Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Elso Venâncio

GONY LEVOU LANDIM PARA O FLAMENGO

por Elso Venâncio, o repórter Elso

Rubinho, Veloso, Landim, Ceciliano, Edmundo Silva, Hélio Ferraz, Gony e Kleber Leite, na Alerj

Na Alerj, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o rubro-negro Rodolfo Landim me diz:

– Foi o Gony quem me convenceu a entrar no grupo político que me levou à Presidência. Estou no futebol por causa dele.

O carioca Gony Arruda, 51 anos, demonstrou força política e prestígio na homenagem póstuma que André Ceciliano prestou em seu último dia como presidente da Casa, concedendo a Medalha Tiradentes ao seu pai: o médico e político cearense que estaria completando 100 anos de vida.

Esmerino Oliveira Arruda Coelho, reza a lenda, passou a noite anterior à renúncia do Presidente da República Jânio Quadros conversando e bebendo com ele, que em nenhum momento disse que se afastaria do cargo.

– Eu o faria mudar de ideia! – garantia.

Nascido em Granja, no Ceará, Esmerino foi prefeito e ainda elegeu e reelegeu a esposa, Dona Carmem, como prefeita da cidade. Também foi eleito deputado federal por três vezes. Seu filho Gony, ex-vice-presidente do Flamengo, por cinco mandatos foi deputado estadual no Ceará e herdou do pai a capacidade do diálogo e de fazer e manter os amigos. Tanto que, durante a solenidade, mesmo sob forte chuva, cinco presidentes rubro-negros se fizeram presentes: Luiz Augusto Veloso, Kleber Leite, Edmundo Santos Silva, Hélio Ferraz e Rodolfo Landim. Marcio Braga, por estar em Paris, e Bandeira não puderam comparecer, mas o presidente da Fferj e vice da CBF, Rubens Lopes, marcou presença.

Ao lado das três irmãs Inás – Iná Cristina, Iná Valéria e Iná Valquíria –, Gony ressaltou a importância do clube se manter politicamente unido. Hoje o Flamengo tem um orçamento superior a um bilhão de reais. As finanças se equilibraram a partir da gestão de Eduardo Bandeira de Mello, que teve um grupo forte ao seu lado. O amadorismo e paixão, que às vezes prejudica uma decisão, ficaram de lado nos últimos anos, substituídos pelo business.

Landim, o engenheiro do Petróleo, assumiu a presidência do Mais Querido em 2019 e o futuro do clube passa por ele. Ano que vem é ano eleitoral. O normal é que Landim apoie o vice-geral Rodrigo Dunshee de Abranches. O Presidente do Conselho de Administração, Luiz Eduardo Baptista, o BAP, é outro nome bem cotado.

Landim tem força de sobra para fazer seu sucessor. Quem tiver o seu apoio será o próximo presidente da Nação Rubro-Negra.

A FORÇA DO ‘BOLA EM JOGO’

por Elso Venâncio, o Repórter Elso

A Rádio Tupi fez um gol de Placa ao contratar Eraldo Leite, um dos campeões de audiência do Rádio Esportivo. Homenageado pela FIFA, pelas 11 Copas do Mundo que cobriu in loco, inspirou gerações, além de liderar a classe há anos, como Presidente da Acerj, a Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro.

O responsável pela portaria do meu prédio não me responde o ‘Bom Dia’ e resmunga:

– A Globo não teve condições de manter o Eraldo?

Falo que a Tupi acertou.

Contemporâneos, estudamos no Liceu de Humanidades, em Campos dos Goytacazes, nossa terra natal. O início foi na Rádio Continental – éramos chamados de ‘Os Tremendões’, pois meio que ‘imitávamos’ os famosos ‘Trepidantes’ Deni Menezes e Washington Rodrigues, da Globo. Pouco tempo depois, a dupla de repórteres de campo, cada qual com seus 16, 17 anos, já estava na Difusora, a mais ouvida da cidade.

No Rio, trabalhamos na Rádio Nacional e, mais tarde, por quase duas décadas, na Globo.

