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luis filipe chateaubriand

A CONSAGRAÇÃO DE PAULO GOULART

por Luis Filipe Chateaubriand


Naquela tarde de Domingo de 1980, Fluminense e Vasco da Gama decidiam o título do primeiro turno do Campeonato Carioca.

Quem ganhasse o jogo seria o clube campeão, havendo prorrogação e cobrança de pênaltis, caso necessário.

O jovem time tricolor formou com: Paulo Goulart; Edevaldo, Tadeu, Edinho e Rubens Galaxy; Deley, Gilberto e Mário; Robertinho (Mário Jorge), Cláudio Adão e Zezé (Adilço).

O experiente time vascaíno formou com: Mazzaropi; Paulinho Pereira, Orlando, Léo e João Luiz; Pintinho, Guina (Dudu) e Marquinho; Wilsinho, Roberto Dinamite e Paulo Cezar Caju (Silvinho).

Início de jogo, domínio territorial do Fluminense, mas nada ameaçador.

Logo aos oito minutos de jogo, Paulo Cezar Caju bate escanteio para fazer gol olímpico, mas Roberto Dinamite ainda escora a cabeça na bola antes desta entrar.

Vasco da Gama 1 x 0.

Então, pelo resto do primeiro tempo, o Fluminense exerce domínio, “corre atrás do prejuízo”, mas apenas aparente, pois não cria chances reais de gol e, aliás, são os cruz maltinos que o fazem, em contra ataques.

Vem o segundo tempo é tudo muda, pois, logo aos dois minutos, o tricolor empata, em cruzamento da direita do canhoto Zezé, de pé trocado, em que Cláudio Adão mata a bola no peito, se enrosca com dois vascaínos mas, mesmo assim, consegue emendar de esquerda por baixo de Mazzaropi, para o fundo das redes.

O jogo está 1 x 1.

Agora é o Fluminense que manda no jogo, com domínio territorial e chances concretas de marcar tentos.

As expulsões de Wilsinho e Edinho, aos 18 minutos da etapa complementar, não mudam o cenário.

Perante o avassalador domínio tricolor na segunda parte do jogo, merecia a vitória, mas, como não fez o gol, veio a prorrogação.

Esta foi chata e arrastada, embora o domínio do Fluminense também tenha acontecido.

E vieram os pênaltis.

Veio a consagração de Paulo Goulart, como atuação trôpega no tempo regulamentar, mas que já havia pegado vários pênaltis na carreira, até de Zico e de Roberto Dinamite, mas, desta vez, iria decidir o título ao fazê-lo novamente!

Ao defender as cobranças de Dudu e de Orlando, deu o título ao clube das Laranjeiras.

Paulo Goulart ficou tão famoso como pegador de pênaltis, depois da decisão, que foi nos Trapalhões, onde defendeu um penal chutado por… Pelé!

É mole ou que mais?

 

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada.

OS MENINOS DA VILA

Luis Filipe Chateaubriand 


No ano de 1978, o Santos encontrava-se em dificuldades financeiras. Era, portanto, difícil manter um elenco de estrelas. 

A solução encontrada, para se fazer um grande time, foi caseira: promover garotos das divisões de base. 

Então, para as posições de frente, lá vieram Nílton Batata, Pita, Juary e João Paulo. Os quatro garotos vieram se juntar aos experientes Clodoaldo e Aílton Lira, formando uma comissão de frente formidável. 

Nílton Batata era um ponta direita insinuante, que aliava boa técnica a grande força física, sempre buscando a linha de fundo para fazer excelentes cruzamentos. 

João Paulo, o Papinha, exercia o mesmo papel que Batata, só que pelo lado esquerdo, com menos força física e com mais técnica, sendo que nem sempre precisava ir à linha de fundo para proceder ótimos cruzamentos. 

Juary era um centroavante rápido e oportunista, que se movia pelos lados da área, saía dela para buscar jogo, era muito veloz e, óbvio, fazia muitos gol. 

Pita era o cérebro do time. Habilidoso ao extremo, ditava o ritmo do time. No momento de prender a bola, o fazia a fazendo “grudar” em seu pé e através de toques lentos, de vai e vem. Na hora de acelerar, procedia incríveis dribles verticais e passes em profundidade.

 Aquele time estupendo, que dava gosto ver jogar, foi campeão paulista em 1978. Logo depois, se desfez, com as negociações de Nílton Batata e Juary para o futebol mexicano. Ficou para a torcida praiana a saudade – muita saudade.

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.

O PEQUENO PRÍNCIPE DE SÃO JANUÁRIO

por Luis Filipe Chateaubriand


Geovani Silva, o Pequeno Príncipe, era daqueles jogadores que se sentia êxtase em ver atuar, a classe e inventividade no trato com a bola. 

Capixaba, muito cedo deixou a Desportiva Ferroviária, de Cariacica, rumo ao Vasco da Gama, onde sua fama assim se fez. 

Com passagens pela Itália e pelo México, sempre voltava a São Januário, seu porto seguro. 

Jogador de impressionante controle de bola, era capaz de aparar uma bola descendente com o bico da chuteira. 

