Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

maradona

O DIA EM QUE MARADONA E PLATINI JOGARAM NO MESMO TIME

por Bruno Sentone


Platini e Maradona lado a lado em raro registro vestindo o mesmo uniforme.

Não é nenhuma novidade que Maradona e Platini já jogaram juntos. Porém, sempre como rivais, cada qual vestindo uma camisa diferente. Mas você sabia que os craques também já atuaram pela mesma equipe?

O ano era 1987. A Argentina era a atual seleção campeã do mundo (1986) – de uma Copa marcada pela partida contra a Inglaterra e, principalmente, por “la mano de Dios”. O ótimo desempenho de Diego Maradona na competição o fez ser eleito como melhor jogador daquele ano*. Na Itália, o Napoli vivia seu auge até então. O clube conquistou seu primeiro campeonato italiano da série A e, poucos dias depois, venceu a copa da Itália. Todas dúvidas e/ou críticas que ainda podiam haver acerca do Maradona – ao menos, dentro de campo – deixaram de existir.

Enquanto isso, na Juventus, Michel Platini encerrava sua carreira, ainda em alta, com apenas 32 anos. Apesar da idade, aparentemente, precoce para pendurar as chuteiras, o francês já era o melhor jogador do mundo por três anos consecutivos (1983, 84 e 85) e ostentava uma coleção invejável de títulos e mais prêmios individuais.


Platini e Maradona já tinham se enfrentado outras vezes antes. Era um confronto parecido com o de Cristiano Ronaldo x Lionel Messi. No entanto, da década de 80, quando Juventus x Napoli era o grande jogo da Europa.

Não muito distante dali, a Football League (resumidamente, como o sistema de futebol inglês era chamado até 1992) estava prestes a completar 100 anos de existência (1988). E, para comemorar seu centenário, a entidade anunciou uma série de eventos, que começaram a ser realizados ainda em 1987. A celebração, de modo geral, foi um verdadeiro fiasco. Não foi bem planejada, nem cativou o público, tanto que, logo, caiu no esquecimento, como se nunca tivesse acontecido. Porém, um evento em específico foi, relativamente, um sucesso, se comparado aos demais.

No dia 08 de Agosto de 1987, o Wembley atraiu mais de 60 mil torcedores para presenciar uma partida excepcional, intitulada “Football League XI x Resto do Mundo XI”. Ou seja, entre os melhores jogadores atuando na Inglaterra e – como o próprio nome sugere – do restante do futebol mundial. A quantidade de espectadores só não foi ainda maior pois o jogo também foi televisionado.

O técnico da seleção inglesa daquela época, Sir Bobby Robson, ficou encarregado de convocar quem jogaria pelo Football League XI e – pelo lado do Resto do Mundo XI – a responsabilidade ficou por conta do, então, treinador do Barcelona, Terence Venables.

Ao contrário do que se vê hoje em dia, o campeonato inglês da década de 80 não possuía tantos atletas estrangeiros. O elenco formado por Bobby serve de exemplo: continha apenas um único jogador que não era britânico ou irlandês.

A tarefa foi um pouco mais complicada para Terry. Afinal, suas opções de jogadores para organizar uma equipe com somente 11 estrelas eram inúmeras, abrangiam os seis continentes, e nem todos aceitavam o convite do técnico e do órgão inglês. Van Basten e Ruud Gullit foram alguns dos nomes que se recusaram a participar da atração.

Apesar disso, o evento contou com o recém-aposentado Michel Platini – que faria sua primeira e única partida no estádio de Wembley – e com Diego Maradona, convencido a comparecer após receber, antecipadamente, 100 mil libras por sua presença.

Dessa forma, as escalações de ambos técnicos ficaram assim:

Football League XI – Peter Shilton, Kenny Sansom, Richard Gough, Paul McGrath, Bryan Robson, Chris Waddle, Neil Webb, Peter Beardsley, Liam Brady, Clive Allen e John McClelland;


Convidado de honra, Pelé conversa com Platini, enquanto Maradona escuta atentamente.

Resto do Mundo XI – Rinat Dasayev, Glenn Hysén, Thomas Berthold, Salvatore Bagni, Julio Alberto Moreno, Diego Maradona, Celso Gavião (brasileiro | Porto-PT), Paulo Futre, Josimar Higino Pereira (brasileiro | Botafogo-BR), Gary Lineker e Michel Platini.

Antes da bola, finalmente, rolar, outro episódio – não menos emblemático – marcou a cerimônia de abertura: o convidado de honra Pelé participou da entrada das duas equipes e cumprimentou cada jogador individualmente. Ao fim, deixou o campo por um corredor formado pelos maiores craques mundiais do momento, sob os aplausos de todos presentes naquela tarde cinzenta em Wembley.

Apesar da atmosfera bastante descontraída, havia uma enorme preocupação girando em torno de como Maradona seria recebido em Londres. A organização do evento solicitou, previamente, aos torcedores que respeitassem o argentino, com receio de que o pior pudesse acontecer. E não ocorreu. Mas o pedido também pareceu ter sido ignorado. Desde que pisou no gramado, Maradona foi vaiado em cada participação, fosse sendo apresentado ou mesmo tocando na bola. Independentemente disto, Diego começou o jogo, nitidamente, indisposto. No entanto, não demorou muito para que, logo, mostrasse porque já era considerado o melhor do mundo.

Platini, por sua vez, foi ovacionado assim que entrou em campo e aproveitou cada minuto da partida, desde o apito inicial. Era sua única exibição em Wembley, então, o francês fez questão de se divertir e encantou a todos com sua alegria nos pés.

