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Eurocopa

COPA AMÉRICA E EUROCOPA: O ABISMO ENTRE DUAS REALIDADES

por André Luiz Pereira Nunes


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A partir do momento em que a Conmebol decidiu unir o seu calendário ao da Uefa para que os torneios entre suas seleções fossem disputados ao mesmo tempo, as comparações obviamente passaram a ser inevitáveis. É certo que ninguém imaginaria que isso aconteceria justamente durante uma pandemia de dimensão mundial, mas ainda assim, fica muito claro que existe um abismo entre o futebol praticado na Europa e na América do Sul.

Enquanto a Eurocopa é tratada por torcedores, dirigentes e atletas como uma Mini Copa do Mundo, o torneio sul americano é visto apenas como um evento protocolar e obrigatório, sobretudo para os jogadores que preferiam estar de férias. O fato também da pandemia ainda estar em níveis alarmantes no continente e, em especial no Brasil, enterra qualquer crença de que o evento tenha alguma grande importância. Para os treinadores é apenas uma oportunidade para preparar seus elencos para o restante das Eliminatórias para a Copa do Mundo.

Em se tratando da Copa América, não há muitas surpresas. Mesmo sem empolgar, o Brasil passou sem maiores dificuldades por seus adversários. Já Uruguai e Paraguai decepcionaram ao capitularem, respectivamente, diante de Colômbia e Peru. Os argentinos, por seu turno, parecem vivenciar uma entressafra de atletas. Dependem tanto dos lampejos de Messi, como o Brasil precisa de Neymar.

No Velho Mundo as coisas transcorrem de forma bem diferente. A Itália provavelmente não apresentava um futebol tão envolvente há muito tempo. O seu tradicional e irritante defensivismo deu lugar a um padrão bem mais agressivo. A Inglaterra também voltou a figurar no rol das grandes seleções mundiais, relembrando a ótima fase de 1990. A Dinamarca volta a figurar como grande surpresa após participações pífias nos últimos eventos.

Porém, é importante ressaltar que alguns selecionados decepcionaram inteiramente. A Bélgica, primeira colocada no Ranking da Fifa, ficou pelo caminho mais uma vez. Seu padrão desempenhado por essa talentosa geração, nem de longe recorda o praticado pelo excelente plantel, capitaneado por Enzo Scifo, que disputou com grande êxito a Copa de 1986, no México.

Por sua vez, a Holanda, mais uma vez decepcionou torcedores e analistas ao ser despachada pela apenas regular República Tcheca. Portugal, apesar do talento indiscutível de Cristiano Ronaldo, precisa de muito mais para suplantar seus adversários e atingir o topo.

Todavia, quem ainda merece algum reconhecimento é a Suíça por ter conseguido eliminar de forma surpreendente, ainda que nos pênaltis, os franceses. Afinal, trata-se da seleção, não só vencedora da última Euro, como também da Copa do Mundo. Apesar desse surpreendente revés, permanece a sensação de que poderia ter chegado mais longe e, mesmo assim, ainda é forte postulante ao título mundial. A Espanha, embora distante de seu apogeu, também não deve ser desprezada.

Portanto, não há como comparar a qualidade dessas equipes com a desempenhada por Colômbia, Equador, Peru, Brasil, Uruguai, Paraguai ou Argentina.

Não é necessário ser nenhuma pitonisa, oráculo, ou mesmo muito entendido para prever que o vencedor do Mundial do Qatar, em 2022, pertencerá ao continente que hoje pratica o melhor futebol.

GUIA EUROCOPA 2020

por Mateus Ribeiro


O que é?

A Eurocopa (também chamada de Euro) é a competição de futebol disputada pelas seleções europeias, disputada de quatro em quatro anos, desde 1960. Esta é a décima sexta edição do torneio.

Quando vai acontecer?

A nova edição da Eurocopa começará a ser disputada no dia 11 de junho e vai até 11 de julho. Vale citar que, inicialmente, a Euro seria disputada em 2020, mas foi remarcada em virtude da pandemia.

Onde vai rolar?

