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Futebol arte

CINEFOOT EXTRAORDINÁRIO


Depois do sucesso da 7ª edição, em maio deste ano, o único festival de cinema de futebol do Brasil e pioneiro na América Latina está pronto para dar mais um show! Vem aí a edição especial, o CINEFOOT EXTRAORDINÁRIO, no Rio de Janeiro!


Com entrada franca em todas as sessões, os espectadores poderão assistir à 30 belos filmes oriundos de diversas nacionalidades, no Centro Cultural Banco do Brasil e no Centro Cultural da Justiça Federal. São 18 obras brasileiras e 12 internacionais, sendo 19 curtas e 11 longa-metragens. Vale destacar, no entanto, que as salas estão sujeita à lotação e as senhas serão distribuídas uma hora antes das sessões.

Enquanto no CCJF os filmes serão exibidos de hoje até o dia 13 de agosto, sempre às 19h, no CCBB, os espectadores poderão assistir de hoje até o dia 15, com sessões às 16h e às 18h! Barba, Cabelo & Bigode, de Lucio Branco; Fla x Flu 40 Minutos Antes do Nada, de Renato Terra, e Geraldinos, de Pedro Asbeg e Renato Martins, são apenas alguns dos filmaços que serão exibidos! Imperdivel!!

Veja a programação completa: http://www.cinefoot.org/programacao-cinefoot-extraordinario-rio-de-janeiro-2016/


Serviço:

CCBB-Centro Cultural Banco do Brasil-RJ: de 10 a 15 de agosto, às 16h e 18h, Sala 2.

Endereço: R. Primeiro de Março, 66 – Centro

CCJF-Centro Cultural Justiça Federal: de 10 a 13 de agosto, às 19h.

Endereço: Av. Rio Branco, 241 – Centro

Entrada Franca

ENSAIO MAGNÍFICO

Que o campo de futebol é um dos lugares mais democráticos do mundo todo mundo sabe! Mas o fotógrafo João Luiz Bulcão comprovou isso de uma forma sensacional! Com registros de tirar o fôlego, o craque fez um ensaio fotográfico mostrando a paixão dos brasileiros, que não medem esforços para praticar o futebol. Nos cliques do experiente fotógrafo, todos os personagens têm apenas um foco: a bola. Dentre eles, estão homens, mulheres, índios, negros, brancos, idosos e jovens jogando ou torcendo em lugares variados, comprovando que o campo é mesmo para todos, sem exceção!

Morando na França desde 1997, Bulcão sempre aproveita suas viagens ao Brasil para registrar momentos relacionados ao futebol em diversas regiões do país. Grande parte desse trabalho, no entanto, foi feito nos anos precedentes a 2014, data em que seu livro estava previsto para ser lançado, na França. Mas, por uma questão editorial e pessoal, o lançamento acabou não acontecendo e a nova previsão passou a ser para a véspera da Copa de 2018, na Rússia.

 Por ter sete escritores e um fotógrafo, a obra vai se chamar 7×1. De acordo com o autor, o livro de fotografia será acompanhado de estórias baseadas na paixão eterna do brasileiro pelo futebol e que vão muito além do placar humilhante imposto pelos alemães na ultima Copa do Mundo.

 Há 29 anos na profissão, Bulcão começou na Revista Manchete e passou pela Revista Veja, antes de se mudar para Nova Iorque, em 94, onde trabalhou na agência de fotojornalismo Gamma-Liaison. Em 97, chegou a Paris e ficou até 2003 na agência Gamma. Depois disso, virou freelancer e correspondente, em Paris, da agência americana Polaris Images, com reportagens geralmente voltadas para a temática social e econômica. Parte de seu trabalho está nos arquivos das agências Pulsar e Tyba, que o representa no Brasil. Além disso, tem projetos documentais relacionados ao futebol e à Amazônia. 

Para saber mais sobre o fotógrafo, acesse o site: www.jlbulcao.com

MINHA HISTÓRIA DE AMOR COM O FLUMINENSE

por Taílton Menezes


Amanhã, dia 21 de julho, às 17h, o parceiro Taílton Menezes lança o livro “Minha História de Amor com o Fluminense”, na Casa de Cultura na Praça de Itaboraí.

