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Flamengo

SEM ROSTO    

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


(Foto: Nana Moraes)

A convocação de Diego, do Flamengo, é a maior comprovação do marasmo vivido por nosso futebol. Mas o que podemos esperar se no Brasileirão a artilharia vem sendo disputada pelos rodados Ceifador (é Ceifador, Gladiador, Pitbull, Hulk, He Man… estamos perdidos), Jô e Roger?

Reparem nos ídolos dos principais clubes. Ricardo Oliveira continua comandando o Santos, Fred e Robinho o Atlético, Nenê e Luis Fabiano são os ídolos do Vasco, Zé Roberto ainda disputa vaga no Palmeiras, Rafael Sóbis continua fazendo seus golzinhos no Cruzeiro, e Léo Moura e Cortês são titulares no Grêmio. Vão jogar até os 100 anos porque as bases desses clubes não são aproveitadas como deveriam.

Pouquíssimas novidades surgem. Santos e Fluminense ainda nos dão algumas surpresas e mesmo assim rapidinho se mandam para algum time de fora. Me digam, recentemente, qual o garoto fez sucesso ao sair do Brasil: Gabigol? Gerson, do Fluminense, daquela venda que virou empréstimo, uma confusão danada? Douglas, do Vasco? Agora vai o Wendel, do Flu, Vinícius Júnior, do Fla, e uma penca de tantos outros, que vão botar uma graninha para dentro e cair no esquecimento.


Gente, o Diego não está jogando mais do que o Everton Ribeiro, por exemplo. Sem qualquer tipo de provocação, mas ele não teria vaga, nesse momento, nem na seleção carioca. A convocação é para ficar bem com a torcida do Mengão? Porque com a do Corinthians nosso técnico está em dia, afinal até o Fagner tem tido chance.

Resumindo, o Diego vai juntar-se a Renato Augusto, Fernandinho e os Casemiros da vida e vamos em frente torcendo para uma seleção sem rosto.

PS: E o Rogério Micale, hein! Me engana que eu gosto….

UM POUCO DE CADA CAMISA 10 GENIAL BROTOU NO ALEX

por André Felipe de Lima


Desde pequeno, entre uma e outra pelada pelas ruas de Colombo, cidade próxima à Curitiba, Alex convencera-se de que seu destino era o futebol. Não sabia ao certo se gostaria de jogar bola na grama. A predileção era o asfalto. Mesmo assim, gostando ou não dos gramados, foi nele que se tornou ídolo de três grandes clubes brasileiros e de outro gigante do futebol turco.

Alex nasceu em Curitiba, às 2h20 do dia 14 de setembro de 1977, na Maternidade Santa Brígida, mas seguiu com os pais para Colombo ainda bem pequeno. Cresceu jogando bola nas ruas próximas à sua casa.


Enquanto os pais iam trabalhar, a zelosa avó materna cuidava do menino, para o qual a vida mostrava-se hostil. Toda a família vivia uma intensa dificuldade financeira. Alex, que muito aprendera com a luta dos pais, jamais percebera o vaticínio da certidão de nascimento: a corruptela do nome [Alexsandro de Souza] tem quatro letras. E quatro letras recheiam nomes [ou apelidos] de craques famosos, igual ao Dida, ao Pelé, ao Pita e ao Zico, principal espelho de Alex. “Esse é o meu ídolo”, dizia aos colegas, como se ele mesmo fosse o Zico. Em verdade vos digo: um pouco de cada um destes geniais camisas 10 renasceria em Alex.

Muita gente só se convenceria disso alguns anos depois. Alex percebera isso bem antes. Decidira que não faria outra coisa na vida. Ser jogador era uma escolha definitiva, embora uma convicção muito precoce para um garotinho que mal largara fralda e chupeta. E o colégio, como fica? Não ficou, embora Alex se esforçasse e mantivesse o desejo de um dia formar-se em Educação Física ou Psicologia. A bola, sempre ela, prevalecera.