Enquanto o Resto do Mundo XI levava a partida na esportiva, como o amistoso que, de fato, era, a Football League XI jogava – com o apoio da torcida – para ganhar. Esta condição deu a vitória ao time anfitrião por 3×0. Confira os gols:

*em 1986 e 87, Maradona foi eleito – pela revista francesa Onze Mondial – como melhor jogador do mundo, ganhando, assim, o Onze d’Or (Onze de Ouro). Até 1995, a Bola de Ouro ainda era restrita exclusivamente aos atletas europeus e o prêmio da FIFA seria criado somente mais tarde, em 1991.

SE ELES NÃO GANHARAM UMA COPA, AZAR DA COPA

por Israel Cayo Campos


A frase do título, até onde se sabe, é de autoria do grande jornalista Fernando Calazans, que a cunhou inicialmente para enaltecer Zico, o eterno camisa dez da Gávea mesmo este não conseguindo trazer um campeonato mundial com a camisa da Seleção brasileira.

Contudo, outros jogadores também merecem essa pomposa frase em seus currículos, principalmente analisando o que fizeram por suas seleções em Copas do Mundo da FIFA.

Pensando nisso, eu resolvi fazer minha lista do Top 10 jogadores que mereciam ter vencido um mundial, mas que por uma crueldade do destino acabaram por não conseguir tal feito.

Vale salientar que o meu critério para o ranking que estabeleci não é do melhor jogador para o pior levando em consideração sua carreira. Mas sim daqueles que mais tiveram importância dentro das Copas do Mundo para seus países, mas que não levaram o caneco.

Ou seja, o critério escolhido leva em consideração as atuações dos mesmos apenas em Copas do Mundo!

Fiquem à vontade para discordar!

10º Lugar: Cristiano Ronaldo. Copa de 2006.


CR7 tem no currículo quatro Copas do Mundo disputadas, sendo um dos raros jogadores do Planeta a marcar gols em todas elas. Mas a Copa de maior destaque do jogador português fora o Mundial da Alemanha em 2006.

Ainda garoto, em um time onde os mais experientes eram Luís Figo, Pauleta e Maniche, o futuro cinco vezes melhor do mundo não desafinou.

Contra o Irã, marcou de pênalti seu primeiro gol em Copas que acabou garantindo por antecipação a classificação da Seleção do técnico Luís Felipe Scolari para as oitavas de final do torneio.

Nas quartas de final, após um duríssimo zero a zero contra a favorita Inglaterra, coube a Ronaldo cobrar a última penalidade que classificou Portugal quarenta anos depois de volta a uma semifinal de Copa do Mundo.

Nas semifinais, tentou de tudo contra a forte defesa francesa. Mas o gol logo no início de Zidane acabou por mandar Portugal mais uma vez a disputa do terceiro lugar. Assim como em 1966.

Na disputa do terceiro lugar, nova derrota. Dessa vez por três a um para os anfitriões alemães. Embora Ronaldo tenha criado boas chances e parado no goleiro Oliver Kahn, ele passara em branco em mais uma partida.
Foi a melhor participação do jogador em mundiais, já que em 2010 e 2018 sequer passou das oitavas de final, em 2014 a seleção portuguesa caiu na primeira fase.

Para um jogador que hoje está entre os dez maiores de todos os tempos, são participações discretas, mas vale ressaltar o melhor jogo individual de um jogador em Copas do Mundo nos últimos 12 anos. O jogo contra a Espanha na primeira fase da Copa do Mundo da Rússia onde Cristiano marcou os três gols do empate em três a três contra a “Fúria”.

É bem verdade que em mundiais CR7 ainda deixa a desejar. Em uma Seleção portuguesa que cada vez mais melhora tecnicamente com jogadores espalhados por todo futebol europeu. Mas um jogador de seu quilate não pode ser descartado na lista dos grandes que nunca venceram um mundial da FIFA.

9º Lugar: Leônidas da Silva. Copa de 1938.


Confesso que para a nona posição, fiquei em dúvida se escolhia o craque brasileiro da Copa de 1938, ou o argentino Guilhermo Stábile, artilheiro do mundial de 1930 no Uruguai e vice campeão do mundo com sua seleção.

Se fosse apenas por uma questão de gols o argentino mereceria essa vaga. todavia, a Seleção uruguaia de 1930 que enfrentou os Stábile era muito superior aos argentinos. Ao contrário da Itália que tirou a chance de Leônidas ser o primeiro grande craque de uma título mundial com a Seleção brasileira.

Por sinal, o “Diamante Negro” nem enfrentou os italianos nas semifinais da Copa de 1938. Estava supostamente lesionado (alguns dizem que já estava sendo poupado para a final!), portanto a décima posição fica com o “Homem de Borracha”.

O mundial de 1938 disputado na França teve Leônidas como um dos principais destaques daquela Seleção brasileira que seria a primeira a fazer uma grande campanha em mundiais. Na partida de estreia contra os Poloneses, o Diamante Negro fez três gols em um duríssimo jogo que terminou na prorrogação com um 6 a 5 para os brasileiros.

Com direito aos dois gols anotados pelo Brasil na prorrogação em Strasbourg (os dois do desempate!) serem de Leônidas. Era a primeira vez que o Brasil passava da primeira fase em uma Copa do Mundo.

Vale ressaltar que o modelo de tabela da Copa do Mundo de 1938 era eliminatório. A Seleção que perdesse ia para casa. Como já ocorrera quatro anos antes no mundial da Itália, onde o Brasil perdera para a Espanha por 3 a 1. Sendo o gol brasileiro marcado por Leônidas.

