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Copa do Mundo

30 ANOS DE UMA COPA INJUSTIÇADA

por Mário Moreira


Nestes dias em que comemoramos o cinquentenário do tricampeonato mundial no México, na melhor Copa do Mundo da história, gostaria aqui de propor o resgate daquela que o senso comum aponta como a pior de todas as Copas – a de menor média de gols, paradigma do futebol de resultados, verdadeiro Patinho Feio da competição: Itália-90.

Mas, já sabemos, toda unanimidade é burra. Vítima da uma injustiça histórica, o Mundial italiano teve, sim, muitos momentos de ótimo futebol, drama, grandes surpresas e uma penca de partidas de antologia. O patinho, afinal, não é tão feio quanto o pintam.

A começar pela campeã. Não hesito em dizer que, na história da Copa Fifa – os 12 Mundiais realizados a partir de 1974, ano em que comecei a acompanhar futebol -, a Alemanha Ocidental de 1990 foi a equipe que melhor jogou, entre as que levantaram a taça. A seleção treinada pelo Kaiser Franz Beckenbauer era muito forte técnica e coletivamente, cheia de grandes jogadores e capaz de ser competitiva e dar show ao mesmo tempo. No papel, a mítica Alemanha de 74 era até melhor: Maier, Vogts, Breitner, Overath, Gerd Müller, além do próprio Kaiser… Mas os alemães jogaram em 90 mais do que em 74, quando saíram vaiados nos três primeiros jogos e só começaram a evoluir na metade da competição, até a indiscutível vitória final sobre o Carrossel Holandês. E nunca é demais lembrar: futebol se joga no campo, não no papel.

A verdade é que Matthäus, Brehme, Klinsmann e companhia deram espetáculo, e de alta qualidade, nos campos da Itália. Não por coincidência, a Alemanha pleiteou, como cabeça-de-chave, ficar no Grupo C para mandar seus jogos em Milão, onde o já citado trio desfilava sua categoria pela Internazionale, campeã italiana um ano antes. Pois foi ali, no estádio San Siro, nas três partidas da primeira fase e ainda nas oitavas e nas quartas-de-final, que os alemães jogaram de longe o melhor futebol do torneio, com exibições mais do que convincentes e que os levariam à semifinal em Turim e à finalíssima em Roma.

Como sempre, havia quatro ou cinco favoritos ao título. A Itália, pela tradição, pelo elenco e sobretudo por atuar em casa, talvez fosse a maior. Além da Alemanha, o Brasil – que vinha de conquistar a Copa América no ano anterior – e a Holanda de Gullit, Rijkaard e Van Basten, campeã europeia em 88, completavam o quarteto principal. A Argentina, então campeã mundial, mas com Diego Maradona fora de forma, corria por fora.

Das cinco, só a Alemanha justificou plenamente as previsões, com a Itália num distante segundo plano. À medida que o torneio avançava, poucos duvidavam que as duas fariam o confronto final. Mas os italianos, que tinham uma equipe forte, mas nem tanto, trataram de atirar por terra as previsões ao perderem nos pênaltis a semifinal para os argentinos.

A Alemanha, por sua vez, tratou de mostrar serviço. Logo de cara, goleou por 4 a 1 a boa seleção iugoslava, com uma atuação de gala do meia e capitão Lothar Matthäus, autor de dois golaços da entrada da área – o segundo, após uma arrancada irresistível desde o próprio campo. Estreia exuberante. O jogo seguinte, contra um rival fraco, serviu para confirmar a impressão inicial: 5 a 1 sobre os Emirados Árabes. Matthäus fez outro de fora da área.

Os alemães sofreram um tropeço no terceiro jogo, quando, já quase classificados, empataram em 1 a 1 com a Colômbia. Mas quem viu sabe que foi uma baita partida. Os colombianos precisavam do empate para se classificar e endureceram as coisas, à base de muita habilidade. Os gols saíram no final do segundo tempo: o rápido e driblador ponta Littbarski para a Alemanha aos 43 minutos, Rincón para a Colômbia nos acréscimos. Os alemães passaram em primeiro no grupo, já com pinta de grandes favoritos.


