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Flamengo

HERÓIS DOADORES

por Gerson Tzaravopoulos Gomes


Nosso parceiro, Gerson Gomes fez um gol de placa! Depois de perceber um grande déficit nos Bancos de sangue do país, começou a dirigir uma campanha chamada Heróis Doadores, que correrá todo o Brasil e consiste em incentivar a população a doar sangue.

Iniciada em Natal, no dia 14 de junho, a campanha conta com o apoio dos craques Zico e Júnior, que gravaram vídeos em prol da iniciativa. 

– Quem tem muito tem que dar a que tem pouco! Já dizia minha mãe! – reforçou Júnior.

Neste domingo, as ações serão no Estádio das Dunas, onde Flamengo e Fluminense se enfrentam às 16h. Vale destacar que o rubro-negro apóia a campanha e, antes da partida de hoje, a equipe entrará em campo com a mascote da campanha: a menina Duda, curada de Leucemia há um ano. 

Além disso, o Flamengo doará uma camisa autografada pelos jogadores para sortear entre os doadores, estenderá a faixa da campanha no centro do campo e os vídeos de Zico e Júnior apoiando a campanha será exibido nos telões. 

O próximo passo é trazer a iniciativa para o Rio de Janeiro. Atualmente, o número de doadores no Brasil está abaixo de 2%. O ideal é que 4% da população doe sangue regularmente! Vamos chegar lá!!

 

GOLAÇO DE PET FAZ 15 ANOS!!

No dia 27 de maio de 2001, há exatos 15 anos, Petkovic cobrava uma falta com perfeição que ficaria marcada para sempre na memória dos rubro-negros!! Além de ter sido um golaço, a falta cobrada aos 43 minutos da segunda etapa rendeu o título do Campeonato Carioca em cima do maior rival!! A convite de Sergio Pugliese, o sérvio reviu seu épico gol de uma maneira curiosa!! Assine o canal do Museu da Pelada no Youtube e fique por dentro de todas as resenhas!!

ERA APENAS UM PINTO

por Zé Roberto Padilha

Desde os juvenis que jogadores de futebol tomam banhos juntos, após os treinos, em vestiários sem qualquer privacidade. Um zagueirão, que se tornou treinador, disse lá atrás para seus pupilos, em uma preleção, que “futebol é pra macho!”. Sendo assim, jamais foram construídos boxes para cada um preservar a sua intimidade. Diante deste “espetáculo” diário e ao vivo crescemos sem perceber nos banhos coletivos cores e tamanhos dos dotes de cada companheiro. Faziam parte da paisagem. Esqueci, tirem as crianças das bancas porque cenas fortes serão relatadas por aqui: era treinador do América FC-TR quando, aí sim, hierarquicamente, a Comissão Técnica esperava os atletas tomarem o seu banho quando, ao me dirigir aos chuveiros, uma sucuri, ou cascavel, foi tudo muito rápido, fez a curva pendurada no púbis de um atacante. Tomei, lógico, um susto, disfarcei, o máximo de pista que dei diante daquela cena de “Anaconda 4, a invasão do Tiezão”, foi passar a olhar com dó e compaixão a esposa do jogador. E acho que ela percebeu, ele era titular do time e deveria pensar: “Está com pena de mim porque este técnico ? Meu marido está jogando?”

Bem, eu jogava no Flamengo nesta época e havia um armário com escaninhos no vestiário onde guardávamos chinelos e toalhas para o banho. E bastou completar dois meses de trocas de roupas para um companheiro notar que o vizinho do escaninho ao lado só trocava a sunga escondidinho. Para isto, passou a observar que ele, o investigado, era o primeiro a chegar para o treino e o ultimo a sair dos treinamentos. Para a comissão técnica era um exemplo, mas para uma classe que não tem mais o que fazer, que lia na concentração obras clássicas da literatura como Contigo, Amiga e Tio Patinhas, era um prato cheio de intrigas. E começaram as investigações para saber o que ocorrera com aquele pinto escondido.


