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Grêmio

TRICAMPEÃO, TRICOLOR, TRILEGAL!

por Mateus Ribeiro


O Grêmio conquistou a Copa Libertadores da América pela terceira vez. Um feito gigantesco, construído por um time sólido, focado, e comandado por uma pessoa que já era um monstro, e que agora se tornou uma lenda: Renato Portaluppi, também conhecido como Renato Gaúcho, como queiram.

Todos sabemos que o Imortal foi, é, e sempre será um dos times mais copeiros do Brasil. A mais nova conquista continental reforça essa teoria, e credencia o Tricolor como um dos únicos tricampeões da Libertadores, ao lado de São Paulo e Santos. Vale ressaltar, que ao lado do Santos, o Grêmio é o único brasileiro a conquistar a América em solo argentino.

O tricampeonato já seria digno de toda e qualquer honra, mas existe algo a ser louvado: as apostas de Renato e da diretoria. A começar pela própria contratação de Renato, que não estava entre os mais cotados no mercado, mas que sempre possui uma identificação gigantesca com o Grêmio. Indo na contramão da nova onda, Renato debochou na cara de toda essa geração “estudiosa”, que tenta transformar o futebol em um cálculo da Nasa. É óbvio, claro e evidente que Renato estuda (e muito) futebol. O ponto central reside no fato dele não precisar ficar de cinco em cinco minutos falando nas entrevistas como se fosse um físico nuclear. Com seu jeito falastrão, foi comendo pelas beiradas, e dando ao Tricolor dos Pampas um padrão tático de dar inveja.


Sobre as contratações, nomes como Bruno Cortês, Léo Moura, Edílson, Cícero, Fernandinho e Jael (O Cruel) estavam longe de ser primeiras opções nas listas de transferências de outros clubes no início do ano. O Grêmio resolveu investir. Deu muito certo. Como esquecer as atuações do critiado Edílson nas semifinais? Como apagar da memória o gol no primeiro jogo da final, na improvável assistência de Jael para Cícero?

Posso afirmar, com toda a certeza, que a conquista do Grêmio é uma vitoria do futebol brasileiro. Renato e seus (ótimos) jogadores mostraram para o Brasil todo que não é necessário gastar rios de dinheiro em jogador supervalorizado, ou que é necessário ser contaminado pelo vírus Guardiola. “Basta apenas” se focar e jogar futebol. E o Gêmio fez isso melhor do que qualquer outro adversário que encontrou no meio do caminho.

Desde Marcelo Grohe até Barrios, todos os jogadores cumpriram muito bem seus papéis. Desde os milagres de Grohe até o golaço de Luan na final, tudo foi perfeito nessa campanha.

O Grêmio é um campeão legítimo, gigante e digno de todas as honras.

Parabéns a todos os torcedores, que deram show, do primeiro até o último minuto. Parabéns para todos os jogadores, desde os consagrados, como Geromel e Luan, até os mais desacreditados, casos dos citados Cícero, Jael, Cortês, Léo Moura, Edílson, Fernandinho e Cícero, que tornaram esse sonho possível.


E o que dizer de Renato? O ÚNICO BRASILEIRO a conquistar a Copa Libertadores como jogador e treinador. Se Renato já merecia um busto, agora merece uma estátua. Você pode o chamar de marrento, fanfarrão, arrogante, usar o termo que desejar. Mas DEVE o respeitar. Tal qual o Tricolor, você também é um imortal agora, Renato.

Comemore, torcedor gremista. Que seja a pé, de carro, de avião. Vá até onde for, venha o que vier, mas esteja com o Grêmio, onde ele estiver.

Hoje, está no topo da América. Que daqui algumas semanas, esteja no topo do planeta. E aí sim, depois que o conquistarem, vocês podem acabar com o planeta.

Parabéns, Grêmio, por mais um capítulo em sua gigantesca historia!

Essa é a homenagem do Museu da Pelada para todos vocês!

ESPIONAGEM INDUSTRIAL

por Idel Halfen


Às vésperas da decisão da Copa Libertadores da América 2017 surgiu a notícia de que uma das equipes, o Grêmio, estava se utilizando de um drone para espionar os adversários, fato que causou certa comoção no meio esportivo. Aliás, uma semana antes a seleção de futebol de Honduras levantou a mesma suspeita em relação a da Austrália.

