Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Iran Damasceno

NEM SEMPRE COM VELOCIDADE SE CHEGA PRIMEIRO

por Iran Damasceno


Será que já paramos pra pensar que o desenvolvimento estrutural da sociedade, após a “invenção” da roda, não se deu de uma hora pra outra? O que dizer também daquele futebol jogado pelos militares chineses, há 3000 anos a.C., quando se chutavam as cabeças dos inimigos? Pois é, mas aí se trata do primitivismo do que chegaria a ser o esporte mais popular do mundo, que é o futebol.

A essência desse esporte que tanto apaixona ao seu público vem, também, da sua viabilidade porque ele pode ser jogado no quintal da casa, na rua, na escola ou em qualquer espaço onde algumas pessoas possam disputá-lo, assim, diante da sua abrangência cultural e social, ao longo dos séculos, chegamos aqui e podemos observar que hoje em dia é um dos negócios mais rentáveis do planeta, bem como impulsionador de investimentos vários da política, principalmente. Talvez aí possa estar à derrocada, para muitos, desta invenção revolucionária. 


Hoje ele é visto e aceito muito mais pelo seu lado comercial, político, administrativo… do que pela sua arte. Sim, aquela que nos encantava quando nos tempos áureos da paixão de um povo pela sua abrangência e romantismo, ao ponto de aqui no Rio de Janeiro, no “extinto” Maracanã, quando nós íamos aos jogos, diante dos saudosos clássicos entre Vasco, Flamengo, Botafogo, Fluminense, America, Bangu… com mais de cento e cinqüenta mil pessoas e, o que é melhor e fantasticamente falando, vendo em campo jogadores como Zico, Roberto Dinamite, Paulo Cesar Caju, Rivelino, Gerson, Mendonça, Luizinho, Marinho, Arthurzinho…

Era uma festa só. Mas, sem aquele saudosismo peculiar de uma geração que teve, entre erros e acertos, naturalmente, mais acertos do que erros, pelo simples fato de termos construído um romantismo até mesmo nos pés de grandes craques que jogavam um “futebol dos deuses”, comparado pelos “filósofos” da época a um “balé”, devido os malabarismos naturais de pernas e pés habilidosos, que correriam conduzindo uma bola pesada, principalmente quando molhada, em gramados não muito retilíneos e esburacados, entretanto possuíam a habilidade natural das ruas e dos campinhos de várzea, que existiam em abundância, sendo assim, temos muitas certezas com o que vimos e aplaudimos.


Pois é, sem querer desmerecer ao futebol “moderno”, que atingiu o auge da força e da velocidade, não podemos nós, os antigos e testemunhas oculares dos craques de outrora, deixarmos de reparar que toda essa evolução física e tecnológica, passando pela medicina desportiva, pela fisiologia, pela fisioterapia e as demais áreas correspondentes, de lembrarmos que deixaram pela estrada os legados positivos de outras gerações e, indo mais longe ainda, carregaram ou utilizaram o futebol para fins políticos e comerciais, somente, portanto devemos entender, os mais atentos e românticos, que essa velocidade absurda em todos os aspectos citados, talvez tenha nos levado, pelo menos, à reflexão sobre a importância do entendimento de que correr nem sempre nos faz chegar primeiro.

Não sou o Ibrahim Sued, mas deixo o meu “ademã”.

O VERDADEIRO CAMPEÃO AINDA NÃO NASCEU

por Iran Damasceno


Em tempos de transformações sociais, devemos entender que o ato de pensar sobre o bem comum deveria ser uma tarefa coletiva de gestação, onde cada um e cada segmento teriam que fazer a sua parte, porém e infelizmente não temos esta veia coletiva de construção, principalmente quanto ao que podemos, ainda, considerar “tabu”. O futebol é um segmento que sofre com a falta de profissionalismo e comprometimento, pois ele é bastante parecido com a política. Me refiro à administração dos clubes brasileiros e, especificamente falando, ao grande Flamengo.