O jogos da Euro serão disputados em 11 sedes diferentes, espalhadas pela Europa: Amsterdam (Holanda), Baku (Azerbaijão), Bucareste (Romênia), Budapeste (Hungria), Copenhague (Dinamarca), Glasgow (Escócia), Londres (Inglaterra), Munique (Alemanha), Roma (Itália), São Petersburgo (Rússia) e Sevilha (Espanha). 

Fórmula de disputa

A fórmula de disputa da Eurocopa é quase a mesma da Copa do Mundo, exceto pelo número de participantes, já que a Copa conta com 32 seleções e a Euro, com 24.

Na fase de grupos, as 24 equipes são divididas em seis grupos, com quatro participantes cada. As duas primeiras de cada grupo passam de fase, junto com as quatro melhores equipes classificadas em terceiro lugar, totalizando 16 seleções. A partir daí, os jogos são eliminatórios. Em caso de empate, a partida vai para a prorrogação e persistindo a igualdade, a classificação para a fase seguinte é decidida na disputa de penalidades máximas.

Agora que todas as apresentações foram feitas, é hora de conferir os grupos da Euro2020. O pequeno guia a seguir traz o número de participações de cada seleção, o destaque e a sua cotação, de acordo com o “Datachute”, departamento de análises dirigido por este que vos escreve. 

Grupo A (Itália, Suíça, Turquia e País de Gales)
Sedes: Roma (Itália) e Baku (Azerbaijão)


ITÁLIA
Participações: 9 (1968, 1980, 1988, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012 e 2016)
Títulos: 1 (1968)
Destaque:  Lorenzo Insigne (atacante, Napoli-ITA)
CORRE POR FORA

SUÍÇA
Participações: 4 (1996, 2004, 2008 e 2016)
Destaque: Xerdan Shaqiri (meia, Liverpool-ING)
FIGURANTE

TURQUIA
Participações: 4 (1996, 2000, 2008 e 2016)
Destaque: Hakan Çalhanoglu (meia, Milan-ITA)
FIGURANTE

PAÍS DE GALES
Participações: 1 (2016)
Destaque: Gareth Bale (atacante, Tottenham Hotspur-ING)
FIGURANTE

Grupo B (Bélgica, Rússia, Dinamarca e Finlândia)
Sedes: São Petersburgo (Rússia) e Copenhague (Dinamarca)


BÉLGICA
Participações: 5 (1972, 1980, 1984, 2000 e 2016)
Destaque: Kevin De Bruyne (meia, Manchester City-ING)
FAVORITA

RÚSSIA
Participações: 11 (1960, 1964, 1968, 1972, 1988, 1992, 1996, 2004, 2008, 2012 e 2016)
Títulos: 1 (1960, como União Soviética)
Destaque: Aleksandr Golovin (meia, Monaco-FRA)
FIGURANTE

DINAMARCA
Participações: 8 (1964, 1984, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004 e 2012)
Títulos: 1 (1992)
Destaque: Christian Eriksen (meia, Internazionale-ITA)
FIGURANTE

FINLÂNDIA
Participações: Estreante
Destaque: Teemu Pukki (atacante, Norwich City-ING)
FIGURANTE

Grupo C (Ucrânia, Holanda, Áustria e Macedônia do Norte)
Sedes: Bucareste (Romênia) e Amsterdam (Holanda)


UCRÂNIA
Participações: 2 (2012 e 2016)
Destaque: Oleksandr Zinchenko (lateral-esquerdo/meia, Manchester City-ING)
FIGURANTE

HOLANDA
Participações: 9 (1976, 1980, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004, 2008 e 2012)
Títulos: 1 (1988)
Destaque: Frenkie de Jong (meia, Barcelona-ESP)
CORRE POR FORA

AÚSTRIA
Participações: 2 (2008 e 2016)
Destaque: David Alaba (zagueiro/lateral-esquerdo/meia, Real Madrid-ESP)
FIGURANTE

MACEDÔNIA DO NORTE
Participações: Estreante
Destaque: Goran Pandev (atacante, Genoa-ITA)
FIGURANTE