Vale ter em mente que a obtenção de dados secretos não se constitui uma ação criminosa e sim a forma como é feita essa captação. A falta de embasamento jurídico não permite que esse artigo tenha uma avaliação sobre esse caso, porém, é necessário ressaltar que a espionagem é muito mais comum do que se pode imaginar e acontece das mais variadas formas.

No varejo, por exemplo, é bastante usual encontrar encartes promocionais de diferentes redes com produtos coincidentes, o que é até normal já que esses costumam ter maior atratividade, no entanto, em muitas das vezes a divergência de preço equivale a R$ 0,01, isso mesmo, um centavo, o que não parece ser mero acaso. 

As desconfianças sobre o vazamento acabam recaindo mais fortemente sobre o próprio fornecedor ou sobre as gráficas que imprimem os encartes, o que não significa que o “espião” esteja restrito a esse universo. Na verdade, até as salas ao lado ou mesmo um integrante do próprio departamento pode ser o responsável pela “delação”.

Claro que nesse caso o estrago não é tão grande assim, contudo, existem situações em que só restam os tribunais como destino.

Para ilustrar o assunto, alguns episódios serão citados, ressalvando, como foi escrito acima, que a incidência de casos é bem significativa, apesar de poucas virem à tona.
No início desse século, a Procter & Gamble contratou uma empresa para espionar a Unilever nos EUA e foi descoberta após um dos detetives contratados ser flagrado revirando o lixo da concorrente. Nesse caso, o acordo para o pagamento de uma indenização de US$ 10 milhões evitou que o processo seguisse na Justiça.

Outro acontecimento emblemático se deu no mercado de brinquedos, onde a Mattel espionava a MGA através de pessoas que, com crachás falsificados, entravam nas instalações da concorrente para fotografar os produtos que seriam lançados. Com isso a Mattel, por ter uma estrutura maior, conseguia produzir e colocar mais rapidamente no mercado tais produtos, o que fazia parecer que ela que era copiada. Após ter sido descoberta, a empresa foi processada e condenada a pagar US$ 300 milhões.


Há ainda as ocorrências em que os próprios colaboradores passam as informações confidenciais para a concorrência, como aconteceu quando um funcionário da Gillette enviou um projeto para a Bic, que reagiu devolvendo o material com uma declaração de que não é adepta desse tipo de prática.

Os três exemplos citados não dão margem a dúvidas quanto ao desvio de conduta por parte dos envolvidos, entretanto é importante que não se confunda “espionagem industrial” com “inteligência competitiva” sobre a qual escrevi um artigo – http://halfen-mktsport.blogspot.com.br/2011/11/inteligencia-competitiva.html. Ou seja, buscar informações sobre os movimentos da concorrência ou adversários é uma prática usual e perfeitamente aceita pelo mercado, a forma como essas são obtidas é que dão ao evento o cunho legal ou não da operação.

Voltando ao suposto drone, a surpresa do ato advém do uso da tecnologia, visto não ser inédita a utilização de “espiões” para a busca de referências. Devendo ainda ficar claro que tão importante quanto as informações é o uso que se dará a elas, alertando que na mão inversa pode haver um trabalho de contra espionagem para bloquear os acessos ou mesmo disponibilizar dados errados.

MICHEL, O LEÃO DA ARENA

por Anderson Gonçalves


Considerado uma das principais peças do time comandado por Renato Gaúcho, o gremista Michel, de 27 anos, precisou lutar muito para alcançar os dias de glória. Órfão de mãe, abandonado pelo pai, o craque passou a ser criado pelos avós maternos Ivonete e José.

Assim como os grandes talentos do futebol brasileiro, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, na Favela da Kelson’s, no Complexo da Maré e desde novo teve que aprender a driblar as dificuldades e marcar gols contra a desistência. Vale destacar, no entanto, o apoio dos avós, principais responsáveis por manter aceso o sonho do pequeno de se tornar um daqueles homens que tanto acompanhava na televisão.


Seus primeiros chutes na bola foram no próprio campo de terra batida na Kelson’s, onde aos 15 anos já jogava no meio dos adultos, enfrentando entradas violentas nas peladas que rolavam todos os domingos pela manhã. Vestia a camisa do Renegado, por onde conquistou seu primeiro e inesquecível título, e como em todo campeonato que se preze, os campeões levaram uma quantia em dinheiro e converteram em uma churrascada com refri e cerva.

