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Flamengo

TODO MENINO É UM REI

por Eliezer Cunha


Um sonho de menino, jogar pelo rubro-negro. Um sonho de adolescente, Jogar no Maracanã. Um sonho de jogador vestir a camisa dez do manto sagrado. Nesta minha existência poucas coisas me impressionam mais do que possuir um sonho e realizá-lo quando adulto. Temos vários casos em que o sonho se transformou em realidade, e, com Arthur Antunes Coimbra não foi diferente. Começou como Galinho de Quintino jogando pelas ruas de seu bairro e se transformou em um Rei, conquistado toda torcida Flamenguista, se transformando no maior artilheiro do Estádio Mario Filho e da história do clube.

Ele quando menino passava pelo Maracanã e sonhava em um dia balançar as redes daquele Gigante. Dar alegria simplesmente a enorme nação rubro negra. Inverteu todos os históricos contra o clube. Fez o que era para nós flamenguistas o quase impossível, ter o maior número de vitórias frente ao Botafogo. Claro que em suas veias corriam o DNA de uma família de grandes jogadores, a família Antunes.


De menino a Rei, e Rei da maior torcida do país, Rei do Maracanã, Rei dos melhores princípios éticos, familiares, esportivos e profissionais. Trabalhava incondicionalmente nos treinamentos, permanecia no clube após os treinos para aperfeiçoar os princípios básicos de bater faltas e pênaltis. Os maiores agraciados com a sua existência também foram seuscompanheiros de clube, que viam nele uma referência de jogador. Seus centroavantes, principalmente Claudio Adão e Nunes que terminavam sempre na segunda colocação como artilheiros dos campeonatos cariocas. Não se opunha em fazer um gol se tivesse um jogador em melhor colocação para fazê-lo. Subiu para o profissional em um tempo de grandes craques, lutou para permanecer no time e conquistar a tão cobiçada camisa 10 da Gávea. Louvado por vários artistas que acharam nele a inspiração para traduzi-lo em música. 

Fica aqui enfim minha homenagem a um dos maiores jogadores que pessoalmente vi atuar. Inspirado nele também tinha o seu mesmo sonho, porém, a minha camisa 10 era colocada em uma simples camisa de qualquer cor pela minha mãe costureira. Era o suficiente para me tornar um Rei também.

Todo Menino é um Rei, pelo menos enquanto sonha, mas, poucos possuem a capacidade de transformar o seu sonho em realidade.

EU JOGO NAS 11

por Serginho 5Bocas


Na última semana, no jogo da Libertadores em que o Flamengo perdeu para o Emelec do Equador por 2×0, uma das maiores polêmicas foi a escalação do lateral Rafinha no meio de campo como segundo homem a frente do Arão, alteração que foi pensada pelo português Jorge Jesus.

A mudança foi muito mal sucedida e foi criticada por comentaristas esportivos das redes de televisão e gerou milhares de comentários na internet relacionadas a uma possível falta de conhecimento do português em relação ao elenco ou “invencionisse” na condução do time mesmo, pois até de professor pardal o patrício foi apelidado, pela suposta “Invenção”, que alias, pessoalmente, concordo plenamente que foi uma péssima ideia.

Quando eu era moleque, a gente sacaneava muito quem chegava para uma peneira e quando perguntado pelo selecionador ou olheiro em que posição jogava, o coitado dizia: 

– Jogo nas onze!

Meu Deus! Aquilo era o fim do mundo, esse não jogava nada.

Jogar em várias posições não é para qualquer um e por isso a gente “zoava”, pois se achávamos tão difícil ser bom em uma, imagine nas onze?

Verdade que ao longo do tempo, muitos jogadores e treinadores obtiveram êxito com este tipo de variação dentro de uma partida ou competição. Talvez a grande diferença entre o sucesso e o fracasso neste tipo de estratégia, resida justamente na qualidade do atleta, no conhecimento do treinador sobre as opções que o elenco oferece e o tempo para amadurecer uma mudança dessas.

