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VIVOS NA COPA

por Idel Halfen


A diferença das duas “VIVOS”

Pelo que temos observado, a operadora de telecomunicação Vivo tem no esporte uma importante componente para o fortalecimento de sua marca. Presente no tênis e no futebol, onde, além de patrocinadora da Confederação Brasileira, detém uma das cotas de patrocínio na transmissão por TV aberta, a empresa atesta entender a importância dessa plataforma em sua estratégia mercadológica.

E, na contra mão dos que não conseguem entender que a exposição da marca é apenas um dos benefícios que se pode obter numa operação de patrocínio, a Vivo está na seleção brasileira sem que a marca apareça nas camisas de jogo. Seu objetivo ali é estar associada a uma equipe tradicional – e que ainda é a maior vencedora na modalidade -, mesmo ciente da subjetividade envolvida na mensuração dos resultados dessa ação, principalmente quando confrontada com o cálculo de retorno da exposição já incorporado – apesar de suas falhas – no cotidiano de patrocinadores e patrocinados… a tal da mídia espontânea.

Os que ainda defendem esse mero cálculo como definitivo para suas análises irão certamente argumentar que a operadora comprou uma das caríssimas cotas de TV, o que denota a importância da exposição. Concordo, a exposição é importante, minha réplica se dá no sentido de que se buscar apenas isso é muito pouco diante das possibilidades de ativação e associação que cabem numa relação de patrocínio.


Para “incendiar” um pouco mais a discussão, lanço para reflexão mais um questionamento: a marca Vivo que aparece nas placas ao redor do campo devem entrar no cálculo do retorno de mídia?

Antes de iniciarem a reflexão, esclareço que a marca agora citada é apenas homônima da operada. Trata-se, sim, de uma marca chinesa de aparelhos celulares fundada em 2009 e que é uma das patrocinadoras da FIFA.

E agora?

Tanto a Vivo operadora como a chinesa jamais poderão ser acusadas de marketing de emboscada – ambush marketing – visto que ambas pagaram pelas suas propriedades de patrocínios, ainda que involuntariamente peguem carona com as ações.

A alegação de que as logos são diferentes é verdadeira, porém, não é essa a percepção dos que observam as marcas sem a devida atenção e conhecimento de que são duas empresas distintas. É evidente a confusão.


Marca chinesa

Partir da premissa que atuam em regiões diferentes é ignorar que a globalização e os processos de fusões e aquisições estão cada vez mais presentes na sociedade. Contudo, independentemente disso, parece bastante claro que as marcas sendo homônimas e parecidas ganham com essa sinergia uma maior vantagem em termos de exposição diante dos concorrentes.

Isso sem falar que a própria coincidência pode ter feito com que muitos passassem a conhecer as marcas “estrangeiras” e, quem sabe, demandá-las numa eventual oportunidade.

Não consigo responder com a certeza necessária a provocação que fiz: “se a aparição nas placas de campo entra no cálculo de retorno da Vivo do Brasil”. Tendo a achar que sim, principalmente em função da enorme semelhança. Além do que, acredito que mesmo subliminarmente a simples citação de um nome pode remeter a outro que não tenha nenhuma relação. Exemplificando: Continental Airlines/Continental Pneus ou o monumento Pão de Açúcar e a rede de supermercados.

Todavia, tão gratificante quanto a possibilidade de se discutir a necessidade e a eficácia das métricas para a avaliação das ações, é notar que segmentos como o de telecomunicações acreditam no esporte como ferramenta de marketing.

A ESCOLHA DO CAPITÃO

por Idel Halfen


Como todo evento de grande repercussão, a Copa do Mundo dá espaço ao surgimento dos mais variados tipos de especialistas, os quais opinam categoricamente sobre assuntos que vão desde os aspectos relacionados à modalidade propriamente dita, nesse caso o futebol, até temas que acabam se derivando do motivo principal.

Trata-se de uma excelente oportunidade para se adquirir conhecimentos sobre assuntos interessantes que, normalmente, não nos motivariam a conhecê-los com mais profundidade, visto a carência de tempo que o ritmo de vida nos impõe. Exemplifico aqui com as histórias das cidades russas, os hábitos locais e demais características do país e da população. 

