por André Felipe de Lima
Dino da Costa foi o primeiro brasileiro a se consagrar no “Calcio” (como chamam o futebol na Itália) ao se tornar artilheiro do Campeonato Italiano, quando marcou 22 gols com a camisa da Roma na temporada 1956/57. O centroavante nasceu no Rio de Janeiro em 1º de agosto de 1931. Das peladas nas ruas da Penha, na zona norte do Rio, em um clube do mesmo bairro em que morava, para os juvenis do Botafogo, em 1947, deu os seus primeiros passos no futebol.
Quem o levou a General Severiano foi seu tio Rogério. Quando chegou ao time de aspirantes, Dino teve sua primeira chance entre os profissionais graças ao técnico Pirillo, craque de bola em passado ainda mais remoto, vestindo as cores do Internacional, do Peñarol, do Flamengo e do próprio Botafogo. A estreia aconteceu durante a vitória de 3 a 0 sobre o Madureira, no dia 14 de abril de 1951. No jogo, Dino marcou dois gols. Ele e o ponta-direita Joel, que trocaria General Severiano pela Gávea numa das transações mais polêmicas do futebol carioca do início dos anos de 50, tinham acabado de sair do time de aspirantes.
Mais tarde, sob o comando do folclórico técnico Gentil Cardoso, garantiu a vaga de titular e, de quebra, foi renovando contratos vantajosos a ponto de conquistar um salário de onze mil cruzeiros mensais, em fevereiro de 1955. Estava a meses, portanto, de ter o passe negociado ao futebol italiano.
Dino partiu, mas deixou bons investimentos com o que ganhou no Botafogo. Comprou três terrenos no interior do Estado do Rio de Janeiro. Foi, contudo, no campo de futebol suas mais significativas conquistas. Dino da Costa consagrou-se como artilheiro do Campeonato Carioca de 1954, com 24 gols, jogando sempre pelo Botafogo, único clube que defendeu no Brasil antes de se transferir para o futebol italiano.
Embora desejasse ser artista de rádio, um anseio de muitos jovens de sua época, a vocação para o futebol era latente e a de goleador simplesmente espantosa. Que o digam os rivais do Botafogo. No tradicional clássico “Vovô”, contra o Fluminense, Dino da Costa marcou 11 gols, marca que o posiciona em segundo lugar, atrás apenas de Heleno de Freitas, na lista de artilheiros alvinegros contra o Tricolor. Frente ao Flamengo assinalou seis vezes e contra o Vasco, sete. Apesar da excelente performance diante dos rivais, Dino confessou ao repórter Isaac Cherman, em 1955, que o Botafogo era “clube mais azarado do Brasil”.
Após uma excursão à Europa em 1955, a diretoria do Fogão vendeu, além do próprio Dino da Costa, que passou a vestir a camisa da Roma, seus outro excelente atacante, o craque Luiz Vinícius de Menezes, conhecido como “Leão de General Severiano”, que seguiu para o Napoli. Com o passe de Dino e Vinícius, o Botafogo embolsou 10 milhões de cruzeiros, o equivalente a 50 mil dólares na época.
O último jogo de Dino da Costa pelo Alvinegro aconteceu no dia 9 de julho de 1955, em Praga, na vitória de 1 a 0 [com gol de Vinícius] sobre o Dínamo. Dino vestiu a camisa do Botafogo em 176 partidas e marcou 144 gols, sendo artilheiro também do torneio Rio-São Paulo de 54, com sete gols.
As negociações dos passes de Dino da Costa e Vinícius renderam uma fortuna ao clube, mas também uma grita incessante dos torcedores. No primeiro jogo, contra o Vicenza, no dia 18 de setembro de 1955, Dino da Costa marcou um gol na goleada de 4 a 1 da Roma sobre o Vicenza, clube em que seu ex-companheiro de Botafogo jogaria na década seguinte. A torcida Alvinegra ficou revoltada, e não era à toa, já que ao fim da temporada italiana de 1956/57 Vinícius foi o segundo artilheiro, com 18 gols, atrás apenas de Dino, que assinalou 82 gols pela Roma em 163 jogos, incluindo os da Série A, disputados entre 1955 e 1960.
Dino da Costa permaneceu no futebol italiano, onde também se destacou na Fiorentina, pela qual disputou 30 jogos e marcou oitos gols, e no Atalanta, com 52 jogos e 18 gols, de 1961 a 63. Rodou por vários clubes da “vecchia bota”, vestindo as camisas da Juventus, pela qual marcou 12 gols, Hellas Verona e Ascoli, último clube da carreira, na temporada 1967/68. De 1955 a 1968, o desempenho do jogador brasileiro na Série A do Campeonato Italiano foi extraordinário: marcou 108 gols em 282 jogos.
Cidadão brasileiro, porém oriundi, Dino da Costa obteve a dupla nacionalidade e chegou a entrar em campo uma vez pela Squadra Azzurra. O jogo aconteceu no dia 15 de janeiro de 1958 e a Itália perdeu de 2 a 1 para a Irlanda do Norte, com um gol dele, o implacável Dino da Costa. Mas o jogo valia muito. Era decisivo para ver quem iria à Copa do Mundo de 1958, a ser realizada na Suécia. Foi a última vez que a Itália ficou fora de uma Copa. Dino formou o ataque da Azzurra com outros dois grande nomes do futebol sul-americano, os uruguaios (e oriundi como ele) Alcides Ghiggia e Juan Alberto Schiaffino, que nos fizeram chorar na final da Copa de 50, no Maracanã.
Quando encerrou a carreira nos gramados, o ex-atacante do Botafogo ingressou imediatamente em outra profissão que não lhe afastasse do futebol: a de treinador.
Poucos ainda se recordam do craque Dino da Costa no Botafogo, mas o goleador é considerado um dos maiores artilheiros da história do Fogão e incontestável ídolo da história da Roma.
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A biografia de Dino da Costa consta do quarto volume (de um total de 18), a Letra “D”, da enciclopédia “Ídolos – Dicionário dos craques do futebol brasileiro, de 1900 aos nossos dias”, que será lançada no primeiro semestre de 2018, pela Livros de Futebol.com. Ainda este ano, disponíveis no mercado os dois primeiros volumes, as letras “A” e “B”. Aguardem!