O ‘Bola em Jogo’ já teve o comando dos inesquecíveis Luiz Ribeiro e Gilson Ricardo, sendo apresentado todo domingo ao meio dia. Nesse horário, de segunda a sábado, tem a ‘Patrulha da Cidade’, 57 anos no ar, o mais antigo e bem sucedido programa da emissora.

Lembro um fato que retrata a força do ‘Bola em Jogo’. No Facebook há um grupo chamado ‘Saudades da Velha Rádio Globo’. Os internautas respondem a pergunta ‘qual o programa que mais te dá saudades?’. Relaciono, pela ordem, os eleitos:

1 – ‘Enquanto a Bola Não Rola’

2 – ‘Turma da Maré Mansa’ – comandado por Antônio Luiz

3 – ‘Programa Haroldo de Andrade’

4 – ‘Panorama Esportivo’ – conduzido por Gilson Ricardo

5 – ‘Globo Esportivo’ – o do ‘Garotinho’ José Carlos Araújo

Destes cinco, três são esportivos, o que dá a exata noção do que representa o futebol no Rádio.

‘Enquanto a Bola Não Rola’, concorrente do ‘Bola em Jogo’, foi criado por Kleber Leite e teve cinco apresentadores: além do próprio idealizador, Loureiro Neto, eu, Ronaldo Castro e Eraldo Leite tivemos o prazer de comandá-lo.

Quando apresentei, começava às 14 horas, direto do Maracanã, no Espaço Globo.com, marcando o lançamento do portal, em frente à ‘Calçada da Fama’. A direção da Globo acabou transferindo a atração para o meio dia, com o intuito de combater o crescimento do ‘Bola em Jogo’. O Ibope até melhorou, mas não ultrapassou o da Tupi.

A Globo jogou pesado: Armando Nogueira, Fernando Calazans, João Máximo, Oldemário Toguinhó, José Trajano, Paulo César Vasconcellos, Luiz Mendes, Alberto Helena Jr., enfim, nomes de peso do Jornalismo foram contratados. Treinadores como Zagallo, Parreira, Felipão e Evaristo de Macedo também, além de jogadores e ex-jogadores, nomes do quilate de Didi, Gerson, Carlos Alberto Torres, Paulo Cézar Caju e até mesmo Ronaldo ‘Fenômeno’. Apenas Didi e Gerson eram fixos; os convidados revezavam-se a cada semana.

Grandes debates discutiam o futebol brasileiro, mas a concorrente sempre teve um público fiel no horário. A Super Rádio Tupi, hoje, aposta numa programação popular, com grandes comunicadores e, agora, com o craque Eraldo Leite no ‘Bola em Jogo’, para deixar o ouvinte na ‘cara do gol’.

O REPÓRTER DA VOLTA OLÍMPICA

por Elso Venâncio, o repórter Elso

Os Trepidantes – Elso Venancio, Marcus Vinícius e Gilson Ricardo.

Foram duas décadas ao seu lado no “Panorama Esportivo”, programa que ele comandava diariamente das dez à meia-noite e que fazia jus ao slogan da Rádio Globo: ‘Um Brasil de Audiência’.

Logo após o “Globo no Ar”, Gilson Ricardo anunciava:

– Tá na hora do “Panorama Esportivo”!

O sacana do operador Pajeu, um verdadeiro craque que operava o nosso som, fechava os microfones e gritava na mesma hora:

– Foda-se!

Todos riam e o programa começava já em altíssimo astral.

Espírita, emotivo e de coração mole, chorava ao ver certas cenas de novelas:

– Sacanagem…isso acontece na vida real.

Ele sempre gostou muito de falar do seu início de carreira. Cheio de sonhos, veio da Difusora de Petrópolis quando se apresentou a Waldir Amaral, no Rio de Janeiro:

– Qual é o seu nome, meu filho?

– Gilson Borsatto – o novato respondeu.

– Borsatto? Não! Isso é nome de mafioso! A partir de agora, você se chama Gilson Ricardo!

