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Marcelo Soares

QUERIA RIVELLINO, MAS QUEM ME GANHOU FOI ROMERO

por Marcelo Soares


Roberto Rivellino, o maior jogador da história do Corinthians na minha opinião, infelizmente ficou marcado por não ter ganho um título expressivo com a camisa alvinegra. Um dos maiores jogadores da história do futebol e de sua época, foi campeão do Mundo em 1970 no México com uma das melhores formações da Seleção Brasileira, apresentando ao mundo a patada atômica.

Participou de um dos episódios que mais marcaram a história do futebol e do lendário Maracanã: a invasão da torcida do Corinthians em 1976, na partida contra o Fluminense, levando mais de 145 mil pessoas ao estádio.

Canhoto para o bem do futebol, por onde passou, brilhou! Encantou a todos e se tornou ídolo por onde jogou. Rivellino brilhou tanto que até mesmo Maradona, considerado por muitos o melhor de todos os tempos, se rendeu aos talentos do Reizinho do Parque e o elegeu como seu ídolo no futebol.

A falta de um título paulista com a camisa Corinthiana sempre perseguiu Rivellino, fato que o levou a declarar que trocaria a perdida taça Jules Rimet por um título paulista com o maior vencedor do campeonato. Acredito eu que até a troféu do Campeonato Paulista tenha pedido por esse encontro com Rivellino, mas fato é que nunca aconteceu.

Que injustiça do futebol, o time que mais venceu o campeonato não pôde ganhar mais uma edição enquanto Rivellino vestia sua camisa, não entrou para a lista de ídolos com a letra R que o venceram pelo Corinthians, como os Ronaldos (Giovanelli e o fenômeno) e o colobiano Rincón. Quem diria que até mesmo Romero ganharia esse título.

Depois disso, aconselho Rivellino a esquecer isso. O futebol está mudado, você não precisa fazer parte em hipótese alguma de um grupo que conta Romero. Com sua perna direita que nem era a boa, daria elásticos em cães de guarda da moda e ganharia 10 títulos paulistas nos tempos de futebol moderno. Só para mostrar aos Deuses do Futebol que eles também erram.

OS DEUSES DO FUTEBOL LAVARAM BUENOS AIRES

por Marcelo Soares


Desde quando começamos a entender sobre futebol e torcer pelo nosso time do coração, torcemos de qualquer jeito para que o nosso clube participe da tão famosa Copa Libertadores da América e brigue para conquistar o sonhado título. Esse talvez seja o campeonato que mais represente o povo Sul-Americano.

O último dia 03 de novembro era esperado por todos os amantes do futebol, pois aconteceria o primeiro jogo da final do ano de 2018. A Copa que leva em seu nome uma homenagem aos heróis da independência das nações Sul-Americanas teve que aguardar mais um dia para apresentar ao mundo a sua final histórica. Os Deuses do futebol resolveram lavar a cidade de Buenos Aires antes do jogo para se despedir do tradicional formato que conhecemos da Libertadores.

Sabendo que seria o último ano nesse formato, talvez esse místico campeonato tenha tomado a liberdade de fazer algumas escolhas:

Escolheu o país que tem mais títulos, que tem o maior campeão do campeonato e que ainda luta contra a modernização dos estádios e de toda sua história.

O campeonato que já teve campeão invicto e também quem renasceu das cinzas, escolheu trazer um time que se classificou em último na fase de grupos para disputar o título. Contra quem? Seu maior rival.

Boca Juniors x River Plate


Depois de tantas mudanças nos últimos anos, regras, premiações e duração do campeonato, as finais agora passarão a ser decididas em um jogo só em campo neutro.

Podemos invejar o futebol europeu, a qualidade dos jogadores e dos seus jogos, porém a festa fora dos gramados quem inveja são eles. E toda essa festa que vemos nos clássicos foi um dos principais motivos para nos apaixonarmos por futebol.

Em um campeonato onde os países têm a maioria de sua população passando necessidades básicas, torcedores dão a vida para ver um jogo do time. Em mais uma decisão “daquelas” da CONMEBOL, tornaram praticamente impossível o sonho de muitos torcedores de um dia realizar o sonho de ver o time do coração no seu estádio na final da Libertadores. Numa tentativa talvez de tornar o campeonato semelhante a Champions League, já sabemos que não é isso que queremos. Somos torcedores e não espectadores, queremos ir a estádios e não em arenas. Essa não é a nossa essência.