Confira o depoimento do ex-jogador sobre a obra:

Cheguei no Fluminense em 1970, disputei um torneio início de um campeonato de Dente de Leite em Niterói, pois jogava no Manufatura, e fomos campeões. Lá estavam dois diretores do departamento de Futebol do Fluminense que me viram jogar e foram imediatamente no vestiário para me chamar para treinar no Fluminense. Para a surpresa de todos foi a maior alegria em minha vida! Disputei em 1973 o primeiro campeonato pelo Tricolor das Laranjeiras e fomos campeões invictos. Em seguida, disputamos o Campeonato de 74 e, novamente, fomos campeões. Ao fim da competição, o Departamento Autônomo do RJ convocaria sete jogadores do Fluminense para a Seleção Carioca do Rio de Janeiro, mas o Presidente do Flu disse para a Federação que se não fosse o time todo não iria ninguém, pois fomos campeões invictos e todos do time mereciam ir. Em 1975, no entanto, aconteceu uma  grande tragédia em minha vida. Fiquei diabético, tendo que abandonar minha carreira no futebol. Sem dúvida, a maior tristeza da minha vida. Agora escrevi uma autobiografia que conto toda minha história de vida com a saída do Fluminense e a continuidade que dei no meu futebol como amador aqui em Itaboraí. Até hoje estou diabético, tomando insulina controladamente. Apesar de tudo, aprendi, com tanto sofrimento que tive com esta doença, a cuidar e viver com ela.

​THOMAZ MAZZONI E O 7 A 1

por Cesar Oliveira


Para a Copa de 1938, a seleção brasileira reuniu uma penca de craques de alta estirpe. E foi uma Copa de estreias.

Era a primeira vez que o “Scratch” comparecia com força máxima, com a nata dos nossos craques, com destaque para Domingos da Guia, Leônidas da Silva, Batatais, Tim… sobravam craques.

A primeira irradiação ao vivo para o Brasil, e o lendário Gagliano Neto sendo o principal nome do rádio esportivo sul-americano presente ao torneio.


Thomaz Mazzoni (Foto: divulgação)

A primeira vez que uma delegação de jornalistas comparecia a um megaevento. Thomaz Mazzoni era um deles, trabalhando para “A Gazeta”!

Foi a Copa que apresentou Leônidas ao mundo. A Copa do famoso pênalti de Domingos em Piola. O terceiro lugar deixando os torcedores em polvorosa, recepção de heróis na volta ao País.

Mas as coisas não foram tranquilas na terra da baguette. Apesar das boas atuações, a imprensa desancava a Seleção. E Mazzoni, conservador e nacionalista, não gostava nada disso: “Infelizmente, nossos craques se deixam explorar pela imprensa que vive de sensacionalismo barato, único meio de conquistar leitores” – escreveu na ‘Gazeta’.

Na volta, registrou sua indignação com os coleguinhas no livro “O Brasil na Taça do Mundo, 1938”. Como registrou André Ribeiro no seu blog Literatura na Arquibancada, “(…) Mazzoni sempre foi extremamente crítico em relação aos seus colegas de profissão”.

Em 1939, aproveitando o sucesso brasileiro na Copa, publicou uma série de artigos na “Gazeta”, com o título “Problemas e Aspectos do Nosso Futebol”, onde falava do atraso da imprensa esportiva, que não teria abandonado os vícios do extinto regime amador.

Parece não ter ficado satisfeito. Tanto que em “Flô, o goleiro ‘melhor do mundo’” aproveitou o romance para, por baixo do enredo com jeitão de água com açúcar, desancar a estrutura do nosso futebol, as relações estranhas de imprensa e jogadores, escalações de árbitros arrumadas em gabinetes de federações, torcedores cornetando jogadores etc


Capa do primeiro romance esportivo do Brasil

“A imprensa esportiva é quem faz o choro, cria rivalidades e às vezes ódios, mesmo porque o choro não é mais do que um desabafo da paixão bairrista, e que quanto mais se alimenta, mais cega fica”.

“Flô, o goleiro ‘melhor do mundo’” foi lançado em 1941, às expensas do autor, já um jornalista admirado. A leitura que se faz hoje dele, 75 anos depois do lançamento da primeira edição, ajuda a entender o futebol brasileiro. Muito antes do 7 a 1, já cometíamos erros.

Mazzoni formou com Cásper Líbero uma parceria que dominou a imprensa esportiva. Promoveu eventos de vários esportes. Escreveu sobre hóquei e ciclismo, criou bordões e apelidos para clubes e clássicos. Marcou seu nome.

UM LEGADO ÀS FUTURAS GERAÇÕES

Foi André Ribeiro, biógrafo de Telê Santana e Leônidas da Silva, autor do excelente “Os donos do espetáculo: histórias da imprensa esportiva do Brasil” (Terceiro Nome, 2007) quem me apresentou à família de Mazzoni. E, por generosidade deles, tenho a honra de empreender o projeto de reedição das obras de Mazzoni, um legado às futuras gerações de pesquisadores do futebol brasileiro.