A Copa de 70 é um exemplo emblemático, pois foram vários casos no mesmo time e na mesma competição, e que competição! Piazza, Jairzinho, Rivelino, Tostão, formaram um exemplo coletivo que foi o maior sucesso, mas não se engane, pois não foi uma decisão suicida e de pouco tempo de maturação, sem contar o talento de cada um deles.

No grande Flamengo da década de 80, tivemos o Tita que era um meia extraordinário, mas que chegou a seleção brasileira pela qualidade de suas atuações pela extrema já que Zico jogava na sua posição de origem. Tita só não foi à Copa do Mundo, aquela de 82, como ponta direita, porque não quis.

Mozer começou na base como atacante e aconselhado pelos treinadores, virou um dos maiores zagueiros brasileiros de todos os tempos. Mozer foi a Copa de 90 e só não foi também as Copas de 86 e de 94, por contusões.


Leandro, o mago da lateral-direita rubro-negra, podia jogar onde quisesse e jogou em alto nível pelo menos em duas posições: na zaga e na lateral, mas deixou a sua marca de qualidade também no meio de campo toda vez que o Flamengo precisou, mas esse era “hors concours”.

Junior, o capacete ou maestro, começou nos profissionais como lateral-direito, virou esquerdo e encerrou a carreira como meia. Sabia tudo e mais um pouco. Outro que jogaria onde bem entendesse e por isso jogou duas Copas do Mundo, uma como lateral-esquerdo e outra como meio de campo, em ambas com muita qualidade. 

Dario Pereyra, um uruguaio muito bom de bola, foi ídolo do São Paulo, onde chegou com a missão de jogar no meio de campo como um 10 daquela época, só que ele era um cabeça de área, mas logo observaram a sua qualidade em outra posição e assim nasceu um dos maiores zagueiros que vestiu a camisa do tricolor paulista, deixou saudades.

Mazinho, que na base do Vasco era meia, subiu para os profissionais como lateral e chegou a seleção na posição, sagrando-se campeão da Copa América de 1989. Foi a Copa de 1990 como lateral e depois na Copa de 1994 já chegou como meia, e foi tetracampeão na sua posição de origem, outra fera.


O craque Gamarra era cabeça de área de origem no time do Cerro Porteño e o brasileiro Paulo Cesar Carpegiane fez a cabeça dele para efetuar a mudança. Como zagueiro tornou um dos melhores de todos os tempos e arrebentou na Copa de 1998 e em vários clubes brasileiros, como jogava esse paraguaio!

Sócrates jogou de meia e de centroavante. Na seleção brasileira em 1979, começou como centroavante e fez sucesso, mas o mestre Telê viu que como meia seu enorme talento poderia brilhar muito mais ainda e fez o deslocamento do gênio. Ganhamos um meia extraordinário, um dos maiores de todos tempos e abrimos uma vaga para os centroavantes. 

Depois de todos estes exemplos o que podemos concluir? Que um jogador ser deslocado para outra posição não é moderno, não é novidade, muito menos uma ideia de extrema inteligência. Na verdade, devemos usar este recurso com parcimônia, sempre que há um excesso de oferta ou uma necessidade que não pode ser suprida com o que temos no elenco, que não foi o caso do Flamengo no episódio do Emelec.

Senhores, tem hora pra tudo no futebol. Tem hora para brincar e tem hora para jogar a vera. O português caiu no pecado da vaidade. Aquela coisa de eu sou da Europa e tenho que mostrar minhas habilidades e credenciais, faz por menos, Jesus!

Dizem que coringa demais na mão de bobo é como buzina em avião, não serve pra nada. Que sirva de lição para o Jorge Jesus, pare de inventar, por favor!

O simples é muito difícil, se não fosse, a música “Parabéns pra você”, não seria sucesso por tantos anos e possivelmente ainda será por muito outros.

BROWN

por Marcos Vinicius


Na Comunidade da Cruzada de São Sebastião, um pé negro era destaque no cimento áspero daquele lugar pobre em recursos físicos mas rico em material humano: Adílio.

