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Fernando Diniz

A MINHA TRISTEZA ATRAVESSOU A VILA

por Zé Roberto Padilha


Seja qual for o ofício, se ele não lhe fizer feliz a ponto de bater o ponto e dar uma paradinha estratégica com os amigos no Petisco da Praça, chegar em casa, abrir um vinho e chamar a patroa pra dançar, melhor tentar uma outra profissão.

Sucesso, prazer e a alegria de viver são ingredientes da felicidade.

Como não buscá-la se ela é a cereja de uma torta de chocolate chamada vida?

Talvez na carreira deste eterno promissor treinador, que nunca se consolida, a ausência da felicidade explique seus insucessos.

Fernando Diniz, definitivamente, não é feliz no que faz.

Hoje, assisti a Santos x Juazeirense, pela Copa do Brasil, por acaso.

Se pensasse, talvez virasse para o Sportv para assistir nossos heróis olímpicos da vez tentando as medalhas que seu país, que vive a subestimar o valor do esporte, não fez ainda por merecer.

Mesmo dirigindo um time do peso histórico como o Santos, recebendo um salário 10 vezes maior do concedido ao presidente da sua república e tendo oportunidades em todos os grandes clubes do país, ele vive de cara fechada.

Passa os 90 minutos gritando com seus jogadores, brigando com as arbitragens e ofendendo os humildes tche tches que comanda.

E olha que seu time, ontem, venceu por 4×0.

Fernando Diniz deve procurar atingir um patamar acima da sua capacidade de ensino e entendimento.

E, no entanto, debaixo dos holofotes, vive a transferir para seus comandados a responsabilidade de executar o que não sabe.

Não podemos esquecer que pertence a ele a prática suicida de colocar os goleiros, que foram pro gol por falta de habilidade, saírem jogando com os pés. Quanto deles não entregaram o ouro?

Igualmente, fez com que zagueiros zagueiros, os Odvans da nova geração, saíssem driblando da zaga. Quando Manoel e Lucas Claro resolvem fazê-lo, um filme de terror começa a ser exibido na telinha de cada torcedor tricolor.

Ele, com sua arrogância e mau humor, anda longe de alcançar o modo Renato Gaúcho de treinar futebol. Resolvido, ousado, debochado e destemido, Renato sabe dividir com seus comandados momentos bons e ruins.

Fernando Diniz deveria aprender com ele, pelo menos, como sorrir. Quem sabe o futebol retribua?

O CALVÁRIO SENTIMENTAL DE FERNANDO DINIZ E OS CORAÇÕES EM FUGA NO MORUMBI

por Marcelo Mendez


Foi um 5×1 inapelável!

Isso está posto, nada a contestar, sequer uma vírgula a ser revista, o São Paulo levou um impiedoso couro do Internacional ontem no Morumbi. Falar taticamente do que houve? Desnecessário a partir do momento em que o tricolor desmanchou em campo na segunda etapa e daí nada mais precisa ser explanado nessa seara. O que fica para ser comentado aqui, portanto?

O lado humano da coisa.

Amigo leitor do Museu da Pelada que aqui me acompanha, eu tenho dito sim há tempos que Fernando Diniz é uma das melhores coisas que aconteceu das quatro linhas pra fora do futebol Brasileiro. Trata-se de um homem completamente apaixonado pelo que faz, estudioso que dedica sua vida para o trabalho do futebol e que se preocupa sim, muito, com as novas questões táticas, com as novas ferramentas de trabalho do futebol, mas especialmente com o lado humano do jogo de bola. Daí eu lamentar profundamente o que aconteceu com o São Paulo e com ele, nosso professor em questão.

Fernando Diniz falhou no lado humano da coisa. Mas não falhou sozinho. Vejamos porque:

Todo mundo viu o episódio que teve entre Diniz e Tche Tche em Bragança Paulista. O técnico, sem o menor cuidado com fato de ter um microfone aberto a seu lado, estádio vazio e televisão ao vivo, desceu uns impropérios contra o jogador que visivelmente ficou abalado. Está claro que houve um excesso. Tanto que o próprio Diniz correu atrás de rever sua atitude. Daí vem o nosso lado aqui da imprensa.

É impressionante o quanto o boleirismo se fecha para entender as mudanças que acontecem no futebol. Óbvio que por um tempo, algumas coisas eram dos usos e costumes do ludopédio. Todavia, a sociedade evolui. Situações que eram aceitas, hoje não são cabíveis. Temos uma série de mudanças, a vida é outra e para que se entenda, os jogadores que hoje atuam em sua grande maioria, são nascidos na segunda metade dos anos 80, ou seja; Estamos lidando com outro tipo de ser humano, com outra geração de profissionais do esporte que entendem essa prática de uma outra maneira.

O jogador de 2021 sente a partida, diferente do que sentia um jogador dos anos 90, ou anos 70 e por aí vai. Essa conclusão é óbvia e me entristece profundamente que Fernando Diniz não tenha entendido isso. Não, não entendeu.

