidade adquirida do atletismo e da boa estatura, sempre era escolhido nas quadras mal acimentadas da cidade.

No basquete, treinado por Álvaro Alves Corrêa – que viria a ser o prefeito da cidade anos mais tarde – sagrou-se campeão em um torneio intermunicipal. 

Mas o futebol talvez corresse nas veias daquele garoto e fosse uma paixão desde muito cedo, quando com uma bola mas mãos – ou nos pés, melhor dizendo – caminhava quilômetros para jogar contra times de outras ruas e de outros bairros.


Naqueles longínquos anos 70, o contato com o futebol era possível apenas no cinema – onde ia às vezes assistir filmes do Canal 100 -, no rádio, através das narrações esportivas nos grandes clássicos e raramente na TV, que havia se tornado à cores.

Em 1978, aos 15 anos de idade, Chichão – apelido carinhoso como era chamado – jogou seu primeiro campeonato amador da cidade de Santa Bárbara d’Oeste e viveu a partir dali, algo intenso com o futebol.

Por ser uma cidade do interior de São Paulo, seria evidente que sendo destaque naquele campeonato os convites de equipes surgiriam naturalmente.

E foi o que aconteceu.

Indo para o Colégio Estadual Emílio Roni, onde cursava o 2°grau, um encontro selaria seu destino.

— Você vai jogar aqui no União —, disse seu Legório, roupeiro do União Agrícola Barbarense Futebol Clube.

Fez alguns treinos e por sua versatilidade de ter jogado em todas as posições no setor defensivo, passou sem grandes dificuldades.

Com foco e uma obstinação incomuns, transferiu às aulas do turno diurno para o noturno para poder treinar com os profissionais.

Já no grupo principal de jogadores do União Barbarense, clube que revelou Brandão e Eusébio (que jogaram com o Rei Pelé), Osvaldo (Campeão Mundial pelo Grêmio em 1983), Oscar (autor do gol de honra nos 7 a 1 para a Alemanha no Mineirão, na Copa de 2014), Diego Tardelli e do falecido Mazolinha (famoso por ter cruzado a bola para o gol de Maurício, na final do Campeonato Carioca de 1989), o menino Chichão se tornaria, em definitivo, Wilson Gottardo.

Aos 19 anos de idade, chegou ao Guarani Futebol Clube e fez parte da lendária equipe que contava com Waldir Perez, Jorge Mendonça, Neto, Edmar e Careca.


Depois disso, jogou no Náutico antes de chegar ao Rio de Janeiro para vestir a camisa 3 do Glorioso.

– A segurança daquela defesa, foi um dos pilares daquela conquista. Mesmo a equipe tendo sido excelente naquele ano, o meu entrosamento com Gottardo foi muito importante! – conta Mauro Galvão, que foi seu companheiro de zaga no título carioca de forma invicta em 1989.

No ano seguinte, repetiu o feito e sagrou-se bicampeão carioca, para delírio dos alvinegros.

Já em 1991, trocou o Glorioso pelo Flamengo e, pela terceira vez consecutiva, levantou a taça de Campeão Carioca.

E foi em 1992, que o destino se incumbiu de colocar o Botafogo em seu caminho, só que desta vez era seu adversário na final do Campeonato Brasileiro.

O título expressivo com a camisa rubro-negra traria uma expressão que o acompanharia a partir dali em sua vitoriosa carreira: xerife!


– Quando a gente concentrava para alguma partida importante do Flamengo, ele não falava muito e era comum vê-lo com a barba crescida. Certa vez, curioso, perguntei o porque daquilo e ele me disse que era zagueiro e se estivesse bonitinho e bem barbeado o atacante não o respeitaria (risos)! – conta Gilmar Rinaldi, de 59 anos, ex-goleiro do Flamengo.

Já o ex-zagueiro Júnior Baiano, emenda:

– No começo da minha carreira tive o privilégio de aprender muito jogando ao seu lado.

A vida seguiu e em 1993, deixou o Brasil e foi para a Europa, onde atuou no Marítimo, de Portugal.

Voltou um ano depois para o Botafogo, onde seria capitão da equipe comandada por Paulo Autuori.

Os títulos do Campeonato Brasileiro e da Copa dos Campeões Mundiais, em 1995, respectivamente por Botafogo e São Paulo, ratificariam sua liderança assim como a predestinação por grandes conquistas.

Até uma breve passagem pelo Fluminense – no qual não conquistou título algum – seria irrelevante para o que o futuro lhe reservaria.


E foi em 1997, na equipe do Cruzeiro que o título da Libertadores coroaria 19 anos de uma vitoriosa carreira.