“Desde pequeno meus pais me ensinaram a valorizar o estudo e fizeram questão absoluta que eu frequentasse a escola. Agradeço muito a eles por isso, pois sei que a escola ajudou a construir meu caráter e a me tornar um cidadão mais consciente. Só lamento não ter podido concluir o colegial [tive que parar quando estava no segundo ano], pois me profissionalizei muito cedo e ficou impossível conciliar futebol e colégio.”
Para redimi-lo, o inexorável fato é que desde cedo todo menino acredita ser craque. Tenho pena de quem disser o contrário para qualquer garoto que seja. Para quem furar uma bola por conta de um vidro da janela quebrado ou por implicância mesmo, só restará o castigo de Deus, que, em suas onipotência e onisciência, há de castigar também o menino que deixar de lado a sala de aula. Com irrepreensível Justiça Divina.
Quando esteve cara a cara com Argemiro Bueno, o professor Miro, da escolinha do Coritiba, Alex não tremeria. Estava preparado para uma peneira com cerca de 250 meninos para a qual foi levado por Silvio, seu colega e quase vizinho, que já treinava no Coxa.


Miro coçou o queixo e exclamou: “Joga muita bola!”. Para, em seguida, ponderar: “É bom, sim, mas ainda é muito cedo para o gramado. É muito mirrado para o futebol de campo.”
Alex, embora pequeno, conformou-se. Não gostava mesmo de grama. Queria apenas jogar bola. Só isso. Nada mais. Poderia ser no Coritiba, poderia ser em qualquer lugar, menos no Atlético. Sei lá. Aonde houvesse um espaço, com duas traves e uma bola para rolar, bastar-lhe-ia. “Depois da brincadeira, eu estava trocando de roupa para ir embora quando o prof. Miro, que comandava a peneira, chegou para mim e perguntou se não queria ir treinar futebol de salão na AABB [Associação Atlética do Banco do Brasil]. Ele foi até a minha casa e falou para o meu pai que eu ainda era muito novo para jogar no campo, mas disse que seria interessante que eu jogasse futebol de salão. Depois, quando tivesse idade suficiente, voltaria para o Coritiba.”

E lá foi Alex para o futebol de salão da AABB. Ali, foi crescendo e mostrando um domínio de bola incomum. Marcando gols em profusão. Fazendo mágicas dignas de um genuíno camisa 10.

***

O texto acima integra a biografia do craque Alex, que consta do I volume (a Letra “A”) de “Ídolos – Dicionário dos craques do futebol brasileiro, de 1900 aos nossos dias”, com lançamento previsto para este semestre. A enciclopédia, que consiste em 18 volumes, está sob a edição do querido Cesar Oliveira.

A propósito, leiam a excelente biografia do Alex assinada pelo Marcos Eduardo Neves.

MALDITO TIME MISTO

por Zé Roberto Padilha


Zé Roberto Padilha

Pior do que torcer por um time ruim é torcer por um time misto. Você não é Corinthians, nem Grêmio, a brigar pelo título, muito menos é Atlético Goianiense ou Avaí, que vão lutar toda semana para não cair. Seu time é o Avarinthians. Um misto entre o líder e o lanterna da competição que vai entrar em campo todo semana para te decepcionar. Este time, frio, misto e mal calculado, entrou ontem no Engenhão contra o Botafogo vestindo a camisa do Flamengo.

Sem o Diego e o Réver da Fiel, mas com o Rômulo e o Matheus Sávio do sul, segundo meu filho rubro-negro, nem deu para torcer. Tão apáticos e fora do lugar, mal tiveram como lutar. Porque se tem algo no futebol que não está à venda é o entrosamento. E ontem ele faltou ao Flamengo. Que escalou o entro e deixou o samento no banco de reservas. O juiz da partida poderia até autorizar que subisse a placa de 24 horas de acréscimo que Éverton Ribeiro, já entrosado com Diego e William Arão, com a proteção de Márcio Araújo, ainda pediria mais um dia para se entender com um tal de Geuvânio. Sabia que tinha um chamado assim que jogava, e muito, no Santos, mas o que o Flamengo comprou e escalou ao seu lado nem chega perto.


Mas Zé Rueda, o treinador misto de um técnico que montou o grupo e outro que chegou no fim pedindo informações ao Jayme de Almeida para conhecê-lo, embolou as figurinhas. E mandou a campo um Flamengo completamente desentrosado. Porque quando resolveu esquentá-lo no microondas com Berrio, Arão e Éverton, o Botafogo já estava aquecido. Desde o início. E aí já era tarde e o que restou foi a luta isolada do Guerrero. Este sim, já veio esquentado na embalagem, não há zaga ou companheiros ruins que conseguem esfriá-lo. E luta do começo ao fim.

