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Marcelo Rodrigues

A BOLA PESADA E SEUS GÊNIOS

por Marcelo Rodrigues


Jogando na escolinha de Newton Zarani

Jogando na escolinha de Newton Zarani

É com muita honra que aceitei fazer parte dessa família do site Museu da Pelada.

Escreverei aqui basicamente sobre as minhas paixões: futsal, futebol e música. Muito mais sobre futsal, seus personagens, jogos, competições, gols, polêmicas etc.

Tenho como pauta, em meu trabalho, o respeito ao ser humano acima de tudo, e foi seguindo essa linha que passei a amar essas três culturas acima citadas.

E tudo começou quando fui levado por meu pai (Pedrinho Rodrigues, cantor top da época – daí minha paixão pela música) à escolinha do Clube Municipal, aos 5 anos de idade. De cara vi que era aquilo o que desejava para mim. 

Tive a sorte de ter como professores os craques Newton Zarani, Aécio e Tamba (os três primeiros gênios da história da minha vida). 

Ouvia histórias dos três sobre um outro gênio chamado Serginho, que diziam ser o Pelé da bola pesada. E fiquei deslumbrado ao vê-lo, já veterano, jogando. Um monstro.

O tempo passou um pouquinho e vi o Clube Municipal sendo campeão carioca no adulto, em 1978: 1×0 gol do Hugo contra o Cassino Bangu, no Maracanãzinho. E meu amor pelo jogo só aumentava.

No ano seguinte, a decisão foi entre Monte Sinai e Vasco, e o jogo foi no Municipal. Pelo Vasco tinha um baixinho que pegava a bola e ia para um lado, ia para o outro, voltava, driblava, e ninguém o achava. Mauro Bandit!!! Logo depois foi pra Espanha. Por oito vezes foi o melhor de lá e tive a sorte de, já adulto, e ele voltando da Espanha, ser campeão pela Casa de Spaña, a seu lado. E ainda fui o artilheiro da competição!!! 

Saí um pouco da cronologia para falar do meu irmão Mauro, gênio, SuperMauro. Mas voltemos ao ano de 1979…

O Monte Sinai foi o campeão e, por ser perto da minha casa, resolvi tentar a sorte no infantil de lá. Paulinho Shaolin era o treinador do infantil, e ainda era um dos craques daquela constelação no adulto. Fiquei até o infanto. Passei pelo Social e pelo Montanha Clube, no juvenil, Petrópolis /Magnólia no adulto primeiro ano, Casa d Spaña e América, como jogador.

Vi Sorage, Jackson e Douglas, vi Vevé, vi Fininho, Manoel, Lenísio, vi Cacá, Leonel, Gera, Belfort, e vi, vejo e verei Falcão. 

Fui vendo tanta gente de qualidade e passei a imaginar a minha vida além das quadras. Desde bem novo idealizava ser o que sou hoje. Passei então a estudar e me formei em Psicologia e Educação Física. Me tornei preparador físico e técnico de futsal e futebol, fui para Alemanha estudar futebol a fundo, fiz pós graduação em futebol, também na UFRJ, estudei na pós de treinamento desportivo, na Gama Filho, e ainda encontrava tempo pra treinar. Mas penso ter feito a escolha correta. 

Com tantos gênios e com o início do profissionalismo, passei a trabalhar no e para o jogo e preferi vislumbrar o futuro. O futsal era magia, mas nenhum reconhecimento profissional. 

Em 88, fui contratado pelo Flu, em 91, preparador físico da seleção carioca adulta, em 93 estive no Grajaú Country e voltei ao Flu, em 95.

Ainda joguei em 1994 no América, por amor. Em 1995, fui para o Japão trabalhar no futebol de campo, como treinador da base e acabei na TDK, equipe profissional, e joguei futebol de campo. Acabei artilheiro também. Mas foi só uma temporada. Fomos campeões. Lá, recebi a proposta para ter um programa na tevê, como apresentador,  e também para escrever no jornal local. Atingi todas as áreas da população, e engrandeci meus conhecimentos, estudei jornalismo técnico dentro dos veículos e também me apaixonei. Meu trabalho desenvolvido na região, graças a Deus, até hoje é exaltado e seguido. Falo bem o idioma, assim como inglês, espanhol e um pouco de alemão. Tudo com perseverança, estudo e preparo. 

Consegui trabalhar e formar jogadores, treinar a parte técnica do futsal ao extremo, no futebol, assim como adaptei conceitos de ordem tática também tanto na parte ofensiva quanto na defensiva, mostrei o “brincar”, o “divertir-se”, o jogar para o entretenimento sem perder a responsabilidade. Tudo isso, fundamentalmente, pelo que vi desses gênios.

Formei atletas, mudei conceitos. E ainda estudei jornalismo de verdade. E o melhor: além de formar, vencemos tudo.

Voltei ao Brasil no fim de 98. Portanto 95, 96, 97 e 98 lá no Japão e com muitos dos atletas indo para os principais times do país. Fora a TDK que foi campeã. 

Fui contratado então pelo Sportv, uma semana após o meu retorno. De lá pra cá estou nessa jornada. 

Sou professor do município concursado, com núcleo de futsal, escrevo projetos, tenho programa, dou aulas, canto e ainda comento futsal. 

Aí volta a minha história com outros gênios de outras gerações do futsal…

Eu que vinha trabalhando no futebol, fui convidado a comentar futsal. E até hoje o faço.

Comento todos os esportes da bola, mas nesse, algo magnetizante me envolve.

Só uma coisa me deixa muito chateado: é o implacável tempo não permitir que esses caras geniais, que fizeram a minha história, criaram a minha educação, visão, muitos ajudaram no meu caráter, na minha visão artística, não poderem me dar essa alegria de vê-los juntos, todos, no auge de suas brilhantes carreiras, dentro de quadra.

Eu já sonhei isso. No sonho eu treinava esse time. Todos com salários altíssimos, rindo o tempo todo das jogadas de seus companheiros, os companheiros rindo das suas canetas, lambretas, fintas, patadas pro gol, e cada quarteto entrava e saía com todos reclamando por que queriam aquela diversão. Argentinos, uruguaios e paraguaios tontos, caindo a cada lance. Espanhóis de pé, com seus lenços brancos exaltando nossos gladiadores, árabes enlouquecidos jorrando petrodólares nos cofres dos monstros etc.

Eu, nesse sonho, nunca dormia, porque não queria perder nenhum detalhe de cada um daqueles deuses da bola pesada.

Por isso, nesse primeiro artigo, gostaria de homenagear os caras que fizeram e fazem a minha alegria de ter, lá atrás, estudado bastante, ter me preparado, para a magia de poder representá-los até hoje na tevê.

Não joguei um centésimo do que cada um desses gênios jogou, mas tenho a honra de poder contar um pouco da história da vida desses caras há 18 anos. 

Nisso, sou eu o privilegiado.

Parabéns demais a todos e o meu muito obrigado.

Saibam da minha admiração e agradecimento eterno.