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Edinho

ÍDOLO DE UMA GERAÇÃO

por Marcello Pires


Píndaro, Pinheiro, Assis, Galhardo, Abelhão, Duílio, Ricardo Gomes, Válber, Alexandre Torres, Thiago Silva, Gum…. A lista é extensa e eu poderia escrever mais algumas linhas citando outros tantos grandes zagueiros que deixaram sua marca na centenária história do Fluminense. Mas por mais tempo que eu perdesse lembrando desse passado glorioso, nenhum outro defensor que vestiu as cores verde, branca e grená conseguiria superar minha adoração por Edino Nazareth Filho. Mais do que um craque em campo, Edinho foi uma referência fora dele, o ídolo da minha geração, o cara que segurou as pontas diante de Zico e Roberto Dinamite, os reis do pedaço naquela época, e manteve o torcedor tricolor vivo nos tempos de vacas magras que se sucederam logo após o “desaparecimento” da fantástica máquina tricolor bicampeã carioca de 1975 e 1976, na qual ele também fez parte no início de carreira.

A tarefa de manter o Fluminense competitivo não era nada fácil, afinal o Flamengo se apresentava para um Maracanã quase todo domingo abarrotado com Zico, Junior, Leandro, Tita e cia; o Vasco tinha Roberto Dinamite e Wilsinho e o Botafogo era orquestrado pelo talentoso Mendonça. Só fera. Mas Edinho não era um simples zagueiro daqueles que só marcaram e davam porrada. Era forte, dono de uma impulsão assustadora, aliava técnica à raça, tinha velocidade, e ainda marcava gols. Gol de título, inclusive. Foram 34 pelo clube, um número razoável para quem tinha primeiro a missão de defender. Líder nato, ele também cobrava faltas e pênaltis e praticamente se tornou o “dono” do Fluminense após a saída de Rivellino para o mundo árabe, em 1978.

Nascido dia 5 de junho de 1955, no Rio de Janeiro, Edinho chegou ainda menino às Laranjeiras, com apenas 13 anos, e até deixar o torcedor tricolor órfão em 83, quando se transferiu para o Udinese, foram 14 anos defendendo as cores do Fluminense. Depois de cinco temporadas na Itália e uma rápida passagem pelo Flamengo, onde conquistou a Copa União, fato que certamente diminuiu seus status de ídolo para alguns torcedores, ele voltou para casa em 1988, encerrando sua trajetória pelo Tricolor como jogador no ano seguinte após 359 partidas disputadas.


Mas não foi só a conquista da taça das bolinhas pelo clube rubro-negro que balançou sua relação afetiva com parte do torcedor tricolor. No mundo globalizado de hoje em dia, dominado pela mídias sociais e no qual somos capazes de assistir vários jogos ao redor do mundo ao mesmo tempo, os craques do passado muitas vezes acabam varridos para debaixo do tapete e caem no esquecendo. Não chega a ser o caso de Edinho, que atualmente trabalha como diretor técnico do Tombense. Mas em recente pesquisa realizada pelo Globoesporte.com para eleger o maior ídolo da história do Fluminense, na qual 100 jornalistas foram ouvidos e tiveram direito a voto, o ex-zagueiro ficou apenas na 12ª colocação, atrás inclusive de Thiago Silva, o preferido da geração digital na posição. Castilho, merecidamente, ganhou com o pé nas costas.

Não que o jogador do Chelsea não esteja à altura do eterno camisa 5 e entre os principais jogadores do clube. Muito pelo contrário, na história recente do Tricolor o capitão da seleção de Tite certamente é o maior zagueiro a passar pelas Laranjeiras. Mas a alcunha de ídolo no meu modo de ver vai muito além de números e estatísticas. Tem a ver com empatia, entrega, comprometimento, tempo de casa, conquistas e representatividade. Edinho engloba tudo isso num pacote só. Começou na base, desbancou experientes medalhões para ganhar sua vaga na famosa máquina tricolor com apenas 20 anos, decidiu o título de 80, levou o clube nas costas até o surgimento do timaço tricampeão carioca (1983, 1984 e 1985) e campeão brasileiro (1984) e disputou três Copas do Mundo (1978, 1982 e 1986).

Tudo isso somado à época que o ex-zagueiro brilhou pelo Flu. Se a fartura de craques consagrados ao seu lado em meados dos anos 70 o ajudou a se projetar nacionalmente, a quantidade de jogadores talentosos que ele precisou encarar para vencer na carreira certamente o colocaram num outro patamar. Afinal, não é qualquer marcador que alcança a fama e chega à seleção brasileira tendo que parar caras do quilate de Zico, Tita, Cláudio Adão, Roberto Dinamite, Serginho, Careca, Reinaldo, Éder, Maradona, Platini, Rummenigge, Boniek, Mario Kempes, entre tantos outros.

Um deles é testemunha de como era complicado enfrentar o ex-zagueiro tricolor. E olha que à época ele fazia parte do maior time do futebol brasileiro.