Vieram as quartas de final e o adversário era a atual vice-campeã do mundo Tchecoslováquia. E novamente Leônidas não decepcionou! Fez um gol no empate em um a um que obrigou as duas Seleções a disputarem uma nova partida dois dias depois, onde novamente marcou contra os tchecos, contribuindo para a vitória brasileira por 2 a 1, que colocou a nossa Seleção pela primeira vez numa semifinal de Copa do Mundo!

Como dito antes, Leônidas não enfrentou os italianos, e o Brasil levou a pior… Na fase em que estava, mesmo com a Azurra sendo considerado um time mais experiente, Leônidas poderia ter feito a diferença para o Brasil. Mas o destino reservou ao “Diamante Negro” a disputa do terceiro lugar.

Nesta, em partida disputada em Bordeaux contra a Suécia, novamente o “Homem de Borracha” marcou. Duas vezes na goleada brasileira por 4 a 2. O Brasil terminava o mundial de 1938 em terceiro lugar, graças ao talento de Leônidas da Silva, que hoje é pouco lembrado pelos brasileiros, mas que se tivesse vencido uma Copa do Mundo, e talento tinha para tal, Com certeza seria comparado aos grandes centroavantes que o sucederam como Vavá, Tostão, Romário e Ronaldo.

8º Lugar: Ademir de Menezes. Copa de 1950.


Ademir simboliza não só ele enquanto jogador, mas uma geração inteira que deveria ter vencido o mundial de 1950 disputado no Brasil.

Artilheiro máximo da Seleção naquele mundial com nove gols em seis jogos (um Record até os dias atuais para um jogador brasileiro em apenas uma Copa do Mundo!), O então jogador do Vasco aliava a inteligência ao faro de gol.

Logo na estreia brasileira, dois gols na goleada contra o México por quatro a zero.

Após o fraco jogo brasileiro contra Suíça onde passara em branco, voltou a marcar no Maracanã contra a Iugoslávia classificando o Brasil para a fase final do torneio.

E na fase final do campeonato um show: Quatro tentos contra a Suécia na goleada brasileira por sete a um (nossa maior freguesa em Copas do Mundo), até hoje, o Record de gols de um brasileiro em apenas uma partida de Copa do Mundo. E mais dois gols contra a Espanha em outro espetáculo brasileiro no Maracanã encerrado em seis a um.

Curiosamente, Ademir só não marcou nos jogos contra a Suíça e contra o Uruguai. Contra a primeira Seleção um empate. Contra os uruguaios nem preciso lembrar o que aconteceu!

Outro detalhe é que em todas as partidas que o Brasil venceu naquele mundial, Ademir fez o primeiro gol da Seleção.

Se Leônidas é pouco reconhecido pelos seus sete gols marcados na Copa de 1938, Ademir consegue ser ainda menos lembrado. Mesmo tendo feito nove gols na Copa do Mundo do Brasil.

Era mais um que estaria um patamar histórico acima se tivesse vencido o mundial. Infelizmente o Uruguai acabou fazendo com que os torcedores brasileiros esquecessem o quão brilhante fora o “Queixada” naquela Copa do Mundo!

7º Lugar: Zico. Copa de 1982.


Apesar de Zico ter disputado três Copas do Mundo (1978, 1982 e 1986), Fora no mundial da Espanha que o “Galinho de Quintino” desempenhou seu melhor futebol.

O camisa dez do Flamengo teve uma estreia discreta contra a URSS. Todavia, no jogo seguinte contra a Escócia, marcou um belíssimo gol de falta que empatava um jogo que até então estava difícil para os brasileiros. A partida terminou quatro a um para a Seleção canarinho.

Contra a fraca Nova Zelândia, outro show de Zico: Após belo cruzamento do companheiro de clube Leandro, Zico acertou uma bela “meia bicicleta” que colocou o Brasil na frente.

Em seguida após bela jogada de Sócrates, Leandro novamente recebe a bola e acha o “Galinho” como um camisa nove dentro da área, era o segundo gol brasileiro.

Quando o jogo já estava três a zero para o Brasil, Zico deu um belo passe cruzado para Serginho dá números finais a partida. O Brasil estava classificado com cem por cento de aproveitamento.

Apesar daquela Seleção contar com muitos craques, era em Zico que o torcedor brasileiro entendia ser o fator de desequilíbrio que nos traria o então tetracampeonato mundial. E contra a Argentina não seria diferente.

Já pela segunda fase do mundial da Espanha, Zico mostrou que era mesmo um camisa dez com alma de nove. Aproveitando uma falta cobrada por Éder na trave, o “Galo” entrou com bola e tudo aproveitando o rebote. Era o primeiro do Brasil contra os argentinos.

Quando a partida já estava em dois a zero para os brasileiro, Zico deu um passe de camisa 10 perfeito para seu outro companheiro de Flamengo Júnior entrar na área e cutucar no canto do goleiro Fillol. Uma atuação espetacular do “Galinho”.

Vinha o jogo contra a Itália. Bastava apenas um empate. E quando o Brasil já perdia por um a zero para os italiano, Zico deu um drible magistral em Gentile e tocou de maneira precisa para Sócrates. Era o empate brasileiro.

Quando os italianos novamente com Paulo Rossi venciam por dois a um, Zico recebeu dentro da grande área e chutou para a defesa de Zoff. O problema é que o mesmo Gentili havia o puxado com tamanha virulência que até a sua camisa havia rasgado. Um pênalti claro que o juiz ignorou.

