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Igor Serrano

ANOS GLORIOSOS

por Igor Serrano


Romário, Euller, Juninho Paulista, Juninho Pernambucano, Felipe, Ramon, Pedrinho, Edmundo, Evair, Carlos Germano, Helton, Alexandre Torres, Válber, Mauro Galvão, Odvan, Jorginho, Viola, Vagner, Donizete, Luizão, Luisinho… Um Campeonato Carioca, um Rio-SP, uma Libertadores, uma Mercosul e dois Brasileiros. Qualquer vascaíno que vivenciou o final da década de 90 fica com os olhos brilhando só de escutar os nomes destes jogadores e das conquistas.

O período de 1997 a 2000 foi mágico. Em 1997, com show de Edmundo, o clube conquistou seu terceiro título nacional. No ano seguinte, como cereja do bolo das comemorações por seu centenário de vida, vieram um Carioca e o inédito título da Libertadores da América. Em 1999, um torneio Rio-São Paulo. Em 2000, a conquista da Mercosul no maior jogo da história do futebol (Vasco 4 x 3 Palmeiras, após perder o primeiro tempo por 3×0 e jogar boa parte do jogo com um a menos, fora de casa) e mais um (o quarto) Brasileiro.


Ficou com saudade, amigo vascaíno? Não fique. Thiago Correia fará você voltar no tempo. No próximo dia 06/09 às 19h, o jornalista lançará “Monumental – O Vasco de 1997 a 2000” no Bistrô Multifoco (Av. Mem de Sá 126 – Lapa – Rio de Janeiro-RJ), que conta com mais de 50 entrevistas e depoimentos de craques como Edmundo, Juninho Pernambucano, Ramon, Donizete, Antônio Lopes, Luizão, Mauro Galvão e Felipe:

– A ideia de contar essa história surgiu ao perceber a chegada dos 20 anos do terceiro título Brasileiro do Vasco, em 1997. Conquista que iniciou uma fase muito vitoriosa do clube, que foi até 2000, e que o clube não conseguiu chegar nem perto desde então. Atualmente, jovens torcedores já perguntam como era ver o Edmundo jogar, se o Felipe era tão habilidoso assim, se jogadores como os Juninhos, Pedrinho, Ramon, Romário, Mauro Galvão e companhia eram ‘isso tudo mesmo’. Estes e outros craques formaram a geração mais vitoriosa do Gigante da Colina” – declarou o autor, justificando a motivação para elaborar a obra.


Antes do lançamento, no sábado dia 02/09 às 14h, Thiago participará de debate sobre o Vasco do período abordado pelo livro juntamente com o também jornalista Camilo Sepúlveda (autor do livro “A virada do século”, sobre a inesquecível final da Copa Mercosul de 2000). O evento é uma iniciativa do Selo Drible de Letra e acontecerá no estande da Editora Multifoco (Pavilhão Azul I 01) na Bienal do Livro do RJ.

Confira alguns depoimentos do livro:

Antônio Lopes: “Em 1996, quando assumi, o Vasco estava mal para caramba, um plantel muito ruim. No fim do ano, quando terminou a temporada, preparamos um relatório para a direção mostrando a necessidade de boas contratações. Mas o Vasco estava quebrado, não tinha uma situação financeira que pudesse contratar bons jogadores. Começou 1997 dessa maneira. Nós disputamos o Estadual, depois trouxemos o Mauro Galvão sem gastar muito, conseguimos também o Evair, e começamos a aproveitar a garotada da base, tivemos que voltar as atenções para a base. E pegamos alguns de times pequenos. O time foi encaixando, foi bem, o time foi se armando, no plantel tínhamos Juninho, ainda não tinha deslanchado, o próprio Ramon, conseguimos que eles evoluíssem bastante a ponto de serem importantes, Pedrinho começou a se destacar, Felipe também. Conseguimos ganhar o Brasileiro de 1997. Aí o Edmundo foi vendido, perdemos o Evair, esses dois jogadores que foram importantes em 97, e perdemos para 98. Evair não quis ficar, preferiu ir para a Portuguesa, mas contratamos uma dupla de ataque excepcional, conseguimos o Luizão e o Donizete, e acertamos, e aí trouxemos o Vagner, e aí ficou um time excepcional, bem armado, e ganhamos em todos os anos várias competições, até em ano de centenário, o Flamengo, arquirrival, não tinha conseguido nada, e ganhamos a Libertadores. Até 2000 o Vasco ganhou praticamente tudo”.

