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Flamengo

O TRIUNFO PODE ESPERAR – UMA LIÇÃO DE VIDA

por Serginho 5Bocas


Era dezembro de 1979 e o Flamengo o time sensação do Brasil, pois dominava amplamente o cenário carioca e começava a montar o grande esquadrão que faria história no País, na América e no mundo.

Naquele dia, foram mais de 112 mil torcedores presentes ao jogo, destacando que havia pelo menos 10 mil palmeirenses acreditando na equipe e por esta razão viajaram de Sampa para o Rio, para assistir à partida. 

Meu irmão Geraldo me levou ao Maracanã e na minha mente infantil seria um grande dia, pois se o Flamengo vencesse, passaria para a semifinal do Brasileirão daquele ano e enfrentaríamos o Inter, de Falcão, que era uma máquina de jogar bola. Mas primeiro tínhamos que despachar o Palmeiras, um belo time armado pelo mestre Telê Santana.

O Maracanã fervia o concreto com pelo menos 100 mil flamenguistas muito confiantes, sabíamos que daquela vez nada iria atrapalhar, agora não tinhamos só o Zico, havia também o Paulo Cesar Carpegiani, o Adílio, o Adão, o Tita, enfim, muita gente boa. Agora tínhamos um time de respeito, bastava vencer e sair para o abraço.

O primeiro tempo terminou 1×0 para o Palmeiras e o empate viria no inicio do segundo tempo com Zico fazendo de pênalti, e até aquele momento um jogo muito equilibrado. Estávamos tensos, pois em minha cabeça de menino, então com 12 anos, não entendia porque não goleávamos logo aquele “timinho”, algo estava errado.

Pois bem, no segundo tempo, vimos uma grande atuação do Palmeiras, o time de Jorge Mendonça, de Jorginho, de Pedrinho, de Mococa, de Pires, e principalmente de Telê Santana. O Verdão, que enfiou 4 a 1 em nossa goela em pleno Maracanã, com direito a “sambadinha” de Carlos Alberto Seixas quando fizeram o último tento. 

Hoje, vejo que este jogo foi um divisor de águas, um excelente laboratório que nos preparou para vencer no futuro. Na verdade, naquele dia, chorei muito de mãos dadas com meu irmão, pelo caminho escuro da saída da arquibancada, num silêncio frustrante de uma massa que compareceu e apoiou a equipe enquanto pode.

Tristeza de um menino que viu seu sonho frustrado e achava que nunca mais seria campeão brasileiro. Menino que depois, pouco depois, pra ser mais exato no ano seguinte, conheceria o outro lado da moeda, e teria toda sorte de títulos e glórias, inclusive com uma forra contra este mesmo Palmeiras por 6 a 2. Mas que naquele dia, sentiu o gosto amargo da derrota, e aprendeu que a vida não é feita só de vitórias e mais que isso, que nossos heróis também falham.

Ali, naquele trágico dia, eu nunca poderia imaginar que aquele jogo me daria uma grande lição de vida e que o melhor ainda estava por vir.

LICO, A CEREJA DO BOLO DO FLAMENGO DE 1981

por Luis Filipe Chateaubriand


O incrível time do Flamengo de 1981 vinha sendo formado desde 1978, época em que o antológico gol de Rondinelli deu o título carioca ao rubro-negro.

Era, já em 1981, um time fortíssimo, encorpado, quase pronto. Só que faltava o ponta esquerda.

Júlio César, o lendário Uri Geller, havia ido jogar na Argentina, depois de levar muitas botinadas de zagueiros limitados e violentos. 

Baroninho, o ponta esquerda que veio do Palmeiras, chutava forte, mas não ajudava na marcação e não oferecia opções táticas. 

Adílio, gênio da bola, jogava bem por ali, mas preferia atuar como meia direita, onde rendia mais.

Mas eis que Paulo Cesar Carpegiani, o craque recém aposentado – primeiro, auxiliar do técnico Dino Sani, depois, o próprio técnico da equipe – descobriu a solução no próprio elenco.

Lico, que havia chegado do Joinville de Santa Catarina no ano anterior, era um meia / atacante versátil, insinuante, dinâmico, capaz de jogar em vários setores ofensivos de uma equipe.