Diferente dos tempos atuais, no Grêmio, nos campos de terra batida na Kelson’s, Michel gostava de atuar como meia-atacante.Sua referência era o Berg (exjogador da Portuguesa-RJ) e o Nem (outro peladeiro bom de bola).

Hoje, com o sonho realizado, Michel é quem ajuda a família a ter uma vida melhor. Tirar os avós da comunidade da Penha, onde cresceu, é tarefa praticamente impossível. Mas orgulha-se em dar conforto para aqueles que fizeram de tudo por ele, porque a realidade era complicada. O jogador não esconde que os recursos eram parcos e, por vezes, chegava a treinar com fome.


Cristão, Michel reconhece que toda glória conquista até aqui é permissão de Deus. Para quem não acompanha e acha que a vida sempre lhe sorriu, precisa conhecer a trajetória do menino que superou uma série de desafios para se firmar. Hoje ele colhe os frutos plantados anos atrás.

Da Kelson’s para o Grêmio, Michel, o Leão da Arena!

NO TÁXI, COM PSG E FOGÃO

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


(Foto: Nana Moraes)

Bastou eu entrar no táxi e o motorista foi direto ao assunto: “E, aí PC, o PSG vai bem na Liga dos Campeões, Neymar vai ter vida fácil?”. Pode anotar, vida fácil não terá. O PSG nunca venceu uma Liga e o Neymar terá um desafio maravilhoso pela frente. Olha, eu adoraria estar no lugar dele.

É bom demais jogar uma Liga, ainda mais com a chance de conquistar um primeiro título. Mas o garoto tem estrela e talento. Não viram na Olimpíada? Essa chave será muito equilibrada porque tanto o Emery, técnico do PSG, quanto o Ancelotti, do Bayern, gostam de jogar mais defensivamente, por uma bola.

E o time do PSG está em formação. O Di María não fará falta porque o Mbappé é ótimo jogador. O PSG tem que entrar em campo sabendo que não é o Barcelona.


O Campeonato Francês regula com o deles, podem acreditar. O inglês, espanhol, italiano e alemão estão bem à frente. Até o português tem tido bons jogos. Mas torço demais para que o talento de Neymar supere esses ferrolhos.

Acho que respondi, mas antes de terminar a corrida o motorista quis saber do Botafogo x Grêmio.

Os dois têm perdido tudo nesse ano, mas acho que dá Botafogo, apesar de Luan (que só joga na volta) ser um excelente jogador.

Gostava do Grêmio treinado pelo Roger justamente por fazer o time jogar, tocar a bola. São os treinadores que jogam por uma bola que estão enfeiando cada vez mais o nosso futebol e, por isso, se o Botafogo não se acovardar como fez com o Flamengo, pode sair vencedor.

DAVI CONTRA GOLIAS

por Marcos Vinicius Cabral e Rafael Evangelista


Há uma passagem na Bíblia que conta a história do povo israelita e do filisteu.

Nela, havia um gigante filisteu, chamado Golias, que sempre zombava dos israelitas.

Fez isso por intermináveis 40 manhãs e 40 tardes.

– Escolham um homem para lutar comigo. Se ele vencer e me matar, seremos seus escravos. Mas, se eu vencer e o matar, vocês serão nossos escravos. Desafio vocês a escolherem alguém para lutar comigo – disse o gigante, desafiando o povo de Israel.

Indignado, Davi perguntou aos soldados:

– O que ganhará o homem que matar este filisteu e livrar Israel da vergonha?

– O nosso Rei Saul dará ao homem muitas riquezas e sua filha em casamento – disse um desolado soldado.

Mas todos os israelitas estavam com medo de Golias, porque ele era muito grande, com uns três metros de altura.

Ciente do desafio à frente, o pequeno Davi aceitou o desafio.

Com isso, alguns soldados foram contar ao Rei Saul, que Davi queria lutar contra Golias.

– Mas Saul, não pode lutar contra este filisteu. Você é apenas rapaz, e ele foi toda a vida soldado – alertou o Rei de Israel.

Com pequenos feitos, Davi respondeu:

– Matei um urso e um leão que haviam levado ovelhas de meu pai. E este filisteu será como um deles.