Euller: “A primeira lembrança é aquele 4 a 3, a virada no Palestra Itália. O momento mais forte, sem dúvida, foi o momento antes de subirmos ao campo depois do intervalo. Voltamos com o intuito de mudar a situação, de reverter a história que tínhamos vivenciado no primeiro tempo. E no segundo veio a possibilidade de fazer a história. Veio aos poucos, mas veio. Mesmo com a expulsão do Júnior Baiano, sabíamos da possibilidade de virar o jogo”.

Juninho Pernambucano: “Primeira imagem que vem à minha cabeça é quando a gente ganhou em 2000, e a torcida gritava que “não é mole não, eu estou cansado de gritar é campeão”. Claro que era uma brincadeira, mas me chamou a atenção. Isso marcou aquela fase para mim. A gente vinha em uma hegemonia, a gente ganhou muita coisa, pelo menos um título por ano, também perdemos outros, estaduais, e foi um jeito de brincar com a outra torcida”.

Luizão: “A gente chegando em São Januário, jogar na Libertadores, estádio sempre lotado, foi um momento mágico na história do Vasco”.

FOTBAL – AVENTURAS, TRISTEZAS E ALEGRIAS ROMENAS

por Igor Serrano


Football Manager é um famoso jogo de computador onde o jogador tem como função ser o manager de um time de futebol e no que isso implica (escalar e contratar jogadores, dentre outras possibilidades). Durante o jogo, não aparecem imagens das partidas que o time sorteado ao jogador estaria disputando. Apenas são informados os lances que acontecem nela.

Agora imagine a seguinte situação…


Um garoto brasileiro de doze anos começa a jogar o referido jogo e cai no sorteio para ele o Universitatea Craiova da Romênia. Tudo que aquele garoto sabia sobre o longínquo país é que tinha um tal de Hagi, de quem seu pai falava muito bem, e a Seleção Romena jogava de amarelo (informação obtida graças ao jogo de futebol do videogame Super Nintendo).

Com o tempo a empolgação gerada por aquele time, até então desconhecido, gerou no garoto uma curiosidade sobre a equipe propriamente dita e também pelo país. Assim descobriu a curiosa história do Craiova. O clube (FC Universitatea Craiova) foi extinto em meados de 2011, deixando uma fiel torcida órfã de seu passado de títulos. Alguns anos depois, outro clube foi fundado com o nome semelhante (CS Universitatea Craiova), com outros proprietários, mas alegando ser a continuidade do extinto clube. Não demorou para um grande imbróglio ser instaurado com a ressurreição do clube original. Dois times com nomes idênticos e lutando por uma mesma identidade e torcida.

Em poucos anos, mais velho, o garoto criou um blog sobre o futebol romeno e o intitulou de “O Craiovano”. Na faculdade, decidiu fazer do trabalho de conclusão do curso de Comunicação Social um documentário sobre o futebol romeno e a situação do Craiova. Para tanto, autodidata, aprendeu a falar, ler e escrever romeno apenas com material encontrado na internet. 


Fez alguns contatos pela internet, virou notícia em um jornal da Romênia com a proposta do documentário e ao longo da jornada em solo romeno conseguiu entrevistar diversos jogadores e…Hagi, o grande ídolo do futebol do país e destaque na Copa de 1994.

Essa poderia ser mais uma grande história de cinema. Mas não é. Ela aconteceu e o nome do personagem é João Vítor Roberge. A saga do catarinense torcedor do Vasco da Gama e fã do futebol romeno não poderia ser apenas contada aos professores e alunos da Universidade Federal de Santa Catarina. Ela merecia ser divulgada a todos. E foi. Assim surgiu “Fotbal – Aventuras, tristezas e alegrias romenas”, livro em que João detalha o futebol romeno e seus clubes, a inusitada clonagem do Craiova e principalmente a jornada à Romênia para o documentário do TCC de jornalismo na UFSC:

“Fotbal é dois em um. Metade história do futebol romeno, metade história do documentário Craiova versus Craiova, desde 2006. E é o novo lançamento da Multifoco Editora e do Selo Drible de Letra, que já tem data marcada. Quem vem acompanhando O Craiovano nestes quatro anos já viu blog, documentário sobre a história do Universitatea Craiova e até entrevista exclusiva em vídeo com Gheorghe Hagi. Agora é a vez do livro, para trazer o futebol romeno em uma forma completa e descontraída, diferente de qualquer livro sobre futebol que você já leu. Até porque quem já viu livro sobre o fotbal, certo? O fotbal vive. O Romenão é gigante”. 

