por Leandro Ginane
O Maracanã já não é mais o mesmo e todos sabem disso. A arena pouco a pouco foi limitando o acesso a poucas pessoas, fruto da modernização do futebol que acontece em todo o mundo. Por outro lado, surge um curioso efeito colateral: a ocupação popular das ruas, criando um novo lugar de celebração.
Desde a manhã de ontem, o povo estampava suas camisas rubro-negras no trem, nas praças, nos botecos da cidade e no entorno do Maraca. Havia sim alguma expectativa de entrar nos estádio sem pagar como em outros tempos, mas a maioria estava vivendo um sopro de alegria em um momento onde a desigualdade social aumenta profundamente e a diversão gratuita em espaços públicos é rara. Um momento de luz em tempos de escuridão.
Quem saiu ontem do trabalho para ir ao estádio viveu um paradoxo, dentro da arena, sotaques de todo o Brasil, faces rosadas em selfies e camisas oficiais do clube. Lá fora, ambiente de festa, fumaça com cheiro de churrasquinho, dois latão (sic) por dez e camisas surradas, aquela mesma carregada de superstição usada no tempo em que o Maracanã acomodava a todos.
Após o jogo, a miscigenação típica da torcida rubro-negra voltou a acontecer, dessa vez nas ruas. União regada a latão gelado e churrasquinho. Após mais de uma década de separação, enfim o reencontro e o fio condutor é o clube mais mais popular do Brasil.