O confronto seguinte, contra a Holanda, ainda no San Siro, foi talvez o melhor jogo da Copa. Além da rivalidade histórica, a partida continha um antagonismo particular: os três maiores craques holandeses (Gullit, Van Basten e Rijkaard) atuavam pelo Milan, rival da Inter. Seria quase um clássico local. Seria também um repeteco da semifinal da Eurocopa de 88, quando a Holanda venceu por 2 a 1, de virada. Mais promissor, impossível. E a partida confirmou todas as expectativas. Os holandeses, vindos de três empates na primeira fase, finalmente decidiram mostrar o que sabiam, embora Gullit tivesse problemas físicos. A expulsão, na metade do primeiro tempo, de Rijkaard e do ótimo atacante alemão Völler acirrou ainda mais a tensão. A Alemanha, sempre mais perigosa, se impôs no segundo tempo, com belos gols do atacante Klinsmann e do lateral-esquerdo Brehme, contra um de Koeman, de pênalti, no final. Mais uma exibição de gala de Matthäus e outra grande vitória, que colocou os alemães definitivamente na rota do título.

No jogo seguinte, contra a Tcheco-Eslováquia pelas quartas-de-final, mais uma ótima exibição e uma classificação tranquila: 1 a 0, gol de Matthäus, de pênalti. Os alemães dominaram amplamente o jogo, criaram várias oportunidades e não foram ameaçados.

Enquanto a Alemanha nadava de braçada, os demais favoritos penavam. O Brasil, após três vitórias magras sobre Suécia, Costa Rica e Escócia na primeira fase, parou na Argentina em sua melhor exibição na Copa, com amplo domínio sobre os hermanos e várias chances perdidas, incluindo três que bateram na trave. Mas futebol é bola na rede, e Maradona impôs seu talento driblando três brasileiros e deixando Caniggia livre para fazer o gol da vitória. Outro confronto dramático. O Brasil deixava a Copa nas oitavas, sua pior campanha desde 66, sepultando temporariamente a Era Dunga, preconizada pelo técnico Sebastião Lazaroni.


Já os argentinos, após uma primeira fase sofrível – e uma derrota traumática  para Camarões no jogo de abertura da Copa -, ganharam novo alento com a vitória e acabaram passando depois às semifinais ao bater a Iugoslávia nos pênaltis. Aos trancos e barrancos, a Argentina chegava a mais uma semifinal.

Dos favoritos iniciais, restava a Itália. Com três vitórias sem brilho (e uma mãozinha da arbitragem) na primeira fase, a Azzurra teve dificuldades nas oitavas e nas quartas, contra Uruguai e Irlanda. Mas a tradicional força defensiva e os gols do desajeitado centroavante Totò Schillacci levaram a equipe adiante para uma histórica semifinal com a Argentina.

Faltava o adversário da Alemanha, papel que caberia à Inglaterra. Os ingleses se imporiam em duas disputas sensacionais até o confronto com os alemães. Depois de uma primeira fase insossa, com dois empates e uma vitória, a Inglaterra encarou nas oitavas a boa seleção belga. A partida, emocionante, foi dominada pela Bélgica, que mandou duas bolas na trave – uma delas num chute espetacular do talentoso meia Scifo. O 0 a 0 levou o jogo para uma prorrogação dramática. No último lance, o ótimo e irascível meia inglês Gascoigne levantou a bola na área e o atacante Platt acertou um voleio no ângulo, decidindo a parada.

O adversário seguinte da Inglaterra seria a surpreendente seleção de Camarões, primeiro país africano a chegar às quartas-de-final de um Mundial. Após a vitória inicial contra a Argentina, os camaroneses derrotaram a Romênia com dois gols do veterano centroavante Roger Milla, que entrava sempre no segundo tempo, e se classificaram em primeiro lugar no grupo. Nas oitavas, eliminaram a Colômbia com mais dois de Milla, o segundo deles após roubar a bola do excêntrico goleiro René Higuita, que tentara driblá-lo na intermediária.