Garimpado pela insurgência da vida e revelado por seu Dominguinhos – ex-atacante do Flamengo na década de 1950 que jogou com Carlinhos Violino e Gérson -, jogar futebol era uma arte que poucos como ele sabiam fazer.

Não satisfeito, O Neguinho Bom de Bola – como seria chamado pelo radialista Waldir Amaral anos mais tarde – batia uma bolinha de vez em quando na Favela da Praia do Pinto, onde travava duelos inesquecíveis com um tal Júlio César, antes da bola rolar um anjo e com ela rolando se transformava em Lúcifer personificado em seus dribles.

Adílio chegou à Gávea em 1967 e, por ter um talento sobrenatural, fez história com a camisa rubro-negra.

Pelo Clube de Regatas do Flamengo, estreou em 1975 e ganhou absolutamente tudo.

Foi visto, vejam vocês, 615 vezes dentro de campo e seu brilho foi facilmente notado pelo jeito estoico de jogar.

Muitas das vezes, foi ação com a bola nos pés e produziu reação nos adversários, onde subentendemos que a famosa frase “toda ação gera uma reação” viesse daí.

Em algumas partidas, foi transpiração nas vitórias pelo mundo afora, empunhando a bandeira vermelha e preta nos territórios de grama verde mais inóspitos, onde todos eram sucessivamente sendo vencidos.

Não havia uma fórmula para vencer aquele Flamengo.

Havia sim, custe o que custar, a necessidade em parar alguns jogadores, o camisa 8 era um deles.

Fosse na bola – o que convenhamos, era difícil – ou na violência, como na pedrada desferida covardemente pelo zagueiro Mário Soto, que tirou sangue de seu rosto suado e áspero de quem queria apenas ser reconhecido como o maior das Américas, na decisão da Libertadores de 1981, no estádio Santiago, no Chile.

Vestir a camisa do Flamengo requer sacrifícios e Adílio deu seu sangue para que o triunfo fosse alcançado.

E conseguiu.


Atuou no Flamengo na primeira metade dos anos 1970 – quando imitava James Brown no versos de “Get up (get on up), Get up (get on up), Stay on the scene (get on up), Like a sex machine (get on up)”, e na coreografia presenciada às gargalhadas por Júnior, Luxemburgo, Geraldo, Manguito, Andrade, Zico e outros na concentração – a 1987, quando foi jogar no Coritiba, entregando sua camisa 8 para o jovem Aílton, que sagraria-se Campeão da Copa União.

Depois disso, não foi o mesmo, mas bastava, pois já havia escrito as seis letras de seu nome na história do clube.

Viu sua história de vida ser transformada em Adilio: Camisa 8 Da Naçao, livro escrito em 2013 por Renato Zanata e lançado no ano seguinte.

Sucesso, mas era pouco.

Se tornou o primeiro atleta que por mais tempo serviu ao Flamengo e não à toa é considerado um dos maiores camisas 8 do futebol brasileiro.

Para os flamenguistas, os saudosistas como eu, Adílio foi único.

Mas mesmo assim, era necessário mais.

Então, o semovente Sandro Rilho, responsável pelo “Projeto Bustos”, contratou o escultor Edu Santos, o mesmo que fez a estátua do inesquecível Maestro Junior, craque que mais vezes vestiu o Manto Sagrado.

Em seguida, foi a vez do inigualável Leandro, que só vestiu uma única camisa em sua vida profissional: a Rubro-Negra.

E agora o inquestionável Adílio, que inaugurou seu busto na sexta-feira, 26, na Gávea, numa merecida homenagem.

Adílio é funcionário do Flamengo e viaja o país com o Fla Master, onde continua encantador com a bola nos pés.

Viva a arte do futebol e seus verdadeiros artistas.