O Brasil até chegou a empatar com Falcão mas aquele era o dia de Paulo Rossi. Itália três a dois e o futebol arte do Brasil e de Zico estavam eliminados do mundial da Espanha. Nem por isso pode-se dizer que aquela Copa do Mundo não fora uma atuação brilhante do “Galinho de Quintino”.

6º Lugar: Eusébio. Copa de 1966.


Copa do Mundo da Inglaterra. Portugal estreando no torneio. Um jovem moçambicano naturalizado português desfilava seu talento nos gramados da “Terra da Rainha”, seu nome era Eusébio da Silva Ferreira.

Se Ronaldo é mais jogador num contexto geral, em Copas do Mundo Eusébio merecia bem mais a taça que o atual ídolo da Juventus de Turim. Após uma estreia em branco contra a Hungria, ele deixou logo seu primeiro gol anotado na vitória por três a zero sobre os búlgaros.

No terceiro jogo, a seleção do técnico brasileiro Otto Glória iria enfrentar o Brasil, que precisa vencer para se classificar as quartas de final do torneio. A Seleção brasileira era a atual bicampeã do mundo. Mas Eusébio não tomou conhecimento do país do futebol.

Entrou pela esquerda e cruzou, contou com a falha do goleiro Manga que soltou a bola na cabeça de Simões.

Em seguida, utilizando a cabeça na pequena área de Manga veio o segundo. E mesmo após Rildo ter descontado para os brasileiros, lá estava de novo Eusébio para em um chute forte mandar os brasileiros para casa e seguir com Portugal o sonho do título inédito.

Para quem achava que o show de Eusébio em 66 só se daria contra a Seleção brasileira, o jogo de quartas de final mostraria outra vez que aquela era a Copa do português, quatro gols na goleada por cinco a três (de virada!) sobre a surpreendente Coréia do Norte. Em sua primeira Copa, Portugal chegava entre os quatro primeiros.

Contudo, nas semifinais, com muita pressão da torcida inglesa. Portugal caiu por dois a um. Mesmo assim, Eusébio Marcou o gol de honra português em cobrança de pênalti. Restava a disputa de terceiro lugar.

Nela, novamente Eusébio balançou as redes em uma penalidade máxima. E Dessa vez os lusitanos venceram a União Soviética do goleiro Lev Yashin por dois a um e Portugal conquistou o que até hoje é sua melhor campanha em mundiais. Um terceiro lugar.

Eusébio saiu artilheiro da competição com nove gols. E entrou para a história das Copas do Mundo como um dos maiores artilheiros do torneio mesmo tendo o disputado apenas uma vez. E com seu país estreando!

5º Lugar: Michel Platini. Copas de 1982 e 1986.


Até Zidane, o maior ídolo do futebol francês sempre fora Michel Platini. Que assim como Zico para o Brasil, acabou batendo na trave em mundiais duas vezes.

Em 1982 na Espanha, Platini teve uma atuação discreta na primeira fase, com apenas um gol sobre a fraca seleção do Kuwait.

Já na segunda fase, o camisa dez da França começou a demonstrar o talento de um dos maiores jogadores do mundo. Com belas jogadas e passes contribuiu nas vitórias francesas contra Áustria e Irlanda do Norte que classificaram o país as semifinais de uma Copa do Mundo, feito que não ocorria desde 1958.

Nas semifinais contra a Alemanha Ocidental, em um dos jogos mais emocionantes da história das Copas, Platini deixou o dele em tempo normal e na disputa de penalidades máximas (o jogo terminou 3 a 3!), mas a França perdia para os alemães e estavam fora do mundial da Espanha.

O desânimo associado ao cansaço da partida anterior contribuíram na derrota para os poloneses na disputa do terceiro lugar por três a dois. Mas Platini saiu como um dos grandes nomes daquele mundial. Todavia, era no México em 1986 que Platini desfilaria todo seu talento.

Ao lado de grandes craques como Giresse, Papin e Tigana, a França passou com facilidade da fase de grupos.

Nas oitavas, um duelo contra a atual campeã do mundo, a Itália. Platini fez um golaço, o seu primeiro no mundial que acabou por classificar os franceses que ainda marcaram o segundo. Uma vitória para dar moral, já que nas quartas de final iriam enfrentar o Brasil.

Em um jogo cheio de emoções, o Brasil abriu o placar, mas Platini tirou a invencibilidade do goleiro Carlos e empatou o jogo. Esse empate, associado a defesa de Bats no pênalti cobrado por Zico levou a disputa a prorrogação, e depois as penalidades máximas. Assim como fora contra os alemães em 1982.

Na disputa, Platini errou sua cobrança. Mas Sócrates e Júlio César também pelo Brasil. Uma França cansada estava novamente classificada a uma semifinal de Copa. Graças em grande parte a Platini.

Decisivo nas oitavas e nas quartas, Platini parecia extenuado contra a Alemanha Ocidental, a pedra no sapato francês nas Copas dos anos 1980.
Com o forte calor mexicano, os franceses foram facilmente vencidos por dois a zero e tiveram que disputar novamente o terceiro lugar.

A França ficou com o terceiro lugar após uma goleada sobre a Bélgica por quatro a dois, repetindo até então a melhor colocação do país em Copas do mundo como ocorrera em 1958. Mas Platini sequer quis jogar a partida. era sua última Copa e parecia que duas derrotas em semifinais para a Alemanha Ocidental o deixara desanimado!

Contudo, Se não fosse Platini a comandar a ótima geração francesa daquele período, a seleção do azul não teria ido tão longe nesses mundiais. Pelo conjunto da obra, chegando perto em duas Copas do Mundo, o quinto lugar lhe é pra lá de justo.


4º Lugar: Puskas. Copa de 1954.