– Edinho foi um dos maiores zagueiros que eu vi jogar. Muita técnica, muita raça, muita qualidade, muita intuição, bom na hora de fazer as coberturas, sabia sair de trás tocando a bola e era um líder nato, principalmente no Fluminense, quando ele viveu uma fase excelente. Fomos adversários muito tempo, um grande amigo, jogava todos os jogos e um dos melhores jogadores que eu vi jogar. Muito dotado fisicamente, um zagueiro fora de série – elogiou Tita, um dos atacantes que mais deram trabalho ao ex-zagueiro.


Edinho levantou vários troféus com a camisa tricolor, mas nenhum foi tão importante e significativo para o camisa 5 como o Estadual de 1980. Com um time quase todo formado em casa, o Fluminense até então não parecia ser páreo para o Flamengo de Zico ou o Vasco de Roberto Dinamite. Com exceção do meia Gilberto e do experiente goleador Cláudio Adão, os outros nove jogadores comandados pelo técnico Nelsinho Rosa eram oriundos das categorias de base do clube. Mas sob a batuta do zagueiro, dono da braçadeira de capitão, o Tricolor desbancou os favoritos, conquistou a taça Guanabara e se classificou para a grande decisão contra o Vasco de Zagallo.

Jogo difícil, truncado, debaixo de muita chuva e com o gramado pesado. Até que aos 22 minutos do segundo tempo Arnaldo Cézar Coelho marca uma falta na quina da área do lado esquerdo a favor do Tricolor. Edinho pegou a bola, ajeitou com carinho, tomou pouca distância e cobrou, a pelota quicou na frente de Mazaropi, o goleiro vascaíno ainda tentou espalmar pra frente, mas ela espirrou para o canto direito e resvalou na trave antes de entrar no fundo da rede. Gol de Edinho, do título, festa tricolor no Maracanã diante de quase 110 mil pagantes.

Cérebro daquele meio-campo tricolor, Deley jamais se esquecerá daquele 30 de novembro de 1980. Orgulhoso por fazer parte de um time quase todo feito nas Laranjeiras, fato que dificilmente se repetirá no futebol mercadológico de hoje, o camisa 8 destaca a qualidade do ex-companheiro e acredita que naquele domingo chuvoso o destino conspirou a favor de Edinho.

– Ele foi um líder incrível naquele período, quando podemos afirmar que era o melhor zagueiro do Brasil, principalmente pela sua liderança técnica. Até porque éramos um time jovem e que só tinha o Gilberto e o (Cláudio) Adão que não tinham sido formados nas Laranjeiras, coisa que dificilmente vai voltar a acontecer. Lembro que nós éramos considerados meio que o patinho feio do estadual, por isso ele teve uma importância muito grande naquele time. Acho, inclusive, que o gol de falta na final foi um prêmio pelo campeonato maravilhoso que ele fez e pela fase espetacular que vivia naquele momento – reconhece Deley.


Assim como toda sua geração, Edinho não teve tanta sorte com a camisa da seleção. Em 87 partidas com a seleção olímpica e a principal, o ex-zagueiro acumula uma medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de 1975, na Cidade do México, um vice-campeonato no Mundialito de 1980/81, no Uruguai, e três eliminações frustrantes em Copas do Mundo. Em duas delas ele foi titular, sendo inclusive o capitão da seleção comandada por Telê Santana na Copa de 1986, no México, na outra reserva de Luizinho no inesquecível timaço de 1982.

Além de Flu, Fla e Udinese, Edinho ainda atuou no Grêmio entre 1989 e 1990, quando conquistou dois campeonatos gaúchos, uma Copa do Brasil e uma Supercopa do Brasil. Mas foi nas Laranjeiras que ele marcou época e mais se identificou. O ex-zagueiro ainda retornou ao clube como treinador em 1991 e, nas três passagens que teve, conquistou duas Taças Guanabaras e não foi tão bem sucedido como quando vestia a camisa 5. Mas pra quem teve o privilégio de vê-lo em campo vestindo verde, grená e branca por quase 400 vezes isso pouco importa e não faz a menor diferença. 

VOZES DA BOLA: ENTREVISTA EDINHO


Os pés de Edino Nazareth Filho, o Edinho, hoje com 65 anos; a bola e as areias das praias da Zona Sul do Rio viveram um ‘triângulo amoroso’ que começou na infância, aos 11 anos, quando os pais dele se mudaram da Zona Oeste do Rio para a Praia do Leme, um dos cartões postais da cidade.

Foi ali que o trio amoroso conviveu quase que diariamente, até 1969, quando Edinho (levado pelos pés dele) com 13 anos, ‘traiu’ a areia da praia num encontro com o gramado das Laranjeiras, onde junto com a bola, foi fazer um teste para a base do Fluminense.