Temos visto a Europa avançar vertiginosamente nos campos da tecnologia, o que pra nós não é novidade e estamos em níveis de comparação dentro do futebol, entretanto o que joga tudo isso por terra é a falta de profissionalismo e capacidade administrativa, passando pela gestão de pessoas, de nós brasileiros. Explicando: Como funciona um organograma funcional num clube de futebol? Ele apenas identifica as funções? Até onde vai a liberdade de atuação dos seus dirigentes, quanto à manutenção de uma comissão técnica, por exemplo?

Estamos pegando como exemplo a demissão do Carpegiani, acompanhada das saídas de Mozer, Jayme, Rodrigo Caetano e cia. Onde o Flamengo está se especializando em gafes e derrocadas administrativas na gestão do Bandeira de Melo, que em princípio estaria “sanando as dívidas” do clube, valendo ressaltar que na gestão Dilma, aliada ao Congresso Nacional, preparando-se para a “Copa da corrupção”, abonaram aos clubes de futebol, perante as suas dividas, assim e amparados a parcerias invisíveis (?), quase nenhum de nós, simples mortais, sabemos como e de que forma ele conseguiu esta “mágica”.


Vale lembrar que o Flamengo vive de tradições, o que é salutar e meritório, mas, atentemos ao fato de o clube ser sempre submisso (?) a sua torcida quanto as ações administrativas, ao ponto de colocar no comando do seu futebol, um torcedor. Está errado? Para muitos sim, pois um clube de massa que quer atingir patamares superiores reais, pois “vive” de um título mundial de 1981, deveria pensar em gestão profissional e, finalmente, aprender a usar em seu favor, algo que NUNCA soube: Comunicação e Marketing.  É isso mesmo, o Flamengo sofre com a arcaica maneira de se comunicar com seu torcedor, assim, achando que deve “dar satisfação” sobre tudo que faz, aceita imposições e se ressente sempre que perde um jogo e é recebido nos aeroportos da vida com gritos, agressões e quebradeiras dos ônibus.

Está na hora disso acabar, pois um clube que quer e precisa se modernizar, não pode ser refém da sua própria inconsistência administrativa e, principalmente, submissão.


Nos parece, aos mais atentos, se tratar de uma simbiose aceita e consciente para que todos fiquem “felizes” e possam bradar que o Maracanã é a nossa casa, quando na verdade é preciso se pensar bem mais a frente e com uma visão, realmente, profissional.

Agora, vem a pergunta: Como romper este cordão umbilical, de um parto que já deveria ter sido feito?

O DIA DA CAÇA

por Iran Damasceno


O efeito estria de cada dia… Quando Pedro fala de Paulo, sabemos mais de Pedro do que de Paulo. Sim, diante dos estudos psicanalíticos a tese está certa, em vários casos, entretanto e seguindo a linha de raciocínio, a melhor coisa que o Muralha (goleiro do Fla) pode fazer, por ele e sua família, é ir embora do clube.

Pensemos… Suas falhas são de ser humano, até porque ser goleiro não é tarefa nada fácil, tanto que “matamos” o Barbosa (Vasco e Seleção) sem dó e nem piedade, assim, vale ressaltar que todos os que te apedrejam cometem erros em suas profissões, mas, NINGUÉM gosta de ser criticado. Muito menos agredido. Mas, por que o fazem? Talvez seja para matarem aos seus chefes, em você.

Pergunte a um vendedor, por exemplo, se algumas das suas vendas diárias não foram perdidas por falta de habilidade. Será que ele saberá reconhecer isso? Será que aceitará, de forma branda e pacífica, a crítica do seu chefe? E se o agredirem verbalmente, será que ele saberá acatar?


Alguns filósofos do futebol, diante das suas crônicas geniais, percebem certo “efeito estria” na cabeça dos torcedores, aquele efeito que faz encolher e alongar, constantemente, num emaranhado de emoções quanto às conquistas que ora vêm, ora não vêm, portanto e como a natureza é sabia vamos vendo, assim como na pele, certa deformidade por estarmos indo e vindo, diante das tentativas egocêntricas e inconscientes quanto a querermos sempre os resultados particulares.