No Maracanã, sempre que o Flamengo ganhava títulos, Kleber Leite anunciava:

– Gilson Ricardo, o ‘Repórter da Volta Olímpica’! Vai lá, Gilsão!

Ele comemorava correndo, vibrando e entrevistando os campeões, fato inédito no Jornalismo Esportivo.

Durante a Copa do Mundo de 1990, disputada na Itália, fomos cobrir um treino da seleção brasileira no estádio Delle Alpi, em Turim. Ao passar por mim, ele me olhou com um ar de quem estava assustado:

– Elso… minha pochete… perdi!

– E os dólares, o passaporte? – perguntei.

– E agora? – pensamos juntos.

Explicamos a situação a um policial, que nos pediu para que o acompanhasse. Nos ‘Achados e Perdidos’, estava lá tudo intacto. Gilson pulou de alegria, numa felicidade tão grande que até o sisudo guarda italiano repetiu seu gesto, rindo às gargalhadas com ele.

No fatídico domingo do último dia 22 eu não estava bem. Deitado, liguei o rádio com o som baixo. Passava das dez da noite. No ar, Wellington Campos começou a falar dele: passagem pela Globo, CNT, Bandeirantes, SBT… achei estranho.

O mesmo Wellington, que no fim do ano passado me ligou para colocar Gilson e a galera do ‘Esporte’ da Rádio Tupi para falar comigo, ao fim, trouxe a notícia que eu tanto temia ouvir.

“A Lista”, sucesso de Oswaldo Montenegro, fala da distância dos amigos. Gilson não permitia isso… Ligava, mandava mensagens, e seu assunto predileto era o Flamengo. Kleber Leite foi feliz ao pedir ao presidente rubro-negro Rodolfo Landim que o corpo do inesquecível radialista fosse velado na Gávea.

Tenho certeza que o Mundo Espiritual o recebeu em festa, com o devido carinho e muitos beijos da Dona Belinha, mãe que ele tanto amava e sobre quem nos falava sempre.

ONDE ESTÃO OS MAESTROS?

por Elso Venâncio, o “Repórter Elso”

O artista da bola, o driblador, está em extinção no futebol. O último foi Ronaldinho Gaúcho. E os meias? Sim, estes viraram cabeças de área…

Os craques são raros ou foram escravizados por esquemas que freiam os talentos em campo. Onde está o camisa 10, número eternizado pelo Pelé? Zico vestiu a 10 por causa do ‘Rei do Futebol’. Gerson e Rivellino trocaram a 8 pelo mítico número. Roberto Dinamite era 9 e com o tempo passou a honrar a 10.

E quanto aos gols de falta? A culpa é da bola, hoje mais pesada? Não, é falta de treino, de dedicação.

E os maestros? A bola passava pelo Jair da Rosa Pinto, pelo Zizinho, pelo Didi, depois por Gerson, por Rivellino, por Dirceu Lopes, Ademir da Guia, Junior… Na Copa do Catar o croata Modric me fez lembrar essa turma que controlava e pensava as partidas como poucos fazem hoje em dia.

Há mais de duas décadas o Brasil não vence uma Copa do Mundo. E sem intercâmbio com os europeus seguiremos na mesma. Os clubes não fazem mais amistosos no exterior. Há uma submissão geral com a FIFA, mas quem tem peso mesmo é a UEFA.

O Flamengo está em início de temporada, ao contrário do Real Madrid. Aliás, os espanhóis opinaram até sobre onde será a sede do Mundial de Clubes.

Não vi, mas sei o que representavam Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe para o futebol brasileiro e internacional. E o ataque do Botafogo? Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo… Que times!

Santos e Botafogo decidiram um Campeonato Brasileiro quando a competição ainda se chamava ‘Copa Brasil’. No Pacaembu, Santos 4 a 3. No Maracanã, Botafogo 3 a 1. No ‘tira-teima’, com o Santos concordando em jogar no Maracanã, dois gols de Pelé e vitória de goleada: 5 a 0. Ou seja, 16 gols em três partidas. Os técnicos não conviviam com o fantasma de perder o emprego e jogavam o tempo todo no ataque. O futebol brasileiro dava espetáculo e era admirado e temido por todo o planeta.

