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Guillermo Planel

EU ACREDITO NO NOSSO FUTEBOL

texto: João Pedro Planel | fotos: Guillermo Planel


Tenho 13 anos, moro no Rio de Janeiro e sou apaixonado pelo futebol e pelo estudo. O meu avô também era como eu e o futebol dominava parte de seu coração. Minha família, parte alvinegra, parte rubro-negra, influenciou a escolha inicial do meu time. Fui flamenguista por quase toda minha infância, mas quando vi e ouvi a história que o Botafogo guardava, foi amor à primeira vista; Garrincha, Nilton Santos, Didi, Quarentinha, Túlio Maravilha, Loco Abreu, PC Caju, Era de Ouro e muito mais. O jeito botafoguense é diferente; sofremos muito, mas estamos sempre de pé. Por isso, desde então, sou alvinegro de paixão, mas confesso que sempre tive uma quedinha pelo mais tradicional Alvinegro do Brasil.

O que me deixa triste, no entanto, é que o antigo futebol está cada vez mais próximo do fim. Se hoje você perguntar para um moleque quem foi Roberto Dinamite, PC Caju, Zagallo, Rivelino, ele provavelmente não vai saber. Tal como o jeito de torcer; enquanto uns largam, outros torcem.

Tudo isso é consequência da “evolução” do futebol e o esquecimento do futebol brasileiro. Os jovens de hoje com certeza vão torcer muito mais para o Real Madrid do que para o time do coração, assim como vão idolatrar o Messi, mas não vão ter nem ouvido falar do Ronaldo Fenômeno. E no futuro, qual vai ser a inspiração para os jogadores? Kane? Não, vai ser o Pelé, o Bruxo, Ronaldo, Garrincha, Zico, PC Caju.


João Pedro Planel e PC Caju

É por isso que temos que imortalizar essa época do nosso futebol. De que jeito? Divulgando a história do futebol brasileiro tradicional. Principalmente através das mídias digitais, televisivas e impressas. Por tudo isso, amigos, vamos pesquisar e questionar antes de falar e formar. Caso contrário, o futebol “raiz”, como a velha guarda conhece, estará, por uma, mas não menos importante, parte destruída. Eu acredito no nosso futebol, não vamos esquecer do passado!

A VOZ DO CANAL 100

texto: Guillermo Planel | edição de vídeo: Daniel Planel | foto: Cesar Trindade

– Guixermo ou Guilhermo? – Guixermo, claro…  A resposta, bem ali na porta, naquele aperto de mãos, desarmou o anárquico ator, iconoclasta ser, devastador de interlocutores desatentos.

 – Pois eu sou do Alegrete, tchê.

A partir desse momento se materializou um outro personagem que eu não tinha imaginado, referência viva do cinema brasileiro, um homem de uma cultura pouco conhecida pela maioria dos espectadores de “Eu te amo”, “Iracema uma transa amazônica”, “Anchieta, José do Brasil”, “A dama do lotação” e dezenas de obras-primas do cinema nacional.

Um ator que foi amigo pessoal de Nelson Rodrigues, que trabalhou com Glauber Rocha, Neville de Almeida, Ruy Guerra, Cacá Diegues e dezenas de diretores sensacionais que transformaram a arte cinematográfica do Brasil em um espetáculo mundial, estava se apresentando na minha frente, de sandálias havaianas, quase franciscanas, para encarar mais algumas jornadas de trabalho.

Um personagem considerado por muitos como intratável, que deixou alguns diretores consagrados atônitos com seu comportamento imprevisível e fugidio, estava ali para narrar 15 filmes de três minutos. Aqueles três dias de trabalho com ele – imaginei que seriam os mais difíceis de minha carreira – pareceram ser, na verdade, trinta minutos de uma pelada na beira do mar ao entardecer. E olha que eu não jogo bola.

Mas foram trinta minutos de uma partida maravilhosa, instrutiva, repleta de suave torpor de vinho tinto e sabedoria, uma goleada de bom humor e refinada ironia. Ao final do trabalho, me dei conta que o personagem que todos lembramos como irreverente, cruel e sarcástico, é na verdade uma rara fonte de conhecimento de cinema, teatro, literatura e cultura em geral. O resto é lenda.

Percebi entãoque não podia deixar passar a oportunidade de pedir um depoimento para o nosso Museu da Pelada, lembrando suas participações históricas nas narrações do Canal 100. Uma poesia do futebol brasileiro que todos guardamos na memória, mesmo aqueles que não jogamos futebol, mesmo aqueles que somos brasileiros pra lá um pouco da fronteira sul. Do sul do coração.

VASCONHA


Nada passa batido diante dos olhos de lince do nosso câmera Guillermo Planel. No dia da apresentação do atacante Luis Fabiano, quando gravava imagens para um projeto pessoal, flagrou a reunião de um grupo de vascaínos na Urca. Até aí, tudo normal, visto que o goleador foi recebido com muita festa pelos torcedores.

O que despertou a curiosidade de Guillermo, no entanto, foi uma das bandeiras do grupo, que estampava o nome da torcida “VASCONHA” e o rosto do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, padrinho do grupo vascaíno. Vale lembrar que, em 2014, Mujica legalizou a maconha em seu país, alegando ser uma maneira de lutar contra a economia do mercado negro.


Fomos pesquisar mais sobre a rapaziada do Vasconha e reparamos que a turma se diferencia das demais torcidas organizadas, a começar pelo número de integrantes que não chega nem perto do habitual. Contudo, é importante ressaltar que o grupo não tem a intenção de ser uma organizada e busca apenas torcer em paz, como podemos notar na descrição da página do Vasconha no Facebook: “Na varanda sagrada da Colina Histórica, surge uma amizade em prol do C.R. Vasco da Gama. A luta é pelo respeito à instituição. Nosso Padrinho é o Mujica!”.

Em um momento de grande discussão sobre a descriminalização da maconha, o grupo vascaíno parece ter saído na frente e levantou, literalmente, a bandeira. Você apoiaria tal iniciativa?