Não sem razão, Inglaterra x Camarões costuma ser o jogo mais lembrado daquela Copa. Partida épica, para ficar no chavão. Um confronto entre a tradição e a zebra, entre o futebol pragmático e previsível dos ingleses e o jogo de ginga e habilidade dos camaroneses. Platt abriu o placar no primeiro tempo, mas Camarões se agigantou no segundo e produziu os 45 minutos mais empolgantes do torneio. Com um vasto repertório de dribles, tabelas e muita disposição, os Leões Indomáveis empataram num pênalti sofrido por Milla e viraram com Ekeké, ao receber passe de Milla (sempre ele) e tocar por cobertura na saída do goleiro Shilton. Já no final do jogo, o sempre perigoso atacante inglês Gary Lineker, artiheiro da Copa anterior, empatou de pênalti. Mais uma prorrogação, novo gol de pênalti de Lineker, e a Inglaterra chegava à sua primeira semifinal desde o título de 1966. Já Camarões deixava a Copa como a grande surpresa do Mundial e a seleção de futebol mais alegre da competição.

O último grande drama do torneio se daria na semifinal entre Itália e Argentina. Não bastasse o peso das duas camisas, a partida ocorreria no estádio San Paolo, casa do Napoli, que acabara de faturar seu segundo scudetto sob a liderança de Maradona. O gênio argentino tratou de aproveitar o fato para instigar o dissenso entre os torcedores locais, que se dividiram entre a paixão clubística e o amor às cores nacionais. Ele apelou inclusive ao sentimento de desprezo de que são vítimas os italianos do sul pobre e agrário por parte dos italianos do norte rico e industrializado.

É difícil saber se isso pesou, mas a seleção italiana, que até então só havia jogado em Roma, claramente tremeu. Embora Schillaci tenha feito 1 a 0 aos 17 minutos, a Itália parecia nervosa. A Argentina cozinhou a partida e começou a se impor na base da manha e da experiência. Na metade do segundo tempo, Caniggia igualou o placar de cabeça, numa saída em falso do goleiro Zenga, até então invicto na Copa. O empate enervou ainda mais os italianos e inflou os argentinos. O confronto ficou dramático. A Argentina, mesmo inferior, conseguiu levar o jogo para a prorrogação. O duelo acabou sendo definido nos pênaltis, e aí brilhou a estrela do goleiro Goycochea, que começara o torneio na reserva e entrara no segundo jogo, após o titular, Pumpido, fraturar a perna. Ele defendeu duas cobranças e colocou os argentinos na segunda final consecutiva contra a Alemanha.

A outra semifinal foi até uma boa partida, mas os alemães, menos inspirados que nos outros jogos, só conseguiram eliminar os ingleses nos pênaltis. No tempo normal, Brehme, de falta, e Lineker fizeram os gols. A Alemanha estava em mais uma final, a terceira seguida.


Alguém poderá dizer que a decisão da Copa de 90, no dia 8 de julho, foi a mais sem graça da história dos Mundiais, e eu estarei fortemente inclinado a concordar. Porque só uma equipe jogou – ou melhor, tentou. Os alemães tomaram a iniciativa e correram atrás da vitória o tempo todo, mas tiveram uma atuação pouco inspirada e enfrentaram dificuldade para criar chances de gol. Os argentinos nem ameaçaram – sua única finalização foi numa falta no primeiro tempo, que Maradona cobrou por cima do travessão, sem perigo. A Copa terminou decidida num pênalti duvidoso aos 40 minutos do segundo tempo, convertido pelo excelente Brehme – um dos raros jogadores realmente ambidestros que vi jogar, capaz de bater faltas com o pé esquerdo e pênaltis com o direito.

A Alemanha chegava ao tricampeonato em viés de baixa, é verdade. Mas o brilho mostrado nas cinco primeiras atuações não deixa dúvida de que se tratava de uma grande campeã. A taça acabou em excelentes mãos.

À Itália coube o consolo do terceiro lugar e do artilheiro do torneio, Schillaci, com seis gols. O atacante ganhou também a Bola de Ouro, numa evidente patriotada dos jornalistas italianos, maioria na cobertura da competição. Matthäus, o verdadeiro melhor da Copa (pouco à frente de Brehme), levou a de Prata, e Maradona, a de Bronze.

