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luis filipe chateaubriand

EM 1986, ANTÔNIO LOPES ENTREGA O TÍTULO DE BANDEJA AO FLAMENGO

por Luis Filipe Chateaubriand 


Em 1986, o jogo que decidiu o Campeonato Carioca foi disputado entre Flamengo e Vasco da Gama. Quem vencesse seria campeão, sendo que o Flamengo também seria favorecido pelo empate. 

O Flamengo jogou com: Zé Carlos; Jorginho, Leandro, Guto e Aldair; Andrade, Aílton e Adílio; Bebeto, Vinícius (Julio Cesar) e Marquinho. 

O Vasco da Gama formou com: Acácio; Paulo Roberto, Donato, Moroni e Heitor; Vitor, Mazinho e Geovani (Claudinho); Mauricinho, Roberto e Romário (Santos). 

O domínio vascaíno na primeira etapa foi total. Comandado por Geovani, o Pequeno Príncipe, o time buscou incessantemente o gol, que não saiu. 

Dois lances, a favor dos cruz maltinos, foram marcantes no primeiro tempo. 

O primeiro, um voleio de Geovani da entrada da grande área, que raspou o travessão. 

No segundo, Romário recebe lançamento esplêndido de Geovani, desde o meio de campo, e, na entrada da grande área e de frente para o gol, adianta demais a bola e perde a chance.

No segundo tempo, o técnico vascaíno Antônio Lopes faz a bobagem que tiraria o título de seu clube: substitui o cerebral Geovani pelo inexpressivo atacante Claudinho. 

Ao fazer a infeliz substituição, enfraquece seu meio campo, faz o time perder potencial criativo e cria uma situação de excesso de atacantes, um tirando o espaço do outro. 

Perante a nova situação, o Flamengo se agiganta. Time com jogadores nervosos no primeiro tempo, estes se tranquilizam no segundo. 

O rubro negro passa a jogar de forma inteligente, aproveitando-se do erro estratégico do rival. 

E, com gols de Bebeto, em explosão de alívio da massa rubro negra, e Julio Cesar, este em “frangaço” de Acácio, vence o jogo por 2 x 0 e fatura o título. 

Como em um jogo de xadrez, no futebol há que se ter sabedoria para mover as peças ou… xeque mate!

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

ZICO 4 x 2 IUGOSLÁVIA

por Luis Filipe Chateaubriand


Em 1986, a Seleção Brasileira preparava-se para a Copa do Mundo do México. Um amistoso em Recife, contra a Iugoslávia, no dia 30 de Abril de 1986, constituiu uma noite especial.

Zico vinha tentando se recuperar de uma entrada criminosa de um troglodita chamado Márcio Nunes, em Agosto de 1985, que arrebentou o seu joelho. O Galinho era dúvida para a Copa.

Já nos primeiros minutos do primeiro tempo, saiu a primeira obra prima da noite, assinada pelo craque: cruzamento forte de Branco da esquerda em direção da área, Zico emenda de calcanhar – ou seria de letra? – para o gol, e a bola vai morrer no canto esquerdo do goleiro iugoslavo.

No entanto, a Iugoslávia virou o jogo, e o primeiro tempo terminou 2 x 1 para os adversários.

Mas, no segundo tempo, Zico empataria o jogo, com gol de pênalti.

Pouco depois, viria o momento culminante da noite: Zico recebe a bola na intermediária, dribla um, dribla dois, dribla três, dribla quatro, dribla o goleiro e toca para o gol vazio, fazendo 3 x 2 para os amarelos.

A galera recifense delira na arquibancada do estádio do Santa Cruz! Luciano do Valle, em narração inesquecível, diz que “não há palavras” para descrever o que se passa. Os repórteres e gandulas vão abraçar o craque, que comemora efusivamente.

Careca ainda viria a fazer o quarto gol canarinho, mas isso pouco mudou o fato principal: mesmo com o joelho em frangalhos, a noite era de Zico, como tantas outras.

