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Corinthians

JOGO INESQUECÍVEL

por Luciano Pires

Campeonato Brasileiro de 1999. Meu Coringão vai jogar contra o São Paulo no Morumbi, jogaço que eu estava louco pra assistir. Um amigo – sãopaulino – disse que conseguiria dois ingressos de camarote para eu assistir ao jogo. É lógico que eu topei. Mas havia um problema: era no camarote oficial do São Paulo, no meio dos cartolas. Eu, corinthiano, estaria rodeado dos mais fanáticos sãopaulinos e não poderia dar um pio, sob pena de ser linchado. Achei melhor não ir, mas depois, pensando bem e diante da perspectiva de um jogão de bola, topei.

Convidei um amigo, outro corinthiano roxo, e lá fomos os dois. Mordomia total, estacionei o carro debaixo da arquibancada e subimos para o camarote para dar de cara com centenas de sãopaulinos fanáticos se preparando para o jogo. E eu e meu amigo, na moita. Fomos entrando sem dar bandeira, preocupados que alguém achasse que tínhamos cara de corinthianos e nos acomodamos, quietinhos. Do outro lado dos vidros, milhares de corinthianos xingando quem estava dentro do camarote, eu e meu amigo inclusive. Não tinha como dizer pra eles que nós éramos os mocinhos… E começa o jogo, nós dois nos policiando para não dar bandeira. Nenhum movimento brusco, nenhuma encarada, só olhando pro campo e torcendo em silêncio, até que aos 23 minutos, Nenê marca o primeiro gol do Corinthians! Olhamos um para o outro discretamente, com um sorriso mental… e a corinthianada furiosa do lado de fora esmurrando o vidro do camarote. Seis minutos depois Raí marca para o São Paulo e o camarote explode. Eu e meu amigo fingimos que comemoramos…

Três minutos depois, Ricardinho marca o segundo do Timão. E eu comecei a suar frio, reprimindo o berro. Meu amigo idem. No final do primeiro tempo Jorginho, de cabeça, empata para o São Paulo. Com 2×2, no intervalo fomos ao banheiro aliviar a tensão. Que loucura…

Começa o segundo tempo, tenso, e aos sete minutos Marcelinho cobra uma falta e coloca o Timão à frente: 3×2. A torcida vai à loucura e os corinthianos começam a escalar o vidro do camarote, falando palavrões que eu não conhecia. Os sãopaulinos emputecidos e eu e meu amigo explodindo por dentro! 

E então acontece… Aos 17 minutos do segundo tempo, pênalti para o São Paulo. O camarote enlouquece. Raí coloca a bola na marca e prepara-se para chutar. Eu tento fechar os olhos, mas não dá. Ele chuta! E o goleiro do Corinthians, Dida, defende… Uma gritaria imensa, com os olhos esbugalhados olho pro meu amigo, que também esbugalhado me olha. Os dois suavam, os músculos do pescoço tensos, um grito amarrado na garganta!! Continua o jogo, na pressão, e pronto! Outra vez! Aos 45 minutos do segundo tempo, outro pênalti para o São Paulo. O camarote vai à loucura! Novamente, Raí coloca a bola na marca e faz aquela pose característica com as mãos à cintura. Silêncio mortal. Raí corre para a bola, chuta e o Dida defende de novo!

Meu amigo não suporta, levanta e grita:

– Mas que filho da puta!

Até hoje os sãopaulinos tem certeza que ele estava xingando o Dida…

CABELO NA HISTÓRIA DA BOLA PESADA E DO CORINTHIANS

por Rivelino Teixeira, do blog Coisas Boas do Esporte

No Brasil, a gente não valoriza nossos ídolos como eles deveriam ser.

O que faço no meu blog (www.coisasboasdoesporte e no programa Lance Livre (hoje exibido pela Canal 25 da Net Jundiaí e pela internet www.canal25.com.br) todos os dias é resgatar a história dessa turma. Muitos deles ficam esquecidos e isso não pode acontecer. Por isso parabenizo à todos e espero que não fique por aí. 