Grupo D (Inglaterra, Croácia, Escócia e República Tcheca)
Sedes: Londres (Inglaterra) e Glasgow (Escócia)


INGLATERRA
Participações: 9 (1968, 1980, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004, 2012 e 2016)
Destaque: Harry Kane (atacante, Tottenham Hotspur-ING)
CORRE POR FORA

CROÁCIA
Participações: 5 (1996, 2004, 2008, 2012 e 2016)
Destaque: Luka Modric (meia, Real Madrid-ESP)
CORRE POR FORA

ESCÓCIA
Participações: 2 (1992 e 1996)
Destaque: Andy Robertson (lateral-esquerdo, Liverpool-ING)
FIGURANTE

REPÚBLICA TCHECA
Participações: 9 (1960, 1976, 1980, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012 e 2016)
Títulos: 1 (1976, como Tchecoslováquia)
Destaque: Tomas Soucek (volante, West Ham-ING)
FIGURANTE

Grupo E (Espanha, Suécia, Polônia e Eslováquia)
Sedes: São Petersburgo (Rússia) e Sevilha (Espanha)


ESPANHA
Participações: 10 (1964, 1980, 1984, 1988, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012 e 2016)
Títulos: 3 (1964, 2008 e 2012)
Destaque:  Gerard Moreno (atacante, Villareal-ESP)
FAVORITA

SUÉCIA
Participações: 6 (1992, 2000, 2004, 2008, 2012, 2016)
Destaque: Emil Forsberg (meia, RB Leipzig-ALE)
FIGURANTE

POLÔNIA
Participações: 3 (2008, 2012 e 2016)
Destaque: Robert Lewandowski (atacante, Bayern de Munique-ALE)
FIGURANTE

ESLOVÁQUIA
Participações: 1 (2016)
Destaque: Marek Hamsik (meia, IFK Göteborg-SUE)
FIGURANTE

GRUPO F (Alemanha, França, Hungria e Portugal)
Sedes: Munique (Alemanha) e Budapeste (Hungria)


ALEMANHA
Participações: 12 (1972, 1976, 1980, 1984, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012 e 2016)
Títulos: 3 (1972, 1980 e 1996, os dois primeiros como Alemanha Ocidental)
Destaque: Manuel Neuer (goleiro, Bayern de Munique-ALE)
FAVORITA

FRANÇA
Participações: 9 (1960, 1984, 1992, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012 e 2016)
Títulos: 2 (1984 e 2000)
Destaque: N’Golo Kante (volante, Chelsea-ING)
FAVORITA

HUNGRIA
Participações: 3 (1964, 1972 e 2016)
Destaque: Dominik Szoboszlai (meia, Red Bull Salzburg-AUT)
FIGURANTE

PORTUGAL
Participações: 7 (1984, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012 e 2016)
Títulos: 1 (2016)
Destaque: Cristiano Ronaldo (atacante, Juventus-ITA)
CORRE POR FORA

Lista de campeões da Eurocopa

1960 – União Soviética
1964 – Espanha 
1968 – Itália
1972 – Alemanha Ocidental
1976 – Tchecoslováquia
1980 – Alemanha Ocidental
1984 – França
1988 – Holanda
1992 – Dinamarca
1996 – Alemanha
2000 – França
2004 – Grécia
2008 – Espanha
2012 – Espanha
2016 – Portugal

Lista de maiores artilheiros

Michel Platini – França (9 gols)
Cristiano Ronaldo* – Portugal (9 gols)
Ole Madsen – Dinamarca (7 gols)
Alan Shearer – Inglaterra (7 gols)
Ruud van Nistelrooy (7 gols)
Patrick Kluivert – Holanda (6 gols)
Antoine Griezmann*– França (6 gols)
Thierry Henry – França (6  gols)
Wayne Rooney – Inglaterra (6 gols)
Nuno Gomes – Portugal (6 gols)

*jogadores que disputarão a Euro 2020

E aí, qual o seu palpite? Um abraço e até a próxima!