Sou do tempo que as equipes tinham um time titular. E seu time reservas. Os melhores jogavam, os outros aguardavam a sua vez. Campeonato Brasileiro da Série A não é laboratório para ver o que vai dar com Cuellar, Rômulo, Matheus Sávio e Geuvânio. É algo sério, valendo vaga na Taça Libertadores, que poderia ter se aproveitado das derrotas dos líderes e até brigar pelo título. Mas preferiram, os sábios da cozinha, poupar os titulares e escalá-los em um jogo treino contra o Volta Redonda. Deve ter razão o Zé Rueda, jogando daquele jeito em breve irá mesmo enfrentá-lo valendo uma vaga no G4 da Série B.

OS 45 ANOS ME LEMBRAM OS 43 MINUTOS

por Marcos Vinicius Cabral

O domingo tão aguardado, havia enfim chegado.

Na redação do jornal O São Gonçalo, estava eu fazendo charge (ou tentando fazer) naquele domingo, o que era uma tarefa não muito fácil.

Como de costume, em ocasiões especiais, eu sempre fazia duas charges, pois Flamengo e Vasco decidiam o Campeonato Carioca naquele ano de 2001.

Enquanto o Flamengo decidia pela terceira vez consecutiva contra o Vasco, para saber qual o melhor time do Rio de Janeiro (havia ganhado as últimas duas), o tricampeonato seria muito bem-vindo.

Com um super time, o Vasco era favorito e após vencer o primeiro jogo por 2 a 1, era (quase) certo que São Januário receberia mais um troféu de campeão carioca.

Com isso, o time rubro-negro, dirigido por Zagallo, precisaria vencer por dois gols de diferença.

Confesso que naquele 27 de maio de 2001, havia em mim um certo ceticismo, mesmo com meus 28 anos de idade e com tantos títulos já comemorados.

Mas aquele campeonato era muito difícil, convenhamos!

Após descer os nove andares – já que o elevador demorava muito – do prédio do relógio, tradicionalmente conhecido aqui em Alcântara, fui já pegando meu vale-transporte, que era ainda em papel e me encaminhei para o ponto de ônibus.

No trajeto, carros buzinavam fazendo um grande estardalhaço e a maioria deles, com bandeiras cruzmaltinas nos tetos dos veículos, que tremulavam.

Nas janelas dos prédios, os gritos de “é campeão, é campeão!”, me chamavam atenção e corroboravam com a certeza da vitória.

Nas esquinas das ruas que antecediam o lugar onde pegaria meu ônibus, o vento soprava os papéis para longe de mim, demonstrando com isso a pocilga deste tradicional bairro da cidade de mais de um milhão de habitantes.

Já dentro do ônibus, meu celular toca e do outro lado da linha era Wellington querendo saber se eu assistiria o jogo no bar de Paulo, lugar sagrado dos flamenguistas nas vezes em que o “Mais Querido” jogava.

Lembro que respondi sim, mas a verdade é que queria assistir em casa aquele Flamengo e Vasco.

Por tal motivo, passei celeremente em frente ao bar e fui beneficiado pela enorme bandeira do Flamengo, que escondia as pessoas no interior do estabelecimento e as que passavam em frente a ele.


 O time do Jovem Fla, marcou época em São Gonçalo

Graças a Deus, passei sem ser visto pela turma do Jovem Fla, um dos times mais respeitados da cidade, em que Wellington era o técnico, seu irmão Wallace, o presidente, e eu, o camisa 8, no qual me orgulho de ter envergado com maestria. 

Uma pena esse time ter existido tão pouco tempo, apesar do bicampeonato no campo do Gradim (2003 e 2005) e diversos títulos, entre campeonatos e festivais.

Mas ao chegar em casa, faltando poucos minutos para o início do jogo, tomei um banho, peguei minha camisa do Flamengo número 10 do Zico e por que não dizer, número 10 do Petković (escrito corretamente, com acento agudo no c, sem erro, pois ele foi a peça nevrálgica naquele jogo), e fui para a casa da minha sogra.

O Flamengo entrou em campo e contava com a minha confiança, sempre fui um torcedor fanático pelo Flamengo, apaixonado mesmo.

Tem certas paixões que não se pode explicar e o Flamengo é uma delas, algo assim inexplicável.