O futebol de salão ficará sempre marcado como o esporte da “bola pesada”, e para os que praticaram ou para os que acompanharam esta época da modalidade, nada será igual.

Em quadra grandes elencos e craques que desfilavam categoria, transformando tudo isso em emoção para quem assistia.

O espaço para demonstrar respeito para um dos grandes nomes do futebol de salão brasileiro nas décadas de 70 e 80, Sérgio Saad, ou simplesmente Cabelo.

Sérgio Saad nasceu em 4 de outubro de 1953, e com o DNA de craque, de esportividade e de vencedor.


Círculo Militar

Em competições, tudo começou com a camisa do Círculo Militar de São Paulo, entre 1965 a 1974.

Na década de 80 eu acompanhava os duelos dos times de Jundiaí enfrentando estes timaços de São Paulo jogando no Ginásio do Bolão. Antes os duelos contra o Unidos, e depois a Cosmar e o Morando de Ernestino, Sérginho Chagas, Manfrotti e tantos outros encarando as feras dos grandes da capital.

Cabelo era um destes que davam show em quadra. Na carreira guarda com muito carinho a passagem pelo Parque da Móoca, e foi lá que conquistou um dos títulos mais importantes de sua galeria, o de campeão do Torneio Internacional de Montevidéu.

Teve uma longa passagem com a camisa do Tricolor do Morumbi. Pelo São Paulo disputou vários campeonato promovidos pela Federação Paulista de Futebol de Salão, isso de 1974 a 1978.

Com a camisa do seu time de coração.


Com o Corinthians: Dr Geraldo, Garcia, Ney, Noventa, Edu, Edson, Ico, Zé Carlos, Agrela, Aldo, Oswaldão, Daniel, Cabelo, Medina, Mingo, Miltinho, Waltinho e Marcinho

Todos os momentos, todos os clubes que defendeu Cabelo guarda em sua memória como inesquecíveis, mas um clube ele não abre mão de destacar que foi especial, o Corinthians.

Cabelo não esconde de ninguém que é apaixonado pelo clube de Parque São Jorge, e foi com a camisa alvinegra que viveu momentos emocionantes.

Na década de 80 ficou com o vice campeonato brasileiro perdendo na decisão para o SUMOV do Ceará, uma das forças do futebol de salão na época.

Em 1980 levantou a taça de campeão paulista ao vencer na final o clássico contra o Palmeiras. Neste elenco do Timão, nomes que estão marcados para sempre como Medina, Minguinho, Ico e outros.


Corinthians 80: Rafael Garcia, Pedrão, Ico, Aldo, Noventa, Luigi, Samuka ??, Marcio Leite, Zé Carlos,Cabelo, Milton Ziller, Ney— com Marcelo Pazzini e Marcio Basso.

Futebol de Salão X Futsal

Afinal futsal e futebol de salão é a mesma coisa? Ou futsal é uma abreviação de futebol de salão? Tecnicamente é o mesmo esporte.


Cabelo e Carlos “Ramon ” -Zé José Roberto Tammaro ,-São Paulo F.C . 1972

O futebol de salão surgiu na década de 30, precisamente em 1934. O autor da invenção seria o professor uruguaio, Juan Carlos Ceriani Gravier. Nos anos 30 a seleção uruguaia de futebol de campo era referência no futebol mundial, pois era bicampeã olímpica e mundial. Desde a sua criação, a FIFUSA (Federação Internacional de Futebol de Salão) era quem dirigia o futebol de salão. Já o futsal surgiu entre a década de 80 e 90, no resultado entre a fusão do futebol de salão e o futebol de cinco. A junção e mistura dos dois, foi criação da FIFA (Federação Internacional de Futebol), que mudou as regras do futebol de salão e passou adotar a modalidade chamada futsal.

Ainda na década de 80, o futebol de salão era administrado pela FIFUSA, porém a FIFA propôs a unificação das duas entidades. O acordo de junção não se concretizou e a FIFA alterou o nome para futsal, criando novas regras para o esporte. Assim a Confederação Brasileira de Futebol de Salão (carrega esse nome, mas utiliza as regras do futsal) se filiou a FIFA. Os campeonatos mundiais de futsal são todos organizados pela Federação Internacional de Futebol.