Se uma Copa do Mundo se limitasse à primeira fase, eu talvez concordasse que o Mundial de 90 foi o mais fraco de todos. Mas a fase de mata-mata registrou confrontos tão intensos e de tão boa qualidade que só alguém insensível às emoções do esporte pode menosprezá-lo. Quem não concorda, que (re)veja as partidas citadas. Com certeza, terá uma bela surpresa.

“DINAMÁQUINA”: A SELEÇÃO QUE FEZ HISTÓRIA NA COPA DE 86

por André Luiz Pereira Nunes


Ao longo dos anos, muitas seleções e times se notabilizaram internacionalmente, ainda que não tenham ganhado campeonatos. No entanto, o esporte não sobrevive apenas de vitórias, mas de histórias. E nessa relação, o Carrossel Holandês se consagrou pelo estilo de jogo envolvente e apaixonante. Um outro esquadrão que encantou os gramados do mundo foi o da Dinamarca, na Copa de 1986, no México, o qual ganharia a alcunha de “Dinamáquina”.

Todavia, para avaliarmos esse talentoso conjunto, então estreante na competição, precisamos recuar à Eurocopa de 1984, disputada na França. Naquele certame os nórdicos, não só se classificaram, como ainda chegaram às semifinais, quando foram eliminados pela Espanha, a vice-campeã do torneio. A equipe contava com jogadores técnicos e com habilidade de sobra como Laudrup, Arnesen, Jesper Olsen, o goleador Elkjaer Larsen e o experiente Morten Olsen, o capitão do time. 

Dispondo de uma ótima base em mãos, o técnico Sepp Piontek preparou o elenco para as Eliminatórias da Copa do Mundo. Integrando o Grupo “6” com União Soviética, Suíça, Irlanda e Noruega, os dinamarqueses facilmente conquistaram a primeira colocação e a classificação antecipada para o Mundial, enquanto os soviéticos, segundo colocados, ficaram com a segunda vaga. 

Considerado um dos maiores revolucionários do futebol, Piontek consagraria o esquema 3-5-2, retirando um defensor para rechear o meio de campo de atletas talentosíssimos, os quais serviam de engrenagem à máquina. Vale ressaltar a presença do líbero e capitão, Morten Olsen, o qual anos depois se tornaria o treinador. A meia cancha ainda dispunha dos talentos de Soren Lerby, Frank Arnesen e Jesper Olsen, companheiros do forte Ajax. Na armação, uma promessa: o jovem Michael Laudrup, o qual mesmo às vésperas de completar 22 anos, já se destacava no futebol italiano pela Juventus. O grande astro, contudo, era Preben Elkjaer, fantástico atacante do Verona, campeão italiano em 1985, que ficara no pódio do prêmio Bola de Ouro nos dois anos anteriores.

Na Copa do Mundo, os nórdicos ficaram no Grupo “E”, ao lado de duas bicampeãs da competição: a Alemanha Ocidental, em 1954/1974, e o Uruguai, em 1930/1950. O quarto membro do grupo e, não menos importante, era a Escócia, país que desde de 1974 vinha participando de todos os Mundiais. Diante do equilíbrio, tudo levava a crer que os alemães ficariam na dianteira da chave, enquanto os adversários lutariam encarniçadamente pela segunda vaga. 


A estreia ocorreu justamente contra os escoceses, na época comandados pela futura estrela do Manchester United, Sir Alex Fergunson. O jogo foi bastante parelho, mas o camisa 10, Elkjær Larsen decretou a primeira vitória. Parecia o início de um sonho possível.  

O segundo adversário seria o Uruguai. O desafio se mostrava mais difícil para os atletas do pequeno país europeu, pois a Celeste Olímpica se sagrara campeã da Copa América, em 1983, e chegava ao Mundial em ótima fase. Porém, mesmo sob a batuta de Enzo Francescoli, os sul americanos foram os segundos a caírem diante dos dinamarqueses, os quais contaram com uma atuação impecável de Michael Laudrup e principalmente de Elkjaer, autor de três gols na goleada por 6 a 1. A partir daí todos os holofotes se voltaram para a seleção de Sepp Piontek. 