Tamanha estrutura, acesso da maioria da população e fácil mobilidade ajudam para que esses deslocamentos se tornem mais fáceis na Europa em campeonatos como a Champions League. Mas aqui não!


O dia do primeiro jogo chegou e o que vimos foi mais uma festa mágica da torcida do Boca. Se faltava técnica, sobrava vontade para ambas equipes.

No último episódio dessa Libertadores de 2018, hoje, que possamos ser premiados com mais um jogo cheio de emoção que só um clássico é capaz de proporcionar para nós e mais uma festa única, dessa vez da torcida do River.

 O torcedor que saíra mais feliz já sabemos, serão todos aqueles que são apaixonados por futebol!

LEICESTER CITY, ÉPICO

por Marcelo Soares


Na temporada de 2015/16 do Campeonato Inglês o que parecia impossível se realizou. O time da cidade de Leicester se sagrou campeão da primeira divisão do futebol inglês. Mas essa história começou em 2010 quando o tailandês Vichai Srivaddhanaprabha comprou o time.

Os torcedores mal sabiam que ali começaria uma história épica. Ele ajudou uma cidade com pouco mais de 400 mil habitantes a melhorar os hospitais e com ações de caridade. Também fez os torcedores acreditarem no impossível.

Coincidência ou não, após o enterro do Rei Ricardo III na catedral da cidade, que também teve ajuda do Tailandês, o time decolou.

King, camisa 10 do time, ajudou o Leicester na vitória após o enterro do rei e assim permaneceram na primeira divisão. Na temporada seguinte, no estádio King Power, o time do Leicester deu muitas alegrias aos seus torcedores. Até mesmo quem estava longe do time do coração teve a vida prolongada devido ao sucesso e a felicidade que o time trazia.

Tony Skeffington, em estado terminal, acompanhava de longe, na Austrália, a campanha inacreditável que seu time fazia. Faleceu um pouco antes do time levantar o troféu de campeão da Premier League. Mas viveu muito mais do que os médicos previam vendo as vitórias da sua equipe.


Gary Lineker, ídolo do futebol inglês, confessou que o que mais desejou no futebol foi ver seu time campeão da primeira divisão. Leicester City x Norwich City, 44 do segundo tempo. Um gol, a vitória da equipe e um tremor registrado na cidade após a bola estufar as redes.

Talvez todos esses fatores façam esse título ficar marcado pra sempre no futebol como um dos maiores feitos.

O futebol continua ainda fazendo milagres e sendo um dos motivos de maior felicidade para os apaixonados por ele. Nada disso seria possível para o Leicester sem a presença de Vichai.

No último sábado, 27 de outubro, o tailandês dono o clube foi vítima de um acidente de helicóptero no estacionamento do estádio do clube.


Homenagens não faltaram para o tailandês. Jogadores e toda cidade mostraram um enorme carinho não só pelo profissional, mas também pela pessoa de Vichai.

A cidade de Leicester e o mundo do futebol sempre serão gratos por esse feito que conseguiu por um clube que sempre viveu longe dos holofotes, e por uma temporada teve todos os olhares do mundo voltados para ele.

O FUTEBOL AGONIZA, MAS NÃO MORRE

por Marcelo Soares


Meu pai, parceiro de arquibancada, cresceu com o futebol das décadas de 70 e 80. Hoje já não tem mais vontade de ir aos jogos.

Será que naquela época eram muito bons mesmo ou hoje são muito ruins? Acredito que as duas opções estejam certas.

Anteontem, toda essa festa antes da final da Copa do Brasil mostrou como as coisas estão mudando no futebol brasileiro. Após a bola rolar acabou a festa. Cartões para todos os lados e os onze jogadores atrás da linha bola. 

Certamente não é essa a mudança que queremos.

VAR… Não me lembro de ouvir do meu pai e do meu avô reclamações sobre arbitragem. Esqueceram o futebol nas décadas passadas e buscam sempre um vilão.  Árbitros, jogadores. Talvez o problema não estejam neles. Sabemos que não estão dentro de campo.

Categorias de base em situações precárias, dívidas bilionárias…

Aquele que é considerado o melhor time do país apresenta um futebol fraquíssimo. Vence pois os adversários são piores ainda. O famoso “extracampo” está cada vez mais sendo decisivo.