Puskas poderia até estar em primeiro nessa lista. Mas a verdade é que uma lesão o tirou de boa parte do mundial da Suíça em 1954. Cabendo a Hidegkuti, Lantos, Tóth, Kocsis, Czibor e outros jogadores o protagonismo que cabia ao “Major Galopante”. Entretanto, em todas as partidas que atuou, Puskas foi destaque naquele mundial com aquela máquina húngara que poderia ter saído com o título se os alemães ocidentais não estivessem dopados.

Na primeira fase, Puskas fora arrasador! Dois na goleada por nove a zero sobre a Coréia do Sul e mais um na vitória por oito a três sobre a Seleção da Alemanha Ocidental. Só que nesse mesmo jogo, o craque da seleção da Hungria se machucou e ficou fora do torneio até a final.

Ficou de fora das quartas contra o Brasil e das semifinais contra os atuais campeões uruguaios. Mas o time húngaro era tão bom que passou por cima das duas potências sul-americanas sem tomar conhecimento rumo a final contra novamente a Alemanha Ocidental. A mesma que havia tomado de oito na primeira fase.

Naquela final em Berna, Puskas abriu o placar para a Hungria. Parecia que o ciclo da grande seleção ia ser brindado com o justo título mundial. Mas logo após fazer o segundo gol, os alemães equilibraram o jogo o empatando ainda antes dos vinte minutos de partida.

Nos seis minutos finais de jogo o que ninguém esperava, com um drible e chute de Relmut Rahn, a Alemanha Ocidental virava o jogo. Puskas ainda marcava o gol de empate, mas o juiz anularia alegando impedimento. Era a última cavalgada do Major. Que assim como o resto do mundo viu espantado uma Seleção de até então pouca tradição no futebol conquistar uma Copa do Mundo que todos já davam certo como vencida pela Hungria.

A Puskas restou o prêmio de melhor jogador daquele mundial. Mas que diferença faz uma Copa do Mundo no currículo de muitos jogadores. Principalmente os do passado que não tinham tantos vídeos que mostravam todo seu talento… Dois anos depois, o super time húngaro fora dissolvido pelos tanques soviéticos que invadiram Budapeste. A grande chance do “Major Galopante” havia passado.

3º Lugar: Lionel Messi. Copa de 2014.


Se Puskas tinha uma constelação ao seu lado, o mesmo não pode ser dito de Lionel Messi. O craque argentino, talvez o maior jogador da história depois de Pelé, disputou quatro Copas do Mundo, e com exceção de 2006 onde ele ainda era um ilustre reserva, em todos os outros mundiais “La Pulga” encontrou times medianos que não contribuíram com o sucesso do craque no torneio.

Mesmo assim, em 2014, Messi fez uma Copa do Mundo espetacular. Levando nas costas aquela dedicada, mas pouco talentosa seleção albiceleste.

No primeiro jogo contra a Bósnia, Messi jogou na área e Kolasinac fez contra. Em seguida, o próprio camisa dez em sua jogada específica fez um belo gol passando pelos marcadores e arrematando de maneira certeira. O jogo terminou em um suado dois a um para a Argentina.

Contra o Irã, novamente ele no último minuto de jogo chuta de fora da área e faz o gol da sofrida vitória argentina.

Contra a Nigéria, já classificada, a Argentina passou por um novo sofrimento. Um três a dois com direito a dois de Messi. Sendo um golaço de falta!
Nas oitavas, quartas e semifinais, a Argentina enfrentou respectivamente Suíça, Bélgica e Holanda.

Contra os suíços, uma arrancada ao estilo Maradona e um passe perfeito para Di Maria marcar. Contra a Bélgica, se livrou de dois marcadores e passou para Di Maria, que por sua vez errou o passe mas a bola caiu no pé de Hinguaín que marcou o gol da vitória. Contra a Holanda, após um modorrento empate sem gols, Messi deixou o seu na disputa de pênaltis que classificou a Argentina para uma final de Copa vinte e quatro anos após a última!

Na final contra uma Alemanha descansada, Messi foi bem marcado. Mesmo assim perdeu gols que não costumava perder! E ainda viu um jovem Mário Gotze fazer o gol do título alemão na prorrogação.

Novamente a Argentina caia diante da Alemanha, desde 1990 era a quarta vez! E Messi, o melhor jogador desse século, mesmo tendo levado a Seleção argentina nas costas, acabou batendo na trave no sonho de ser campeão mundial.

2º Lugar: Roberto Baggio. Copa de 1994.


Há quem fale que Romário foi o melhor jogador da Copa de 1994 nos Estados Unidos. Me perdoem os fãs do “Baixinho” mas eu discordo! Roberto Baggio, único jogador lúcido da Seleção italiana (do meio pra frente), levou a seleção do mediterrâneo nas costas até a final onde acabou ficando no quase!

A primeira fase da Itália e de Baggio realmente foram pífias. A seleção foi a última a se classificar! Mas a partir das fases eliminatórias, o camisa dez italiano mostrou todo seu talento.

Contra a surpreendente Nigéria, Baggio empatou o jogo no último minuto, e na prorrogação mandou os africanos de volta pra casa.

Nas quartas de final contra a Espanha, o jogo estava empatado em um a um até que faltando dois minutos para o fim do jogo, Roberto recebe um belo passe, entra na área, dribla Zubizarreta e faz um golaço! Itália nas semifinais.

O jogo que valia vaga para final era contra a Bulgária de Stoichkov. Após passar por dois e meter um belo chute em curva, Baggio abriu o placar. Em seguida, de novo “Robbie” entrou na área e bateu cruzado, dois a zero. A Bulgária ainda descontaria. Mas a notícia ruim fora o estiramento na coxa que o atacante teve.