Pela última rodada da primeira fase, a Dinamarca defrontaria a Alemanha Ocidental, justamente temida por acabar com a farra das seleções que apresentavam um futebol revolucionário. Os nórdicos, no entanto, não se intimidaram, não dando a menor chance para a bicampeã mundial. Com um futebol rápido e envolvente, os germânicos foram fragorosamente derrotados por 2 a 0.

O surpreendente desempenho rendeu à talentosa equipe o apelido de “Dinamáquina”. Contudo, da mesma forma em que foram alçados ao posto de candidatos ao título, os dinamarqueses acabaram causando uma grande decepção nas oitavas de final diante da Espanha. Os nórdicos chegaram até a abrir o placar com Jesper Olsen, ainda no primeiro tempo. No entanto, um inimaginável apagão mudou o rumo do confronto e a Dinamarca acabaria derrotada por 5 a 1 em uma atuação impecável de Emílio Butrageño, autor de 4 gols.

Apesar da precoce eliminação, pontuada por uma inesperada goleada, a reputação dos dinamarqueses permaneceu inatacada. Elkjaer terminaria eleito o terceiro melhor jogador do Mundial e a base estaria montada para futuras conquistas e elas não tardariam a vir. A Dinamarca voltaria a surpreender na Eurocopa de 1992.

SIM, EU VI E TODO MUNDO VIU

por Claudio Henrique


Dos muitos milhões de “técnicos” que existem no mundo, o que mais entende e enxerga o futebol é o TEMPO. Daí eu ter sido enviado do futuro como comentarista para analisar esses jogos do passado da nossa Seleção, hoje já pentacampeã (mas, por favor, não espalhem). Vim e vi, aliás, como tantos, pois foi essa a primeira Copa transmitida em tempo real para o Brasil. E a cores, embora televisores coloridos no país sejam, nesses anos 70, tão raros quanto o número de “gols feitos” perdidos pelo Rei Pelé. E olha que nessa partida ele perdeu um, em lance que desconhecia antes dessa minha investida na máquina do tempo. A jogada jamais será selecionada entre os “melhores momentos”, embora mereça, pelo ineditismo. Mas lances memoráveis não faltaram. Vendo, enfim, os 90 minutos, certificarei ao torcedores de amanhã que foi um belo jogo esse Brasil 4 x 1 Tchecoslováquia. Abre-alas do grandioso desfile que se seguirá da nossa melhor Seleção de todos os tempos, pois acreditem: outra assim não teremos! 

Devo confidenciar que no futuro dirão que esse “escrete canarinho” de 70 conseguiu a proeza de reunir entre os 11 em campo muitos “camisas 10”. De fato, vários dos craques com a amarelinha envergavam a 10 em seus clubes de origem. Mas em campo o criador dessa mística fez valer a sua autoridade. Pelé esteve mais uma vez eterno: o melhor jogador de todos os tempos. Anos depois, vou logo avisando, muitos tentarão contestar esse título irrevogável, atribuindo predicados e hipérboles a atletas como Maradona, um canhoto argentino muito bom de bola que em breve vocês conhecerão. Um cracaço, sem dúvida, que inspirou magias no esporte mas se perdeu aspirando outros feitiços. A chama insistente desta campanha contra o Rei só se apagará anos mais tarde, quando surge nos campos do mundo outro canhoto, Messi, também argentino. Desconfio que nos próximos 200 anos serão mais e mais pretensos candidatos ao trono. Talvez todos argentinos. Pobres mortais.

Mas vamos à bola rolando. Essa preta e branca, incomparável, acariciada por chuteiras que também ainda não exibem outras cores. Uma simplicidade que me fazia, na infância, acreditar que todos aqueles craques, como eu, jogavam de Ki-chute. Ainda no primeiro tempo, vimos o “negão”(expressão que uso aqui porque no futuro não me será permitido) surpreender a todos e mais alguns tentando um gol do meio campo, ao observar o goleiro tcheco adiantado. Épico. Testemunho a vocês que, no futuro, não serão poucos os jogadores que tentarão façanha semelhante, alguns com sucesso. Mas foi ali, naquele minuto sagrado da partida em Guadalarara, que pela primeira vez se viu algo parecido, tamanha genialidade. E Pelé não erra. Mesmo quando a bola não entra, seus lances ganham a História. A bola não entrou, mas foi gol. Gol do futebol.