Foi um novo ‘trio amoroso’ que se formou, uma paixão que os três viveram até 1989, quando os pés de Edinho e a bola tiveram uma recaída pela antiga paixão, e num ‘divórcio amigável’, abandonaram a grama dos campos, e voltaram para os braços da grande paixão da adolescência, a areia, onde o craque se tornou um dos grandes ídolos do futebol de praia do Brasil, nos anos 90.

“Era domingo, estava sem fazer nada em companhia de dois amigos, quando li no jornal sobre uma experiência no Fluminense. Nem meião eu tinha, o meu negócio era jogar descalço na praia. Consegui uma chuteira e fui. Cheguei lá e tinha mais de 200 garotos, com idade entre 13 e 15 anos. Apresentei-me como meio de campo. Fui escolhido de cara e me colocaram no treino dos efetivos do time na quarta-feira. Logo virei titular”, relembra o hoje coordenador de futebol do Tombense, de Minas, em entrevista para a série ‘Vozes da Bola’, do Museu da Pelada com a serenidade de quem fez 65 anos há três meses.

Com a camisa tricolor, a titularidade atravessou os anos e se estendeu aos profissionais em 1973, quando fez sua estreia, mas foi dois anos depois, num sábado de Carnaval, no dia 8 de fevereiro de 1975, que ao ritmo da bateria da Mangueira, a torcida do Fluminense invadiu o Maracanã para assistir a estreia de Rivellino, justamente contra seu ex-clube, o Corinthians, com um passeio de 4 a 1, com direito a hat-trick (3 gols) do camisa 10 tricolor.

Nascia ali, um jovem zagueiro que se tornaria símbolo e peça importante na engrenagem funcional daquele time, que um ano depois, seria batizado de ‘Máquina Tricolor’.

‘Máquina’ que de cara faturaria o bicampeonato carioca em 75 e 76, conquistaria ainda torneios amistosos fora do país e ficaria marcada por vencer o Bayern de Munique, base da seleção alemã campeã do mundo em 74, por 1 a 0 no Maracanã, com gol contra de Gerd Muller.

Fã de Gérson, o ‘Canhotinha de Ouro’, a quem confessa ter se inspirado no fino trato à bola e treinado exaustivamente para bater de esquerda quando necessário fosse, Edinho foi aos poucos consolidando seu futebol.

De atacante na areia, passou a treinar no meio campo da  bases tricolor, e depois, ainda no juvenil recuou para a zaga, onde se tornou um dos maiores da sua posição. Com um estilo clássico, parecia que ‘jogava de terno’, mas sempre mostrou garra e raça pelos estádios do Brasil e do mundo afora.

Maior que seu gol na decisão do campeonato carioca de 1980, contra o Vasco, foi o reconhecimento conquistado e a admiração de tricolores ilustres, como o dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980); o jornalista Pedro Bial; o humorista Jô Soares e o músico Chico Buarque, fãs confessos do craque.

Das três Copas do Mundo que disputou, em uma delas, na de 86 no México, nas oitavas de final, marcou um golaço na goleada de 4 a 0 contra a Polônia, e teve uma atuação à ‘la Ruud Krol’, líbero holandês, em quem se espelhava.

“Me inspirei nele e gostava muito de vê-lo jogar. Era só um pouco mais velho, mas muito bom. Assim como um bom vinho italiano”, diria.

E como um ‘bom vinho nacional’, aos 32 anos, conquistou o título da Copa União de 87, pelo arquirrival Flamengo, já que fora desprezado pelo clube de coração que até hoje continua amando.

Venceu ainda a primeira edição da Copa do Brasil, disputada em 1989, por um outro tricolor, o Grêmio. Em 1990, após uma passagem de seis meses por um time amador, do Canadá, trocou os campos novamente pela areia, para defender a Seleção Brasileira de Beach Soccer.

O Museu da Pelada tem o prazer de entrevistar Edinho, um dos maiores ídolos tricolores de todos os tempos para a série ‘Vozes da Bola’.

Por Marcos Vinicius Cabral

Como foi sua chegada à base do Fluminense em 1969, com 13 anos?

Foi igual a de muitos garotos da minha idade. Aos 13 anos fui fazer uma peneira no clube e no primeiro treino passei. Daí, comecei a fazer parte do dente de leite, depois disso, cheguei até o profissional.


Cinco anos depois, aos 18, já estreava no time principal, fazendo parte do time que ganhou a alcunha de ‘Máquina Tricolor’ nos anos de 1970. Como era jogar entre tantas feras?

Uma experiência incrível. Foi muito bacana jogar num time de muitos craques, de muita experiência, e é claro, muitos jogadores campeões do mundo em 1970. No Fluminense tínhamos o (goleiro) Félix e o (lateral -esquerdo) Marco Antônio, e depois chegaram Paulo Cezar Caju, Carlos Alberto Torres, Rivellino, ou seja, um jogador jovem como eu era e tendo essa experiência na carreira em jogar com esses jogadores importantes no cenário do futebol, foi recompensador.