Não sei, mas alguma coisa parecia que ia acontecer de positivo naquela tarde para nós, flamenguistas.

O que sempre buscava, era sentir as emoções dos grandes tempos áureos do time da década de 80 de Zico e Cia. 

Apesar do Vasco ter na época um super time, muito bem treinado por Joel Santana, no primeiro jogo os dois gols vascaínos foram de bola parada. 

Um de pênalti, convertido pelo atacante Viola e outro de falta, em que Juninho Paulista contou com o desvio da barreira para enganar Júlio César.

No segundo jogo, o Flamengo entrou em campo de mãos dadas como a Seleção tetracampeã de 1994 e aquele simples gesto balançou minhas estruturas, pois havia percebido em se tratar de uma ideia do Zagallo, nosso técnico na ocasião.

Só aí, a emoção já ia à flor da pele, com o Maracanã lotado, torcida inflamada empurrando o time e fazendo uma linda festa como sempre.

O jogo estava muito tenso e aos 23 minutos do primeiro tempo, pênalti para o Flamengo e o “capetinha” Edilson fez 1 a 0.

Faltava mais um gol, mas ao 40 minutos, em grande bobeira da zaga rubro-negra, o talentoso Juninho Paulista empatou a partida.


(Foto: Eurico Dantas

Aquele gol não foi um balde de água fria e sim uma cachoeira, que de tão gelada me fez lembrar as águas da região serrana de Nova Friburgo, onde dei meu primeiro choro em vida ao nascer.

Sendo assim, voltávamos a depender de mais dois gols para levar a taça para a Gávea.

Aos oito minutos do segundo tempo, o nosso camisa 10 Petković, fez uma belíssima jogada pela esquerda e botou a bola na cabeça do “capetinha” Edilson.

Resultado: 2 a 1.

Entretanto, com um jogo bem aberto e com Euller, “o filho do vento” causando estrago no lado do nosso esforçado lateral Cássio, temi que, nos 37 minutos restantes, tomássemos mais um gol.

O tempo foi passando, passando, passando…


(Foto: Hipólito Pereira)

Com meus olhos atentos na TV, via o velho lobo Zagallo, que na beira do gramado, naquele espaço destinado aos técnicos, incentivava o time e com sua fé irrestrita, segurava uma imagem de Santo Antônio, beijando-a a todo instante.

Seria o presságio do terceiro gol?

Na hora, me veio à mente a Copa de 1998, quando nas semifinais, o supersticioso treinador do número 13, incentivava os jogadores brasileiros na decisão de pênaltis contra a Holanda.

Se há 19 anos, na Copa da França, deu certo, por que não daria agora, em 2001?

Ansiedade, ansiedade, ansiedade e aos 42 minutos, o árbitro Léo Feldman interrompeu o silêncio fúnebre e devastador na nação rubro-negra no estádio à espera do gol do título.

E assim, apitou a plenos pulmões uma falta de Fabiano Eller, cabeça de área vascaíno, no “capetinha” Edilson.

Apesar de ser muito distante, é verdade, a esperança estava ali, diante de olhos vermelhos e pretos.

Como sempre faço, em jogos que são testes para cardíacos, tirei o som da TV (nada contra os narradores esportivos e nem ao Luís Roberto, que narrava aquela partida pela Rede Globo), e liguei o rádio, para ouvir o Luiz Penido ou o José Carlos Araújo.

Até porque, as maiores emoções vividas no futebol, foram nas vozes dessas duas lendas do Radiojornalismo.

Enquanto Luiz Penido, o “Garotão da Galera”, me fez chorar de emoção com os Brasileiros de 1992 e 2009, com narrações memoráveis no microfone da Rádio Tupi, José Carlos Araújo, o “Garotinho”, expôs de forma direta, momentos inesquecíveis como o Brasileiro de 1987 e o tetra da seleção brasileira em 1994, nas ondas sonoras da Rádio Globo.

Lembro que ao sintonizar na AM 1220 kHz, um misto de nervosismo e adrenalina, tomavam conta de mim, ainda mais com o “Garotinho” narrando.


O sérvio da camisa 10 se apresentou, ajeitou a bola e com um carinho especial, esperou o árbitro autorizar a cobrança da falta.