Por ter, também, os direitos das obras de Milton Pedrosa, da Editora Gol, decidi reunir esses primevos textos clássicos da literatura de futebol em nosso País na Biblioteca Digital do Futebol Brasileiro, reunindo em cinquenta e-books, a serem lançados até o inicio da Copa da Rússia, em 2018.

No acervo de Pedrosa, uma inédita carta dele para Mazzoni, em que o jornalista rio-grandense do norte agradecia a “dica” do ítalo-paulistano, de que “livros de futebol não vendem muito bem no Brasil”.

Deve ser por isso que Pedrosa registrou, na orelha de “A hora e a vez de João Saldanha” (Editora Gol, 1969) que “não temos tradição de leitura de livro sobre assuntos de futebol, como de esportes em geral”.

Aos que me perguntam – ou estranham… – o motivo pelo qual edito futebol, respondo como Pedrosa (na mesma “orelha”): “(…) com o objetivo de suprir os que não desejam ignorar o que se passa no mundo do futebol”.

A MODERNIDADE NA LITERATURA

A Biblioteca Digital do Futebol Brasileiro, iniciativa da livrosdefutebol.com, tem a intenção de proporcionar, a quem deseja conhecer e pesquisar as origens do nosso futebol, as ferramentas necessárias para fazê-lo com qualidade.

A proposta é reeditar toda a obra de Mazzoni e Pedrosa em e-book. O chamado “livro eletrônico” é, a nosso ver, a melhor maneira de editar o que chamado de “experiência ampliada”. Senão, vejamos:

E-books contornam a necessidade do investimento em papel. Reza a lenda do meio editorial, que editores se suicidam pulando do alto da pilha de encalhes.

E-books nos resguardam do hábito prejudicial adotado por algumas livrarias, de fazerem compras pontuais, às vezes de um único exemplar, para pagar em noventa dias.

E-books permitem atualizações constantes, deixando nas mãos dos leitores sempre a versão mais nova das informações.

E-books permitem a utilização sem limite de links externos – que chamo de “pés de página eletrônicos”, extensões do texto para outros textos e imagens, vídeos e áudios, podcasts e mapas, imagens animadas etc.

Aos clássicos Mazzoni e Pedrosa, vou reunir o que chamo de “clássicos contemporâneos”, os textos de pesquisadores e jornalistas, historiadores e autores dedicados à literatura de futebol.


É assim que reeditaremos toda a obra das duplas Roberto Assaf & Clóvis Martins, e Alexandre & Mesquita e Jefferson Almeida. Que lançaremos os 19 volumes de “Ídolos: dicionários dos craques do futebol brasileiro”, de André Felipe de Lima. Que lançaremos os novos livros que estão em gestação, sempre com uma pegada na história, nas boas biografias, nos estudos técnicos do nosso futebol.

É com alegria que recebemos a adesão de cronista Claudio Lovato Filho e do ex-jogador Humberto Rêdes Filho. E estamos de portas abertas para todos os que compartilhem nosso amor à literatura de futebol e à qualidade dos bons textos.

Que role a pelota!

Se tiver alguma dúvida ou sugestão, fale comigo:
(21)988-592-908 ou livrosdefutebol@gmail.com. Esse celular é Vivo e tem WhatsApp.

 

UMA VAQUINHA PRA TOCAR O PROJETO

O trabalho da Biblioteca Digital do Futebol Brasileiro me fez lembrar a analogia com os icebergs. Nada mais apropriado nesses tempos em que a Islândia sacodiu o mundo do futebol.

Do iceberg, você só vê a pontinha. Abaixo da linha d’água, um mundo. Fazer livros é assim. O que o leitor recebe nas livrarias e e-readers é só a pontinha do trabalho em que nos envolvemos desde que os autores entregam seus originais.

No caso da recuperação de textos históricos, livros às vezes em mau estado de conservação, o trabalho é enorme. É por isso que a Biblioteca precisa contar com a ajuda de quem acredita no que acreditamos.

Para desenvolver o projeto da Biblioteca Digital do Futebol Brasileiro com qualidade, precisamos contar com a ajuda de colaboradores, até com a aquisição de alguns equipamentos especiais para recuperar os textos a partir de documentos históricos, que precisam ser preservados de danos.

Sabia que a luz dos scanners rouba alguns anos de vida de documentos históricos? Que preservar livros de papel em cidades como o Rio de Janeiro – calor, umidade e maresia – é extremamente complicado?