O tento adversário, que deve ter deixado tensa a torcida brasileira (a mim não, claro, pois já conhecia esse enredo), não retratou o que víamos em campo. Sim, o Brasil não tremeu nessa estreia. Preparem-se, pois nas próximas edições do Mundial teremos primeiros jogos da Seleção infinitamente mais dramáticos. Não quero entregar o final do filme, mas, só para dar uma ideia, acreditem que daqui a quatro anos, na Alemanha, vocês terão que aturar o Brasil empatando os dois primeiros jogos, contra Iugoslávia e Escócia, e se classificando após um suado 3×0 contra o Zaire, com gol espírita de Valdomiro, nosso ponta após décadas de Garrincha e Jairzinho. Aguardem… A Alemanha, aliás, é protagonista de outro momento dramático da Seleção no futuro. Mas esse prefiro deixar em segredo. E tenho sete motivos para isso.


Todos jogaram bem, até o Everaldo, que não errou um chutão que deu na defesa e nem no ataque, isolando a pelota na arquibancada no único momento em que visitou o campo adversário. Foram perfeitas homenagens ao Sputnik dos russos (terá sido Everaldo ativista de esquerda?). Jairzinho foi um destaque. Vocês já deram a ele o apelido de Furacão? Deixa eu ver aqui no Goo.. Deixa eu pesquisar… Não, alguém ainda o batizará assim pelo fato de vir a marcar em todas as partidas no México. Foram dois nesse certame. Lindos, mas um deles fadado a ser eternamente uma incógnita na arbitragem mundial. Estaria nosso Furacão em posição de impedimento no terceiro gol brasileiro? Não temos aqui, ainda, câmeras laterais, que ajudam nessa avaliação, e nem uma tecnologia, ou melhor, uma “estrela” dos gramados que só chegará ao futebol daqui a quase 50 anos: o VAR. Outro segredo que não revelo. Mas decidirá muitos jogos.

Gerson e Rivelino também ganhariam notas altas no meu quadrinho de atuações, fosse eu o responsável em qualquer jornal brasileiro que hoje circula, mesmo sob censura. No futuro todos saberemos das notícias do futebol por uma sistema chamado Internet, sobre o qual não cabe aqui explicação _ e este “cabe” refere-se literalmente ao tamanho da resenha. E também pelo SporTV, um canal de televisão exclusivo de esporte que reprisará esses jogos em 2020, me dando a chance desta viagem ao México 70. Sim, teremos isso, um canal de esportes, podem começar a comemorar. Aliás, no século 21, de onde vim, teremos muitas coisas que vocês não desfrutam, amigos, como TV a cabo, liberdade de imprensa… Curiosamente, em 2020 também serão muitos os militares no poder. E muitos os dias em casa, confinados pela Pandemia do Corona. Mas deixemos isso pra lá. Sempre teremos a alegria de ser brasileiro. E de termos tido Pelé. E Riva, Gerson, Jair, Tostão… Que venha a Inglaterra! Eu vou às tequilas!

A MAGIA DA SELEÇÃO DE 70: UMA CONSTELAÇÃO DE CRAQUES

por Ivan Gomes


Vivemos dias tristes e mais estranhos do que os habituais, isso é fato! Mas durante esse período de confinamento e no qual o mundo virou de cabeça para baixo, ou para cima, depende do ponto de vista, a falta de futebol fez as emissoras revisitarem os arquivos do esporte. E na semana passada, o Sportv nos levou de volta à Copa do Mundo de 1970.

Quando garoto, a TV Cultura sempre reprisava alguns jogos clássicos e foi por meio desta emissora que vi muitos dos jogos da Copa de 1982 e também de 70. Gosto de futebol desde que me conheço por gente e com o passar do tempo nos envolvemos mais e mais, tentamos jogar, lemos sobre o esporte, acompanhamos as histórias. 