A ERA RUGBY

:::: por Paulo Cezar Caju ::::


A Eurocopa terminou, tudo lindo, a festa das torcidas foi maravilhosa e é sempre bom ver Paris em festa depois de tanto sofrimento com os atentados. E Portugal, aos trancos e barrancos foi campeão. Se a França fosse campeã, também teria sido aos trancos e barrancos. 

Falando de futebol, foi uma das piores Eurocopas de todos os tempos. Sério, fico imaginando como será o futebol daqui a 10, 20 anos. Vendo Islândia e País de Gales jogarem, me assustei com a força física dos atletas. São bem mais atletas do que jogadores, cada vez mais altos e fortes.

O futebol está virando rugby e temo pelo futuro dos Gabriel Jesus da vida, dos Lucas Lima, Neymar e Phillipe Coutinhos. Estamos caminhando para que os craques de verdade percam espaço, fiquem desinteressantes, fora de moda.

Há tempos não torcia como torci para a Alemanha contra a Itália. Não dá mais para aturar essa história de ferrolho, retranca, chutão. A Alemanha joga futebol e tem conseguido aliar força física e técnica. Mas até quando? É muito mais fácil criarem robôs do que craques. Essa Eurocopa foi um bom exemplo disso. 


Pelo amor de Deus, não me venham falar que Islândia e País de Gales fizeram história, que a comemoração da torcida foi linda. A torcida sempre faz sua parte e se o futebol ainda existe é única e exclusivamente por causa dela, mas estão trabalhando pesado para que ela desapareça e caminhe definitivamente para os estádios de rugby e futebol americano. Os jogadores franzinos vão desaparecer. Sobreviverão apenas os que tiverem a velocidade de um Bolt e os músculos de um Hulk. Bem, o Hulk já temos.

Acabei de voltar da França. Todos os anos passo um mês lá. Qual o problema, o negão não pode tirar onda, saborear um coquille Saint Jacques, um escargot, um fromage blanc? Champa? Ô, parceiro, esqueceu que parei de beber??? Fiz muitos amigos naquele país maravilhoso, mas dessa vez, por conta do medo de atentados, quase não fui. Vi três jogos, França e Romênia, França e Suíça e Croácia e sei lá quem. Dei algumas cochiladas e conclui que atentado mesmo estão cometendo é com o futebol. O mundo está perdido faz tempo, mas o futebol era uma espécie de alívio de tensões, de viagem ao paraíso.

Futebol virou esporte de contato. Só de contato. De quem corre mais em campo, essas coisas. Exagero? Após 10, 20 anos comprovarão. Será preciso correr muiiiiitoooo para fugir dos vikings, dos soldados, dos gladiadores, dos gigantes. Nem todos terão essa perna, essa disposição e tocarão de primeira, não buscando uma tabelinha a la Pelé e Coutinho, mas simplesmente por medo de virarem mais uma presa.

– texto publicado originalmente no jornal O Globo, em 12 de julho de 2016

À LUZ DOS OPERÁRIOS

por Fábio Lacerda


A nação mais ocidente do continente europeu está em festa. O árduo trabalho vem desde o século XII quando Portugal tornou-se o mais antigo Estado-nação da Europa através do Tratado de Alcanizes que tinha por objetivo planejamentos estratégicos defesa pelo rei D. Dinis. Nos séculos XV e XVI, o pequeno país do sudoeste europeu apresenta suas armas e mostra que globalização não é um termo recente. Suas lutas, navegações, mortes, fome, sempre tiveram conotações dramáticas. O primeiro império global da história e mais longo dos impérios coloniais do Velho Continente – conquista de Ceuta em 1945 até a soberania de Macau para a China em 1999 – agora conquista a Europa com o futebol


O momento em que Cristiano Ronaldo se lesiona, ainda no primeiro tempo

A dramaticidade da vitória circula, bombeia, motiva o povo português. Das navegações para as possessões África, Ásia, Oceania e América do Sul, ao louro da vitória no relvado do estádio Saint Dennis. O enredo do título luso coloca o astro do futebol mundial à prova diante de uma entrada maldosa do argelino naturalizado francês, Payet. O objetivo foi conquistado pelos franceses. Tirar o jogador que poderia amedrontar o sistema defensivo e a torcida bleu. O astro combalido saiu de cena para contemplar os operários da seleção ‘quinas’. Sim, os verdadeiros reis celebram seus súditos, apoiam seu povo, e fazem por merecer o fator sorte. 