Com a palavra, Cabelo:

“Seria difícil pros caras de hoje jogarem como antigamente, onde o pau comia, e não tinha essa história de proteger os boleiros, nada de goleiro-linha, gol só de fora da área, lateral com as mãos, e outras cositas mais,. kkk”


Em Família

Hoje

Sérgio Saad hoje reside em Cotia, na Grande São Paulo. não abre mão de recordar os grandes momentos de sua vida pelo futebol de salão e de um bom bate-papo com os velhos amigos do esporte. É casado com Martha Saad e tem três filhos, e trabalha como administrador de empresas.

Sérgio Saad, o Cabelo, fera nas quadras, e nunca será esquecido por tudo que fez pela bola pesada!!

 

Texto publicado originalmente no Blog Coisas Boas do Esporte, de Rivelino Teixeira.

O MAESTRO

por José Dias


Errou quem imaginou, ao ler o título da postagem, que falaria sobre o grande JÚNIOR – o MAESTRO.

Esse eu também vi jogar e trabalhamos juntos.

Tenho observado, há algum tempo, através do noticiado pela imprensa (não gosto de “mídia”), as mais diversas informações, notas, críticas, elogios, reportagens de página inteira, meia página ou coluna sobre os personagens que exercem nos clubes as funções de treinador, supervisor, vice-presidente e, mais um novo na praça – diretor executivo. O treinador é o mais visado.

1. Treinador – Convivi com pelo menos 40 profissionais, dentre professores, técnicos, treinadores, treineiros e curiosos. Foram 40 cabeças pensando de forma diferente uma das outras. Autoritários, complacentes, vingativos, omissos, inseguros (principalmente), indiferentes, donos da verdade, competentes, incompetentes e, muitas vezes taxados de desonestos. 

Treinador que durante o início de uma temporada conseguiu manter sua equipe “n” jogos sem perder ou na 1ª colocação da competição que estava disputando e, de repente, assume um outro clube. Qual a expectativa? Se a nova equipe estiver mal, é que vai melhorar. Afinal de contas, chegou o “salvador”. Porém o que pode acontecer e acontece muitas vezes. Com poucos jogos sob sua direção a nova equipe vai mal. E aí? Mais um treinador demitido. Por que, sei lá?

Para esse eu tiro meu chapéu!

ZAGALLO – Numa de minhas ideias será o grande homenageado.


(Foto: Reprodução)

Vi jogar e trabalhamos juntos e se não fosse por ele, com certeza não estaria aqui, no Museu, chateando os que acompanham.

Existe um princípio na Administração que diz – uma pessoa vai bem em algum lugar e, desempenhando a mesma função num outro, não consegue obter os mesmos resultados.

O que aconteceu? Sei lá, principalmente no futebol. O “cara” é durão, não se submete à pressão de dirigente, da torcida, da imprensa e principalmente dos jogadores – seu destino, “a forca”. Significa, também, que o oposto pode surtir algum efeito, mas nunca duradouro. Vai ter seus 15 minutos de fama – seu destino “a forca”.

O profissional que desempenha esta função deve receber, da direção do clube, todo o apoio logístico possível para bem poder trabalhar. Se o grupo de jogadores colocados a sua disposição não for de primeira linha, o que se pode esperar – muito trabalho e muito empenho de todos para superar a diferença que os separa de outras equipes e em hipótese alguma o treinador poderá ser responsabilizado por uma não conquista de títulos e, em alguns casos, um possível rebaixamento.

Mas o clamor da torcida, da imprensa que não lhe é simpática, do patrocinador, que às vezes não é tão patrocinador assim e, principalmente, da direção que se acovarda, tornando-se incapaz de assumir suas responsabilidades e culpas. Direção que deveria enfrentar os descontentes e mantê-lo no cargo.

Um dos argumentos é de que recebem muito bem e têm a obrigação de andar atrás deles, forem onde forem. Treinador não é babá! Tampouco é “bedel” de escola. Aliás, ninguém é. Qualquer empresa sabe como lidar com seus funcionários, por que só no futebol tem que ser diferente.