Com a camisa tricolor você foi campeão estadual em 1975, 1976 e 1980. Qual desses foi o mais difícil?

Ganhar título é sempre muito importante, mas não é fácil não, é muito difícil. Acho que título sempre tem uma importância na nossa carreira, na vida. Posso afirmar que todos os títulos foram importantes, mas o (Campeonato Estadual) de 1980, talvez tenha sido o mais significativo em função de ter sido o autor do gol do título. Se tiver que escolher um, é esse aí.

Medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de 1975, no México, improvisado como lateral-esquerdo na Copa de 1978, na Argentina, reserva na de 1982, na Espanha, e capitão e autor de um golaço nas oitavas de final contra a Polônia, na de 1986, no México. O que faltou ao Edinho com a camisa da seleção brasileira?

Ganhamos a medalha de ouro no Pan-Americano em 1975 e 4° lugar nas Olimpíadas de Montreal, no Canadá, em 1976. Em seguida fui convocado para disputar as eliminatórias em 1978, jogando na minha posição, pelo Osvaldo Brandão. Mas, depois mudou o treinador (Cláudio Coutinho), e na convocação para a Copa do Mundo ele me chamou como lateral-esquerdo, o que acabou sendo uma novidade para mim, pois havia feito poucos jogos improvisado nessa posição. Mesmo tendo jogado bem, não era a minha posição e ele me convocou como titular da lateral-esquerda, na Argentina. É claro que foi muito difícil, ainda mais jogando uma Copa do Mundo, em uma posição que não é a sua, tendo outros jogadores da posição. Portanto, foi extremamente difícil, muitas críticas, as pessoas tentavam criticar o treinador e nominalmente me criticavam, mas eu entendi perfeitamente o quão difícil foi aquele processo. Em 1982, fui convocado como zagueiro, fui reserva do Luizinho, do Atlético Mineiro, e em 1986 fui capitão da equipe no México. Então confesso que foi muito bacana ter participado de três Copas do Mundo e vivido essas situações, em que eu poderia ter saído queimado em 78, aí fui convocado outra vez em 82, mesmo na reserva, e em 86, virei capitão da equipe, o que mostra o respeito ao profissional que fui. É lógico, também, que não dá para se ganhar sempre uma Copa do Mundo. O que faltou? Acho que esse título da Copa do Mundo, pois não é toda hora que a gente pode ganhar, mas foi recompensador jogar três Copas do Mundo, o que não é qualquer jogador, ainda mais em um país como o Brasil, onde muitos jogadores a toda hora despontam.

Em 359 partidas pelo Fluminense, você assinalou 34 gols. Tem algum que tenha sido marcante para você?

Fiz 359 partidas pelo Fluminense, fora os amistosos, e fiquei de fora de muitos jogos jogando pelas seleções, principalmente na principal, quando a gente concentrava muito tempo antes e ficava muitos dias afastados do nosso clube. Tanto que a CBD (Confederação Brasileira de Desportos), pagava o salário do jogador convocado. Sempre fui um jogador que fiz muitos gols, mesmo sendo zagueiro, pois me aprimorei nas batidas de faltas, no cabeceio, nas cobranças de pênalti e chutes de longa distância. Mas, posso selecionar como marcantes, o de 80, na decisão do campeonato carioca, quando ganhamos por 1 a 0, gol de falta; pelo Fluminense teve um contra o América, marcante também, e contra o Flamengo, de cabeça, ou seja, gols interessantes. Mas sem sombra de dúvidas, o de 80 foi o mais importante.

O Maracanã completou 70 anos recentemente. Quais são as suas lembranças como jogador no estádio?

Todo grande jogador prestou uma bela homenagem ao Maracanã, fazendo belíssimos jogos no estádio que fez 70 anos recentemente. Eu fico honrado em ter sido escolhido entre os 50 maiores que jogaram nesse Templo do Futebol. Isso não é para qualquer um não.

Em 1982 você se transferiu para a Udinese, da Itália, atuando ao lado de Zico, que chegou um ano depois. Por que aceitou jogar em um time considerado médio no futebol italiano?

Aceitei jogar na Udinese-ITA mais em função da situação em que me encontrava no Fluminense, né? O clube vivia um momento financeiro delicado e eu achava que o meu futebol poderia se dar melhor na Europa. Foi a primeira oportunidade que apareceu, ou melhor, na verdade, a segunda, pois a primeira foi o Olympique de Marseille-FRA, mas o Fluminense não quis me vender na época. A gente, o jogador, ficava preso sob a Lei do Passe, e éramos presos aos clubes. Com isso a possibilidade de ser vendido, ainda mais sendo um jogador ídolo como eu era no Fluminense, era pequena. Com isso, tive que montar uma estratégia e incluí no contrato uma cláusula em que eu pudesse me transferir para um clube por uma certa quantia no final do vínculo. Assim foi feito e acabei indo jogar em Udine, na Itália.