Apesar de tentarem e muito acabar com ele, o verdadeiro futebol agoniza, mas não morre. Como diria Nelson Sargento.


O que fez e faz meu pai perder a vontade? Times sem padrão de jogo? Escassez de craques? Ingressos caros? Ou toda essa palhaçada que estão fazendo fora de campo?

Anteontem, infelizmente não fomos ao estádio.

Para o Corinthians, nunca foi fácil. Mas está cada vez mais difícil. Difícil comemorar um gol, uma boa partida.

Talvez o mais difícil será convencer a próxima geração a ser meu parceiro de arquibancada. 

As próximas gerações podem olhar para o futebol e dizer:

Que jogo mais chato, VAR pra PQP.

CRAQUE DAS LENTES

texto: André Mendonça | fotos: André Durão


André Durão

Depois de um longo tempo, a equipe do Museu da Pelada apresenta mais um “Craque das Lentes”. A fera da vez é André Durão, fotógrafo do portal Globoesporte.com há mais de 10 anos, que, gentilmente, nos enviou uma bela galeria de fotos sobre futebol. Apaixonado pela fotografia desde os 13 anos, André nos contou um pouco sobre a brilhante carreira e a relação com o esporte.

Embora não tenha sido um craque dentro das quatro linhas, o fotógrafo tratou de se destacar na beirada delas. Em 1982, fez sua estreia no Maracanã, ainda como estagiário, auxiliando o fotógrafo Ari Gomes, e se encantou com a atmosfera do estádio. No ano seguinte, começou a carreira profissional no Jornal do Brasil e passou a ganhar destaque por conta dos cliques na beira do gramado.

– Ainda trabalho nos gramados e minha ideia é nunca parar. Se o Globoesporte.com deixar, quero ficar até não conseguir mais fotografar. Espero que esse dia demore muito a chegar!

Aos 13 anos, após muito insistir ao pai, foi matriculado em um curso na Associação Brasileira de Arte Fotográfica (ABAF) e passou a ter dificuldades para conciliar as aulas com as peladas e os treinos de basquete, esporte preferido no qual se destacava na juventude. Federado no esporte da bola laranja por 16 anos, desde a categoria infantil, André precisou tomar uma decisão difícil, e abandonou os treinos do basquete para se dedicar exclusivamente à fotografia.


Apesar de, na época, ter sido um duro golpe para o garoto, não temos dúvida que foi uma decisão extremamente sábia, o que pode ser comprovado pelo vasto currículo de coberturas do fotógrafo: Copa do Mundo, Olimpíadas, Copa das Confederações, Copa América, Mundial de F-1 e mundiais de vários outros esportes pré olímpicos.

– Acho que foi a escolha certa! Me dedico muito ao que faço. Quando saio para fotografar, não vejo como um compromisso e sim como uma oportunidade de brilhar e fazer uma bela foto, que é o que mais gosto – disse André, que também ressalta a importância do respaldo familiar para se alcançar o sucesso.

Estudioso, o fotógrafo revelou que costuma analisar os jogadores antes das partidas para se posicionar da melhor forma possível e fazer os mais belos registros. Admitiu, no entanto, que assim como o bom goleiro, o bom fotógrafo precisa de sorte.

– Vejo qual é o lado que o jogador costuma correr para comemorar, qual jogador chuta de longe, qual faz mais gols de cabeça etc. O resto é ficar prestando atenção na partida e esperar um lance bonito. Só quem adivinha o que vai acontecer é a Mãe Dinah – brincou.

Se as competições em que cobriu já não fossem o bastante para comprovar o êxito na profissão, podemos falar ainda dos estádios que foram palco dos cliques do fotógrafo. Tendo fotografado em quase em todos do Brasil e alguns do exterior, como San Siro, na Itália, o craque elege o palco da estreia como o mais especial.

– O Maracanã, sem dúvidas é meu estádio preferido. Também gosto muito de fotografar jogos da Libertadores fora do Brasil, pois a pressão da torcida deixa você mais ligado nos lances!

No fim, ao ser perguntado se é melhor com a câmera ou com a bola, André foi taxativo:

– Pergunta pra galera do Globoesporte.com. Me chamam todo dia para fotografar, mas para a pelada só fui chamado uma vez! – finalizou, de forma divertida.