Naquele dia, ao encerrar as transmissões do jogo pela Rádio Globo, Waldir Amaral diz a João Saldanha: “Saldanha, você tem um minuto para falar do jogo, pois temos que encerrar a transmissão”. Saldanha, também genial, resume, suscintamente: “O Brasil ganhou porque o Zico se chama Zico; se chamasse Zicovich, ganhava a Iugoslávia!”.

Fecho perfeito para a noite.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!    

CARECA, UMA IMENSA VOCAÇÃO PARA O GOL

por Luis Filipe Chateaubriand


O Campeonato Brasileiro de 1978 trouxe uma imensa surpresa ao mundo de nosso futebol, ao se ter o modesto Guarani de Campinas como campeão. 

O time do clube do interior paulista tinha grandes jogadores, como Zenon e Renato “Pé  Murcho”. Entre eles, sobressaía Antônio de Oliveira Filho, o garoto Careca, no frescor de seus 17 anos. 

O centroavante Careca unia técnica plena com incrível audácia. 

Tinha habilidade e força com as duas pernas. Assim, tanto preparava com a esquerda para chutar com a direita, como preparava com a direita para chutar com a esquerda. 

Veloz, eram constantes as situações em que adiantava a bola para ele mesmo, onde vencia os zagueiros adversários na corrida e chegava à frente sem marcação. 

Ótimo no drible, priorizava a utilização do recurso quando estava próximo ao gol, onde o drible implicava condições de assinalar tentos. 

Bom cabeceador, era especialista em ir ao encontro da bola, ao invés de esperá-la, para o cabeceio. 


Seu chute era sempre colocado – às vezes forte, às vezes sutil. 

Quando saiu do Guarani, foi brilhar no São Paulo. Daí, seguiu para o italiano Napoli, onde formou com Diego Armando Maradonna uma das maiores duplas de frente de todos os tempos! 

Seguiram-se, também, passagens pelo futebol japonês e pelo Santos. 

Na Seleção Brasileira, não teve sorte na Copa do Mundo de 1982, onde foi cortado por contusão. Contudo, nas Copas do Mundo de 1986 e 1990, foi muito bem – especialmente na primeira. 

Este redator lembra de uma certa má vontade da Imprensa Carioca com Careca, uma injustiça. Possivelmente, porque o craque era um constante concorrente de Roberto Dinamite nas convocações. 

Muitas vezes, escutei coisas do tipo “o Careca só faz pilhas de gols no Guarani porque o Jorge Mendonça, que é o craque de verdade, coloca ele na cara do gol toda hora”. Ou, quando no São Paulo, “o Careca é jogador de clube, não funciona na Seleção”. 

Bom, é melhor ouvir isso do que ser surdo… 

Careca tinha um lema: “contra zagueiro valentão, deixe-o de bundinha no chão”. Palmas! Como diria El Pibe Don Diego Armando Maradonna, “belíssimo, Antônio!”.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

O DIA DO ANIMAL

por Luis Filipe Chateaubriand


Naquela quarta-feira, 03 de Dezembro de 1997, Edmundo, o Animal, chegava ao ponto mais alto de sua bem sucedida carreira. Uma atuação de gala, contra o maior rival de seu clube, o Vasco da Gama.

Naquele Vasco da Gama 4 x 1 Flamengo, pelas semifinais do Campeonato Brasileiro, Edmundo só faltou fazer chover.

O Vasco da Gama atuou com: Carlos Germano; Filipe Alvim (Maricá), Alex, Mauro Galvão e César Prates; Nélson, Nasa, Juninho Pernambucano (Moisés) e Ramon; Edmundo e Evair (Fabrício Eduardo).

O Flamengo veio a campo com: Clemer; Leandro Silva, Junior Baiano, Juan e Gilberto; Jamir, Bruno Quadros (Renato Gaúcho), Iranildo (Lê) e Athirson; Lúcio e Sávio.

Naquele dia, Edmundo fez três belíssimos gols, um deles antológico, colocou o Vasco na finalíssima e chegou ao vigésimo nono gol na competição – recorde de gols em uma edição do Campeonato Brasileiro.

