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Flamengo

PLANETA DO BEM

texto: Sergio Pugliese | foto e vídeo: Daniel Perpétuo

Se tem uma rapaziada que eu adoro é a do Planet Globe, capitaneada por Guaraci Valente, o Gaúcho, Cláudio Cunha, Paulinho “Meu Filho”, Heitor Martinez e Nicola Siri. Por que eu gosto deles? Por que é fácil gostar deles!!! Tudo bem que Nicola e Heitor quando entram em campo, se transformam, odeiam perder, viram outras pessoas. Mas atores vivem de se transformar em outras pessoas e nunca saberemos se aqueles semblantes de poucos amigos, dentro das quatro linhas, é real ou apenas a criação de mais um personagem. Já estive com eles em várias situações porque os atletas, além de bons de bola, praticam o futebol solidário, não nos moldes do tic tac barceloniano, com a bola passando de pé em pé, mas no sentido de amplificar campanhas do bem, arrecadar dinheiro, alimentos e roupas para salvar instituições e ajudar vítimas de violência ou catástrofes, como a de Mariana, em Minas.

–  Esse time é 100% coração – resumiu Gaúcho, o presidente.

O Planet Globe se transformou num case de sucesso na área de eventos porque não dá espaço para rivalidades e reúne no grupo atores do Globo, Record e SBT, e cantores de sertanejo, samba, rap, MPB e funk. E, juntos, todos fazem o que mais gostam: jogam bola e ajudam o próximo!!!! No aniversário de 120 anos do Flamengo, domingo passado, o Planet Globe foi desafiado para um amistoso, no Maracanã contra o máster rubro-negro, com Adílio, Andrade, Júlio César Uri Geller, Cláudio Adão & cia. Seria a preliminar do Mengão principal contra o americano Orlando, de Kaká. O Museu da Pelada foi convidado e chegou cedo para não perder nenhum detalhe, da chegada ao estádio, vestiário e entrada no, ainda, monumental Maracanã!!!

– Olha ali o Nunes e o Rondinelli – vibrou o tricolor Daniel Oliveira, videomaker de nossa equipe.

Ele tricolor e eu vascaíno. Não sei se por pegadinha, Gaúcho avisou que teríamos que vestir o manto sagrado do Mengão se quiséssemos prosseguir na cobertura. Topei porque ele é mais vascaíno do que eu e a causa era nobre. O Daniel também não correu. De cara encontrei Frederico Luz e Marcio Mac Culloch, o primeiro diretor e o segundo gerente de Comunicação do Flamengo. Ambos sabiam meu time de coração e, claro, gargalharam.

– Fotografa ele – sugeriu Marcio.

– Isso é que é vestir a camisa pelo trabalho – brincou Fred.

Em seguida, apareceu o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, e antes de ouvirmos mais alguma gracinha emendamos numa entrevista. Humilde, o cartola disse que não jogaria para não ofuscar nenhum jogador do time principal.  Ainda bem que Nélio, Beto, Marquinhos e Djalminha não ouviram. Se bem que Djalminha reforçou o time do Planet, com Gasparetti, Diogo Nogueira, que tinha até torcida organizada, o galã Felipe Simas, Nicola Siri, Bochecha, Thiago Rodrigues, Leandrinho, do Bonde do Tigrão, o parceirão Rogê, entre outros.

– Quem se garante em jogar na lateral e marcar o Júlio César Uri Geller? – perguntou Gaúcho, pelo megafone.

Silêncio absoluto. Após repetir algumas vezes, sem sucesso, o técnico exerceu o poder do cargo.

– Gasparetti, você!!!!!

– Uiiiiii!!!!! A santa pirou???

O vestiário foi abaixo!!!! No fim das contas, escalaram o astro do funk, Nego do Borel, moleque arisco, velocista e gingado contagiante. Julio Cesar Uri Geller olhou para ele e preferiu nem calcular a diferença de idade entre os dois. Mas, peraí, o Maracanã é o palco de Julinho, onde ele entortou laterais consagrados e fez a torcida do Mengão muitas vezes reverenciá-lo. Resultado do desafio: Em menos de 10 minutos, Julinho aplicou um elástico em Nego, que o fez quase criar um novo passo de dança. Final, máster do Mengão 13 x 1 nos artistas, gol de Diogo Nogueira. Mas que fique claro. Não era o time titular do Planet Globe, bicampeão mundial e campeão sul americano de artistas. Mas a missão era exatamente a mesma: integrar, divertir, inserir e semear alegria e paz. Salve, Gaúcho!!!! 

Artistas da bola

Gostaria de evidenciar as belas jogadas de habilidade, plásticas, criativas e, às vezes, “irresponsáveis” como esta cobrança de shoot out do Bruno Maia, na final do segundo turno do Campeonato Carioca 2012, numa arena montada no Aterro do Flamengo. O gol ajudou o Flamengo a conquistar o returno da competição e, em seguida, disputar a finalíssima, com o Serra Macaense. Apesar de o Fla ter sido considerado o time a ser batido naquele ano, foi derrotado, também na disputa de shoot out. 

Este foi um dos momentos lendários do Fut7 carioca. Uma arena montada para 2 mil pessoas, no coração do Futebol 7 (society) do Rio de Janeiro, o Aterro do Flamengo, onde nasceram muitos craques das peladas cariocas e que começavam a se tornar os “profissionais” do esporte, que ali nasceu e se popularizou. Sem dúvidas um momento épico. Ah, sem contar que tivemos a final transmitida, ao vivo para todo o Brasil, em canal fechado! Ou seja, um dos maiores marcos da transição de um esporte de pelada para um desporto organizado, a caminho do profissionalismo.