Quem foi seu melhor treinador?

O meu melhor treinador foi aquele que me ensinou muitas coisas, como fez o falecido Pinheiro, quando cheguei às Laranjeiras, nas categorias de base do Fluminense. Depois, sinceramente (pausa para pensar), encontrei muitos treinadores, mas treinador realmente, que a gente pode encher a boca e dizer que era treinador de verdade, aprendi muito pouco com eles. O Pinheiro foi exceção, o que me formou, aprendi muito com ele. Outro também foi o Enzo Ferrari, técnico da Udinese-ITA, e que o Zico também gosta muito, e que foi o nosso primeiro treinador na Itália. Esses dois, posso dizer que foram os meus melhores treinadores e com quem gostei muito de ter trabalhado.

Retornando da Itália para o Brasil, por que escolheu o Flamengo?

A ideia sempre foi voltar para o Fluminense, mas só que o Fábio Egypto, presidente do clube à época, não me aceitou de volta. Sabendo disso, o Flamengo me fez uma proposta, eu aceitei, e joguei no clube. Foi uma experiência muito legal. Fomos campeões da Copa União em 1987, num grupo muito coeso, ambiente maravilhoso e só craques no elenco. Tive a oportunidade de entrar em uma equipe altamente qualificada.

Tão qualificada que você formou uma zaga de respeito com Leandro. Como era jogar com ele?

O Leandro não era zagueiro de ofício, era lateral, mas era um craque de bola. O Leandro era um jogador que onde fosse escalado, ele jogava, e jogava bem. Jogar com ele na zaga foi muito legal e acredito que para ele também tenha sido uma experiência boa em ter jogado comigo, porque ele pode também se olhar bastante e ter esse entendimento como era jogar como zagueiro central comigo ao seu lado.

Ainda sobre 87 e seu período no Flamengo, você sempre foi considerado um jogador que marcava duro, mas sem ser desleal. O que realmente aconteceu entre você e Geovani naquele Flamengo e Vasco pela Copa União, em 1987?

Foi o seguinte: eu voltara há pouco da Itália e o futebol brasileiro vivia um pouco confuso, conturbado, muita desorganização. Até para o campeonato brasileiro foi difícil e a Copa União foi feita pelos clubes na marra… Então, não havia muita disciplina, e isso me marcou bastante, porque, a falta de punição, impunidade e tudo mais. Com o Geovani, foi um lance normal dentro de campo, onde eu caí, existia uma rivalidade muito grande entre Flamengo e Vasco, e eu caído no chão, ele me deu um soco no rosto, onde tive afundamento de malar. Passei por uma cirurgia e fiquei um mês parado, sem jogar futebol. Mas não tem nenhum tipo de problema entre nós, não!

O título da Copa União até hoje gera polêmica. Edinho é, assim como o Flamengo, campeão brasileiro de 1987?

Isso já foi decidido nos tribunais e se já foi decidido não é polêmica, se cria polêmica em torno de uma decisão. Independente de qualquer decisão judicial, todos nós, jogadores do Flamengo e que jogamos aquela competição, nos consideramos campeões. Nosso título foi conquistado com muita determinação, jogando contra grandes equipes da época e nada nos tira isso, ou seja, ganhamos dentro de campo e não fora dele. Espero ter respondido essa pergunta.

Quem foi sua grande inspiração dentro das quatro linhas?

Como jogador eu gostava muito do Gerson, o ‘Canhotinha de Ouro’, principalmente naquela fase no Botafogo. Lembro que eu gostava de imitá-lo e aprendi a chutar de canhota em função dele, porque nessa de tentar ser igual a ele, aprimorei muito em bater de perna esquerda. O Gerson foi um jogador em quem me inspirei bastante, não o seu jogo em si, até porque minha posição era outra, mas como jogador mesmo.

No Grêmio, onde foi capitão e ergueu a taça do título da primeira edição da Copa do Brasil de 1989, você jogou pouco tempo. O que houve?

Depois de passagens por Flamengo e Fluminense, cheguei no Grêmio, onde fomos campeões Gaúcho, sendo eu o capitão da equipe. Levantei a primeira taça da Copa do Brasil em 1989, e isso foi muito importante, pois o meu nome está marcado na história do clube, em uma competição que se tornou muito disputada, além do grande valor no calendário de competições do futebol nacional. Mas na verdade, no Grêmio eu joguei muito pouco, até porque a ideia inicial era ficar um ano apenas, aí eles queriam renovar meu contrato, não aceitei e retornei ao Rio de Janeiro.

Pela sua representatividade no futebol, principalmente no Fluminense, por que  pendurou as chuteiras em 1990, em um time amador de Toronto, no Canadá?