Por isso, pedimos e contamos com o seu apoio, nessa época complicada, em que as leis de incentivo deverão ser suspensas até que as coisas se arrumem.

Para saber como contribuir com a Biblioteca Digital do Futebol Brasileiro, você pode saber mais da gente em https://goo.gl/uVn2RW e fazer parte do nosso time no Apoia.se — https://apoia.se/livrosdefutebol.

Com contribuições recorrentes e mensais entre R$10 e R$100, você ajuda a recuperar e preservar a memória do futebol brasileiro.


 

REVOLTA DOS PINDORAMAS

por Flávio Carneiro


Na última crônica, falei da inesquecível peleja entre o Pindorama (seleção brasileira de escritores) e os coleguinhas alemães, durante a Feira do Livro de Frankfurt, em 2013. Sem técnico, sem treino, e jogando contra um time com estrutura de profissional, não tivemos a menor chance: 9 x 1.

O projeto previa não apenas a publicação de nossos textos sobre futebol, em edição bilíngue, as leituras em público e o jogo em Frankfurt. Haveria tudo isso em dose dupla no ano seguinte, em São Paulo.

Pouco depois do massacre de Frankfurt, convocamos uma reunião com Stefanie Kastner, do Instituto Goethe, idealizadora e coordenadora do projeto. Estávamos à beira de um motim. A reunião foi para comunicar que não faríamos a segunda parte se não atendessem às nossas reivindicações

Queríamos mudança já! Primeiro, reforços! Segundo, um técnico. E pelo menos um jogo-treino por mês, até o dia da partida.

Stefanie ouviu tudo, segurando o riso. Depois disse, quase séria:

– Mas gente, o importante são os textos. E esse encontro entre escritores dos dois países. Criamos até um blog pra vocês. O jogo é detalhe.

– Ah, é? Vocês combinaram com os alemães que o jogo é detalhe? – falei, com apoio dos companheiros escritores em luta!

Stefanie atendeu a todas as nossas solicitações, na reunião que entrou para a História como “A revolta dos pindoramas.”

O jogo aconteceu pouco antes da Copa. Traçamos uma estratégia de guerra, que começava com o grupo carioca levando os alemães para tomarem todas e mais algumas pelos bares do Rio, alguns dias antes da partida. Por pouco não acabam com o estoque de cerveja, caipirinha e feijoada da cidade. 

Na véspera, já em São Paulo, foi a vez de o grupo paulista entrar em cena. O problema é que alemães bebem muito e não ficam com barriga. Não sei se é um fenômeno que contempla apenas os escritores, o que sei é que eles beberam, comeram e fumaram demais (um cigarro atrás do outro), até de madrugada. O técnico deles foi encontrado no elevador do hotel, dormindo sentado, na manhã do jogo. Adiantou alguma coisa? Nada, os desgraçados parece que tinham passado a noite à base de chá e biscoito de água e sal. Fininhos, cara boa, cheios de disposição. Odiáveis.

No vestiário, alguém do time deles veio perguntar se já poderiam entrar em campo. Sim, entraríamos em seguida. Eram dez da manhã e fazia um sol de rachar. Pois ficamos uma hora no vestiário, jogando conversa fora. E eles lá, batendo bola, impacientes. A todo momento vinham nos perguntar: e então? Já estamos indo, alguém respondia.

Começa o jogo. O Marcelo Moutinho anulava o artilheiro deles. O cartunista Junião (abrimos o leque, quadrinho e letra de música foram considerados literatura, claro), o jornalista Vladir Lemos e o poeta e craque nas horas vagas Bith dominavam o meio-campo. Otávio Jr. (escritor e livreiro do morro do Alemão, olha a ironia) infernizava a defesa adversária. O time todo estava jogando o fino. Final do primeiro tempo: 0 x 0.

Voltamos para o segundo e continuamos dominando. O problema é que o gol não saía, nem por decreto. 

Até que, no último lance do jogo, recebi uma bola açucarada do Edvaldo Santana, perto da área deles. Dali mesmo chutei, rasteiro. A bola, sabemos, também tem os seus caprichos. Aquela bateu na trave, passou por trás do goleiro e caiu nos pés do José Luiz Tahan. Era tocar e correr para o abraço. O Tahan não foi muito feliz na conclusão e a gorduchinha foi parar na arquibancada.

Jogo encerrado, 0 x 0. Ainda em campo, o goleiro deles me abraçou e disse, com um risinho cínico: “Sorry, my friend, God is German.”
    
Desculpe, meu amigo, Deus é alemão. Putz. 

 

Publicado em O Popular. Goiânia, 04/06/2016.