(Foto: Reprodução)

Agora, no dia em que os treinadores se conscientizarem que são apenas funcionários com a missão de orientar a equipe tecnicamente e taticamente e que existem outros funcionários, pelo menos um para cada função, e deixarem a ideia de que só eles têm a solução para todos os problemas, talvez passem a ser olhados de outra maneira.

Mas o que será que os treinadores pensam? Sou assim porque preciso me proteger. Não dou oportunidades para outros porque podem querer me dar “uma rasteira”. No fim, quem se ferra sou eu! “Farinha pouca, meu pirão primeiro”!

Muitas coisas mais poderiam ser ditas e poderíamos ser injustos.

Para encerrar, vou dizer uma coisa jamais dita na história deste País – pode ser o melhor treinador do mundo, se não ganhar, f……-se (acertou quem completou com …errou).

SÉRIE ‘TIME DOS SONHOS’: ‘CORINTHIANS GRANDE, SEMPRE ALTANEIRO, ÉS DO BRASIL O CLUBE MAIS BRASILEIRO’

por André Felipe de Lima


Escalar um Corinthians dos sonhos não é mole não, meus amigos. Há ídolos aos montes, em todas as posições. Mas ousamos escalar, com base nas pesquisas jornalísticas para a produção da enciclopédia Ídolos – Dicionário dos craques, o “onze” ideal da história do Timão. Esse time, embora hipotético, é indiscutivelmente épico e o segundo da série “Time dos sonhos”. Vamos lá, portanto, começando pelo melhor goleiro. Há alguma dúvida de que Gilmar dos Santos Neves (1951 a 1961) é o dono da posição? Titular em duas Copas do Mundo conquistadas pelo Brasil, a de 1958 e a de 62, creio não haver resistências ao seu nome. Gilmar disputou 395 jogos com a camisa alvinegra e conquistou quatro títulos: três Campeonatos Paulistas (1951, 52 e 54) e um Rio -São Paulo (1954). Há, porém, um séquito a segui-lo. Em uma ordem cronológica, o Corinthians vislumbrou em suas escalações arqueiros memoráveis. O primeiro deles foi Tuffy (1928 a 1931). Simplesmente brilhante. Rivalizava no coração dos torcedores com o centroavante Neco, outro ídolo corintiano na década de 1920. O jeito desleixado, com a barba e a costeleta sempre a fazer, e o indefectível uniforme negro chamavam a atenção da imprensa e da torcida. O sinistro apelido “Satanás” nasceu aí.


Gilmar (Foto: Reprodução)

A popularidade estimulou a presença de Tuffy em propagandas dos jornais e, até mesmo, em um filme, o primeiro sobre futebol na história do cinema nacional. O Campeão de Foot-Ball, de 1931, película ficcional dirigida pelo humorista Genésio Arruda, também contava no elenco com outros craques/ atores da época, dentre eles, Friedenreich, Formiga e Ministrinho. O cinema comoveu tanto Tuffy, que, após encerrar a carreira no Timão em 1931, acabou comprando o Penha Teatro para rodar seus filmes prediletos. Outros grandes nomes no arco corintiano foram: Cabeção (1950 a 1954), saudável “rival” de Gilmar; Ado (1969 a 1974), “tri” mundial em 70; Tobias (1975 a 1980), herói do fim do longo “jejum”, encerrado em 77; Carlos (1984 a 1988), titular do Brasil na Copa de 86; Ronaldo (1988 a 1998), o goleiro que mais vezes (602) vestiu a cami sa do Timão, e Dida (1999 a 2002), que fechou o gol do na primeira conquista mundial do alvinegro, em 2000.