Porque surgiu a oportunidade – muito bacana por sinal -, depois que encerrei a carreira. O Toronto é um time amador, semiprofissional, e foi uma experiência inesquecível. Ali, fui jogador e um pouco treinador, onde ajudava o técnico da equipe em todos os sentidos. Foi bacana fazer essa transição de jogador para treinador, e em 91, eu já voltei para o Fluminense como treinador da equipe principal. Mas foi uma experiência muito legal mesmo, onde fiz um contrato de três anos e fiquei seis meses na equipe.

O que o futebol representou para o Edinho?

O futebol foi a minha vida, ou melhor, continua sendo a minha vida. Representou não, representa isso ainda, o futebol é meu dia a dia, onde desde meus 13 anos de idade, quando entrei no Fluminense, respirava 24 horas futebol. Hoje, na função de coordenador técnico, a minha vida continua firme em torno do futebol.


Você não renovou com a SporTV e está voltando a se envolver novamente com futebol. Depois de algum tempo, por que retomar a carreira de coordenador?

Eu fiquei durante sete anos como comentarista do SporTV, onde as coisas não funcionaram como eu achei que poderiam funcionar, e fiquei desmotivado na hora da renovação. Mas bem antes disso ocorrer, eu já começava a projetar a minha volta para uma função dentro de um clube. Te confesso que é o que sei fazer e o que gosto de fazer. Me preparei, fiz o aperfeiçoamento teórico-prático no Curso Licença A da CBF, promovido entre os dias 4 a 21 de maio do ano passado, em Águas de Lindóia, no CT Oscar Inn, e me coloquei no mercado de novo. Vim para o Tombense-MG não como técnico, mas para ser coordenador, o que eu acho, particularmente falando, uma situação interessante. A propósito, já desempenhei essa função no Athlético-PR e no Vitória-BA. Então, acho que está tudo dentro da minha expectativa, do que eu sei fazer, o que eu posso fazer, e estou aqui tentando colaborar ao máximo com meu conhecimento e experiência que tenho no futebol, para viver esse novo momento na minha carreira.

Como tem enfrentado esses dias de isolamento social devido ao coronavírus?

Estou morando aqui em Carangola, uma cidade na zona da mata, no interior de Minas Gerais. Aqui teve confinamento e toda aquela preocupação com o coronavírus. Mas na cidade, pessoas não ficaram trancadas e nem os comércios aqui, talvez, tenham ficado uma semana fechado no máximo. As coisas funcionam, mas com as devidas precauções e importância que têm que ter com esse vírus. Já fizemos testes, além de pouquíssimos casos registrados aqui na cidade e todos assintomáticos.

Recentemente, no aniversário de 118 anos do Fluminense, numa eleição com 100 jornalistas esportivos, que Fred foi apontado como o 2º maior ídolo do clube, só atrás de Castilho. Você ficou em 12° lugar. Te surpreendeu o resultado?

Esse resultado aí, nessa eleição de 100 jornalistas, não me surpreendeu mesmo. Por quê? Porque são gerações diferentes e o meu tempo passou e muitos deles que votaram, não me viram jogar, tem a cabeça mais fresca com as coisas da atualidade. Mas as pessoas da época, os mais antigos, certamente, se tivessem que votar, votariam em mim. No Fluminense, ídolo mesmo, jogador feito em casa, criado e chegado lá com 13 anos de idade, ter jogado em um dos maiores times de todos os tempos do clube, que foi a ‘Máquina Tricolor’, ser cria das Laranjeiras, isso aí é muito difícil de ser alcançado. Então, sei da minha representatividade nas Laranjeiras, representei muito bem as cores dentro de campo, me orgulhava de representar os torcedores, ou seja, é natural, até muito bacana terem me escolhido como 12° com 100 jornalistas votantes. Bacana mesmo, as pessoas lembrarem de mim, mas tenho a consciência de que o que vale mesmo, é a memória e a história. No Brasil e em alguns clubes também, o Fluminense não seria diferente, poucos reconhecem seus antigos ídolos. Então, achei legal.

Ainda sente saudades da época de jogador?

Na verdade, depois que parei de jogar futebol profissional, nunca senti saudades de nada. Nunca pensei em voltar no tempo, tipo “poxa, se eu estivesse aqui jogando!”, não, isso é passado e as coisas passaram. Estou vivendo um outro momento e sei o quanto foi bacana a minha época de jogador. No mais, ao encerrar a carreira, acabou, acabou mesmo… e não sinto saudades de absolutamente nada. Hoje, nem gostar de jogar futebol eu gosto, nem pelada eu bato mais. Então quer dizer, dentro de campo, o futebol não me faz falta.

GIGANTES DA AREIA

por Sergio Pugliese


Edinho revendo sua camisa 9 ao lado de Junior. No fundo, Cocada. 