Com sua versatilidade, ganhou a vaga na ponta esquerda, no lugar de Baroninho.

Atuava muito bem por aquele setor, mas não somente por ali. Revezava com Tita, indo para a direita e o outro, para a esquerda. Revezava com Adílio, indo para a meia e o outro, para a esquerda. E revezava até com Zico, metendo bolas para este, e recebendo bolas deste, quando, nas palavras de Armando Nogueira, o “arco e flecha” recuava.

A entrada de Lico no time deixou atordoadas as defesas adversárias, pois a movimentação dos rubro negros deixava zagueiros, laterais e volantes oponentes sem saber quem acompanhar, quem marcar.

A verdade é uma só: A entrada de Lico na formação titular arrumou o time, seja taticamente, seja em talento, seja até em consistência defensiva, pois, ao contrário de Baroninho, também ajudava na marcação.

Não é à toa, portanto, que, em livro que escreveu sobre sua vida, Zico, ao se referir a Lico, o lista entre os cinco maiores jogadores da história do Flamengo. Afinal, ele arrumou aquele time, foi a chamada cereja do bolo.

Pelo brilhante trabalho que Lico desenvolveu em 1981 e na primeira metade de 1982, não seria absurdo Lico jogar pela Seleção Brasileira a Copa do Mundo daquele ano. Telê Santana, no entanto, preferiu Éder, um ponta esquerda muito habilidoso, mas nulo taticamente, ao contrário de Lico. 

Uma coisa é certa: a amarelinha cairia bem no catarinense que moldou a última versão do melhor time de futebol que este escriba viu jogar!

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.

PENSATA BOLEIRA

por André Felipe de Lima


O Flamengo tem o melhor time do país. Isso, ninguém em sã consciência discute. Nem mesmo lorpas ou pascácios, como diria Nelson Rodrigues. Mas não se pode comparar — e isso é sacrilégio — o time atual rubro-negro com a extraordinária máquina preta e vermelha de jogar bola do começo dos anos de 1980. Isso não pode.

A estrela Bruno Henrique, o melhor que o Flamengo tem atualmente, jamais será um sopro momentâneo do que foi Zico. Arrascaeta está anos luz de um Adílio ou Tita e Gabriel precisa comer um pouco mais de feijão com arroz para se igualar ao outrora cabeludo Nunes. Legal, o Filipe Luis é melhor que o Junior. Falem sério.

Outro fato a considerarmos: A “turma” — e aí recorro ao pertinaz jargão turfístico — do atual Flamengo é “fraca”. O “páreo” é “mole” demais para o clube da Gávea papar o campeonato brasileiro e a Libertadores. O que há no Brasil? O inconstante Santos? O Palmeiras em franca decadência? Talvez apenas o Grêmio possa ser a “pedra no sapato”, mesmo assim somente na Libertadores, porque os tricolores gaúchos desistiram do nacional.


Não incluo na lista das possíveis conquistas de fim de ano do Flamengo o Mundial Interclubes por um simples motivo:o Liverpool de hoje, embora (por incrível que pareça) não seja tão forte como o de 1981, que Zico e Cia. despacharam em Tóquio, é fortíssimo. Mas em futebol, sabemos, tudo pode acontecer, e como diz meu amigo Mário Moreira, o que vale é “bola na rede”.

No mais, a torcida do Flamengo leva a sério o velho lema “deixou chegar…”. Realmente, os caras estão “chegando”, mas (cuidado!) não caíam na esparrela ao comparar 2019 com 1981, e como canta o contumaz rubro-negro Jorge Ben Jor: “Olha aí meu bem / Prudência e dinheiro no bolso / Canja de galinha / Não faz mal a ninguém/ Cuidado pra não cair da bicicleta, cuidado pra não esquecer o guarda chuva”.

O EXPRESSO DO CATAR

por Zé Roberto Padilha


Certo dia, vi o Flamengo ser derrotado no domingo e alguns jogadores, como Everton, Paulinho, Pará e Marcelo Cirino aparecem dia seguinte, na Internet, felizes toda vida num churrasco. E tendo às mãos, como troféus, cervejas Stella Artois.