Roberto Baggio merece a medalha de prata pois levou uma Seleção tecnicamente fraquíssima nas costas até a final. Sendo decisivo. Jogando ao mesmo tempo como um armador e como finalizador.

Na final contra o Brasil ainda teve uma chance que desperdiçou chutando na mão de Taffarel. Mas ficaria mesmo marcado pelo pênalti isolado (um dos raros erros de pênalti em sua carreira) que deu o quarto título mundial a nossa Seleção.

Contudo, se Romário teve ajuda de Bebeto, Dunga, Jorginho, Branco e Taffarel, Roberto Baggio levou um time fraco a final e ainda a jogou sem a menor condição!

Se ele ganha aquele mundial dos EUA, os italianos até hoje estariam dizendo que ele ganhou a Copa sozinho, como Garrincha em 1962 ou Maradona em 1986.


1º Lugar: Johan Cruyff. Copa de 1974.

Engraçado ler de algumas pessoas que Cruyff era um jogador tático, porém não talentoso como outros grandes gênios do futebol!

Além da consciência tática que possuía, o holandês também tinha um talento absurdo. Passes precisos, dribles desconcertantes para ambos os lados sempre em direção ao gol, movimentos giratórios que deixavam zagueiros no chão, velocidade, arranque, ótimos cruzamentos e um faro de gol que faria inveja a qualquer camisa nove de ofício.

Cruyff era um jogador completo. E ao ter ao seu lado uma Seleção forte, montou um esquadrão comandado por Rinus Michels que fora a Seleção mais injustiçada entre aquelas que não venceram uma Copa do Mundo. A de 1974 na Alemanha Ocidental.

Na estreia contra o Uruguai, um dois a zero com dois gols de Rep, mas ambos com jogadas construídas pelo “mago” da camisa 14.

Anos depois, Pedro Rocha, craque da Seleção uruguaia e do São Paulo falaria que aquele jogo era difícil até de pensar. Quando ele pegava a bola, já haviam quatro marcadores em cima dele.

Após dribles humilhantes nos zagueiros suecos, mas um jogo sem gols contra a seleção escandinava, Cruyff e a “Laranja Mecânica” iriam enfrentar a Bulgária.

Logo no inicio de jogo, Cruyff em sua jogada característica corta o zagueiro e entra na área, é derrubado e Neeskens cobra a penalidade abrindo placar!

Os arranques e passes de Cruyff podem ser comparados aos de Messi no auge. E nessas corridas em direção ao gol ele novamente acha Neeskens sozinho que acaba derrubado. Novo penal. Segundo gol da Holanda. A partida terminaria quatro a um para os holandeses, classificados para a segunda fase.

Na segunda fase o primeiro duelo de Cruyff era contra a Argentina. Logo aos dez minutos, o camisa 14 recebe lançamento, dribla o goleiro com facilidade e abre o placar.

Quando o jogo já estava dois a zero, a dobradinha Cruyff e Rep funcionou novamente. Com cruzamento do craque holandês, Rep ampliava o placar.
No fim do jogo, Cruyff, num sem pulo de fora da área, aproveitando o rebote do goleiro fecha o caixão argentino. Quatro a zero fora o baile de Johan Cruyff.

O segundo jogo da segunda fase era contra a Alemanha Oriental. Mais um passe de Cruyff e uma vitória por dois a zero que dava o direito do empate com a Seleção brasileira.

Contra o Brasil, atual campeão mundial, era jogo de vida ou morte. Depois de uma pancadaria generalizada no primeiro tempo, Cruyff deu um passe perfeito para Neeskens que abriu o placar. No fim do jogo o próprio Cruyff em mais uma partida espetacular antecipa cruzamento e acaba com o sonho do Tetra da Seleção brasileira. Holanda na final em sua primeira Copa do mundo.

O adversário? Os donos da casa, os alemães ocidentais. Beckenbauer x Cruyff. No primeiro minuto de jogo, o camisa 14 da Seleção holandesa de novo sai driblando do meio campo e entra na área, pênalti. Neeskens bate e abre o placar para a Holanda.

A vantagem parece ter feito mal aos holandeses. O time se desestabilizou e logo viu Breitner empatar também de pênalti.

No segundo tempo, Sepp Maier fechou o gol com defesas absurdas! Cruyff se irritou, tomou cartão e quando todos menos esperavam, Gerd Muller marcou o gol do título alemão.

Era um vice injusto e pra lá de doído para um Cruyff que não jogou mais nenhuma Copa do Mundo.

Apesar da derrota, a espetacular atuação no mundial lhe rendeu o título de melhor jogador do torneio.

Cruyff é o maior injustiçado da história das Copas pois jogou bem todos os jogos, decidiu a maioria deles, foi o melhor do torneio, jogou todas as partidas, sua seleção jogou o melhor futebol mesmo sendo sua estreia em mundiais, tinham um melhor elenco…

Mas no fim das contas ficou apenas o vice campeonato para a estrela holandesa!

Coisas do futebol!

JOGADOR MORRE DUAS VEZES, NÓS VÁRIAS

por Paulo Escobar


Falcão um dia disse que jogador de futebol morre duas vezes, uma quando para de jogar e a segunda quando morre mesmo. Mas de uns anos pra cá acredito que nós, os torcedores, morremos algumas vezes.

Quantos ídolos acompanhamos desde as categorias de base, vimos suas histórias de saída das realidades de pobreza e nos encantaram nos gramados por décadas. E quantos deles no momento de pendurarem as chuteiras nos fizeram perder o chão?