– Eu pedi sua contratação. Nos treinos, quando ele chegou, facilitou muito o meu trabalho, porque ele sabia os conceitos que a gente queria implantar e com sua liderança natural conquistou o grupo, contribuindo para o crescimento da equipe e alcançando assim o objetivo que era, depois de 21 anos, o título da Libertadores! – diz o ex-técnico cruzeirense e atual Diretor-Executivo do Fluminense, Paulo Autuori, de 61 anos.

Se o Náutico seria um trampolim para brilhar com a camisa do Botafogo no fim dos anos 80, o arquirrival Sport seria seu último clube antes de passar a estrela de xerife para outros zagueiros, em 1999.


– Eu realizei um sonho de garoto em ser jogador de futebol. Jogar em bons estádios, em grandes clubes, viajar e chegar à Seleção Brasileira, foi ter ido muito além do que poderia imaginar. Mas me considero um vencedor por ter superado muitas adversidades. Acho que valeu a pena. – diz o aniversariante do dia.

Portanto, se o campo era o velho oeste, na área ele era o xerife.

Hoje, 23 de maio, o “xerifão” completa 55 anos e o Museu da Pelada pôde contar um pouco da trajetória profissional de um grande zagueiro do futebol brasileiro.

OS BONS MORREM JOVENS

por Marcos Vinicius Cabral

Considerada uma das mais produtivas e conceituadas bandas do cenário nacional dos anos 80 a Legião Urbana não gostava de palcos.

Era raro ver Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá em programas de TV, cantando seus sucessos.

Mas naquele 10 de maio de 1994, o Programa Livre recebeu o trio brasiliense – embora Renato Russo seja da Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro – para divulgação do novo disco O Descobrimento do Brasil.

“Na verdade essa música foi feita para todas as pessoas que vão embora cedo demais e nós vamos nesse momento dar um toque especial, pois a gente acha – que não é porque a pessoa morreu que acabou, né? – o Ayrton Senna, um cara super legal e todas as coisas da vida… e essa se chama Love In The Afternoon e é do novo disco”, disse o poeta da Geração Coca-Cola.

E por acreditar nos versos da bela canção que vamos relembrar um dos mais talentosos jogadores que o Brasil produziu no começo dos anos 90, que por ironia do destino não teve tempo de se consagrar como um grande craque no futebol nacional e mundial.

Porém, não deixou de aprontar algumas travessuras enquanto esteve por aqui neste plano terrestre.


Irreverência e molecagem eram as marcas registradas daquele corpo franzino em que a camisa sobrava para fora do short, de pernas finas sobressalentes e bigodinho ralo.

Seu nome?

Dener Augusto de Souza.

Nascido em 2 de abril de 1971, em São Paulo e criado no bairro Vila Ede, Zona Norte da capital paulista, Dener por pouco não abandonou o futebol para ajudar a mãe com as despesas de casa.

Com a infância interrompida pela perda precoce do chefe da família, não teve a figura paterna desde os seus 8 anos de idade.

Tal ausência era substituída pela bola quando jogava futebol de salão na Vila Mariana, pelo Colégio Bilac, onde sagrou-se campeão em torneios Intercolegiais, como a Copa Dan’up – Jovem Pan.

Havia nos pés daquele menino negro, desengonçado e magrelo uma paixão infinita pela bola.


Com 17 anos, após uma passagem frustante de dois meses pelo clube de coração, o São Paulo, voltou a treinar nas categorias de base da Portuguesa de Desportos e foi rapidamente promovido pelo treinador José Wilson à equipe profissional.

De 1988 a 1991, treinou entre os profissionais e jogou pelos juniores do clube do Canindé, onde sagrou-se campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 1991. 

E com justiça, terminou sendo eleito o melhor jogador do campeonato.

O título fez dele uma estrela do time comandado por Écio Pasca, já que era um meia-atacante habilidoso, dono de arrancadas rápidas e objetivas que dava gosto de se ver.

Enquanto a Portuguesa comemorava seu primeiro título, o Reizinho do Canindé despertava o interesse de outros gigantes do futebol brasileiro pelo futebol agudo e irresistível.

“O Dener era são-paulino de infância, mas estava entusiasmado com a possibilidade de defender o Corinthians. Ele dizia que não via hora de entrar no Parque São Jorge com o ‘Passário Branco’. Era assim que ele chamava o carro dele”, contou a viúva do craque, Luciana, mãe de dois filhos de Dener.

Com apenas 20 anos o jogador teve sua primeira chance com a camisa da Seleção Brasileira e estreou contra a Argentina em Buenos Aires. 


Jogou poucos minutos, é verdade, mas iniciou a jogada que culminou no terceiro gol brasileiro.
  
Em 1993, acabou sendo emprestado para o Grêmio e fez a exigente torcida gaúcha se apaixonar por ele, por seus dribles e pelo título conquistado. 

No fim do empréstimo, o jogador retornou à Portuguesa para disputar o Campeonato Brasileiro mas foi no Campeonato Paulista que marcaria um dos gols mais bonitos de sua curta carreira.