Zé Maria (Foto: Reprodução)

Para compor a zaga, há, na lateral-direita, outro nome que é, a meu ver, intocável: Zé Maria (1970 a 1983), o “Super Zé”. Esteve, ainda bem jovem, na Copa de 70, na reserva de Carlos Alberto Torres, o “Capita”, e foi campeão paulista com o Corinthians em 1977, 1979, 1982 e 1983. Filho de um fanático torcedor do Timão, Zé, que jogava pela Lusa antes de ir para o Timão, prometeu ao pai que um dia defenderia o clube da saudosa fazendinha e que o ajudaria a acabar com a escassez de títulos, que perdurava desde 1954. Zé Maria cumpriu o prometido. Defendeu o clube do coração do pai e foi capitão do time campeão de 77. Aliás, o gol redentor de Basílio começou com uma cobrança de falta do Super Zé. Após o apito final, o maior lateral-direito de todos os tempos, pelo menos para a fanática e fiel torcida corintiana, levantou a taça de campeão que o Timão não erguia havia 23 anos.

O Corinthians teve outras feras na lateral-direita. O primeiro foi Jango (1933 a 1943), o da famosa e decantada linha média “Jango, Brandão e Dino”, dos anos de 1940, em seguida, Idário (1949 a 1959), que jamais deixou de atender ao pedido dos torcedores, que, em uníssono, gritava “pega ele, Idário!”. O lateral não se intimidava e “pegava” o que via pela frente, ou bola, ou adversário, coitado, que ficava pelo caminho. Após o fulgor de Zé Maria, o Timão encontrou em Alessandro (2008 a 2013) outro grande lateral-direito. No período em que esteve no Timão, tornou-se capitão e a alma do time campeão de tudo: nacional, paulista, da Copa do Brasil, da Libertadores, Mundial…


Domingos da Guia (Foto: Reprodução)

A zaga central também tem dono: Domingos da Guia (1944 a 1948). Mesmo defendendo o Corinthians em fim de carreira, o “Divino”, pai do também “Divino” Ademir da Guia, maior ídolo do arquirrival Palmeiras, é figura certa na maioria das escalações de “Times dos sonhos” do Timão que pesquisei. Na revista Placar, de 1982, ele está lá. Em vários “times de todos os tempos” escalados pelos jornais e revistas nas edições especiais sobreo centenário do clube, em 2010, Domingos também está nelas. Ou seja, quase uma unanimidade. Mas antes de o Timão ter Domingos, brilhou na mesma posição o gigante Grané (1924 a 1932), um camarada que tinha um chute tão devastador, que, muitos contam, levou a nocaute vários goleiros. Os petardos que desferia contra as balizas adversárias renderam o apelido de “420”, o mesmo número do canhão alemão com o maior calibre da época. Mostrava-se versátil por também atuar pela lateral-direita. Nenhum outro jogador de zaga fez tantos gols pelo Timão como ele. Foram 50 em 179 jogos e, de quebra, quatro Campeonatos Paulistas (1924, 1928, 1929 e 1930). No miolo da zaga corintiana também brilharam Olavo (1952 a 1961), Goiano (1952 a 1959), um verdadeiro de “Deus da raça” para a Fiel, o “xerife” Moisés (1976 a 1978) e Chicão (2008 a 2013), símbolo da garra corintiana no novo milênio.


Gamarra (Foto: Reprodução)

Para formar a dupla de zaga com Domingos da Guia, escolhemos o quarto-zagueiro paraguaio Gamarra (1998 a 1999). No curto período em que esteve no Corinthians foi campeão nacional de 98 e o melhor zagueiro do mundo, sobretudo após a fantástica participação na Copa do Mundo de 98, na França. Mas a quarta-zaga do Timão jamais ficou sem um “leão” para amedrontar os atacantes mais abusados. Del Debbio (1922 a 1931 e 1937 a 1939) foi, talvez, o primeiro destas feras na zaga alvinegra. Foi jogador e treinador ao mesmo tempo. Fato louvável. Depois dele, pintou por ali, na posição, o pai de santo Jaú (1932 a 1938), um dos convocados para a Copa do Mundo de 38, para a reserva de Domingos da Guia. Deixou, magoado, o Timão após um rumoroso caso de suborno, que jamais foi provado. Outro grande nome na zaga foi Homero (1951 a 1958), mais famoso pela truculência que propriamente pela técnica, que jamais esboçou nos gramados. Mas era firme e gozava de prestígio com a torcida. Depois dele, surgiu o carismático Ditão (1966 a 1967 e 1969 a 1971) e, uma década após Ditão sair do Corinthians, o clube trouxe o uruguaio Daniel Gonzalez (1982 a 1983), morto prematuramente em fevereiro de 1985, em um acidente de carro, no Rio de Janeiro.