Infelizmente temos tido pouquíssimas oportunidades de ver pinturas como estas no futebol profissional, estamos praticamente restritos a um ou dois jogadores, Neymar e Messi, quem sabe o Ibrahimovic. Já no Fut7, é praticamente uma rotina, temos verdadeiros craques que por algum motivo ou outro não se tornaram mitos como estes citados.

Não se trata de “puxar sardinha” para o esporte em que atuo, mas fazendo um paralelo ao antigo, velho e bom futebol, temos alguns exemplos que traduzem o que estou dizendo. Tivemos um dos maiores dribladores do mundo, chamado Garrincha, este que não atuou em categorias de base, saiu diretamente da várzea para o futebol profissional e conquistou o mundo com seus dribles fantásticos, que cansou de fazer nas peladas, assim como outros que a geração anterior a minha poderia citar.


E PARA FINALIZAR: parabéns ao Arousa, campeao carioca sub15, do craque Gabriel, acompanhado do paizao Marcelo Grisalho.

E PARA FINALIZAR: parabéns ao Arousa, campeao carioca sub15, do craque Gabriel, acompanhado do paizao Marcelo Grisalho.

O futebol se tornou um grande negócio, evoluiu em muitos aspectos, principalmente o físico e o tático, mas acho que até por conta disso deixaram de lado a liberdade individual que sempre nos ajudou a vencer as Copas do Mundo. Será que, se o Neymar não tivesse se machucado, teríamos perdido a Copa dentro de casa?

A mensagem que quero deixar é que ainda temos talentos de sobra, continuamos produzindo craques, o que nenhum outro país consegue, e aqui no Fut7 e nas peladas do Rio de Janeiro, estamos cheios deles. O bom e velho futebol não morreu, ele está aqui no Fut7 do Rio de Janeiro.

A bola da vez

:::: GALERA DO FUTEBOL 7, por Márcio Carrete


Os campeonatos, ultra organizados, atraem a atenção até de estrelas como Petkovic, segurando a taça de mais um título do Mengão.

Os campeonatos, ultra organizados, atraem a atenção até de estrelas como Petkovic, segurando a taça de mais um título do Mengão.

Tenho o prazer de participar deste novo projeto do Sergio Pugliese, um grande peladeiro e jornalista (claro!), que me cedeu este espaço inaugural para contar a minha trajetória no desenvolvimento do Futebol 7. 

Para contextualizar o que representa o Futebol 7 hoje, precisamos voltar ao final da década de 1970, quando se popularizou a prática do que ficou conhecido como futebol society, ainda na minha infância. As grandes proporções de um campo de futebol é a provável vilã deste nascimento. Muitos clubes, escolas, condomínios e praças não tinham como comportar a dimensão oficial, e teriam trabalho demais para manter um gramado. Mas o brasileiro não deixaria de ‘pedalar’ por conta disso.

Os campos, então, se tornaram apenas campos, espaço onde se joga bola, onde qualquer um pode mostrar sua habilidade, ou a falta dela. No decorrer de 20 anos, assim foi, até a tecnologia nos brindar com a, agora popular, grama sintética. E no fim da década de 1990, alguns campeonatos foram ficando mais encorpados, com times com uniformes exclusivos e até premiação em dinheiro. Niterói, minha cidade, viu nascer uma liga organizada, que chegou a ter três séries (Ouro, Prata e Bronze), e bastante engajamento.

Resolvi tomar a iniciativa de criar a Federação de Futebol 7 do Estado do Rio de Janeiro, com a finalidade de consolidar a modalidade mais praticada no país, dar padrão, e trazer as grandes camisas para este cenário. E foi em 2011 que consegui, junto com a equipe da FF7ERJ, fazer o primeiro Campeonato Carioca com os grandes clubes do Rio de Janeiro. Desde então, conseguimos montar arenas na praia de Copacabana, na Apoteose, no Engenhão, um exemplo do reconhecimento do trabalho e da modalidade.

Sem esquecer os clubes menores, muito pelo contrário. Estes vivem o Futebol 7, querem evoluir na modalidade e querem ajuda para achar um caminho dentro das atividades esportivas que o clube fomenta e ensina. E é claro que a garotada do país do futebol não quer saber de outra coisa. É bom lembrar que garotada também inclui as meninas, que hoje representam uma fatia importante do público praticante. 

O Futebol 7 é a possibilidade do peladeiro colocar o coração na ponta da chuteira, se divertir e também jogar sério, relembrar do sonho de criança ou acalorar o sonho da criança, imaginar uma arquibancada lotada gritando seu nome, botar a criatividade em campo, suar a camisa, e levar uma vida mais saudável, por mais que role uma cerveja depois.

Essa é a motivação que me leva a traçar tantos planos para o cenário do esporte, que o Pugliese, mais um amigo que a pelada me deu, tanto ajuda a divulgar e disseminar. Já adianto que, em 2016, teremos novidades como o Rio-São Paulo e o Mundial de Clubes. É o rumo que o nosso esporte está apontando.

Desejo que o Museu da Pelada voe por ares cada vez mais altos, e que a Federação que represento possa colaborar tantas vezes quanto for preciso e possível, assim como eu também, Márcio Carrete.



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MÁRCIO CARRETE é presidente da Federação de Futebol 7 e atualmente é o camisa 10 do DM (Departamento Médico).