Estavam sorridentes e pareciam comemorar a própria derrocada. Não do clube, que é imortal, mas das suas próprias carreiras. Pareciam desconhecer o tamanho da camisa que vestiam e o que ela representava na vida de tanta gente. Fiz uma crônica, Renato Maurício Prado a reproduziu em sua coluna, em O Globo, e o grupo ficou conhecido como O Bonde da Stellinha.

Lembrava, na ocasião, que saía da concentração do Itanhangá, em 1976, para jogar o Fla-Flu do troca-troca no Maracanã e, na minha cabeça, só havia lembranças e gratidão pelo Fluminense. Como enfrentaria o clube que me acolheu, aos 16 anos, e nos formou até os 23 anos como atleta e cidadão?

Foi quando estávamos próximo de atravessar o Túnel Dois Irmãos e tinha um ponto de ônibus da Rocinha. Tomei um baita susto, parecia que todas as precárias condições que o estado lhes ofereciam, como saúde, segurança e educação, seriam atenuadas por uma vitória do seu time. Se aglomeravam, e pulavam, e sacudiam suas bandeiras rumo ao estádio como se buscassem por lá a dignidade perdida. E entrei em campo, e como suei a camisa, não mais pelo meu coração, algo pessoal, amador, mas para devolver profissionalmente, nem que seja por 90 minutos, o respeito que eles mereciam.

O bálsamo contra a injustiça social tinha um nome, um resultado: a vitória do Flamengo. Não dava mesmo para brincar de jogar futebol com aquela camisa. O Bonde da Stellinha não alcançou isto. E se perdeu defendendo equipes menores país afora.


Parece que nesta segunda-feira vai ser elevado o nosso PIB, o desemprego será diminuído e a chuva vai cair para amenizar toda as queimadas. Porque o Brasil vai acordar e levantar da cama para produzir mais porque a maioria da sua gente, mesmo tomando o mais simples dos cafés da manhã, vai sair de casa toda orgulhosa ostentando seu manto sagrado.

Ontem, não foi o Palmeiras que perdeu. Porque o Palestra Itália, com os euros, dólares e o patrimônio dos senhores do café que tem, vai enfrentar com tranquilidade o protesto de meia dúzia de torcedores bem aposentados. Felipão, mantido no cargo, vai trocar o William pelo Scarpa, o Bruno Henrique pelo Rafael, fora o Ramires que ainda não estreou. E tocar sua nobreza porque a vida continua bela e melhor redistribuída por lá.

Já pelas bandas de cá, as máquinas das fábricas irão rodar mais rápidas, as confecções produzirão mais peças porque quem foi a campo lutar por eles os representou com talento, respeito e consideração à sua história.

Gabigol, Arão, Éverton Ribeiro, Arrascaeta e seus companheiros entenderam que ao dormir cedo, cuidar do corpo, da família, treinar com dedicação e não se deixar levar pelos efêmeros prazeres da Cidade Maravilhosa, irão substituir o Bonde da Stellinha, que envergonhou uma nação, pelo Expresso do Catar, que irá perpetuá-los na galeria do clube mais querido do Brasil.

Quem viver, poderá brindar. Com uma Stellinha não mãos, por que não?

AINDA HÁ LUZ NO FUTEBOL BRASILEIRO

por Daniel Borges


Estão nas semifinais da Libertadores, os dois times mais ofensivos dentre os brasileiros que na competição estavam.  Que me perdoe Felipão, Roth, Mano e outros… 

Uma coisa é certa, Grêmio chega com credenciais da competição acima do Flamengo. Possui quatro semifinais dentre as últimas cinco participações, com título e manutenção de equipe.

Renato é um carioca de estilo de jogo e Gaucho no sentido estrito, de ser copeiro e saber jogar o mata-mata que os nossos amigos sulistas sabem como ninguém.

Porém, do outro lado tem um português carioca, que veio com sua filosofia de jogo, outrora preocupante mas hoje resiliente neste time do Flamengo tão ofensivo. Ademais, desde 1984, o Flamengo não chega às semifinais, mesmo tendo o melhor elenco para essa situação ainda tem que mostrar ao clube e ao torcedor que pode chegar a final este ano disputada no Chile.

No mais, um carioca português e um carioca gaúcho, estão nas semifinais. Como iniciado, viva o futebol ofensivo e seja ele o reflexo da nossa seleção, com um técnico gaúcho paulista no comando.