A partir do que aconteceu em Bragança, o Técnico, Psicólogo formado, perdeu o comando de sua equipe, porque ali ele promoveu uma quebra de confiança entre ele e seus comandados. Não resolveu no vestiário a questão como deveria e, daí então, o São Paulo descamba morro abaixo rotundamente. Temos várias rodadas pela frente, restam muitos jogos pra serem disputados e tudo pode acontecer, lógico que o São Paulo pode voltar pra ponta da tabela. Mas a casa precisa ser arrumada e quem tem que fazer isso é Fernando Diniz. Espero que faça corretamente.

Você sabe como, Diniz. Você sabe.

FERNANDO DINIZ É UMA MIRAGEM

por Wilker Bento


Em 2016, quem mais chamou atenção no Campeonato Paulista foi o Audax, com sua campanha surpreendente. Um time marcante, que foi vice-campeão e projetou nomes como o goleiro Sidão e o meia Tchê Tchê. Mas o maior destaque daquela equipe foi o técnico Fernando Diniz. Com passagens por grandes clubes como jogador nos anos 1990 e 2000, Diniz apareceu no cenário nacional como treinador após a façanha no clube de Osasco. Na época, o futebol brasileiro ainda lambia as feridas do 7×1, com técnicos experientes sendo severamente questionados. Foi naquele mesmo ano que Vanderlei Luxemburgo, em entrevista ao programa “Bem, Amigos!”, se defendeu das críticas ao responsabilizar Felipão, e não os técnicos brasileiros em geral, pelo vexame na Copa de 2014.

Depois de uma passagem pelo Oeste e retorno ao Audax, finalmente Diniz ganhou uma oportunidade em um clube de Série A, ao ser contratado pelo Athletico Paranaense, em 2018. No Furacão, clube que cultivou imagem de modernidade e ambição nos últimos anos, tudo dava a entender que o treinador teria sucesso. Não foi o que acabou acontecendo. O time não correspondeu e Diniz foi demitido em menos de seis meses, com irrisório 34% de aproveitamento, deixando o clube na vice-lanterna do Brasileirão. O discurso dos defensores do técnico era pronto: o Athletico não tinha um time com bom material humano e condições para que o comandante botasse suas ideias em prática; faltou tempo e paciência. Porém, Tiago Nunes assumiu e levou o rubro-negro à conquista inédita da Copa Sul-Americana.

No ano seguinte, Diniz chegou ao Fluminense, mantendo a mesma filosofia de jogo, com posse de bola e busca por um futebol vistoso. O resultado, porém, foi péssimo: deixou o Fluminense na 18ª colocação do Campeonato Brasileiro. Novamente, a falta de paciência e boas condições de trabalho foi utilizada como justificativa – que, nesse caso é mais aceitável, já que o tricolor carioca vive uma crise há alguns anos. Mesmo assim, o treinador ganhou uma chance no São Paulo, que também passa por um momento difícil, mas não tanto quanto o Flu. E o mais recente capítulo dessa trajetória foi a derrota de 3×2 para o Mirassol, com o Soberano sendo eliminado nas quartas de final do Campeonato Paulista. Detalhe: o Leão perdeu 18 jogadores por causa da pandemia, e teve que completar o elenco com juniores e atletas contratados especialmente para a partida – como Zé Roberto, autor de dois gols. Sim, o São Paulo foi eliminado por um “catadão”.

Fernando Diniz é uma miragem, fruto da carência tática que o futebol brasileiro vive, um treinador que só cai para cima, blindado por suas supostas boas ideias, por parecer emular uma versão brasileira do tiki-taka. Seu modelo de futebol não tem efetividade: muita teoria e pouca prática, muita posse de bola e pouca bola na rede. Uma filosofia onde se confunde futebol arte com derrotismo, pois não consegue ser bonito como propõe e muito menos vencedor.

Gênios precisam comer muito arroz com feijão antes de serem alçados a tal posto. Como ocorreu com muitos técnicos que, de forma semelhante, começaram chamando atenção em equipes menores e depois adquiriram boa reputação no mercado. É preciso saber semear no pouco antes de chegar ao muito. Senão, qual será a desculpa da vez? Que o time do São Paulo também não tem nível para a implementação de suas ótimas ideias? Talvez um projeto de longo prazo no Liverpool?

Para evoluir e exercer todo seu potencial, Fernando Diniz precisa rever alguns de seus conceitos, corrigindo a defesa e abandonando o robotismo, para melhorar e se tornar, finalmente, um grande técnico. Todo defeito tem o seu oposto igualmente ruim, e hoje ele é a distorção oposta do futebol de resultados e do imediatismo, porque não se pode dar prazos e inúmeras oportunidades ao que é claramente ruim. Só o equilíbrio poderá levar o treinador – e o futebol brasileiro – a momentos mais felizes.

