por Elso Venâncio
Evaristo de Macedo é uma das lendas vivas do futebol. Foi o primeiro brasileiro a ter superdestaque na Espanha. Jogou com craques antológicos. Idolatrado pela torcida e pela imprensa do Velho Mundo, sagrou-se bicampeão da Liga de Futebol Profissional pelo Barcelona (1959/1960). Nas decisões, enfrentava o poderoso Real Madrid de Di Stéfano, Kopa, Didi, Puskas e Santamaria.
Pouco depois, pelo próprio Real, entre 1962 e 1964, teve a seu lado algumas dessas feras, como Di Stéfano e Puskas, além do ponta-esquerda Gento. A grande fase desse ídolo, contudo, deu-se mesmo no Barça. No time da Catalunha, estreou ganhando a Taça do Mundo de Caracas, em 1957, com direito a dois gols sobre o Botafogo de Garrincha, Nilton Santos e Cia, na decisão. Além do bi conquistado em 1959/60, faturou outro: o da Taça da Cidade de Feiras, que corresponde à Liga da Europa.
Dois times, porém, marcaram a trajetória de Evaristo. O Flamengo tricampeão carioca e o Barcelona do final dos anos 50 e começo dos 60. No Rubro-Negro, jogou com Rubens e Dequinha, além do grande Dida, e também com Índio, Paulinho de Almeida e Zagallo. Sem falar dos paraguaios García, um gigante no gol, e o artilheiro Benítez. Com esses craques nasceu o histórico tricampeonato de 1953/54/55, que representou a maior façanha de um clube nos primeiros anos de vida do Maracanã.
Nosso personagem foi também o único de toda a História a marcar 5 gols com a camisa da seleção brasileira em um único jogo, e gosta de contar que, se não fosse vendido para o exterior, Pelé não jogaria em 1958 pois ele seria o titular. Na época, eram convocados apenas jogadores que atuavam no país, ao passo que Evaristo já brilhava no Velho Continente.
Treinador por mais de três décadas, pude acompanhá-lo de perto em suas três passagens pelo Flamengo. E também em 1985, quando dirigiu a seleção pouco antes das Eliminatórias para a Copa do Mundo do México. Campeão Brasileiro pelo Bahia em 1988, e da Copa do Brasil pelo Grêmio nove anos depois, em relação a Estaduais faturou títulos com os mesmos Grêmio e Bahia, além de quatro canecos pernambucanos com o Santa Cruz, de Recife.
Nessa função, ganhou seu primeiro troféu comandando o América, em 1967. O time rubro ganhou do campeão uruguaio Nacional, de Montevidéu, por 1 a 0 – gol do craque Edu, irmão do Zico. O jogo valeu pela decisão do Torneio Internacional Negrão de Lima, que o próprio Negrão, então prefeito do Distrito Federal, fez questão de entregar pessoalmente o troféu ao capitão Alex.
Evaristo de Macedo Filho nasceu em 22 de junho de 1933. Prestes a completar 89 anos, em suas caminhadas matutinas por Ipanema é sempre parado por amigos e torcedores, para falar de futebol. Iniciou sua carreira no Madureira, onde ficou de 1950 a 1952. No Flamengo foram quatro anos – de 1953 a 1957. Vendido ao Barcelona, jogou meia década pelo clube catalão (1957/62). Nos seus últimos tempos na Espanha, honrou a camisa do Real Madrid entre 1962 e 1964). Na volta, quis encerrar a carreira no seu clube do coração, o Flamengo, onde atuou de 1964 ao começo de 1966.
- Colaborou Péris Ribeiro (escritor)