Um suspense tomou conta de nós e lembro da vibração da torcida tremulando as mãos para passar enegria positiva, e eu, repeti aquele ato litúrgico, como se estivesse nas arquibancadas apinhadas de flamenguistas e não na sala da casa da minha sogra, que me olhou sem entender nada.

Por um instante, confesso que pelo pragmatismo daquele olhar, pensei em se tratar de uma vascaína e descobri, anos mais tarde, ser flamenguista.

Na cobrança daquela falta, a Rede Globo, que transmitia o jogo, mostrou por alguns segundos no banco de reservas, o lateral Alessandro – que havia sido substituído por Maurinho – que olhava intensamente sem piscar, com as mãos juntas, rezando, acreditando no último lance do jogo e Zagallo beijando o santinho nas mãos.

Aos 43 minutos, o árbitro autorizou, Petković caminhou para a bola e bateu… a bola fez uma curva incrível e ainda toca na ponta dos dedos do goleiro Hélton. 

Viagem insólita da bola, que foi no ângulo, indefensável, era o gol salvador com a inesquecível comemoração do Petković, se jogando no gramado e sendo tomado pelos outros jogadores.

Entrei em êxtase, era como se estivesse revivendo o que outros torcedores na década de 80 viveram. 

Desci as escadas e desembestado fui correndo comemorar o tricampeonato com meu amigos do Jovem Fla, no bar de Paulo.

Na TV, a torcida entoando o canto de “vice de novo”, a imagem do Zagallo aos prantos, a torcida… enfim, foi mágico! 

Entrou para a história esse gol do Petković, que passou a ser chamado carinhosamente, e diga-se de passagem, merecidamente, apenas de Pet.

Assim, três letras, de um tri, na falta sofrida a três minutos do fim do jogo.

Hoje, esse talentoso ex-jogador completa 45 anos.


Foi genial, foi exemplo, foi craque e foi decisivo nas passagens que teve pelo Flamengo.

Em 2009, solidificou de vez seu nome na galeria de ídolos imortais do clube, com a conquista do Brasileiro.

Portanto, a geração que não teve a oportunidade de ver Arthur Antunes Coimbra, ou melhor, Zico, teve a felicidade de ver este sérvio, que conquistou os 40 milhões de corações espalhados pelo país, com atuações, títulos e gols marcantes, como este contra o arquirrival Vasco da Gama.

Parabéns para você Pet e obrigado por tudo!

A CORAGEM PARA VENCER DESAFIOS

por Zé Roberto Padilha


Além de decidirem uma vaga nas semifinais da Copa do Brasil, Flamengo e Botafogo realizaram mais que uma partida decisiva. Foi, durante os 90 minutos, uma lição de auto ajuda que entrou na alma dos torcedores pelo país disfarçada em emoção. Uma lição em meio a paixão, que serve para melhorar a vida de todo mundo. Refiro-me ao desejo de vencer. De sair dos vestiários do seu conforto e entrar no serviço público, no escritório, nas fábricas e na universidade com a coragem com que o Flamengo entrou em campo. Sem o receio botafoguense de anteontem, de jogar o seu destino por uma bola. E levar projetos de vida para serem decididos nos pênaltis.

Não vou recorrer à estatísticas frias e calculistas, como conferir posse de bola, chutes e escanteios a favor. Isso é feito por todas as transmissões no show do intervalo. Vou ficar com os impressionantes piques do Bruno Silva para cima da zaga do Flamengo sem a bola. Ele marcou como nunca. E os trotes e toques que deu para o lado, das tímidas penetrações que ensaiou quando tinha o domínio da bola. Cada jogador rubro-negro procurou o gol como uma meta na vida a ser superada. Cada jogador alvinegro se afastou da meta como a esperar que a vitória fosse lhe cair colo. Como num outro lampejo de sorte. 


(Foto: Márcio Alves)

Como observador neutro e tricolor, mas apaixonado pelo futebol e pelo meu país, acabei torcendo para que a ousadia rubro-negra fosse, afinal, recompensada. Pois se a prudência e o receio de um contra-ataque fossem premiados e alcançassem as finais do Copa do Brasil, com que estímulo sairíamos às ruas, bateríamos panelas sem Temer, para mudar o Brasil ano vem? Parabéns, Flamengo, pelo exemplo de ontem, por sua coragem em se expor e superar desafios. Nossa nação estava precisando de exemplos assim de uma mesma nação.