por Marcos Eduardo Neves
Gilsão se foi. E com ele, parte da minha infância.
Quantas vezes o ouvi no rádio, atrás do gol, berrando no microfone:
“Ô, Bebetô! Ô, Bebetô!!! Para com isso…”
Eu jurava que Bebeto o ouvia.
Essa mágica que somente o rádio é capaz de criar com o imaginário popular, Gilson Ricardo dominava como ninguém. Era um mestre. Até hoje, até ontem esteve na ativa, quando um infarto fulminante em casa, aos 74 anos de idade, interrompeu tudo o que ele ainda nos daria de prazer nas transmissões de futebol Rio de Janeiro afora.
Gilsão, Gilsão…
Que orgulho ter participado contigo de um dos diversos programas que comandaste, o ‘Bola em Jogo’, na Super Rádio Tupi.
Ano passado mesmo, eu e Sergio Pugliese participávamos tendo esse prazer. Entrávamos por alguns minutos num dado momento chamado “Museu da Pelada”, mas no fundo, desde que nos encontrávamos na rádio era uma delícia degustar do seu excelente humor e o alto astral impagável. Ô, pessoa do bem. Iluminada.
Gilson Ricardo se foi me deixando uma última mensagem, faz onze dias:
“Irmão, o Fagner tá sabendo da morte do Roberto Dinamite?”
Respondi que “Claro! Quem não?”
Hoje coube a mim avisar o Raimundo mais conhecido do país da despedida do próprio Gilson. Que tanto viu no futebol, que tanto sabe de futebol, que tanto encanto emprestou ao futebol.
Um minuto de silêncio para quem nos fez sorrir tanto é muito pouco. Eu daria 45.
Com direito a acréscimos.