No primeiro de seus três gols, por volta de 15 minutos do primeiro tempo, Edmundo recebe a bola na altura do meio de campo, tabela com Ramon na intermediária direita, com incrível velocidade recebe a bola na entrada da área, dribla dois zagueiros e goleiro rubro-negros e toca para o gol vazio. Belíssimo gol.

No segundo de seus três gols, por volta de 10 minutos do segundo tempo, Edmundo recebe lindo lançamento de Juninho Pernambucano do meio de campo e, na entrada direita da grande área, de ombro adianta a bola, tirando goleiro e zagueiro da jogada e tocando, sem ângulo, para o gol vazio. Outro gol sensacional.

No terceiro de seus três gols, por volta de 40 minutos do segundo tempo, recebe a bola no lado esquerdo da grande área e, acossado por dois marcadores, em uma finta de corpo faz menção de ir para a direita, para, com uma letra, jogar a bola para a esquerda, concluir com chute de perna esquerda rasteiro e cruzado e deixar os marcadores absolutamente perplexos e desconjuntados. Inesquecível!

O Flamengo dominou o jogo inteiramente, teve um jogador a mais a partir dos 35 minutos do primeiro tempo (Nelson foi expulso) e, ainda assim, saiu goleado. Óbvio: Edmundo, o Animal, o maior jogador do Mundo em 1997, jogava no rival.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

COUTINHO’S BOYS X MARADONA

por Luis Filipe Chateaubriand


Na Copa América de 1979, calhou que Brasil e Argentina ficaram na mesma chave ainda na primeira fase. Então, os reflexos da “Batalha de Rosário”, na Copa do Mundo de 1978, ainda eram muito nítidos. 

Nesse contexto, Brasil e Argentina jogaram no Maracanã. O Brasil, do técnico Cláudio Coutinho, formou com: Leão; Toninho, Amaral, Edinho e Pedrinho; Carpegiani, Zenon (Batista) e Zico; Tita, Palhinha (Juary) e Zé Sérgio. 

Já no início do jogo, antes dos cinco minutos, Zé Sérgio faz brilhante jogada pela esquerda, driblando vários jogadores e o goleiro e cruza rasteiro, para Zico tocar para o gol vazio. 

Brasil 1 x 0. 

Em desvantagem, a Argentina vai à frente perigosamente, deixando espaços para o contra-ataque brasileiro, também perigoso. 

O jogo fica disputado e interessante. 

Por volta de 30 minutos da primeira etapa, Edinho faz lambança – dá um passe lateral em frente à sua grande área –, um oponente rouba a bola e toca para Corsia fazer o gol.

Igualdade em 1 x 1. 

Um tanto perturbada pelo gol que sofreu, a Seleção Brasileira passa o resto do primeiro tempo sendo dominada pelos hermanos, embora crie alguns lances de perigo. 

Começa o segundo tempo e a Argentina, sem tomar conhecimento de que joga nos domínios adversários, toma conta do jogo, embora haja lances de perigo do Brasil. 

No entanto, antes dos dez minutos da etapa complementar, Tita faz bela jogada no lado direito da área, tabela com Zico e, já dentro da área, mete de trivela, encobrindo o goleiro argentino. Golaço digno do craque que Tita foi! 

Brasil 2 x 1. 

De novo, os argentinos partem em busca do empate, oferecendo campo aos brasileiros nos contra-ataques. Boas oportunidades se sucedem de lado a lado. O placar, no entanto, permanece inalterado em 2 x 1, em um grande jogo! 

Do lado brasileiro, à exceção de Edinho, que fez partida abaixo de sua capacidade, todos atuaram bem. 

Amaral, Pedrinho e Zé Sérgio se destacaram. 

O grande destaque, contudo, foi Tita, que, muito novo, estreava na Seleção. Fazer golaço na estreia não é para qualquer um mas, além disso, fez ótimas jogadas e mostrou muita disposição. 

No lado argentino, viu-se um bom time, já comandado por um jovem de 18 anos chamado Diego Armando Maradona. O cara distribuiu jogo, lançou genialmente, chutou em gol com precisão. El Pibe arrebentou em seu debut no Maracanã. 

Enfim, jogo lindo, digno de ser lembrado.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!