No dia 10 de outubro de 83, alguns dias antes de enfrentar o argentino Passarella, da Fiorentina, em mais um clássico italiano, o zagueiro brasileiro Edinho, astro da Udinese, enviou um cartão postal para Cocada, camisa 5 do Chelsea. Não o clube inglês, mas o timaço da Constante Ramos, em Copacabana, que dois meses depois disputaria a final do Campeonato Estadual de Futebol de Praia contra o vizinho Valença, do Bairro Peixoto: “Estou aqui para jogar contra esse bundão do Passarella. Fiquei sabendo que vai passar no Brasil. Em dezembro estou aí para aquela partida de futi com a 9”. Edinho mais do que ninguém conhecia a rivalidade monstro entre Fiorentina x Udinese, mas o Chelsea, time de coração onde era o centroavante matador não saía da cabeça. 

– Sou cria da praia e contava os dias para rever minha rapaziada – divertiu-se Edinho, no encontro promovido por Eraldo Xavier, o Cocada, nas areias da Constante Ramos, Posto 4, para os campeões recordarem os melhores momentos do título.

Foram anos dourados e o troféu serviu como cereja no bolo na trajetória dessa grande família! A equipe do A Pelada Como Ela É não ia perder essa e de cara foi brindada com a ilustre presença de Leovegildo Junior, do rival Juventus. Com ele, ouviu o curioso causo narrado pelo goleiro Henrique Lott, hoje tenista de ponta (mostra quem manda, Toninho!). Há alguns meses ele passou por uma situação inusitada: foi reconhecido pelo ladrão que o assaltava. Era um ex-adversário que aproveitou para revelar em tom nostálgico nunca ter visto um time igual ao Chelsea e para não perder a viagem exigiu uma “indenização” por todas as goleadas sofridas. Fugiu com alguns trocados, e, claro, a consciência tranquilíssima. Doce vingança! 

– Parece piada, mas foi real – jurou. 

O Chelsea realmente traumatizou muitos rivais. O técnico Geraldo Mãozinha fazia por onde, era linha dura. Na véspera das decisões fiscalizava as ruas de Copacabana para impedir os jogadores de caírem na tentação. Mas dessa vez Henrique, Cajinho, Hulk, Crioulo, Aldinho, Cocada, Ronaldo, Marco Octávio, Bico, João Mário, Armandão, Babá, Zé Luiz e Coelho estavam decididos a levantar o caneco e chegaram cedo ao campo. Maurício Gentil, Barril e Alemão, suspensos, e Ivan, emburrado, de joelho operado, também marcaram presença, assim como Seu Guedes, dono da Bee, patrocinadora oficial do escrete. Os dois primeiros jogos da decisão foram 0 x 0 e o árbitro Daniel Pomeroy previu uma batalha duríssima. Acertou. As zagas não davam chance e os principais lances morriam no meio campo, mas no fim do primeiro tempo João Mário aproveitou cruzamento de Bico, furou o bloqueio e venceu o goleiro Franklin. 

– Ficar fora desse final foi dureza – lamentou Ivan, que numa das partidas do campeonato ganhou fama por enterrar a súmula para impedir que adversários inconformados com a derrota a rasgassem. De madrugada voltou ao local e a desenterrou, intacta. 

No segundo tempo, o técnico Guimarães, do Valença, trocou Juca por Irimar e ganhou mais velocidade. Paulinho, de cabeça, empatou. Cocada, um dos melhores cobradores de faltas da praia, torcia por uma, mas nada. E quando Pomeroy ameaçava encerrar a peleja e partir para os pênaltis, Cocada, de meia-bicicleta, mandou a bola para a área e João Mário passou para Armando, que rolou para Bico. Gol!!!! Chelsea campeão! O ponto de encontro Dauphine, onde hoje é o Diagonal, na esquina da Barão de Ipanema com Domingos Ferreira, explodiu em felicidade!!!! 

– Inesquecível – resumiu Bico. 

No encontro, Cocada, Cajinho, Henrique, Ivan, Edinho, Junior e Magal deliciavam-se com recortes antigos. Tantas estrelas reunidas merecia uma foto e Reyes de Sá Viana do Castelo, o J.R Duran das peladas, iniciou a convocação: “essa metade em pé e vocês agachados”. Peraí, Reyes, estamos em 2012, dá uma colher de chá para as feras! Nos anos 80 a rapaziada não enfrentava qualquer dificuldade para essa abaixadinha, jogavam horas na areia fofa e queriam mais. Mas, agora, essa manobra exige cuidado. Para incentivá-los e não deixar a peteca cair, um dos figuraças do grupo, o professor de Educação Física Roberto Vallim, o Betinho, entrou em ação cantando Rappa: “Se meus joelhos não doessem mais, diante de um bom motivo que me traga fé…que me traga fé”. E o motivo era nobre: ser eternizado pela digital de Reyes. O “empurrão musical” funcionou! Os craques do Chelsea esqueceram-se das rótulas emperradas e meniscos desgastados, e posaram orgulhosos representando uma lendária geração que fez história e hoje integra a seleta lista dos monstros sagrados do futebol de praia.