A CPI, formada por dois zagueiros, um meio campo e um relator, notou que o portador das asas dentro da sunga (a novela da Globo era Saramandaia e seres alados estavam na moda) descia do setor 4 das cadeiras do Maracanã para os vestiários antes de todo mundo. E combinamos com o roupeiro para trocar a sua sunga com a de numero 5 do Merica, cabeça de área baiano e encrencado. Descemos todos juntos com ele que na chegada gritou: “Quem está com a minha sunga devolva! Tenho que jogar com ela. está rezada pelo Senhor do Bonfim!”. Nosso personagem não trocou, alegou já estar no aquecimento e quase saiu briga. Merica acabou jogando mesmo com a de número…. Ganhamos o jogo, mas o mistério já ganhava proporções. Reuniões foram realizadas, estratégias montadas. Sobrou para mim a tarefa de dividir e investigar o quarto em uma partida em Campinas, contra o Guarani. As apostas se dividiam e ganhavam os bastidores da boca maldita da Gávea: seria enorme que mal caberia na sunga ou imperceptível aos olhos igualmente nus? Quando o suspeito soube que era eu o escalado para dividir o quarto, berrou junto ao supervisor:  “Já tenho meu companheiro de quarto, estamos entrosados!”. O supervisor, já dentro do esquema e com apostas feitas e envolvido, disse que era para unir ainda mais o grupo. Nem eu acreditei.

À noite, deitado na cama do Hotel Vila Rica a cobrir os olhos com a coberta até o limite de uma brecha na visão, esperei que saísse do banho e… ele entrou com a toalha e tudo dentro da sua coberta e realizou a troca pelo pijama. Quando cheguei para o café da manhã, uma multidão aguardava o resultado da CPI. Ao relatar o fracasso da missão, fui vaiado e substituído no cargo.

Nosso contrato estava acabando e a última esperança era contratar mesmo uma Maria Chuteira, que ficavam nos esperando na saída, e escolhemos uma daquelas popuzadas. Tipo das preferidas do Adriano. Ela concordou em participar da trama, lhe pediu carona à saída do clube, ele foi gentil e a deixou em casa. Era fiel e ficamos todos sabendo pelo seu relatório no treino seguinte. Saí mais tarde do Flamengo e quando os membros da CPI se encontravam, em clássicos pelo país, a pergunta era a mesma com o passar dos anos e dos clubes: “E aí? Descobriram?”

Tempos depois ficamos sabendo que ele casou, teve filhos, nenhum deles chegou a voar, é feliz e nunca precisou de psicólogos. Enfim, que era normal, ao contrário da gente, jogadores de futebol que aprendemos uma outra lição. Que precisamos estudar, cuidar da própria vida e carreira no lugar de ficar tomando conta das intimidades alheias. Afinal, era apenas um outro pinto que passou nos vestiários de nossas tolas vidas e que a futilidade nos deixou levar. 

PARABÉNS, BENONES!

Hoje é aniversário do nosso seguidor Benones Souza! Torcedor fanático do Paragominas F.C., o Jacaré do Norte, e apaixonado por futebol, o paraense nos deu uma moral absurda enviando diversas fotos para o acervo do Museu da Pelada. Entre elas, destaca-se a do craque Zico, seu ídolo, vestindo a camisa do Paragominas. Vale destacar que a equipe foi criada apenas em 2012, mas já chegou à decisão do Campeonato Paraense e conseguiu a inédita classificação para a Copa do Brasil de 2014.

Além do novato time, que foi eliminado na semifinal do campeonato estadual, Benones também tem grande admiração por Flamengo e Paysandu. Apesar do rubro-negro carioca ainda não ter dado grandes alegrias neste ano, o mesmo não se pode falar do Papão. Somente no mês de aniversário de Benones, a equipe paraense conquistou dois títulos: o campeonato estadual e a Copa Verde, nos dias 7 e 10 de maio, respectivamente. Será que o torcedor imaginava que poderia receber presentes de aniversário tão prazerosos? Afinal de contas, nada deixa um torcedor mais feliz do que a conquista de um título.

Na Europa, Benones tem admiração pelo Barcelona. O clube catalão, aliás, pode dar mais um presente de aniversário para o paraense. Caso vença o Granada neste sábado, a equipe de Neymar, Messi e Suárez vai conquistar o título espanhol da temporada 2015/2016.

Para a festa de Benones ser completa, o Paysandu precisa vencer o Ceará e o Flamengo necessita conquistar os três pontos diante do Sport. Ambos os jogos serão às 16h deste sábado.

Valeu, Benones!

O dia em que quase desejei ser vascaína para agradar ao meu pai  – mas ele preferiu que eu fosse eu mesma

por Hérica Marmo


Houve um tempo em que eu achava besteira ter que torcer pro mesmo time do pai. Filha de uma botafoguense e de um vascaíno, minha primeira rebeldia foi me apaixonar pelo Flamengo. Logo o Flamengo. A ovelha-negra da família, dizem os primos alvinegros fanáticos. Ovelha rubro-negra, devolvo vidrada nas cores que me fascinam. Não foi capricho. Nem acaso. Apenas era muito complicado para os meus 6 anos só poder torcer para o Zico quando ele vestia verde e amarelo. Driblei o conflito interno e simplifiquei: meu time seria o que contasse com aquele camisa 10.