A CPI DO FILIPE LUÍS

por Zé Roberto Padilha


Entendo um pouco da posição pois joguei ao lado de Marco Antônio e do Junior. E vi o Nilton Santos pela televisão e o Marinho Chagas nos enfrentar, pelo Botafogo, nos anos 70, com uma qualidade técnica absurda. E estou à vontade para pedir aos conselheiros do Flamengo uma CPI para apurar quem está por trás da contratação de Filipe Luís. Gastar a fortuna que estão anunciando parta trazer o mais limitado lateral esquerdo que já vestiu a camisa da seleção é uma covardia. Covardia com as famílias que ainda não receberam as indenizações do incêndio do Ninho do Urubu. Covardia com a torcida do Flamengo que ainda sonha em ser novamente campeã mundial de clubes. Sinceramente? Trauco e Renê são, hoje, bem mais efetivos do que ele.

Nada pessoalmente contra Filipe Luís. É um atleta aplicado e disciplinado, sabedor das suas limitações e que não inventa dentro do seu cardápio feijão com arroz: apoia sem brilho e defende sem chamar a atenção de quem está à procura do craque do jogo. Se não fosse seu coque no cabelo, passaria despercebido. Como é diferente, chama atenção e poucos prestam atenção na mesmice que joga.

Seu maior trunfo é o tamanho do prestígio do seu empresário: o colocou no Atlético de Madrid e apesar de estar à quilômetros do Marcelo e sem possuir a impetuosidade do Alex Sandro, seu reserva, acreditem, está sempre presente na lista dos convocados. E agora surge como solução para o clube mais amado do Brasil. Quem estará por trás disto?

Certo dia, para não dizer que sou implicante, e como ex-jogador e jornalista tenho que ter cuidado redobrado para analisar um companheiro de profissão, convoquei meus filhos para a sala durante um Atlético de Madrid x Real Madrid. E pedi para que analisassem os dois laterais esquerdos. A conclusão foi unânime: de um lado um gênio, daqueles que só Xerém produz, como Thiago Silva. De outro um jogador que, com todo respeito, tinha um canhotinho atuando parecido nas finais da Copa Arizona de Futebol de Praia. E outros que jogam soçaite no Tijuca Tênis Clube e no Clube Harmonia, em São Paulo.


Tem Filipe Luís dando nos pés das serras pelos cantos do país e aí vem o Flamengo e destina uma fortuna por ele já no apagar das suas brandas luzes. Um dos meus filhos ainda disse, em sua defesa, “Mas ele não erra passes!”. O outro rebateu: “Mas se só joga para o lado e não arrisca algo diferente, como errar?”

Ontem, durante o “clássico” Avaí x Goiás, quem vestia a camisa 10 do Avaí era o Douglas. Que fez bonito no Grêmio, honrou a camisa do Vasco e está ocupando o degrau certo na escala que nos leva a aposentadoria. Quando a ordem se inverte e, em vez de descer dignamente, um atleta é recolocado na vitrine às véspera dos 3.4, tem algo errado por aí.

CPI neles antes que o contratem, passe 30 dias nas mãos do preparador físico para recuperar o ritmo de jogo, mais 20 para se adaptar ao fuso horário, 10 para se entrosar com os novos companheiros e…daí tem uma contratura muscular. O ano acaba e com ele o sonho rubro-negro de ter um novo Paulo Henrique. Depois vocês me cobram.

ACERVO DO TCHÊ

Receber acervos é, sem dúvidas, um dos momentos mais prazerosos para a equipe do Museu. É uma responsabilidade tremenda cultivar anos de histórias através de fotos, recortes de jornais ou objetos que remetem a quem construiu aquele enredo.

O mais recente, entregue pelo parceiro Mário Bittencourt, foi o do lendário fotógrafo Tchê e fizemos questão de reunir familiares para contar um pouco da trajetória do saudoso craque das lentes.

Neto e filho do fotógrafo, Jorge Eduardo e Walter toparam o nosso convite na hora e se juntaram a Márcio Bittencourt para uma viagem no tempo que gerou risadas e muita emoção!

Dê o play e confira essa resenha!