Fotbal será lançado em setembro em Santa Catarina.

COPA DO BRASIL 2011: NORTE E SUL DESTE PAÍS

por Igor Serrano


(Foto: Reprodução)

Imagine fechar os olhos e em poucos segundos relembrar da sua inesquecível infância. Onde seu time era temido por todos os clubes (brasileiros e estrangeiros) e que, por um bom tempo, possuía verdadeiras seleções em seu elenco: Edmundo, Romário, Juninho, Felipe, Pedrinho, Juninho Paulista, Carlos Germano, Hélton, Ramon Menezes, Mauro Galvão, Euller, Viola, Jorginho, Gilberto, Evair, Luisinho, Donizete, Luizão, Valdir Bigode, Jardel, Dener, Alexandre Torres e por aí vai…

Abra os olhos. A realidade é bem diferente daquela com a que você cresceu acostumado. Como num despertar de um sonho diretamente para um pesadelo, seu time disputou pela primeira vez na história a segunda divisão nacional no ano anterior. Com muito apoio da mídia (simpática à figura do presidente da época) e principalmente da detentora dos direitos de transmissão do futebol brasileiro, a equipe ascende sem sustos para o lugar de onde nunca deveria ter saído.

No ano seguinte, porém, velhos erros de gestão voltam a aparecer. Se na (primeira) passagem pelo inferno da “B” optou-se por muitas caras desconhecidas (e que boa parte, fortuitamente, deram certo), na volta para elite, equivocadamente, fora diagnosticado que a espinha do time seria suficiente para a temporada. O técnico responsável pelo acesso não renova e parte para o Santos. O campeão da Copa do Brasil pelo Paulista de Jundiaí é então contratado. Mas a diretoria não o deixa sequer chegar ao Campeonato Brasileiro, apesar de em dezenove partidas ter sofrido apenas quatro derrotas (dez vitórias e cinco empates).


(Foto: Reprodução)

O auxiliar é alçado ao cargo de interino por alguns jogos, até que um velho e contestado conhecido é trazido. Entretanto, valendo-se da máxima “não há nada tão ruim que não possa piorar”, o gaúcho não fica um mês no comando do clube e em cinco jogos consegue apenas uma vitória (três derrotas e um empate), deixando a equipe na penúltima colocação do Brasileirão. Para piorar, no dia dos namorados (12/06) é anunciado na TV como técnico do time vermelho de Porto Alegre, sem sequer ter informado algo aos seus até então contratantes do Rio de Janeiro. Na volta à elite do futebol brasileiro, seu time vai para o quarto técnico em pouco mais de seis meses decorridos.

Aproveitando-se do fato de ser ano de Copa do Mundo (e estar prevista a interrupção do Campeonato Brasileiro durante o torneio de seleções), a diretoria arregaça as mangas e traz o técnico que até então estava na vice-liderança do certame nacional, também um velho conhecido do clube (tendo jogado e iniciado a carreira como técnico por lá).

O quarto comandante escolhido no ano (cujas iniciais são iguais à sigla de computador pessoal em inglês) consegue colocar o time no eixo. Na interrupção para a Copa do Mundo da África do Sul, conquista um torneio amistoso disputado contra Avaí, Grêmio e Coritiba. Recebe reforços de peso (como o grande lateral esquerdo do clube da década de 90) e termina o Brasileiro classificado para a próxima Copa Sul-Americana.

No ano seguinte, misteriosamente, a carruagem vira abóbora. O time com a mesma estrutura e o mesmo comando, inicia a temporada vencendo um amistoso sobre o time azul e vermelho do Paraguai, mas consegue o pior início de campeonato estadual de sua história. Três derrotas nos três primeiros jogos, todos contra adversários de menor investimento. O técnico é demitido e os líderes da equipe afastados. Na sequência, o auxiliar (de volta ao cargo de tampão) ainda comandaria o time em mais uma derrota (para o maior rival) e um empate (contra outro time menor). Era oficial, depois de agonizar a nível nacional, seu time conseguia o inédito feito de ser chacota estadual. Muitos setores da imprensa já falavam até em rebaixamento no torneio local.