Diante da insistência do pequeno soldado, o Rei Saul desejou-lhe sorte.

E então, Davi se foi.

Desceu um riacho para apanhar cinco pedras lisas, que pôs na sua bolsa. Depois tomou a funda e foi ao encontro do gigante. Vendo Golias, quase não acreditou, tamanho o susto com seu tamanho.

– Venha para cá, eu vou dar seu cadáver às aves e aos animais – esbravejou o gigante filisteu.

Então, Davi correu em direção a Golias. Tirou uma pedra da bolsa, colocou-a na funda e atirou-a com toda a força. A pedra acertou em cheio a testa de Golias e ele simplesmente caiu, com o rosto no chão. Davi foi até Golias e, usando a espada daquele gigante, decepou a cabeça dele.  (1 Samuel 17:48-51)

Vendo os filisteus que seu campeão havia sido morto, todos fugiram. Os israelitas correram atrás deles e venceram a batalha.

E não seria exagero ressaltar, que alguns “Davis” vencessem alguns “Golias”, em confrontos inimagináveis.

Na Copa da Espanha, em 1982, quem depositaria alguma esperança de vitória na Itália de Enzo Bearzot, diante do Brasil de Telê Santana, que encantou o mundo?

Resultado: 3 a 2, com três gols do camisa 20 da Azurra, o carrasco Paolo Rossi.


Em 1989, quem apostaria no desacreditado Botafogo, na final do Campeonato Carioca daquele ano?

Resultado: Depois de uma fila de 21 anos sem títulos, o Botafogo se sagrou campeão carioca invicto, de 1989  em cima de um timaço do Flamengo que tinha Jorginho, Aldair, Leonardo, Zinho e Bebeto – todos tetracampeões – mais Zico. O gol salvador, e polêmico, do ponta Maurício, marcado aos 12 minutos do segundo tempo, deu o título tão sonhado à torcida do Fogão.


No Campeonato Brasileiro de 1992, os favoritos ao título eram Botafogo, São Paulo e Vasco.

O Flamengo, que contava com várias pratas da casa na competição, como Júnior Baiano, Gélson Baresi, Piá, Fabinho, Marquinhos, Marcelinho, Paulo Nunes, Djalminha e Nélio, enfrentava a forte equipe alvinegra, com jogadores experientes, e em grande fase, como: Renato Gaúcho, Valdeir, Carlos Alberto Dias, Válber e o zagueiro do Tetra, Márcio Santos.

Resultado: Com uma vitória maiúscula por 3 a 0 no primeiro jogo, com todos os três gols marcados ainda no primeiro tempo, e um empate em 2 a 2 no segundo, a equipe rubro-negra, sob a regência do Maestro Júnior, sagrava-se pentacampeã daquele ano.


E assim, com carreiras distintas fora das quatro linhas, quisera o destino, que o pequeno Davi (Jair Ventura), enfrentasse o Gigante (Renato Portaluppi).

Em jogo válido pelas quartas de final da Taça Libertadores da América, Botafogo e Grêmio se enfrentam na primeira batalha de um jogo de 180 minutos, e a luta é pela sobrevivência na competição. 


Só que dessa vez, o garotinho que tirou uma foto ao lado do ídolo na infância tem a chance de derrubar aquele que um dia lhe pareceu gigante, mas não usando uma pedra, e sim a cabeça; Jair é reconhecidamente, um dos melhores técnicos da nova safra de treinadores brasileiros, junto com Fábio Carile, Zé Ricardo e tantos outros ex-auxiliares que ganharam uma oportunidade como interinos e foram efetivados; Ventura tem como uma de suas principais qualidades, o poder de persuasão, tranquilidade e bom diálogo com os jogadores, fazendo ajustes precisos durante o jogo e, principalmente, no intervalo das partidas, fruto das anotações que faz no seu bloquinho.

O Botafogo vem embalado por uma vitória por 2×0 em cima de seu arquirrival, o Flamengo, e o Grêmio vem de derrota para o Vasco. A confiança é fator chave nesses momentos, e o Botafogo busca forças no bom retrospecto nessa edição da maior competição do continente.

Quem sairá vencedor nessa primeira batalha entre Davi e Golias? Vamos aguardar os primeiros 90 minutos desse jogo eletrizante!