Cresci vendo a programas esportivos nos quais comentaristas em debates acalourados exaltavam a seleção de 82, mas, do que eu havia visto, a seleção de 70 era algo sensacional. Não havia como ter tal comparação. E com isso, fui rever novamente os jogos. A seleção de 82 era ótima, mas a seleção de 70 é o ponto fora da curva. Que timaço! E além dos 11 que entraram em campo, era impressionante a quantidade de craques no banco de reservas.

Além da beleza do futebol apresentado, o que mais chamou atenção, ao rever os jogos, era a falta de vaidade, entrega em campo e companheirismo. Pelé era o rei do futebol quando chegou à Copa. Mas fiquei impressionado em vê-lo no auxílio à marcação… como contribuía com o sistema defensivo, dava combate, fazia falta e ainda revidava as agressões recebidas, que não foram poucas.

Também destaco o fato de não ver jogadores preocupados com o cabelo antes de bater uma falta ou arrumar o meião antes de ir para marcação. Ali havia apenas a preocupação em jogar futebol e infernizar as defesas adversárias. E como infernizaram. Foram 19 gols anotados em seis jogos. Sendo sete apenas entre a semi-final e a decisão. E não contra quaisquer timecos, como somos obrigados a engolir nos dias atuais. Foram sete gols anotados em duas seleções bicampeãs do mundo: Uruguai e Itália.


Portanto, ao rever esses jogos, é inevitável fazer a comparação com os dias atuais. Infelizmente o que vejo atualmente é somente marketing. Somos quase que obrigados a ouvir um monte de bobagens de muitos “especialistas” que desanimam tamanho absurdo que dizem. O futebol atual é mais negócio… não parece que o que se pratica hoje é a mesma modalidade que praticavam há 50 anos.

A seleção de 70 era toda formada por atletas que jogavam em nossos clubes. E a quantidade de camisas 10? Pelé, Rivellino, Gérson, Jairzinho… todos no mesmo time. Atualmente, os “entendidos” no esporte dizem que fulano não pode jogar com ciclano, beltrano. Ah… quem sabe jogar joga e joga ainda mais quando tem outro craque ao seu lado.

A magia de 70 é tanta que além do título, das vitórias acachapantes, belos gols, teve ainda lances maravilhosos como a tentativa do gol de Pelé antes do meio campo, a defesa magistral de Banks, o drible inacreditável no goleiro uruguaio… 

Se atualmente a mídia trata Messi e Cristiano Ronaldo como “monstros”, imagino o que diriam sobre o cometa que passou pelo México em 1970. E Messi e Cristiano não apanham nem um quarto do que Pelé e companheiros apanhavam. E nem vou citar condições de gramado e material esportivo.

Para encerrar, faço das palavras do escritor inglês Nick Hornby, em sua obra “Febre de Bola”, as minhas: “o Brasil estragou tudo para nós. Tinha revelado, ali, uma espécie de ideal platônico que ninguém, nem o próprio Brasil, jamais seria capaz de atingir outra vez.” 

O SOCO NO AR E AS TENTATIVAS DE SUPERAR O INSUPERÁVEL

por Claudio Henrique


Diário de Bordo: direto da máquina do tempo, “Comentarista do futuro” revela que as formas de se comemorar o gol serão capítulo à parte do futebol

Eu já estava com um dos dois pés – não me lembro qual pois, como Pelé, também sou ambidestro –, ou melhor, uma das duas mãos dentro da máquina do tempo quando chegou, esbaforido, um “velho homem da imprensa”, com bigodes e suspensórios à frente. Falou-me rapidamente sobre o sucesso que minhas crônicas fizeram em seu periódico mexicano, que teria crescido em vendas, blábláblá… E me fez um pedido: uma última resenha, mesmo que escrita de dentro da geringonça que me permite viajar entre as décadas. Topei e depois explico como enviei de volta para publicação. Precisava mesmo falar ainda algumas coisas (calma, prometo que este texto será menor que os anteriores), em especial sobre o “soco no ar” do Pelé, que enalteci na última resenha e ficou batucando nesses meus neurônios cansados de guerras (serão muitos nos próximos 50 anos, inclusive contra vírus) e de algumas doses de THC na juventude. Há mais coisas entre o Gol e o reinício do jogo do que supõe a nossa vã filosofia.