Somos tão envolvidos com o sentimento que o futebol gera em nós, que não percebemos o tempo passar e quando olhamos se passaram os anos. E com este passar do tempo os nossos ídolos viraram senhores, que a idade lhes gerou as marcas também e os leva ao final de suas carreiras, pelo corpo já não aguentar aquilo que é exigido pelo futebol.


Eu era criança quando Zico se despediu do futebol aqui no Brasil, que depois continuou por mais quatro anos no Japão, naquele jogo Flamengo e seleção do Mundo. Maracanã lotado naquele 1990, que ainda existia a geral, totalmente estrumbado pra ver o adeus do Galinho.

Me senti vazio depois daquele jogo festivo, como se a partir daquele momento faltaria a magia, me emocionei. Pensei o que seria do futebol sem Zico, seria voltar a ver o Flamengo e procurar o camisa dez no meio de campo e não encontrá-lo.

Com o passar do tempo voltamos a viver de novo, aprendemos a conviver com a dor da primeira morte do ídolo, e criamos novos ídolos. No nosso altar interno outros se somam e passamos a viver tudo de novo.


Depois, na Bombonera, tive outra morte quando Diego se despediu naquilo que foi mais que um jogo, foi um verdadeiro ritual. Maradona que me fez vibrar e sonhar, pendurava as chuteiras, um tango se encerrava e ali voltei a ter os mesmos sentimentos de vazio, pensando o que viria depois de Diego.

Quando Roman e Marcelo Salas pararam tive a mesma sensação de tristeza, não os veria mais nos gramados e muitas vezes assisti aos jogos e os procurei me esquecendo que já não estavam mais nos gramados. 

Perdi as contas de quantas vezes chorei com a despedida de um ídolo, de quantas vezes estive de luto pela primeira morte deles. E suspeito que ainda morrerei outras vezes, suspeito que me iludirei de novo achando que eles nunca deixarão de jogar, até ter que enfrentar a realidade de que eles irão parar.

Morri junto também com Gamarra, Djalminha, Zamorano, Rincón, Alex, Gaúcho e com tantos outros que levaram um pedaço de mim. Procurei muitos deles no gramado depois que pararam e a cada dia que o futebol se moderniza, sinto mais a falta deles.

Os anos passam e sentimos as dores da idade dentro e fora dos campos, sei que ainda veremos muita coisa, mas uma delas é certa: que se jogador morre duas vezes, nós morremos e morreremos muitas ainda.

D10S

por Paulo Escobar


No ano de 1986 na periferia de Viñadel Mar, no Chile, me lembro claramente que todos que jogávamos bola na rua queríamos ser Maradona. E foi justamente numa dessas tardes que teve um jogo na qual todos fomos Diego, pois depois de muita briga ninguém mais se opôs.

Villa Fiorito, bairro precário e pobre de Lanús, viu nascer este que talvez seja o jogador mais espetacular tanto dentro como fora de campo. A vida de Maradona, sem dúvida, foi um verdadeiro tango, oscilando entre céus e infernos, entre a genialidade e a loucura, ma,s sem dúvida, se teve algo que Diego nunca foi é neutro ou de ficar em cima dos muros que a vidas lhe deixou.

Foi do Cebollita ao Argentino Jr,, mas somente em 1980 que chegaria ao clube que declararia seu amor e a um povo que na sua maioria é composto de gente que entenderia a realidade de Diego, o Boca Jr, pois ali muitos Villeros nas arquibancadas da Bombonera veriam um dos seus fazer maravilhas.

A Copa de 1982 não seria a Copa de Diego, foi uma das primeiras mortes e infernos de Maradona, mas dois anos depois, até de uma curta passagem pelo Barcelona, chegaria a sua primeira ressurreição. Em 1984, chega ao sul da Itália, a uma das cidades mais pobres e diante de um povo que teria a felicidade em sua rotina de sofrimentos diários. Na Napoli constrói uma das histórias mais lindas dentro e fora dos campos.


Por lá, o que se viu foi toda a genialidade, ficamos maravilhados com Diego, o San Paolo teve momentos de alegrias e mais de algum deve ter se emocionado ao ver seu time brigar de igual pra igual com a poderosa Juventus, Milan e Inter. Como esquecer daqueles jogos aonde a genialidade terminava com muitos gols de Careca, ou então quando colocava os zagueiros para dançar.

Na Napoli foi Campeão Italiano, da Copa da Itália, da Copa da Uefa e a Supercopa Italiana, as pessoas lotavam os estádios para ver Diego. Me lembro de mais de uma vez ter ficado realmente emocionado vendo os jogos com Maradona dentro de campo.

A Copa de 1986 seria a copa de Diego, com todo um contexto que cercava a Argentina na época, um país envolvido numa guerra (estupida como são as guerras) contra a Inglaterra aonde muitos jovens vinham morrendo. Deitou e rolou, acabou com a própria Inglaterra dentro de campo, neste jogo fez o gol mais lindo das Copas e com uma narração espetacular, o choro do narrador Uruguaio, Víctor Hugo Morales, com direito a famosa frase: “Barrilete Cósmico de que planeta viniste?”

Para arrebentar, ainda mete um gol de mão nos Ingleses para dar uma vitória que teria todo um contexto espetacular, só esse jogo já o teria colocado como um histórico. Depois viria ainda a fazer a sua apresentação de gala contra os alemães, levando uma Copa que ficou conhecida como a Copa de Diego.