Wladimir (Foto: Reprodução)

A legião de ídolos do Timão é inesgotável. E ainda estamos completando a zaga, com a que é, sem pestanejarmos, o maior lateral-esquerdo de toda a história do clube. Falamos de Wladimir (1972 a 1985 e 1987). Nenhum outro jogador vestiu mais vezes a camisa alvinegra que ele. Foram 805 jogos e 32 gols assinalados, como afirma aquele que mais entende da história do Timão, o jornalista Celso Unzelte. Antes de Wladimir despontar, o Corinthians contou com outros dois grandes laterais na canhota: Dino (1940 a 1944 e 1947 a 1948), Goiano (que também atuava como zagueiro, e Oreco (1957 a 1965).


Roberto Belangero (Foto: Reprodução)

Vamos, agora, para a meia cancha memorável que escalamos para o Timão dos sonhos. Começamos com o centromédio Roberto Belangero (1947 a 1960). Um jogador clássico, brilhante, que teve grande chance de ir à Copa do Mundo de 1958 não fosse uma contusão, no ano anterior, a impedi-lo. Com Idário e Goiano, médios direito e esquerdo, respectivamente, formou uma célebre linha media na década de 1950. Na posição, outros craques se destacaram. Decididamente não foi fácil escolher o melhor volante da história do Corinthians. Afinal, pode se considerar “pecado” deixar fora do time um ídolo como Amílcar Barbuy (1913 a 1923) — líder da seleção brasileira campeão sul-americana em 1919 —, ou mesmo um cracaço como Brandão (1935 a 1946) — ícone do time no final do s anos der 30 e ao longo da década seguinte —, Dino Sani (1965 a 1968) — um dos maiores volantes da história e campeão do mundo em 1958 —, Ruço (1975 a 1978) — o cão de guarda da defesa no título paulista de 1977 —, Biro-Biro (1978 a 1988) — um dos mais carismáticos ídolos que já pisaram o Parque São Jorge —, Zé Elias (1993 a 1996) — símbolo da raça corintiana em seu tempo —, Vampeta (1998 a 2000 e 2002 a 2003) — simplesmente campeão do mundo em 2002 — e Rincón (1997 a 2000) — um colombiano mágico e líder do Timão campeão mundial, em 2000.


Sócrates (Foto: Reprodução)

A “oito” é indiscutivelmente do Sócrates (1978 a 1984). Nenhum outro jogador atuou com tanta maestria como meia-armador do Corinthians. Nem antes e nem após a era do “Doutor”, que foi um dos mais emblemáticos craques brasileiros de sua época e titular absoluto daquela que foi, sem dúvida, uma das melhores formações de todos os tempos, a seleção brasileira da Copa de 1982, montada pelo mestre Telê Santana. Além dele, na posição, destacou-se Ricardinho (1998 a 2002), marcante e insinuante meia responsável por passes perfeitos que, invariavelmente, deixavam na cara do gol os atacantes Edílson e Luizão.


Rivellino (Foto: Reprodução)

A camisa “10” é do Rivellino (1965 a 1974), e não se discute. Ousei “barrar” Marcelinho Carioca (1994 a 1997, 1998 a 2001, 2006 e 2010), o jogador que mais vezes levantou taças pelo Timão e, certamente, é o símbolo da melhor fase da história do clube, no final dos anos de 1990 e começo do novo milênio, um período em que o Corinthians conquistou campeonatos brasileiros, Copas do Brasil, campeonatos paulistas e, sobretudo, o primeiro mundial de clubes da Fifa. Mas Riva não tem adversários na posição. Mesmo sem ser campeão com o Timão e com a traumática saída do clube, o craque foi marcante na história do Corinthians e, acima de tudo, um dos gênios da seleção tricampeã da Copa do Mundo, em 1970. Para muitos, Rivellino é o maior jogador do Timão em todos os tempos. Estou entre estes que defendem a tese favorável ao Riva. Equivoca-se, contudo, aquele que resume a lista dos geniais pontas-de-lança corintianos aos dois craques. Ela extensa e conta com nomes fenomenais, destacando-se Servílio (1938 a 1949), Rafael Chiarella (1953 a 1963), Basílio (1975 a 1981), Palhinha (1977 a 1980), Zenon (1981 a 1985) e Neto (1989 a 1993 e 1996 a 1997).


Luisinho (Foto: Reprodução)

Do meio de campo para o ataque, no melhor estilo “1-4-3-3”. Na ponta-direita “escalei” Luisinho (1948 a 1960 e 1964 a 1967), o “Pequeno polegar”. Jamais poderia deixá-lo fora do time. Se há uma legião de fãs que acha Rivellino o maior dentre os maiores do Timão, há também o coro favorável ao Luisinho. Tanto quanto Riva, Luisinho foi um exímio driblador. Sua passagem pelo clube foi marcada por uma idolatria incomum. Suas jogadas fizeram de Cláudio (1945 a 1957) o maior artilheiro da história do Timão e de Baltazar e Carbone goleadores implacáveis. Todos eles craques de um ataque que foi, talvez, o melhor que o alvinegro já teve e que foi protagonista de conquistas inesquecíveis, como o Torneio Rio-São Paulo, em 1950, 1953 e 1954, o campeonato paulista, em 1951, 1952 e 1954, este último o do 4º Centenário. Mas, além de Cláudio, houve grandes pontas destros de ofício no clube, como Filó Guarisi (1929 a 1931 e 1937), que se destacou na seleção italiana campeão do mundo em 1934, Paulo Borges (1968 a 1974), autor do gol que marcou o fim do tabu contra o Santos, de Pelé, e Vaguinho (1971 a 1981), o do título paulista de 77.


Baltazar (Foto: Reprodução)

No comando do ataque, o centroavante Baltazar (1945 a 1957), o “Cabecinha de ouro”, é o nome certo, a meu ver. Foi um goleador que deveria ser parceiro de ataque de Ademir de Menezes na seleção brasileira da Copa de 1950. Pelo menos é o que defendiam a crônica paulista e, claro, a fiel corintiana. A popularidade de Baltazar era tão grande que o jogador ganhou um carro após ser escolhido o craque mais querido de São Paulo. O automóvel pegou fogo, mas a apaixonada torcida fez uma “vaquinha” gorda e comprou outro carro para o ídolo. Essa história (ou mito, talvez), os mais antigos devem recordar: o político Hugo Borghi disputava a eleição para o governo paulista. Durante o comício, teria dito à plateia que o Palácio dos Campos Elísios, então sede do poder executivo estadual, precisava de alguém com “cabeça”. O povo, em uníssono, emendou o coro como resposta: “É o Baltazar!”.

O “Cabecinha de ouro” teve grande adversários no posto de “maior centroavante” do Timão. Figuram na lista Teleco (1934 a 1944), Carbone (1951 a 1957), Flávio Minuano (1964 a 1969), Geraldão (1975 a 1981), Casagrande (1980 a 1981, 1982 a 1983, 1985 a 1986 e 1994), Viola (1986 a 1989 e 1992 a 1995), Edílson (1997 a 2000), Tévez (2005 a 2006), Emerson Sheik (2011 a 2015) e Ronaldo (2009 a 2011). Só “cabras cascudos”… e artilheiros, claro!


Neco (Foto: Reprodução)

Na ponta-esquerda, temos Neco (1913 a 1930). Foi o grande atacante do Brasil no primeiro título que conquistamos, o Sul-Americano de 1919, no estádio das Laranjeiras. No Timão, jogava na ponta canhota, como centroavante ou mesmo no meio de campo. Era extremamente versátil. Teve fama de indisciplinado e, às vezes, irascível, mas isso jamais impediu a festa que a torcida fazia para ele. É tão relevante na história do clube que mereceu um busto na sede alvinegra. Outros brilharam na canhota, como De Maria (1927 a 1932 e 1935), companheiro de Neco no ataque, Simão (1953 a 1955) e Romeu (1976 a 1980).

Eis o Corinthians dos sonhos, que ousei desenhá-lo para o quadro eterno do Timão.

Na próxima edição da série “Time dos sonhos”, o maior Botafogo da história. Aguarde, comente e escale o seu “Fogão” ideal.

#Ídolos #DicionáriodosCraques #TimedosSonhos #SCCorinthiansPaulista #Timão#ÍdolosCorintianos

O CLÁSSICO DA JUSTIÇA

por Marcelo Mendez


(Foto: Reprodução)

O que falo aqui é de uma lembrança totalmente afetiva, liberta de todas as preocupações que acometem o Jornalista que sou hoje. O texto fala do Marcelo molecão, em 1986.

No Morumbi lotado, o Palmeiras martelava e amassava o Corinthians.

Carlos, o goleiro, pegava bolas e mais bolas em defesas espetaculares e as coisas não iam bem. Na antiga numerada inferior onde ficávamos todos misturados, as esperanças iam ruindo até que chegamos ao ápice da coisa, aos 42 minutos do segundo tempo. Meu pai, puto com tudo, virou e me falou.

– Chega, vamos embora!

– O que? Ta doido, Pai?? Ainda não acabou não!!

– Vai acontecer o que vem acontecendo por esses 10 anos. Vamos…

Nisso, um corintiano ao lado que acompanhava a cena se meteu na história:

– Menino… Ouve seu Pai, vai ficar pra passar mais raiva? Vai assistir nossa festa?

– Marcelo… vamos!

– Espera, Pai…

– Cê vai ficar aí? Fica, eu to indo!


(Foto: Antonio Gaudério)

– Então vai, Pai! Vá pra porra! O senhor é palmeirense porra nenhuma! Vai embora, eu me viro!

Após a gente quebrar o pau, o Velho virou as costas e foi indo embora. Eu tinha 16 anos de idade em 1986. Na ocasião num tinha uma moeda no bolso e quando meu pai começou a ir embora, eu nem pensei em nada. O corintiano do meu lado se meteu de novo:

– Garoto, melhor você ir embora hein? Ah lá… faz como seu Pai que aqui o Coringão já levou…”

Nesse momento, Jorginho se encaminhou para bater uma falta. Bola na área, Vagner Bacharel cabeceia, o goleiro Carlos espalma e a bola acha a barriga, as pernas e tudo de Mirandinha, que a empurra como dá para o fundo das redes.

GOOOOOOOOOOOLLLLLL!!!!!

Eu já gritei vários gols na vida. Mas eu duvido que algum deles tenha tido a força que teve aquele berro na cara do corintiano desenxabido ali na minha frente. Eu o peguei pela camisa e gritava… “Golllllllll”. Meu pai que estava indo embora voltou e quando vi estava meio que me abraçando, meio que me tirando em cima do corintiano.

– Ainda falta a prorrogação, o Timão vai virar…

– Vai virar é o caralho! Vai embora você, arrombado!

E nesse clima “hospitaleiro”, fomos à prorrogação. O regulamento previa que após os resultados iguais, com a melhor campanha, o Palmeiras precisaria empatar com o Corinthians na prorrogação para a final. A peleja começou:

E no primeiro ataque do Palmeiras, Mirandinha pega uma bola, entorta Edivaldo e bate pra rede.

“GOOOOOOOOOOOOLLLLL”

Nesse momento, o corintiano foi levantando pra ir embora e eu corri atrás dele falando um milhão de impropérios. Meu pai correu atrás de mim e disse pra esquecer o cara e fazer a festa. Eu fiz.

De quebra, teve gol olímpico de Éder e uma festança de 3×0.

O Palmeiras não saiu da fila naquele ano. Perdemos a final drasticamente para a Inter de Limeira e claro que sofri. Mas em 1986 teve um derby e isso aliviou muito a dor.

O maior derby da minha vida…