A redonda parecia grudar em seus pés, gostando de ser bem tratada. 

Os passes eram executados com categoria ímpar, pois o Pequeno Príncipe botava a esfera onde queria. 

Passe curto, passe longo, tabelinha, lançamento, alçada de bola, tudo – rigorosamente tudo – feito milimetricamente. 

Visão de jogo privilegiada, era capaz de antever o companheiro que ficaria bem posicionado, lhe acionando antes mesmo que este tivesse noção de que estava bem posicionado. 

Certa vez, em um Flamengo x Vasco da Gama de 1984, fez um espetacular gol de cobertura em nada mais nada menos que Ubaldo Fillol, que está procurando a bola até hoje… 

Na Seleção Brasileira, foi injustiçado, especialmente por não ter sido convocado para a Copa do Mundo de 1990. Jogou bem menos com a “amarelinha” do que merecia. 

De todo modo, o Pequeno Príncipe será lembrado eternamente, por vascaínos ou não, como craque de bola!

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há mais 40 anos e é  estudioso do calendário do futebol brasileiro e do futebol europeu. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com

DUPLA DE CRAQUES DO RÁDIO

por Luis Filipe Chateaubriand 


No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, a Rádio Nacional abrigava a dupla de craques do rádio futebolístico brasileiro: o “Garotinho” José Carlos Araújo e o “Apolinho” Washington Rodrigues. 

José Carlos Araújo, o locutor jovial, com uma narração bem-humorada e cheia de expressões deliciosas. 

Na época, surgiu a música em sua homenagem: “O xará, assim não dá, pisou na bola e vai ter que aturar. Você deu o passe errado pelas quebradas da esquerda, vacilou com a cocotinha, recebeu o seu cartão. Vai mais, vai mais, Garotinho, você não é de pipocar, geraldinos e arquibaldos, estão aí para confirmar. E a galera tem vez, José Carlos Araújo”.

Washington Rodrigues revolucionou a linguagem do comentário esportivo brasileiro, ao trazer o coloquial para os ditos. Expressões como ‘briga de cachorro grande”, “mais feliz do que pinto no lixo” e “isso aí é como batom na cueca” são clássicas e deliciosas e revolucionárias.

O “Apolinho” apresentava o mítico programa “No Mundo da Bola”: “No Mundo da Bola, esporte, esporte. No Mundo da Bola, esporte, esporte. No Mundo da Bola! Vai começar”. Como o próprio Washington dizia, “o programa esportivo mais importante do rádio brasileiro desde os tempos de Antônio Cordeiro!”. 

A dupla de craques marcou época na Rádio Nacional, depois na Rádio Globo e ainda hoje, na Super Rádio Tupi, já faz tempo com o reforço de Gérson, o “Canhotinha de Ouro”, e de Gílson Ricardo, o “Gilsão”. 

Continuam por aí, tabelando como Pelé e Coutinho e fazendo golaços!

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há mais 40 anos e é  estudioso do calendário do futebol brasileiro e do futebol europeu. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.    

O TRICOLOR TRICAMPEÃO

por Luis Filipe Chateaubriand 


Em 1983, o tradicional Fluminense encontrava-se com pouco dinheiro, mas, mesmo assim, queria montar um time de futebol competitivo. 

A diretoria, encabeçada pelo presidente Manoel Schwartz, conseguiu o seu intento.

Manteve ótimos jogadores “prata da casa”, como o excelente goleiro Paulo Vítor, o ótimo zagueiro Ricardo Gomes, o cerebral meia Delei e o ágil ponta esquerda Paulinho. 

Entre 1982 e 1983, contratou jovens promessas a preços de ocasião, como o lateral direito Aldo, o jovem promissor lateral esquerdo Branco, o volante Jandir, o meia Leomir e o ponta esquerda Tato. 

Enfim, foram contratados jogadores de algum sucesso, mas que não jogavam no privilegiado circuito São Paulo / Rio de Janeiro / Minas Gerais / Rio Grande do Sul, sendo mais baratos do que se jogassem nesses grandes centros, caso do “Casal 20”, Assis e Washington. 

A estes se juntou o experiente Duílio, que já estava no clube. 

Paulo Vítor; Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei e Assis; Leomir, Washington e Tato. O ponta esquerda Paulinho era uma espécie de décimo segundo titular. 

Time bom, bonito e barato, renderia ótimos frutos e seria aprovado pela torcida tricolor, conquistando o Campeonato Carioca de 1983. 

Em 1984, as chegadas de jogadores como o craque paraguaio Romerito e o meia gaúcho Renê levaram o time a um patamar ainda mais elevado e, aproveitando-se de um Flamengo sem Zico (que estava na Itália) e de um Vasco da Gama que desfez o ótimo time de 1984, o tricolor carioca “deitou e rolou”: campeão brasileiro de 1984 e, principalmente, tri campeão carioca de 1983, 1984 e 1985.  

Era a época que se dizia que no Rio de Janeiro, se falou em futebol, falou Fluminense.

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há mais 40 anos e é  estudioso do calendário do futebol brasileiro e do futebol europeu. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.