por Marcos Vinicius Cabral
O esperado aconteceu: o time de Jorge Jesus venceu o Al Hilal e o de Jürgen Klopp o Monterrey.
É Flamengo contra Liverpool ou Liverpool contra Flamengo, como queiram, vão 38 anos depois, se enfrentar.
Não tem como negar o favoritismo dos Reds da terra de Lennon, McCartney, Harrison e Starr.
Para quem encantou até aqui, jogando em cima dos adversários, agredindo o oponente, marcando no campo rival, o recuo agora para uma retranca não seria nenhum acovardamento.
Não seria nenhum tiro no pé.
Ou seria?
Pelo contrário, é uma boa estratégia de guerra (como deve ser encarado esses 90 minutos) que não pode ser descartada.
Dos países que guerrearam na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria e Itália) e a Tríplice Entente (França, Inglaterra e Rússia), mudaram suas estratégias e planos de ataque de acordo com o adversário.
Portanto, sem um bom plano para derrotar o poder bélico de Van Dijk, Salah, Mané e Firmino, suicídio será se o Flamengo se lançar à frente, como fez no Brasileiro e Libertadores.
E se o fizer, oferecerá o espaço que o time mexicano do Monterrey, por exemplo, não deu numa das semifinais.
Assim como uma goleada não será nenhuma surpresa e desta vez, eles nos colocariam na roda.
Não me deixando cair nessa armadilha – a retranca – acho que não será essa tática adotada por Jesus.
Não, mil vezes não!
Por mais absurda que seja, às vezes, uma mudança de atitude nos permitiria a chance real e imediata de levar a taça do mundo para o Centro do Rio de Janeiro na avenida Presidente Vargas e ser exibida em cima do carro do Corpo de Bombeiros, sendo acompanhado pela procissão rubronegriana.
Mas para isso, ao meu ver, Jesus se inspiraria à moda de seu conterrâneo estrategista José Mourinho, pararia seu ônibus escolar à frente ao colégio e com as portas trancadas, todo fechado, esperaria o avanço dos meninos do Liverpool para tentar entrar nesse bloqueio e ir embora para casa.
Aliás, se Bruno Henrique e Cia. fizerem o que seus reservas com um a menos fizeram contra o Grêmio, em Porto Alegre, no returno do Brasileiro, em que venceu por 1 a 0, já está de bom tamanho.
E mais. Para a reedição deste confronto histórico, não hesitaria em colocar o polivalente Arão respirando o ar de Mané e o habilidoso Gérson aparando a vasta cabeleira de Salah, sacando como isso a avenida Filipe Luís para entrada de Renê.
Vale o sacrifício para anular os camisas 10 e 11 deles, considerados dois foras de série.
Com Rodrigo Caio e Pablo Marí fechados lá atrás, usaria a força e habilidade de Bruno Henrique para matar o jogo em contra-ataques fulminantes, produzidos pelo craque uruguaio Arrascaeta.
O treinador do Flamengo disse ser esse o jogo mais importante de toda a sua carreira como técnico, mas esqueceu de frisar que travará um embate maior ainda no seu interior, com o seu EU.
O que sobressairá dentro de si deste Flamengo versão 2019?
A teimosia, em continuar persistindo com mesmo jeito de jogar ou reconhecer a superioridade dos Reds, recuando e se fechando?
Ademais, ganhando ou perdendo, sendo ou não bicampeão, chegar até aqui foi resultado de trabalho, preparação e muita, mas muita humildade deste elenco que abriu mão de muita coisa para obedecer taticamente um Jesus, que realizou 38 anos depois o milagre de pôr o Flamengo nesta final.