Além da própria mídia, há também a possibilidade de se “instruir” com as conversas onde os conhecimentos são divididos.

Nessa toada também surgem temas onde, em virtude da suposta “facilidade” para se opinar, aparecem  “especialistas” da mesma estirpe dos que se erguem para discorrer sobre marketing, direito e até mesmo futebol. São “aqueles” que presumem que o “achismo” substitui os estudos e a experiência.


Uma das matérias que ficou bastante em voga foi a escolha do capitão para a seleção brasileira, surgindo até “catedráticos”, pasmem, em choro. Segundo alguns destes, o zagueiro Thiago Silva não poderia ser o capitão do time por ter chorado num momento de tensão na Copa passada. Argumentos que deixam evidente a convicção de não acreditar na possibilidade de recuperação e evolução das pessoas. 

Tais críticos deveriam ser questionados se o mesmo raciocínio poderia ser aplicado a eles. Será que dessa forma continuariam achando que alguma falha cometida por eles no passado os deixam incapacitados para funções similares no futuro?

Pior do que essa condenação perpétua é a confusão que fazem entre líder e capitão, aparentando ignorarem que a liderança é geralmente nata e que em certos grupos pode não até existir ninguém com essa capacidade, o que não significa que esse mesmo grupo deva ser regido de forma anárquica.

No mercado corporativo, ou mesmo em organizações esportivas, não é incomum encontrar  presidentes, diretores e gerentes que tenham galgado a tais posições sem possuírem as características tradicionais que se apregoam a  um líder. Nem por isso tais profissionais deixam de exercer bem suas atribuições. 


A mesma analogia pode ser aplicada à figura do capitão do time, lembrando que para as críticas fazerem sentido é imprescindível conhecer o escopo que se pretende para a função, o qual pode não ter como prioridade a liderança em relação aos pares, mas sim na representação junto à arbitragem ou mesmo aos demais comandos. Isso sem falar que de fora é quase impossível detectar o comportamento das pessoas em dado grupo, ou seja, um choro visto por milhões de pessoas pode ter um significado completamente diferente perante aos demais colegas com quem se convive.

Em outras palavras, o julgamento sobre a liderança advindo de uma reação em algum momento do passado e sem conhecer os bastidores não me parece razoável, até porque existem diversas formas de liderança.

Há ótimos líderes que falam, há ótimos líderes que calam. Há líderes que se emocionam, há líderes que são frios. A avaliação do que é melhor ou pior só pode acontecer dentro de algum contexto, ressalvando o dinamismo das situações.

O QUE VESTEM AS SELEÇÕES NA COPA

por Idel Halfen


Repetindo o que já foi feito nas Copas de 2010 e 2014, analisaremos aqui as marcas esportivas que suprem as seleções que disputam o Mundial de 2018, utilizando para efeito de parametrização o histórico de fornecimento desde a Copa de 2002. 

Assim temos que em 2018 a Adidas com doze seleções é pela 3ª vez a marca mais presente. 

Em segundo aparece a Nike com dez, lembrando que na Copa passada a marca norte-americana ficou na liderança com o mesmo número de equipes. Cumpre observar que a Nike é o único fornecedor presente em equipes dos cinco continentes. 

A Puma completa a relação de marcas reconhecidamente globais com apenas quatro times, metade do que tinha em 2014, valendo salientar que em 2006 foi o fornecedor com mais seleções. 

As mudanças em relação ao número de equipes por marca costumam ocorrer basicamente em função da classificação dos países, o que não significa que não ocorram trocas de fornecedores. 


Vinte seleções estiveram presentes tanto em 2014 como em 2018, dentre essas quatro (25%) mudaram a marca dos uniformes: 

Bélgica de Burrda para Adidas, Costa Rica de Lotto para New Balance, Iran de Uhlsport para Adidas (foi a 3ª marca diferente em 3 Copas, pois em 2006 vestia Puma) e Nigéria que após duas Copas com Adidas voltou a usar Nike, que tinha sido a sua fornecedora em 2002. 