Tom (camiseta cinza), Aldo, Ivan, Jr. Cabeça, Henrique, Junior, Parrumpa, Cocada, João Mário e Magal. Agachados: Bico, Ronaldo, Babá, Betinho e Cajinho.

 

 

PAINEIRAS, ENFIM!


O ex-jogador Edinho marcou presença na apresentação do hotel para os jornalistas


Hotel das Paineiras: Pelé e Didi jogam damas ao lado de Belini e Gilmar (sentados). Em pé (esq. p/ dir.), Zequinha, Mauro, Paulo Amaral e Zito. 07/05/1962 / Agência O Globo
 

Palco de inúmeras concentrações da seleção brasileira e de vários times cariocas, o Hotel das Paineiras, próximo ao Corcovado, vai ser reinagurado oficialmente neste sábado, no Rio de Janeiro. Construído em 9 de outubro de 1884 para ser a casa de verão de D. Pedro II, o grande estabelecimento foi arrendado pela Associação Educacional Veiga de Almeida em 31 de outubro de 1984. A apresentação do hotel reformado ocorreu ontem para os jornalistas e contou também com a presença de ex-jogadores, como o craque Edinho, atualmente comentarista do SporTV.

Ex-ponta da Máquina Tricolor, Zé Roberto Padilha deixou um depoimento bem bacana, lembrando seus tempos de jogador, quando se concentrava no sofisticado hotel:

“O Fluminense concentrava ali entre 1971 e 1975, quando mudamos para o Hotel Nacional. Em frente ao hotel, toda terça tinha largada comandada pelo Parreira para a corrida de 5 km, uma enorme subida em que eu, Edinho, Rubens Galaxe, Toninho, Pintinho e Cafuringa disputávamos o ouro olímpico. Certa vez encontrei o Abel Braga, nosso zagueiro, liderando no km 3. Pegou uma carona em uma kombi e surgiu por um atalho. Mas era zagueiro, perdoamos. Se existisse delação premiada, quem sabe? Valendo uma vaga naquele time….”

SAUDADES DO EDINHO

Por Zé Roberto


Foto: Reprodução

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Pensei que era apenas uma rixa com o Fred. Mas contra o Flamengo, ele trocou socos durante 90 minutos com o Guerrero. E ontem, contra o Volta Redonda, voltou a exibir a marca das travas da sua chuteira para o artilheiro do estadual, o Tiago Amaral. Lento, violento e indisciplinado, Rodrigo, zagueiro do Vasco, definitivamente não está fazendo o que gosta. Depois que as lentes das câmaras se aproximaram dos lances e exibiram as feições dos jogadores, na mesma proporção que o bom futebol se afastou delas, xingar os bandeirinhas, chutar a bola para longe e peitar constantemente o juiz são indícios de que este rapaz não está curtindo o que faz nas tardes de domingo.

Pior que irradia. Se fosse a arte, e não chutões, que iniciasse as jogadas do Vasco por seus pés, Andrezinho não se acharia no direito de distribuir pontapés. O mau exemplo tem potencializado a natural agressividade do Marcelo Mattos, hoje um especialista em agarrar camisas adversárias nos cruzamentos sobre as áreas. Até Nenê, que saiu do Brasil jogando com a 8 porque tinha Conca, Roger, Thiago Neves e outros célebres canhotinhas atuando, não tem mais a humildade em reconhecer que sua 10, na volta, é o retrato maior da falta de talento dos nossos atuais meio campistas e começa a se achar, se irritar, e perder pênaltis ao se contagiar pelo modo Rodrigo de atuar. 


Foto: Reprodução

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No jogo de ontem me deu saudades do Edinho. Aos 19 anos, o zagueiro tricolor, revelado por Pinheiro, chegava uma hora antes do treino para jogar tênis com os associados do clube. Depois, era pole position nas corridas de 5 km nas Paineiras e saia do treino direto para a rede de futevôlei, em Copacabana. Às vésperas de um Fluminense x Vasco, em 1975, Assis, uma lenda paraense que formava a zaga com o Silveira, se machucou e Paulo Emílio corajosamente lançou o menino. Jogou tão bem que o Assis teve que se transferir para o Sport Recife e ninguém nunca mais segurou o Edinho. Saía jogando com extrema categoria, não dava pontapés porque se antecipava aos adversários e se tornou uma das principais armas da máquina tricolor bicampeã carioca. Convocado por Telê Santana, disputou duas Copas do Mundo e encerrou sua carreira na Udinese, da Itália.

Desde a antiguidade que o homem, inquieto, ilógico, porém racional, descobriu que a maior razão da sua existência era a felicidade. Entre Rodrigo e Edinho só existe uma semelhança: batem muito bem uma falta. A diferença é que depois das cobranças, Edinho acariciava a bola e agradecia a oportunidade por ela concedida. Rodrigo, contrariado, volta pro seu campo batendo nela, nos adversários e nos sonhos de tantos garotos que gostariam de estar jogando no seu lugar.