Todos os fatores apontavam com convicção o terceiro continental da França. A Cidade Luz preparou-se para colocar as cores azul, branco e vermelho na Torre Eiffel. O tabu de 45 anos de superioridade sobre os lusos confeccionava-se com pompas a continuação de uma das maiores invencibilidades do mundo. Não! A sorte que soprou as caravelas pelas aventuras mares e oceanos adentro também esteve ao pé da trave do chute de Ginac, nas mãos de Rui Patrício e sobretudo no pé direito de um caneludo que eternizou-se na Pátria-Mãe. 


Nos minutos finais do segundo tempo, a bola de Gignac bate caprichosamente na trave

O título construído com dificuldades iniciais que foram consolidando-se com a esquadra lusa tendo que provar que é possível resistir e mirar terras à vista. É bem verdade que o chaveamento foi preponderante para o primeiro título da Eurocopa doze anos depois de uma das maiores frustrações do país no campo de jogo: a derrota na final para a Grécia. 


Jogadores da Grécia comemoram gol marcado na final da Eurocopa de 2004

Celebra-se o inédito título justamente no ano de partida de Eusébio para o mundo de Deus. Ídolos não morrem. Celebra-se um trabalho feito desde o início da década de 1990 quando uma geração conquistou o Mundial de Juniores da Fifa. Comemora-se 40 anos de um Estado Democrático, de fato e de direito. Celebra o negro, tão escravizado pelos lusos, e hoje preponderantes na ‘equipa’ de Fernando Santos. O Dia da Liberdade não ficará mais restrita à data de 25 de abril. O dia 10 de julho demarca o renascer de Portugal no futebol. E daì adiante. 

A França foi despachada da sua própria casa. Assim como ocorrera em 1567 quando os portugueses deram o golpe de misericórdia nos franceses instalados ainda nas localidades que estão os bairros do Flamengo e Ilha do Governador. Este ano Portugal comemora sua primeira Eurocopa. Ano que vem celebra os 450 anos da expulsão francesa do Rio de Janeiro. Portanto, na hora do vamos ver, de matar ou morrer, chora a mãe francesa primeira. Parabéns, Portugal, por quebrar tabus, desconfiança e a cara dos franceses, tão soberbos, tão superiores perante ao mundo. O pragmatismo luso, a vanguarda e o lado avesso às modernidades e inovações prevaleceram nesta conquista. Navegar nunca foi tão preciso assim! E na seleção que conta com um astro do futebol e da mídia, prevaleceu os carregadores de piano como William Carvalho e seu bigode à moda antiga, o cangaceiro Pepe, brasileiro naturalizado luso há mais de uma década, o lado guerreiro do jovem lateral-esquerdo Rafael e o surgimento de Nani depois de três temporadas em baixa. 


Quadro de 1845, de Paul Delaroche, mostra um Napoleão bem chateado

Não duvido que Napoleão Bonaparte está se rasgando de raiva. Se por um lado Portugal não quis rivalizar com a possível invasão franco-espanhola no século XIX para fechar os portos que tinham relações comerciais com o Reino Unido, desta vez os lusos foram ao território inimigo em busca do ouro. Àquela época entre os anos de 1805 e 1808 as ameaças francesas podem ser comparadas com a artilharia pesada e domínio territorial do time do comandante Deschamps na final da Eurocopa. A diferença entre a primeira invasão francesa à Portugal e o jogo final da Eurocopa é que no século XIX os lusos tiveram os britânicos como aliados para garantir a soberania do país. E no Saint Dennis um britânico de Londres mediou a partida sem beneficiar um ou outro. Legitíma vitória lusa! A vitória da garra. O triunfo do astro que comporta-se no campo de jogo como seus demais companheiros sem tanto holofotes voltados para si. Cristiano Ronaldo torna-se Rei de Portugal. E todo monarca vangloria sua tropa!