Infelizmente criamos a cultura reativa a um evento subjetivo que é o futebol, pois nada está decidido antes de acabar o jogo, haja vista que as emoções são sempre bem vindas em qualquer campo da vida, todavia querermos controlar a natureza, já é demais. A pele se deforma por vários motivos e o principal é o envelhecimento, tanto que acabamos envelhecendo em ações e cristalizações mentais e comportamentais quando não entendemos que a subjetividade do futebol não é diferente a de qualquer arte, então fica o nosso critério envelhecermos com qualidade ou como almas carcomidas que sempre estão dispostas a se suicidarem por estarmos atrelados ao que pode ser mudado serenamente, mas, em se tratando de futebol, a coisa só é boa à base de muita controvérsia.


Então Muralha, tire os “revólveres das mãos” daqueles que amam matar, porém que têm pavor de morrer, passe algum tipo de “Goicoechea” em sua pele e vá para outra esfera, antes que aqueles “caçadores” que possuem estrias, mas que sempre acham feias as pernas dos outros com as mesmas deformidades te transformem em um novo Barbosa, que morreu velho, condenado e cheio de estrias, e fique livre dos “dermatologistas’ de plantão”.

A SÍNDROME DE 81

por Iran Damasceno


O que pode ocorrer com um povo altamente miscigenado, onde várias raças e culturas se encontraram e formaram uma nação? Tudo, ainda mais em um país que escolheu, em dado momento, algo para amparar as suas angústias, para extravasar suas emoções, para despertar no outro certa indignação (por vezes ódio, infelizmente) e assim nos manter estagnados na paixão ou então caminhantes sem freio a caminho de conquistas que, por vezes, não nos enriquece em nada.

Obviamente que estamos falando do futebol e especificamente do Flamengo, clube de massa e aceito por mais de 40 milhões de brasileiros. Muitos títulos foram conquistados, muitos craques por lá passaram, tendo como seu maior ídolo o “Galinho de Quintino”, o popular e sensacional Zico. Entretanto, como se trata de um clube de futebol brasileiro, ele está, rigorosamente, na linha de fogo das más administrações e isto faz dele uma incoerência diante do seu potencial. Pois é, muitos títulos, todavia alguns outros clubes possuem mais conquistas que o rubro-negro e não são reconhecidos da mesma maneira e magnitude, o que pode nos levar a pensar em culturas populares, num dos estados mais populares e “leves” do Brasil, que é o Rio de Janeiro.

É, o Carioca é diferente mesmo. Mas, aconselhamentos não faltam ao “mais querido do Brasil” para que ele se torne, realmente, um clube de ponta: estamos falando da Comunicação e do Marketing, segundo alguns especialistas. Para alguns, o Flamengo se comunica mal por causa, principalmente, da sua subserviência em relação à sua torcida e aos patrocinadores, pecando assim, também, na forma como utiliza suas estratégias com a ferramenta Marketing.


Temos encontrado debates sobre a sobrevivência (?) do clube estar atrelada, antiga e arcaicamente, ao titulo solitário de 1981, que foi o mundial. Não é nenhum desmerecimento ao titulo, apenas achamos pouco para um clube que, segundo pesquisas internacionais, poderia ser uma marca mais forte que muitas da própria Europa.

Vale ressaltar que qualquer debate é logo jogado no túnel do tempo e remetido a 81, quando não, vem a velha e falida ideia de que seu maior “rival”, o Vasco da Gama, é o maior vice. O que nos espanta é saber que a concepção da junção das raças e culturas, em certos momentos, se limita a discorrer somente sobre o período em que levantam algum “caneco” e aí logo os seus adversários mais atentos vêm com fatos que podem ser transformados em argumentos convincentes, por exemplo, o que é sobre o “maior clube do mundo”, somente na década de 2000 ter conseguido construir um centro de treinamento.

Os mais “sacanas” chegam a compará-lo ao surgimento do empreendimento de postos de conveniência no Brasil, mais ou menos na década de 1990, quando nos EUA já existia há passados 50 anos. É uma forma de zoarem… Pois é, para os adversários mais vorazes toda a unanimidade é burra, lembrando ao ilustre tricolor Nelson Rodrigues, porém não podemos negar que a paixão do seu torcedor é algo de arrepiar. E então, vamos sair de 1981?