Desde 2002 apenas sete seleções participaram de todas as Copas: Alemanha, Argentina, Brasil, Coreia do Sul, Espanha, Japão e Portugal, sendo que nenhuma dessas mudou de fornecedor – quatro vestem Adidas e três Nike. 

Essa estabilidade de fornecimento advém da maior atratividade que essas seleções despertam, o que faz com que as marcas envidem os maiores esforços para manterem essas equipes em seus portfólios, afinal de contas estar presente no maior evento do futebol mundial é um enorme diferencial. 


Evidentemente, há um custo maior envolvido nessa operação, o que talvez não retorne em vendas, mas certamente fortalece a marca. 

Tal condição faz com que as marcas com menor capacidade de investimento tenham que seguir estratégias alternativas para estarem presentes nesse universo, o que pode acontecer através de “apostas” em seleções menos tradicionais, no fornecimento de chuteiras para jogadores que participam do evento ou ainda como fez a italiana Macron que fechou um acordo com a UEFA (Union of European Football Associations) para vestir as seleções menores, pois dessa forma consegue ao menos ter visibilidade na Euro (campeonato europeu de futebol). 

Para quem tiver interesse no tema, sugiro a leitura dos dois artigos desse blog referentes às Copas anteriores: 2010 – A Copa das marcas esportivas – http://halfen-mktsport.blogspot.com/2010/07/copa-das-marcas-esportivas.html e 2014 – Material Esportivo na Copa – http://halfen-mktsport.blogspot.com/2014/07/material-esportivo-na-copa.html.

A SELEÇÃO PERDEU… ESPAÇO

por Idel Halfen


(Foto: Paulo Araújo)

Se buscarmos na lembrança o comportamento da população em ano de Copa do Mundo, iremos certamente perceber que atualmente a seleção brasileira não tem mais o mesmo espaço nas conversas, na mente e nos veículos de mídia que tinha no passado. Aqui deve ser explicitado que nos referimos ao espaço proporcional, pois pode até ser que o número de páginas dedicadas ao tema num jornal, por exemplo, tenha se mantido, porém, outros assuntos, entre os quais a política e os fatos que dali se derivam, passaram a ter uma participação maior. 

Existem várias teses para se explicar esse fenômeno. Alguns defendem que a mudança na comunicação através da internet, com maiores opções de mídias e conteúdos, propiciou uma acessibilidade e um cardápio maior de opções. 

Outros citam que o fato de a seleção ser formada por muitos jogadores que não atuam no Brasil deixa os torcedores menos identificados e mais distantes da seleção. 


Há ainda os que citam o maior engajamento da população com a política em função dos escândalos da Lava Jato e das transmissões dos julgamentos via TV. Provavelmente muitos dos que estão lendo esse artigo se lembrarão espontaneamente de mais nomes de juízes do STF do que dos jogadores da seleção. 

Quando que isso aconteceria no passado? 

Não creio que seja possível isolar e escolher apenas um desses motivos para explicar o quadro atual, na verdade, penso que a causa seja um mix de todos eles, cuja ponderação variará de acordo com o perfil de cada pessoa. 

Tenho poucas ou nenhuma esperança de que esse cenário se altere radicalmente no futuro, todavia, seria perfeitamente factível se desenvolver um plano de ações para que a seleção passasse a ocupar um espaço maior na mente do povo. 


Estabelecer aqui quais seriam as ações táticas para isso seria irresponsável e prematuro sem a elaboração de um planejamento estratégico, ainda que muitas pessoas e até organizações não se atentem para a importância dessa ferramenta. 

Como a seleção está sendo percebida? Como quer ser? O que precisa fazer para isso? São algumas das perguntas vitais para o planejamento preconizado. 

E quais são seus concorrentes? Não me refiro aqui ao campo exclusivamente esportivo, ainda que outros esportes e até times tomem também espaço na mente, na lembrança, na atenção e, trazendo para aspectos mais tangíveis, nos orçamentos dos patrocinadores e na mídia. Enfim, como a seleção precisa se posicionar para ter, além do destaque que almeja nas competições esportivas, uma posição diferenciada e privilegiada nos variados espaços citados? 


