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luis filipe chateaubriand

ACEITA QUE DÓI MENOS

por Luis Filipe Chateaubriand


Verifica-se que, até os dias atuais, muitos ainda “cantam” a Seleção Brasileira de 1982 em prosa e verso e contestam a “injustiça” dos canarinhos terem perdido aquela Copa do Mundo.

Injustiça?

Sem dúvida, os amarelos eram um excelente time, porém, com falhas relevantes.

Tão relevantes que perderam o jogo para a Itália.

Merecidamente.

Em primeiro lugar, a azurra era um timaço!

Um goleiro como Zoff, um líbero como Scirea, um meia moderno como Tardelli, um goleador como Paulo Rossi, um artista como Antognioni, etc, etc, etc.

É time bom para mais de metro!

Além de bom, time entrosado.

Era praticamente o mesmo time da Copa do Mundo de 1978 – onde, aliás, a Itália já tinha feito uma excelente Copa, esteve a um passo da final, o que só não conseguiu por puro azar.

E, também, cabe ressaltar que a Itália jogou melhor que o Brasil, bem melhor, com mais gana, mais raça, mais vontade.

Inclusive, chegou a fazer o gol que determinaria o 4 x 2, com Antognioni, muito mal anulado, em impedimento inexistente.

Na época do jogo, eu era um menino de 11 anos.

Chorei todas as lágrimas que possuía.

Como virei adulto, parei de chorar, revi o jogo, e constatei o óbvio: mereceu perder.

Então, um conselho às viúvas de 82: cresçam, e parem de dizer asneiras como que aquela foi a melhor Seleção Brasileira de todos os tempos.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada

A CRIATIVIDADE DAS TORCIDAS DO VASCO E DO FLAMENGO

por Luis Filipe Chateaubriand 


Um dos aspectos mágicos do futebol é a criatividade das torcidas. As manifestações do conjunto de torcedores dão um colorido especial ao futebol.

Um exemplo é a torcida do Vasco da Gama. Certa vez, para ironizar a torcida do Flamengo, os vascaínos começaram a cantar uma paródia da música de um comercial da Varig (“550 quilômetros, 550 quilômetros, pare um pouquinho, descanse um pouquinho, 550 quilômetros”), debochando do ataque rubro negro: “Pior ataque do Mundo, pior ataque do Mundo, pare um pouquinho, descanse um pouquinho, Sávio, Romário, Edmundo”. 

Também foi muito legal, quando Edmundo voltou ao Vasco da Gama, que pediu para o coro “Au, au, au, Edmundo é animal!”, fosse extinto. “Eu peço à torcida que invente algo novo, pois esse coro não me traz boas lembranças… sei que a torcida inventará algo bem bacana, bem legal”, afirmou o craque. No dia seguinte, no jogo de reestreia, a torcida entoava o cântico “Au, au, au, Edmundo é bacalhau!”. Muito legal!

Por sua vez, a torcida rubro-negra também cria coisas engraçadíssimas. A célebre paródia de música do regime militar, “Oh, meu Mengão, eu gosto de você, quero cantar ao mundo inteiro, a alegria de ser rubro-negro, cante comigo Mengão, acima de tudo rubro negro” é de arrepiar para os adeptos do “Mais Querido”. 

E, certa vez, ao saber que o novo técnico do clube era Waldemar Lemos, entre xingamentos e impropérios, a torcida rubro-negra criou o grito de guerra: “Ah, ah, ah! Fora Waldemar!”. O técnico sequer tinha assumido o cargo e a torcida já pedia sua saída. Hilário! 

Os cânticos, os gritos de guerra, as músicas e as provocações das torcidas são muito do que o futebol tem de melhor.  Que as torcidas sejam sempre objeto de todo respeito no futebol é algo que se tem que cultivar.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

NELINHO, O CANHÃO DA LATERAL DIREITA

por Luis Filipe Chateaubriand 


Nelinho era um lateral direito como poucos. Vigoroso no ataque, fazia cruzamentos fortes e precisos. Mas, especialmente, desferia chutes fortes e precisos contra o gol adversário.