“Na hora em que ele chega no último adversário, eu vejo que ele faz a falta no Silva, ali na meia-lua da área. Eu trago o apito na boca, mas falo: “É um pecado parar esse lance, se ele faz um gol maravilhoso desse, ninguém vai lembrar da falta. Se eu marcar e ele fizer, todo mundo vai reclamar de tantos lances, tantas faltas que os juízes erram…” Então falei: que se dane o Santos, que se dane o Silva, eles vão me perdoar, porque quero que fique perpetuado esse lance. Deixei passar e foi um gol que entrou para a história”, disse à época o ex-árbitro Oscar Roberto de Godói, na vitória da Portuguesa por 4 a 2 sobre o Santos.

Com uma joia rara mais preciosa que ouro de ofir nas mãos, os cartolas da Lusa criaram obstáculos para negociá-lo em definitivo e mesmo cobiçado por grandes equipes paulistas, sua negociação foi vetada de imediato.

Coisas que a estupidez humana produz nos cartolas em nome da rivalidade.

Então, não restou solução se não fosse emprestá-lo novamente.

Foi aí que o mais famoso e abusado camisa 10 do Canindé trocou a cruz da Lusa pela Cruz de Malta e chegou à Cidade Maravilhosa, em 1994.


Logo em um amistoso contra o deus argentino Maradona, no seu retorno aos gramados na Argentina, pelo Newell´s Old Boys, Dener acabou aprontando uma das suas ao passar por cinco jogadores só parando nas mãos do goleiro Norberto Scoponi.
   
Na sequência, Don Diego olhou surpreso aquilo e após o jogo foi cumprimentá-lo.

Pelo time de São Januário, Dener não fez muitas partidas, mas mesmo assim entrou na galeria dos grandes jogadores da história do Gigante da Colina, quando seu carro, o Mitsubshi Eclipse, placa DNR-0010 – São Paulo, chocou-se com uma árvore na Lagoa Rodrigo de Freitas, bairro da Zona Sul do Rio, no dia 19 de abril de 1994 por volta das 5h45 da madrugada.

“Ficamos felizes pelo título, mas a morte do Dener foi algo trágico. Ele era um excelente jogador. Ele era considerado problemático, mas nunca tive qualquer tipo de dor de cabeça com ele”, conta o técnico Jair Pereira, o último comandante de Dener ao Museu da Pelada.

O Vasco conquistou o título e dedicou em memória de seu camisa 10.

Portanto, mês passado completou 24 anos de sua morte.

E nessa manha, ouvi “É tão estranho, os bons morrem jovens, assim parecer ser quando me lembro de você que acabou indo embora cedo demais”… na voz potente de Renato Russo, e indubitavelmente, foi  uma maneira de lembrar daquele que foi sem sombra de dúvidas, o maior driblador que o futebol brasileiro já teve.

MAIS UM IMORTAL 

por Marcos Vinicius Cabral


Ontem foi o último jogo oficial do goleiro Júlio César, que com o número 12 às costas e diante do América-MG, foi aplaudido por 52.106 torcedores.

Uma despedida discreta, convenhamos, para o terceiro goleiro que mais vezes vestiu a camisa número 1 do Flamengo, atrás apenas de Cantarelli, com 557 jogos e o saudoso Zé Carlos, falecido em 2009, com 352 jogos.

Quis o destino que seguisse os passos no futsal de três monstros sagrados rubro-negros: Zico – que jogou no River Football Club, em Piedade -, Júnior – que jogou no Sírio e Libanês, no Recreio dos Bandeirantes – e Leandro – que jogou no Tamoyo Esporte Clube, em Cabo Frio – quando vestiu pela primeira vez um par de luvas no Grajaú Country Club, em 1988.


Nascido em Duque de Caxias e criado na Penha, subúrbio do Rio de Janeiro, Júlio César chegou ao Flamengo aos 12 anos.

Aos 17, já era profissional e caiu nas graças da exigente torcida num Fla-Flu, ao defender um pênalti.

Saiu em 2005, conquistou o mundo e passados 21 anos, virou – merecidamente – idolo da maior torcida do Brasil.

Disputou duas Copas do Mundo e apesar do nefasto 7 a 1 contra os alemães no Mineirão, em 2014, esse não foi para mim, ao menos, motivo para lembrar dele.

Contudo, sua melhor atuação com a camisa do Flamengo foi o segundo jogo da final do Carioca de 2001, em pleno Maracanã.


E sobretudo naquela partida – conhecida como o tri no gol do Pet aos 43 minutos – com defesas improváveis, nosso arqueiro ajudaria na conquista daquele titulo.

Foi inesquecível!

Parabéns Júlio César e seja bem-vindo à seletíssima galeria dos imortais jogadores nesses quase 123 anos de história.