O fato aqui explorado, além de nos chamar a atenção para uma situação que talvez não tenha até então provocado a devida reflexão, nos propicia a oportunidade de aplicar conceitos fundamentais para uma boa gestão de marketing. Ressaltando que, ao contrário do mercado tradicional, onde os concorrentes costumam elaborar estratégias de marketing para sobressaírem no mercado, nessa “competição” poucos, ou nenhum dos ofensores, tem como objetivo tomar espaço da seleção. 

ANÁLISE DE INVESTIMENTO

por Idel Halfen


Em qualquer empresa é usual a realização de estudos para avaliação de possíveis investimentos, nos quais se estimam o retorno esperado ao longo do tempo comparando esses resultados com outras opções disponíveis no mercado. 

Por se tratarem de avaliações com cunho fortemente econômico-financeiro, os aspectos intangíveis geralmente não têm uma participação significativa nesses cálculos. Ainda assim, mesmo diante dessa particularidade, tais análises são fundamentais, salientando que as mesmas fornecem um indicativo e não uma certeza, visto que, excetuando os títulos pré-fixados e operações do gênero, nenhum investimento pode ter garantia absoluta de retorno.

Além do que, dependendo das necessidades, características e momentos da empresa, as conclusões sobre o investimento podem ser diversas. Aproveitando esse contexto, vale refletir sobre a contratação de um jogador, ressaltando que nesse caso é impossível não se considerar os aspectos intangíveis, o que faz da análise de investimento uma ferramenta menos rígida aqui.


A propósito, um mesmo jogador pode trazer retorno para um clube e não trazer para outro, o que não tem relação exclusivamente com esquema tático dos times.

Entre as variáveis impossíveis de serem mensuradas quantitativamente estão:

  • Liderança – fator que auxilia não só nos diálogos com árbitros e adversários, mas também para deixar os jovens de sua equipe mais seguros, principalmente aqueles recém-promovidos da base.
  • Identidade com a instituição – essa característica, tão rara nos dias de hoje, é importante para que os torcedores tenham um ídolo que os “represente” e para que as crianças passem a se identificar mais com o clube. No passado era bem mais fácil dispor de um jogador identificado com a organização, os melhores dificilmente iam jogar em outras equipes e quando faziam era para outro estado e país. Hoje, com a globalização e a influência mais forte do poder econômico, é bastante difícil encontrar um jogador identificado com algum clube.
  • Idolatria – pesquisas mostram que a maior parte das crianças faz a escolha do time pelo qual vai torcer influenciada pela família. Os fatores que aparecem posteriormente como influenciadores são: conquistas e ídolos. Assim, clubes que passem por momentos com reduzidas perspectivas de títulos, condição que pode até fazer com que os pais se “ausentem” do esporte, podem ter na vinda de um ídolo a oportunidade de aumentar a sua base de torcedores. Os clubes, como qualquer marca, são dependentes da sua torcida, a qual ao longo do tempo será responsável pelo apoio – que pode ser decisivo nas competições –, por receitas advindas de bilheteria, pay-per-view e produtos oficiais, além de serem úteis nas negociações com patrocinadores. Acrescente-se que esses também podem se mostrar mais interessados em associar suas marcas a clubes que tenham ídolos.
  • Desempenho esportivo – o quanto o time pode ser beneficiado no campo.


Já os fatores mais objetivos se resumem à valorização do jogador para futuras negociações, à liquidez do mesmo e ao fluxo de caixa da instituição, de modo que o impacto com salários não a deixe inadimplente diante dos compromissos vitais para sua operação.

Diante do que foi exposto, qualquer decisão que se tome acerca de algum investimento deve ser respeitada, desde que sejam consideradas na análise todas as variáveis importantes no contexto da organização, inclusive aquelas que contemplem os retornos de médio e longo prazos e que tenham foco também no marketing.