Marcou época jogando pelo Cruzeiro e, depois de curta passagem pelo Grêmio, acabou no grande rival cruzeirense, o Atlético Mineiro. Grande jogador que era, foi ídolo das duas torcidas antagonistas entre si. 

Uma passagem memorável do futebol de Nelinho foi o duelo que ocorreu com o goleiro Manga, do Internacional de Porto Alegre, na decisão do Campeonato Brasileiro de 1975, que este signatário só viu por imagens recuperadas. 

Mas o escriba teve o privilégio de ver, pela televisão, o gol que Nelinho fez na disputa do terceiro lugar da Copa do Mundo de 1978: tiro desferido com muita força e a meia altura para o gol a partir da intermediária direita, parecia que a bola ia para fora, passando a alguns metros da meta; contudo, durante a trajetória para o gol, a bola faz uma curva inacreditável, mudando de rumo e indo morrer, sorrateira, no fundo das redes do goleiro Zoff. Uma trivela inacreditável, feita pelo mago dos chutes certeiros. 

Nelinho será lembrado com o cara que, no futebol, fez dos chutes quase sempre indefensáveis sua marca registrada.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!    

MARADONA ETERNO

por Luis Filipe Chateaubriand


Maradona foi o maior jogador que vi jogar!

Dribles variados, de todo tipo, um repertório inacreditável, que deixava os adversários tontos, atordoados, embasbacados.

Maradona foi o maior jogador que vi jogar!

Passes precisos, milimétricos, fossem curtos, fossem longos, deixavam os companheiros na cara do gol frequentemente.

Maradona foi o maior jogador que vi jogar!

Incursões pelas extremas do campo, que resultavam em cruzamentos, muitas vezes de letra – sim, cruzamentos de letra, pensem na dificuldade –, que resultavam em precisas oportunidades para arremates para os companheiros.

Maradona foi o maior jogador que vi jogar!

Inteligência tática ímpar, de acordo com a necessidade jogava mais adiantado, onde ficava mais perto do gol, ou mais recuado, onde colocava os colegas mais perto do gol – decisão que era tomada de acordo com o andamento do jogo.

Maradona foi o maior jogador que vi jogar!

Seu carisma incendiava a torcida, dava confiança aos companheiros, fazia que ele próprio confiasse ainda em seu perfeito controle de bola.

Maradona era como um tango de Astor Piazolla, criativo, elegante, insinuante.

Maradona morreu.

Viva Maradona!

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

APELIDO DE ANÃO, FUTEBOL DE GIGANTE

por Luis Filipe Chateaubriand 


Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, bem ao contrário do que muitos dizem, não era um jogador de futebol limitado, um pereba, uma baranga. Embora não fosse nenhuma virtuose técnica, o cara sabia jogar bola. 

Sucede que, tendo alguma capacidade para jogar, preferia priorizar a raça, a garra, a luta, enfim, a vontade de vencer. Assim, fazia como muitos de nós que, aos querermos vencer na vida, nos valemos de um pouquinho de talento, mas, principalmente, de sangue, suor e lágrimas, para chegar onde queremos. 

Começou no Internacional de Porto Alegre, em seguida teve passagens por Corinthians e Santos. Mas, no futebol brasileiro, foi a curta passagem pelo Vasco da Gama que determinou seu êxito. 

Seguiram-se as idas a clubes italianos, alemães e japoneses. 

Na Seleção Brasileira, foram mais de dez anos de presença. Nem sempre foi uma unanimidade, como na Copa do Mundo de 1990, onde alcunharam de “A Era Dunga” o fracasso verde e amarelo – uma grande injustiça. Mas o que prevaleceu, na maior parte do tempo, foi a presença de um líder, um comandante, que levou sua equipe a grandes conquistas.

Algumas vezes, Dunga se excedeu na vontade de vencer, como em uma desnecessária cabeçada que deu em Bebeto em jogo da Copa do Mundo de 1998. E, decerto, o técnico Dunga está bem aquém do que foi o jogador. 

Mas, irrefutavelmente, no futebol e na vida, querer vencer é imprescindível, e Dunga nos ensinou o caminho.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!