Na decisão do Mundial de Clubes, em 1962, o Santos enfrentou o Benfica, do craque Eusébio, time bicampeão europeu e que vinha de uma maiúscula vitória por 5 a 3 contra o sempre forte Real Madrid. No Maracanã, Santos 3 a 2. No Estádio da Luz, em Lisboa, nova vitória: 5 a 2, com direito a três de Pelé.

Um ano depois o ‘Peixe’ se tornou o primeiro clube brasileiro bicampeão do mundo ao derrotar o Milan na finalíssima. No Maracanã, 1 a 0 – mesmo sem o ‘Rei’, que estava contundido.

Bom, o tempo se passou e hoje nem discutimos esses fatos. Afinal, faz muito tempo que deixamos de jogar o melhor futebol do mundo.

TOSTÃO, O PELÉ BRANCO

por Elso Venâncio, “o Repórter Elso”

Rei Pelé sempre o considerou um gênio. Para Gerson, Tostão foi o grande nome do tricampeonato mundial que o Brasil conquistou na Copa de 1970. Seus maiores fãs estão na Europa, especialmente na Grã-Bretanha, onde o meia cruzeirense recebeu o apelido de ‘Pelé Branco’.

Tostão foi o primeiro jogador fora do eixo Rio-São Paulo a ser convocado para a seleção. Tinha 19 anos em maio de 1966, quando Vicente Feola o relacionou declarando que o garoto ia longe no futebol.

Ele realizou o sonho de seu pai, que era conhecer Pelé. Em Caxambu, o pai do craque chorou ao receber um abraço e o autógrafo do Rei, que já era tetracampeão do mundo. Duas vezes com o Brasil, outras duas com seu Santos.

A Copa da Inglaterra deu experiência a Tostão, Gerson, Brito, Jairzinho, atletas que seriam campeões quatro anos depois, numa conquista absolutamente indiscutível. Diferente da Argentina no Catar, que foi derrotada na estreia e venceu nos pênaltis uma França desfalcada de meio time.

A final antecipada, no Mundial de 1970, foi diante dos prepotentes ingleses. Eles chegaram ao México de navio, levando sua própria alimentação e até mesmo a água que beberiam.

Na entrada de campo, com as seleções lado a lado, Pelé tratou de dar uma sonora bronca nos companheiros:

– Parem de olhar para esses branquelos de merda. Eles não jogam nada!

O adversário era forte. A base havia sido campeã em 1966: Gordon Bancks, Bobby Moore, Bobby Charlton, todos sob comando do mesmo técnico, Alf Ramsey. Vimos os últimos momentos do futebol-arte, como na jogada do gol marcado por Jairzinho. Mérito para Tostão, que tabelou com Paulo Cézar Caju, passou por três adversários e, mesmo desequilibrado, cruzou de direita para Pelé precisar apenas rolar com açúcar para o Furacão explodir as redes.

Tostão, já era um atleta consagrado. Desde a Copa do Brasil de 1966, competição que, na época, representava o Campeonato Brasileiro. O Santos de Pelé e Cia. foi ao Mineirão e, ao fim do primeiro tempo, o Cruzeiro já os vencia por 5 a 0. Fim de jogo, 6 a 2.

Na partida de volta, Santos 2 a 0 no tempo inicial no Pacaembu. No segundo tempo, o Cruzeiro virou para 3 a 2, derrotando mais uma vez o maior esquadrão do mundo para chegar ao até então inédito título.

Sem dúvidas, foi o maior time da história celeste: Raul, Pedro Paulo, Willian, Procópio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes; Natal, Evaldo, Tostão e Hilton Oliveira.

Alguns empolgados jornalistas, para nossa surpresa, declararam terem torcido pela Argentina por causa de Lionel Messi. Mais que isso: disseram que, com o título, ele teria superado Pelé e Maradona.

Pergunto: será que eles viram Pelé? Não, não viram. Muito menos Tostão!