Na Copa de 1990, ao lado de Caniggia, Burruchaga, Rugeri, Goycochea que fecharia o gol nas decisões de pênalti por quais a Argentina disputara durante o mundial, Maradona levaria a Argentina a outra final. Como esquecer daquelas oitavas de final contra o Brasil, quando o D1OS carregou aquela bola do meio de campo fazendo fileira e entregado pro Cani marcar o gol da eliminação do Brasil daquela Copa.

Nessa Copa aconteceria talvez um dos fatos únicos na história das Copas, na semifinal contra a Itália, dona de casa, em Napoli o estádio se dividiu, os napolitanos foram torcer pela Argentina de Maradona. Venceram nos pênaltis e depois enfrentaram a Alemanha de novo numa decisão, mas desta vez a Alemanha vence como um pênalti bem duvidoso no final do jogo, e foi aí que começa o inferno de Maradona de novo.

Na entrega das medalhas dessa final de 90, o criminoso do Havelange fica com a mão esticada, pois Maradona se nega a cumprimentar o então presidente da FIFA. E justamente deste gesto que começa a perseguição da entidade, um ano depois, em 1991, Maradona cai no antidoping, e aí começa uma guerra até dos meios de comunicação que o colocam como bandido, cansamos de ver o Seu Galvão Bueno tentando a todo custo acabar com o Maradona em rede nacional.

Um povo se mobilizou pelo seu ídolo, o viu ressurgir de novo e mesmo nos antidopings e recaídas que ele possa ter sofrido, o povo o acompanhou e esteve junto dele em cada ressurreição do 10. Maradona se posicionou sobre os problemas de seu país, procurou ficar do lado dos pobres nas suas posições na América Latina, não se isentou jamais e comprou inimigos pelas palavras ditas.

Diego teve que driblar e gambetear dentro e fora dos campos, teve que lutar contra a difamação, pois desde um copo de cerveja tomado até uma comemoração junto com seu povo na Bombonera era criticado. Qualquer palavra do Maradona repercute e não deixará suas convicções de lado seja o assunto que seja.

Messi pode vir a fazer mais gols, ou ter mais títulos, fazer lances geniais, mas jamais Messi será Maradona. Pelo contexto todo que sempre cercou Maradona, pela vida e posições fora de campo e pelo que o mesmo representa para o povo argentino, Messi jamais será igual a Diego.


Ao andar pelas ruas do bairro da Boca, são inúmeras imagens de Diego, nas casas de lata ainda se vê o rosto de Maradona enfeitando. Aqui no Brasil o pachequismo e aquela idiotice da rivalidade criada e alimentada pelos narradores xenófobos de plantão talvez tenha impedido alguns de enxergar a grandeza do Pibe.

A vida de Maradona sem dúvidas foi um tango, com sofrimento, com dores, amores, dramas e ressurgimentos memoráveis, de quedas e levantes, com odes e cânticos com musicas e homenagens, com rezas e igrejas e sentimentos que só Diego consegue despertar. Maradona é um Deus do Futebol, goste você ou não, com suas imperfeiçoes, contradições, com sua grandeza e genialidade que nos apaixonam e nos aproximam dele.

Sem duvida uma das maiores alegrias que o futebol me deu foi ter visto Maradona jogar, e pelo conjunto da obra e sem medo afirmo que Diego foi o maior jogador que o futebol já viu nascer. E me sinto contemplado pela música“Tombola” do Manu Chao:

“Si yofuera Maradona Viviria como el”

 

A OBRA PRIMA CARIOCA DE EL PIBE

por Luis Filipe Chateaubriand


O ano era o de 1989. Era jogada, no Brasil, a Copa América. Quadrangular final do torneio, envolvendo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Haveria uma rodada dupla no Maracanã: na preliminar, Argentina x Uruguai; no jogo principal, Brasil x Paraguai.

Este signatário chegou cedo ao então “Maior do Mundo”, pois queria assistir à preliminar: nela, estaria presente nada mais nada menos do que Don Diego Armando Maradona, El Pibe, o maior jogador de futebol que o escriba já havia presenciado jogar.

Sendo jogada a preliminar, o estádio ainda não estava lotado. A maioria das pessoas, esperando o jogo principal, conversava nas arquibancadas, praticamente ignorando o que se passava no campo – um sacrilégio, tratando-se de duas seleções campeãs do mundo e maiores rivais do Brasil.

Mas, como diria o poetinha Vinícius de Moraes, “de repente, não mais que de repente”, Maradona recebe a bola no meio de campo e vê o goleiro uruguaio em posição adiantada….

Recebendo a bola do campo defensivo, na lua de meio campo, a mata no peito, posiciona o corpo, a ajeita e desfere um chute alto, em direção ao gol, ali do meio de campo, mesmo.

Como que a perceber o que está prestes a acontecer, a galera para de falar, acompanhando, ansiosa, a trajetória da bola.

Esta voa por todo campo defensivo uruguaio, encobre o goleiro da Celeste, e caprichosamente, bate no travessão uruguaio.

Durante o evento, os assistentes estão emudecidos, a tal ponto que muitos, inclusive este que vos escreve, ouve o barulho da bola a se chocar com o travessão.

Inconformado por não ter feito o gol, que seria antológico, El Pibe bate no gramado, em meio a uma enxurrada de aplausos, de quase todos no estádio, à jogada genial.

Percebe-se que, em poucos segundos, Maradona vê o goleiro adiantado, decide o que tentará fazer, executa o decidido com maestria e, por um triz, não faz o gol que seria, sem dúvida, o maior de sua carreira.

Inspiração pura do maior jogador do mundo dos últimos 40 anos. Sem dúvida, os ares do Rio de Janeiro o influenciaram positivamente…

Ave, Don Diego!

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra "O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro".