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Copa Libertadores

DIA 27

por Marcos Fábio Katudjian 


Quando a bola rolar na tarde do sábado será apenas mais uma etapa de um jogo que já dura dois meses, os dois meses mais longos da história da humanidade, como bem sabem palmeirenses e flamenguistas.

No dia 27, essa espera terá fim. Até que isso aconteça, como tem sido nessas semanas excruciantes, não se pensará em mais nada. O dia 27 está em tudo e todas as coisas: nos meios de comunicação, nas ruas, escolas, supermercados, hospitais, nos shopping centers e nas igrejas. No ar e no éter, no Céu e na Terra, nas mesquitas e sinagogas de uma hipotética Jerusalém concebida pelos deuses do futebol. 

O dia 27 guarda um clássico dos milhões. Dos milhões de reais, dos milhões de torcedores, dos milhões de sonhos delirantes de vitórias épicas, dos milhões de pesadelos de derrocadas irremediáveis e, sobretudo, dos milhões, dos bilhões de palpitações que assolarão cruelmente os corações aflitos dessas criaturas pobres e coitadas, vulneráveis e frágeis que são os torcedores, que entre sístoles e diástoles se encherão e esvaziarão de esperança como um cálice de vinho tinto de sangue derramado no chão da existência.

O torcedor do dia 27, como de praxe acontece com todos os torcedores, vê nesse dia a infantil possibilidade de redenção e extinção das dores, das amarguras e dos sofrimentos todos da vida. É o que é a vida e o próprio mundo diante do sonhado dia 27? Apenas poeira cósmica a centenas de anos luz da praia de razão mais próxima. Nascido cinco minutos antes do nada, não há vida, nada resta além do dia 27, apenas um imensurável vácuo no qual o universo se contrai e desintegra num deja vu dramático de um Big Bang ás avessas.

Para uns o dia 27 trará os mais insofismáveis píncaros da glória mais suprema, pura e soberba. Para outros, o calabouço mais subterrâneo e imundo, onde ardem as chamas abrasadoras do mais perverso e nefando inferno.

Estará aberta a temporada do “ai, Jesus”, pois que o dia 27, meus amigos, estará nas escrituras como parte de um novíssimo testamento a glorificar, de um lado, os heróis da dureza desse prélio que não tarda. Heróis que serão exaltados e declamados por séculos seculorum De outro lado, nomes de má lembrança, pronunciados às sombras, mal ditos. 

Sim, porque no dia 27 separar-se-ão os homens dos meninos, os bem aventurados dos fariseus, os anjos dos demônios, o bem e o mal. Ao final do dia 27 a realidade estará enfim colocada sem meios termos, sem meios tons. Ela será verde e será branca ou será vermelha e será preta. E nada mais.

Acautelem-se, pois. E não se enganem, senhores, que para essas duas grandes nações o dia 27 tem o peso do Juízo Final.

FINAL E INÍCIO DA LIBERTADORES

por Ruth Santana


Esse sábado teremos a tão esperada final da Copa Libertadores da América. A decisão histórica entre Boca Juniors e River Plate acontecerá no estádio Monumental de Nuñez, depois do empate em 2×2 na Bombonera e promete fortes emoções.

No domingo passado (18), teve início o mesmo campeonato, feminino, em Manaus. Essa é a décima edição da competição organizada pela CONMEBOL. O formato da não tão comentada Copa Libertadores da América de Futebol Feminino é o seguinte: 12 times, compostos pelas 10 equipes campeãs nacionais sul-americanas, o clube detentor do título e uma equipe adicional do país sede.

O Brasil está representado pelo Santos (campeão do Brasileiro 2017), Audax (atual campeão da competição) e Iranduba (representante de Manaus).

Um fato curioso é que, como a parceria da equipe campeã da Libertadores de 2017 Audax/Corinthians acabou após a conquista do título, a equipe de Osasco ficou com a vaga para a competição esse ano, enquanto o time alvinegro manteve a maior parte das jogadoras e da comissão técnica.


O Santos, da ex-técnica da seleção Emily Lima, goleou o chileno Colo Colo por 4×1, com direito a um golaço da volante Brena. A equipe encara o Deportivo ITA, da Bolívia, pela segunda rodada do campeonato nessa sexta-feira, às 22h30.

O Audax estreou com derrota para a equipe equatoriana Unión Española por 1×0. Depois da vitória pelo mesmo placar sobre o Atlético Huila, da Colômbia, o clube ainda acredita na classificação no campeonato.

O forte time amazonense do Iranduba ganhou o primeiro jogo por 2×1 contra o Flor de Patria, da Venezuela. Contra a equipe paraguaia do Cerro Porteño, o empate por 2×2 saiu de uma partida movimentada, com um belo gol de Andressinha, que cobrou a falta na gaveta.


Já viu os golaços das duas primeiras rodadas? Bateu uma curiosidade?

Então aproveite o embalo da épica final da Libertadores na Argentina e continue acompanhando o torneio sul-americano disputado por mulheres. A competição vai até dia 2 de dezembro. Os jogos estão sendo transmitidos pela página da CONMEBOL.

JOGOS INESQUECÍVEIS

por Mateus Ribeiro


São Paulo x Corinthians (Semifinal do Campeonato Brasileiro 1999).

Clássicos são emocionantes na maioria das vezes. Se o clássico em questão valer algo grande, a tendência é que a emoção alcance níveis estratosféricos. E foi isso que aconteceu no dia 28 de novembro de 1999.

São Paulo e Corinthians se enfrentaram pela primeira partida da semifinal do Campeonato Brasileiro de 1999. De um lado, um São Paulo que vinha de uma década fantástica, com títulos nacionais, continentais e mundiais. Do outro, o Corinthians, que naqueles dias, vivia a melhor fase de sua história. Como se isso não bastasse, grandes nomes do futebol como França, Marcelinho, Rogério Ceni, Rincón, Ricardinho, Raí, Edílson, Jorginho, Dida e muitos outros estavam em campo. Não se poderia esperar algo diferente de um grande jogo.

A partida foi um lá e cá sem fim, do primeiro ao último minuto. Os treinadores deram uma bica na tal da cautela, e ambos os times atacavam sem medo de ser feliz.

O Corinthians saiu na frente, com gol do zagueiro Nenê. Alguns minutos depois, Raí, acostumado a ser carrasco do Corinthians, acertou um chute que nem dois Didas seriam capazes de defender. Eu, que já havia ficado muito chateado pelo tanto que Raí judiou do meu time do coração (acho que já deu pra perceber que torço para o Corinthians) em 1991 e 1998, senti um filme passando pela minha cabeça. Estava prevendo o pior.


Para a minha sorte, dois minutos depois, Ricardinho aproveitou um lançamento e colocou o Corinthians na frente de novo. Meu coração estava um pouco mais aliviado, e eu conseguia respirar. Até que Edmílson tratou de empatar a partida, e jogar um banho de água fria na torcida do Corinthians. O frenético e insano primeiro tempo terminou empatado em dois gols, e com muitas alternativas para ambos os lados. Eu tinha certeza que o segundo tempo seria uma loucura. E realmente foi.

Logo no início, Edílson deixou Wilson na saudade, e caiu dentro da área. Pênalti para o Corinthians. Na batida, o jogador que eu mais amei odiar na minha vida inteira: Marcelinho. Bola de um lado, goleiro do outro, e o Corinthians estava novamente em vantagem.

Alguns minutos depois, pênalti para o São Paulo. De um lado, um dos maiores jogadores da história do São Paulo. Do outro, um goleiro gigantesco, que estava pegando até pensamento em 1999. O Resultado? Nas palavras de Cléber Machado, “…Dida, o rei dos pênaltis, pega mais um…”.

Naquelas alturas, eu já estava quase tendo uma parada cardíaca. Teve bola na trave, bola tirada em cima da linha, e tudo mais que os deuses do futebol poderiam preparar para fazer meu coração parar.


Até que quando o jogo estava se aproximando do fim, mais uma surpresa. Desagradável, é lógico. Mais um pênalti para o São Paulo. Eu já achava que aquilo fosse perseguição. Meu coração, desde sempre, nunca foi de aguentar fortes emoções. Tanto que no segundo pênalti, fiquei de costa para a tevê, sabe se lá o motivo, com meu chinelo na mão. E o chinelo foi um personagem importante, já que o monstruoso Dida defendeu o pênalti do gigante Raí mais uma vez, e eu arremessei meu calçado na árvore de Natal, e destruí o adorno que enfeitava a sala da minha casa.

Antes do apito final, Maurício (que substituiu Dida) ainda fez uma grande defesa, garantindo a vantagem para o jogo de volta.

Um jogo emocionante, que consagrou Dida, e de certa forma, foi uma espécie de vingança minha contra Raí, que em muitas oportunidades me fez chorar. Vale ressaltar que o craque são paulino é o rival que eu mais admirei durante minha vida.

A vitória me deixou feliz, é claro. Porém, além dos três pontos e da vantagem para o jogo da volta, quase uma década depois, o que me deixa feliz (e triste) é ver que naqueles dias as torcidas dividiam o estádio, os times se enfrentavam em pé de igualdade, e os craques ainda passeavam pelos gramados.

Um dos dias mais emocionantes e insanos da minha vida. Agradeço aos grandes jogadores que me fazem lembrar daquele domingo como se fosse ontem. Agradeço também, você que leu até aqui, e dividiu essas lembranças comigo.

Um abraço, e até a próxima!

 

 

 

A NOITE QUE NÃO ACABOU. E JAMAIS ACABARÁ.

por Mateus Ribeiro


Mateus Ribeiro

Existem poucas coisas que eu gosto na minha vida. Poucas mesmo, sem exagero. Acontece que essas poucas coisas (e pessoas) que gosto, recebem meu amor da forma mais intensa possível. Posso afirmar com toda a certeza, que dentro do seleto clube que reside em meu coração, o inquilino que ocupa mais espaço é o Sport Club Corinthians Paulista.

Desde minha infância, tudo, absolutamente tudo que vivi teve alguma ligação com o Alvinegro de Parque São Jorge. Inúmeras são as lembranças, as alegrias, e as decepções. E no campo das decepções, nenhuma me deixava mais chateado do que nunca ter conquistado a América.

Conforme os anos foram passando, essa frustração apenas aumentava, graças a nomes como Adílson Batista, Coelho, Cocito, Roger, Geninho, e uma infinidade de seres que desejo nunca mais ver na minha frente.

Até que quando menos eu esperava, as coisas começaram a mudar de patamar. Da maneira mais improvável possível, o clube marginalizado, alvo das piadas mais baixas e preconceituosas possíveis, o patinho feio entre os quatro paulistas, saiu do poço e chegou ao topo. Após 1676 dias, o Corinthians saiu de um rebaixamento para a Série B do futebol Brasileiro, e chegou até o topo da América. De maneira suada. Incontestável. Como eu sempre quis. Como deveria ser.

O início amargo


Tudo começou naquele fatídico dia da eliminação para o Tolima, na pré Libertadores de 2011. Após a dura derrota, fiquei extremamente feliz com a saída de alguns nomes do clube. Principalmente com a saída do lateral e do atacante que queriam apenas aumentar a conta bancária em cima do Corinthians. Passada toda essa turbulência, o time foi entrando nos eixos, apesar da presença de Adriano. Após árduas batalhas, o Corinthians consegue conquistar seu quinto Campeonato Brasileiro, que garantia aos comandados de Tite a chance de disputar a Libertadores no ano de 2011. O primeiro passo havia sido dado.

Não precisa ser nenhum gênio para imaginar que a cada minuto do meu dia algum infeliz me lembrava que o Corinthians não tinha conquistado a Libertadores. Ficava calado. Não respondia. Uma hora eu iria conseguir me vingar.

Bom, está certo que o início não foi dos melhores, e quase que a vaca deita na estreia. Sorte que Ralf livrou nossa cara com um gol na bacia das almas, e empatamos contra o modesto Deportivo Táchira. É claro, óbvio, e evidente que Deus e o mundo tripudiou em cima de nós, torcedores, por comemorarmos o empate como se fosse uma vitória. Mal sabiam eles o que ainda estava por vir…


Jogo após jogo, a primeira fase foi um passeio. Exceção feita ao jogo contra o Cruz Azul no México, tudo correu tranquilamente na primeira fase, e o Corinthians passou com sobras, para nossa alegria. Afinal, enquanto há vida, ainda há esperança. E ela estava cada dia mais viva e radiante dentro dos nossos corações.

O fator Cássio

Nem tudo são flores. No meio do caminho, o goleiro titular Júlio César fez o que era sua especialidade: falhou na hora que não poderia falhar. Contra a Ponte Preta, pelo Paulistão, nosso querido Horácio entregou a rapadura, e ajudou a construir uma eliminação vexatória. Resultado: Júlio vai pro banco.

Para assumir a meta alvinegra, Tite escolheu Cássio, que era o terceiro goleiro, e havia feito uma ou outra partida pelo time titular. No meio da fogueira, sem nenhum tipo de alívio, Cássio iniciou sua caminhada na partida de ida das oitavas de final, contra o Emelec, no Equador. Além da altitude e de uma arbitragem no mínimo tendenciosa, os Equatorianos mostraram que também tinham o futebol como arma, e bombardearam Cássio, que demonstrando uma segurança ímpar, segurou o empate sem gols, o que deixou as coisas um pouco mais tranquilas.

Já no jogo da volta, um 3 a 0 mandou o Emelec de volta pra casa. Mal o jogo havia acabado, fui obrigado a ver dezenas de sábios (por “coincidência”, nenhum era torcedor do Corinthians) comentando que nas quartas, o Corinthians não teria chances contra o Vasco da Gama.


Após mais um empate com o placar zerado, no jogo da volta, bastava uma vitoria simples para a classificação se concretizar. Porém, o senhor Alessandro resolveu deixar tudo mais emocionante, e me fez viver os oito segundos mais tensos da minha vida. Sorte que pela primeira vez, Cássio livrou a cara de Alessandro. A dele e a de mais uns 30 milhões de torcedores espalhados pelo planeta.

Depois dessa defesa, mal conseguia coordenar meus movimentos. Só queria que aquilo acabasse logo. E acabou da melhor maneira possível, com um gol de Paulinho no final da partida. Alma lavada, mas o caminho era longo.

Obrigado, Sheik e Danilo!

Nas semifinais, o adversário era o Santos, que contava com os queridinhos Ganso e Neymar. Desnecessário dizer que o favoritômetro estava quase explodindo, pois 11 entre 10 comentaristas davam como certa a classificação do Alvinegro Praiano. Só esqueceram que do outro lado estavam 11 homens com sangue no olho, e vestindo uma camisa que jamais pode ser subestimada.


Logo no primeiro jogo, Sheik calou muita gente com uma obra de arte. Além do gol do atacante, Cássio fechou o gol, e garantiu a vitoria do Timão no campo adversário. Mesmo com direito a um apagão “suspeito”, por “coincidência” no momento que o Corinthians tinha chances de fazer o segundo gol.

No jogo da volta, o nosso amado e letal Danilento fez o tento que nos colocou na inédita final. Meu coração estava quase saindo pela boca. A sensação era indescritível, e eu já não estava mais acreditando que o sonho era real. Enfim, faltavam só mais dois jogos.

Boca Juniors. O adversário ideal. O final perfeito.

Sempre tive na minha cabeça um modelo ideal para o Corinthians ganhar a Libertadores: eliminando o máximo de brasileiros possível, e pegando um time temido na final. A presença do Boca Juniors como adversário não poderia ser melhor.

Obviamente, sentia um pouco de medo de enfrentar o bicho papão do século XXI, ainda mais sabendo que Riquelme estava deitando e rolando.


Enfim, quem precisa de Riquelme quando se tem estrela de campeão, não é? Pois bem, mais uma vez, um herói improvável surge através dos pés de Romarinho, que em seu primeiro toque na bola nos garantiu o empate. Só não digo que ele calou a Bombonera pelo simples fato de que havia um bom número de torcedores do Corinthians por lá.

No jogo da volta, o nervosismo foi embora através de dois gols de Sheik. Tudo foi muito rápido. Eu não conseguia falar nada após o segundo gol, não conseguia chorar, nem rir, nem falar. Apenas relembrar de todas as lágrimas que derramei até o apito final daquela partida.

Veio o apito final. E com ele, um caminhão de sentimentos.


Ao mesmo tempo que gritava, chorava, pulava, agradecia aos céus, queria sair correndo, abraçar todo mundo que estava no mesmo bar que eu. Sei que numa dessa acabei na praça da cidade comemorando o título até sabe se lá Deus que horas. Me lembro inclusive de ter descido de um caminhão e quase dar com a cara no asfalto, de tão feliz (e bêbado) que fiquei. Mas naquela noite, eu poderia me exceder. Aquela noite foi mágica. Aquela noite permitia qualquer excesso. Aquela noite de 04 de julho de 2012, a noite que nunca acabou.

E depois daquela noite?

Depois veio a conquista do Mundo, mais dois Paulistas, um Brasileiro, uma Recopa, e muitas emoções. Mas nenhuma se compara com a emoção que vivi naqueles longos meses de 2012, o ano que o mundo iria acabar. Para mim, poderia ter acabado ali mesmo. Afinal, já havia visto meu time ganhar tudo o que poderia ganhar.

Por sorte, o mundo não acabou, e cinco anos depois, posso agradecer Cássio, Alessandro, Castán, Fábio Santos, Ralf, Paulinho, Alex, Danilo, Jorge Henrique, Sheik, Romarinho, Liédson, Douglas, Tite e tantos outros guerreiros que escreveram seu nome na historia do Sport Club Corinthians Paulista. Após anos roendo o osso, chegava a hora de aproveitar o filé.

Contra todas as expectativas. Contrariando todos os prognósticos. Contra o Brasil. Contra a América. Contra o Mundo. Contra tudo e contra todos. Porque aqui é o CORINTHIANS. Daqui até a eternidade!