por Fabio Lacerda
No gramado em que a luta o aguarda, no solo que tem suas cores, o Palmeiras mais uma vez chegou ao título de campeão brasileiro. Para os alviverdes, “tomar” a faixa do arquival, que havia “tomado” em 2017 do Palmeiras, é outro saboroso ingrediente na história do sexto título Brasileiro desde 1971. Pela primeira vez, o Palmeiras não conquistou o campeonato mais importante do país de forma consecutiva.
Dentro de campo, a redenção de Luiz Felipe Scolari, que por ironia do destino ou maldade, é lembrado pela goleada sofrida para a Alemanha, no Mineirão, na Copa do Mundo de 2014. Mas nossa memória é curta e não lembra do título de 2002 sobre a própria Alemanha. A chegada de Luiz Felipe Scolari reduz a zero qualquer distúrbio ou conflitos dentro de um grupo. Ele não permite. E diante de seus comandados, transforma a lealdade em padrão. A irretocável campanha verde deflagra uma gestão nos bastidores e dentro das quatro linhas sustentável.
Nesta campanha invicta desde a 17ª rodada, o Palmeiras rateou. Muito em razão do calendário, já que disputou muitas competições ao longo do ano como é de praxe para os grandes clubes bem geridos. As derrotas para Corinthians, Sport e Cruzeiro, nas 5ª, 7ª e 8ª rodadas, respectivamente, assim como os três empates consecutivos contra Ceará, Flamengo e Santos, e em seguida, a derrota para o Fluminense, na 15ª jornada, acenderam o sinal de alerta. Chega Luiz Felipe Scolari e arruma a casa. Uma característica marcante de um profissional vencedor. Um senhor do futebol brasileiro. Já colocado na mesma prateleira de imortais palmeirenses junto de Osvaldo Brandão. E por quê não, Vanderlei Luxemburgo? Aí é papo para mais de dois dias.
“Defesa que ninguém passa”. O primeiro verso da terceira estrofe do hino diz um pouco do sistema defensivo do clube, ainda mais após a chegada do Felipão que assumiu a equipe após a derrota para o Fluminense, e tem o privilégio de fechar o certame invicto. O Palmeiras tem a melhor defesa do Brasileiro, sofrendo 24 gols. Desde que Luiz Felipe Scolari assumiu na 16ª rodada, a defesa palmeirense, que fez rodízio de zagueiros e laterais em função da Libertadores da América. sofreu apenas nove gols. Outro informação interessante desconstrói a taxação de técnico defensivo pelo fato de ser da escola gaúcha. Dos 64 gols marcados pelo Palmeiras, 42 foram marcados sob o comando do técnico. Até ele assumir, a equipe tinha marcado 22 vezes.
Dentro de campo, o conjunto fez a diferença, e o plantel, idem. E ter no grupo jogadores acostumados a sagrarem-se campeões é um diferencial competitivo que faz a diferença na hora da decisão, na hora de separar os meninos dos homens, de separar os craques dos bons jogadores. Sem dúvida, Dudu fecha o campeonato como o melhor jogador da competição. O atacante Deyverson (oito gols sendo reserva), quando acionado, deu conta do recado além das expectativas. Felipe Melo e Bruno Henrique (oito gols), volantes que formam barreiras quase intransponíveis à frente da zaga, mas também são capazes de fazerem lançamentos de 50, 60 metros. Os gols do Borja, que apareceu muito bem na temporada, também foram determinantes.
Mas destaco três jogadores que estão comemorando o quarto título Brasileiro. E por coincidência, esses jogadores têm seus títulos em três clubes diferentes. Jean, o polivalente jogador que atua no meio de campo e lateral-direita, foi pelo São Paulo, Fluminense, e duas vezes no Palmeiras. Edu Dracena, aos 37 anos, também conquista o Brasileiro pela segunda vez pelo Palmeiras. Anteriormente, Cruzeiro, em 2003, na equipe que conquistou a Tríplice Coroa, e em 2015, pelo Corinthians. Nos últimos quatro Brasileiros, Edu Dracena conquistou três. Ano que vem, se por ventura for campeão Brasileiro novamente, pode ser o encerramento de uma carreira vitoriosa no seu 20º ano de carreira. E Willian Bigode, um dos jogadores mais versáteis do futebol brasileiro desde que ganhou seu primeiro Brasileiro pelo Corinthians (2011). Dois anos depois, chegou ao Cruzeiro para ser bicampeão Brasileiro nas temporadas 2013 e 2014, sendo determinante para o sucesso celeste das Alterosas. Agora, é campeão pelo Palmeiras. Este jogador ainda não teve a chance de vestir a camisa amarela da seleção brasileira. E uma oportunidade é merecida desde 2011.
Na próxima temporada, os três jogadores têm grande chance de escrever mais capítulos honrosos em suas carreiras. Podem juntar-se a Andrade e Zinho como os maiores vencedores de Campeonatos Brasileiros. Porém, Willian Bigode e Jean ainda têm lenha a queimar e, mediante uma estratégia planejada junto a seus staffs, podem tornar-se os maiores vencedores do futebol brasileiro em todos os tempos. É acompanhar para saber.
Então, Luiz Felipe Scolari, Edu Dracena, Jean e Wilian Bigode, têm motivos de sobra para sorrirem nessa reta final de ano. E Dudu, que pela segunda vez consagra-se pelo Palmeiras. Se em 2016 ele foi eleito o melhor jogador do Brasileiro que culminou com o título palmeirense, não resta dúvida quem será apontado como o craque do campeonato. Fez apenas sete gols. Mesmo assim será eleito. E é outro jogador que merece uma chance na seleção.
Wéverton, Luan, Diogo Barbosa, Cláudio Gomez e Borja, cinco dos 11 últimos titulares na partida que sagrou o Palmeiras campeão Brasileiro em São Januário, conquistam o Brasileiro pela primeira vez. Sendo que Weverton e Luan haviam sido medalhas de ouro nas Olimpíadas, e Diogo Barbosa conquistara um título nacional (Copa do Brasil) com o Cruzeiro. Ou seja, um time com cancha para grandes decisões.