(Foto: Reprodução)

A diretoria coça a cabeça e resolve apostar em um dos grandes zagueiros do futebol francês, português e do rival tricolor, sem treinar nenhum clube desde a eliminação na Copa Libertadores do ano anterior no comando do tricolor paulista, pasme você, para o time vermelho de Porto Alegre comandado pelo gaúcho que abandonou o navio no Rio. Que…destino?!

Apesar da forte identificação com o rival das três cores, e mesmo tendo sido até mesmo técnico do outro rival bicolor, o técnico (cujas siglas equivalem a Registro Geral) é muito bem recebido e em pouco tempo conquista a todos: diretoria, atletas e torcida. Para efeito demonstrativo, nos dois primeiros jogos, duas vitórias: por 3×0 e 9×0 pelo campeonato regional.

Na terceira partida, a estreia no torneio nacional de copa e que seu clube, embora tivesse chegado à final uma vez e na semi seis, nunca havia vencido. Sem susto, a equipe passeia e goleia um time do Mato Grosso do Sul por incríveis 6×1.

Com o novo comandante, o time seguiu com o processo de recuperação no estadual e avançou na copa nacional. Na fase seguinte desta, teve uma dura missão frente ao time alvinegro de Natal-RN. No primeiro jogo, no Nordeste, empate sem gols, em jogo que o mandante foi melhor. Na volta, no Rio, os visitantes saem na frente e o centroavante do seu clube empata. Com esse resultado parcial, a vaga seria do time potiguar. Mas aos 32’/2ºT o menino-fio-desencapado faz o gol da virada e da classificação. 2×1! Seu time está nas oitavas e teria como adversário o alvirrubro pernambucano.

No primeiro jogo, na Veneza Brasileira, passeio do time da cruz no peito e vitória por 3 x 0, com mais um gol do centroavante e outro do menino-fio-desencapado. No jogo da volta, no Rio, com alguns reservas, empate sem gols e confirmação da vaga para as quartas de final.
Nas quartas, Curitiba foi o destino e o adversário o dublê na vestimenta do seu maior rival. Em boa atuação, o empate em 2×2 teve sabor amargo. Na volta, no estádio onde Getúlio Vargas anunciou a Consolidação das Leis Trabalhistas, mais um jogo tenso. Os paranaenses abriram o placar e o gol salvador só veio aos 34’/2ºT com o centroavante reserva, que havia acabado de entrar.


(Foto: Reprodução)

Nas semifinais, mais um adversário do Sul: o time do tenista mais famoso do Brasil. Ao contrário das fases anteriores, o primeiro jogo ocorreu no Rio. Novamente seu time saiu atrás no placar e só chegou ao empate no último lance do jogo, graças a uma penalidade máxima convertida pelo camisa dez. Na semana seguinte, na Ilha da Magia, vitória incontestável do seu time por 2×0 e vaga assegurada na final.

Mais uma vez o guia de viagens da copa nacional levou o navegador português à capital paranaense. Desta vez para enfrentar o time verde e branco, que inclusive vinha em grande fase, tendo aplicado 6 x 0 nos italianos paulistas. No primeiro jogo, na Cidade Maravilhosa, vitória pelo placar mínimo, garantida por uma testada certeira do centroavante, mais uma vez decisivo. A apoteose veio em 08/06/2011. Em um jogo muito disputado, seu time, o Club de Regatas Vasco da Gama, perdeu por 3 a 2 (gols de Alecsandro e Eder Luis) no Estádio Couto Pereira, mas levantou o caneco inédito por conta do critério do gol marcado fora de casa.


(Foto: Reprodução)

Após amargar oito anos sem sequer levantar um título (para um clube da grandeza do seu, segundona não conta), enfim uma boa memória para recordar ao cerrar os olhos. Por mais que parecesse (tudo deu tão certo em tão pouco tempo desde a chegada de Ricardo Gomes ao comando da equipe), não era sonho. Vasco da Gama campeão da Copa do Brasil 2011!

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