Na adolescência, quando o tema ainda era um tabu em casa, convenci meu pai a me levar pela primeira vez ao Maracanã. Em pleno domingo de clássico, propus a aposta que jamais poderia pagar: “Se seu time ganhar, eu viro Vasco”. Ele respondeu com uma piada que guardava um simbolismo que nem imaginávamos: “Não quero que você vire Vasco. Quero que você continue sendo Hérica”. Mas, empolgado com a excelente campanha do seu clube, que terminaria campeão brasileiro naquele 1989, resolveu pagar pra ver. “Vai que, né?”, deve ter pensado… Não deu… Quando subi as escadas e me deparei com a lindeza daquela arquibancada vermelha e preta, chorei de alegria e pertencimento. E rezei pra não perder a aposta. Recordar é viver: Bujica ouviu minhas preces, fez dois gols, ganhei uma camisa na saída do Maraca e nunca mais precisei esconder a minha paixão.

Meu pai pareceu levar na boa as duas derrotas. A partir daí, viramos rivais declarados. Mas, enquanto em mim o encanto pelo meu time só crescia, ele se envolvia cada vez menos com o dele (“Enquanto Eurico Miranda mandar, não quero saber de Vasco”, prometia). Mesmo assim, na contramão das estatísticas, eu me tornei minoria em casa: uma solitária rubro-negra contra dois vascaínos (meu pai e minha irmã) e dois botafoguenses (minha mãe e meu irmão). Acima de tudo, quatro fervorosos membros da torcida arco-íris. Não havia vitória do Vasco ou do Botafogo que os mobilizasse mais do que uma derrota do Flamengo. Quando o assunto era futebol, pegar no meu pé era o maior prazer da família.

Movida por essa certeza, comentei uma vez com o meu pai: “Você até gosta que eu torça pro Flamengo, né? Porque você adora implicar comigo quando eu perco”. Para a minha surpresa, ele desfez seu quase permanente sorriso e confessou com profunda tristeza: “Não, eu preferia que você torcesse para o mesmo time que eu”. Meu coração ficou pequenininho, mas já não tinha condições de voltar atrás.

Foi ali que entendi que herdar a paixão futebolística do pai não é besteira. Invejei todos os meus amigos que foram ungidos com essa benção. E fiz um acordo comigo mesma: se um dia tivesse um filho, eu o deixaria torcer para o mesmo time do pai, ainda que eu não tivesse competência para casar com um seguidor de Zico.

No papel de filha, consegui aplacar parte dessa frustração na Copa de 1994. Eu já morava em outra cidade e assisti aos primeiros jogos com os amigos da faculdade. Mas, quando Romário e cia chegaram à final, decidi ver o último jogo em casa. Meu desejo secreto: comemorar um título com o meu pai. Minha preocupação ainda mais secreta: meu pai se emocionar tanto com a vitória do Brasil e ter um infarto. Na minha cabeça maluca, eu tinha que estar lá para evitar que isso acontecesse. No momento em que Baggio chutou a bola pro alto, porém, o que fiz foi me jogar no pescoço do meu pai pra gritar junto com ele: somos campeões!!! Pela primeira vez, campeões ao mesmo tempo! Choramos abraçados e, se o coração dele realmente não aguentasse tanta emoção, a culpa teria sido toda minha.

Graças a Deus, salvo a minha neurose, ninguém estava doente. Com apenas 51 anos, meu pai gozava de plena saúde. O coração generoso, felizmente, continua batendo forte, agora, quando meu herói completa 73 temporadas de riso fácil, otimismo e respeito ao próximo.

Com a simplicidade de quem trocou a escola por uma boleia de caminhão, meu pai me ensinou que não precisa pensar igual para conviver bem com alguém. O futebol, claro, não foi o único campo da vida em que vestimos camisas diferentes. Mas em todas as vezes em que escolhi a arquibancada adversária, ele manteve o espírito esportivo. E eu aprendi a ter também.

Pai, desculpa pelo Flamengo e pelas outras decisões que causaram frustração. E muito obrigada por sempre me incentivar a ser tudo o que eu quis ser. Se o mundo fosse feito de mais pais como você, talvez não houvesse tanta demostração de ódio e intolerância por aí… Obrigada, obrigada, obrigada! Te amo!


Seu Ary e o seu sorriso indefectível