A ESCOLINHA DO PROFESSOR DINIZ

por Zé Roberto Padilha


Thiago Silva, Marcelo, Carlos Alberto, Diego Souza, Roger, Pedro, João Pedro, entre tantos, dá até para montar uma seleção, foram revelados na Escola de Formação de Xerém. Quando não são vendidos aos 17 anos, chegam ao topo, isto é, à equipe profissional, graduados em todos os fundamentos. Dominam bem a bola, sabem chutar e cabecear, são disciplinados e experientes pois já rodaram o mundo disputando torneios desde os sub-15. Porém, só não trazem no currículo o aprendizado de uma inovação tática que foge aos padrões comuns.

Vão precisar de uma pós-graduação com o professor Fernando Diniz, mas esta não pode ser realizada no Estádio da Fonte Nova, sob pena de um atacante rodado, como o Gilberto, tomar a bola de um aluno que não sabe bem a lição, mas que foi orientado a sair jogando com os pés. Muito menos no caldeirão do Atlético Paranaense, onde um Aírton, cheio de cacoetes do ensino fundamental, dá seu carrinho tradicional e joga toda a concepção moderna de uma ocupação inteligente de espaços para os últimos lugares da tabela.

Nosso receio é que os seguidos maus resultados tirem Fernando Diniz, um professor tão promissor, das Laranjeiras. Vocês conhecem, como eu, como são nossos cartolas. Nunca jogaram bola, surgem do quadro social, se destacam na piscina, no salão nobre, nas quadras de saibro e convencem um grupo de amigos da sauna a elegerem o presidente. E saem distribuindo desconhecimento vestiários afora.

Basta que pichem os muros da Rua Álvaro Chaves que eles retiram sua incompetência da reta. E a transferem para o treinador que sai do clube carregando toda a culpa de uma má gestão. É mais fácil, prático, é só contratar um outro e pintar o muro de novo.


Melhor deixar, neste momento, sob risco de não viver a lutar outra vez para não cair, no comando dos profissionais tricolores o Abel. Já rodado e respeitado, tem sido o melhor mediador entre os garotos que chegam e os Bruno Silva que os empresários vivem a empurrar goela abaixo nas diretorias. E levar o Fernando Diniz, e sua revolucionária planilha, para o ensino fundamental do Colégio de Xerém.

Daqui a dois anos, ele retornará ao Maracanã com a geração que irá formar na ponta da chuteira. Aquela que além de ter a posse de bola, realizada desde o goleiro que irá treinar desde os juvenis, dos Aírtons que passarão a jogar com a cabeça em pé, terá também a posse da taça. E do respeito ao clube de volta.

Em Xerém, do nosso vizinho Zeca Pagodinho, existe uma máxima: deixa a vida te levar. Por lá, Fernando Diniz não tentará levar a vida do jeito que seu modo de jogar quer. Deixará a tradição tricolor, de vitórias e conquista, lhe conduzir ao pódio que sempre o tricolor viveu a ocupar.

A TAÇA DE CRISTAL

por Zé Roberto Padilha


Nielsen Elias foi um grande goleiro. Chegou em 1968 às Laranjeiras com 16 anos. E foi ficando junto comigo, Abel Braga, Marinho, Rubens Galaxe, Silvinho e Marco Aurélio até 1975. Ganhamos muitos títulos, perdemos outros e nos tornamos grandes amigos. Mas o que nos chamava a atenção era a sua dificuldade de jogar na linha. Não sabia driblar, chutava mal, tinha mesmo que ser goleiro. E que goleiro. Nos treinos recreativos divertia a gente jogando de centroavante. O gol não era mesmo a sua praia. Em compensação lá, debaixo de paus, vi poucos arqueiros parecidos.

Dezoito anos depois nos reencontramos nas Laranjeiras. Era o treinador de goleiros dos profissionais e eu técnico dos Juniores. E ao vê-lo bater bola com o Wellerson, fiquei impressionando: já chutava tão bem ou melhor que o treinador profissional, que era nada menos que o Edinho. Nielsen se aprofundou neste fundamento, essencial para sua nova profissão e importante nos dias de hoje na vida de um grande goleiro.


Foram dezoito anos, não seis meses. É neste exíguo tempo que o Fernando Diniz quer exigir que aquele cara ruim de bola, que desde criança, por falta de habilidade com os pés, foi convidado a ir para o gol e usar as mãos, se adapte ao seu sistema de jogo. E saia jogando com os pés. O resultado? São obrigados a fazer o que não sabem.


E os treinadores, como o do Bahia, orientam seus Gilbertos para dar o bote. Uma vez perdida a bola, não há cobertura. Eles, os goleiros, são nossas ultimas fortalezas.

Não culpem nossos goleiros tricolores. Esta nova função precisa ser repassada, em Xerém, aos treinadores de goleiros dos infantis, juvenis e juniores. Iniciar tal jogada pelos profissionais, é como entregar nas mãos de seu neto, de 3 anos, uma taça de cristal inglesa que pertenceu a seus avós. Como em toda bola atrasada pelos zagueiros tricolores, vamos ficar rezando na sala para que eles não a deixem cair.