Preciso confidenciar a vocês que no futuro as formas de se comemorar um gol se transformarão em “assinaturas” no futebol. Sim, marcas associadas aos atletas, e muitas vezes veículos para mandar mensagens, pessoais ou coletivas. Inteligentes serão os craques que demonstrarem habilidades também em marketing pessoal. Será um desfile de criatividade, amigos, acreditem: aviõezinhos, sambadinhas… Vai ter jogador deitando no campo, falando no orelhão (telefone público) do campo… E pensar que tudo começou com Pelé – até isso o “negão” deixou de herança para o futebol.

Mas a gênese dessa história paralela à do esporte, o “soco no ar”, se manterá no cardápio deste espetáculo de diferentes coreografias. E insuperável. Vejam vocês: na Copa de 2018, a última que testemunharei antes de minha partida rumo ao passado, o jornal O Globo, aquele mesmo que, como já contei, um dia indenizará um fotógrafo por publicar imagem do gesto do Rei, juntará uns trocados para analisar as formas como serão comemorados os 163 gols do Mundial. Cultura inútil? Não para quem ama futebol. E se você chegou até aqui nesta resenha é porque é um dos nossos. Siga comigo…

Daqui a 50 anos ainda veremos na Copa 2018 nada mais nada menos que 24 tentos (quase 15% do total) seguidos por soquinhos “a la” Pelé. Sendo 8 deles desferidos por brasileiros; 16 por atletas de outras nacionalidades. Ok, 1/3 dos gols ganharão uma comemorarão meio boboca, só abraços ou afagos protocolares, mas o Mundial será na Rússia, considere-se (a propósito, avisem aos camaradas!). O show que se sucederá aos estufar das redes será rico em folclore, curiosidades e polêmicas. Nessa Copa do próximo século, atletas chegarão a ser punidos pela Fifa por manifestarem posicionamentos políticos após balançar as redes. Só citando um jovem repórter esportivo brasileiro que tá estreando este ano na rádio Jovem Pan: “ô, loco!”.

O negócio vai mesmo tomar proporções de… Negócio. Chegará o momento em que os jogadores, esses espertinhos, passarão a levantar a camisa após o gol, mostrando marcas ou mensagens que estão ali por conta de algum capilé previamente acertado, claro. A Fifa não tardará a proibir e existirão, como sempre, os que tentarão arrumar um jeito de burlar a regra. Um marca de cerveja no Brasil contratará um craque da nossa Seleção para festejar seus golaços levantando o dedinho indicador pro alto, numa alusão ao seu slogan: “Número 1”. E pensar que neste Mundial do México a outra comemoração marcante foi aquela do Jairzinho após seu gol contra a Inglaterra, quando, copiando o tcheco Petras, que dias antes fizera o mesmo contra nós, se ajoelhou e fez o sinal da cruz. Em nome do pai… No futuro, não existirá mais bobo no futebol. Nem santo.

O salto de Pelé, que no futuro será inspiração para monumentos em Santos e Três Corações (cidade em que nasceu), veio à luz há quase 11 anos, em 2 de agosto de 59, quando o craque, jogando num obscuro mas romântico estádio paulista, na Rua Javari, contra a Juventus, pela primeira vez comemorou um gol desse jeito – isso após converter aquele que, muitos juram, ter sido o mais belo gol de sua carreira, mas do qual não existem registros visuais. É sempre assim… Bem, naquele dia, Pelé estava pouco inspirado, coisa rara, e a torcida adversária, que foi ao jogo também esperando ver show do “hômi”, vaiava o Rei, coisa ainda mais difícil em sua carreira. Incomodado, o Rei fez um primeiro gesto com a mão, aquele com o qual costumamos avisar: “Guenta aí, que já-já eu mostro a vocês o que é bom pra tosse”…

Logo depois, recebeu uma bola na área e, sem deixar a pelota cair, salpicou quatro lençóis seguidos, o último no goleiro, e “guardou”. Como tratava-se de uma resposta aos apupos das arquibancadas, correu em direção à galera e largou esta espécie de cascudo no ar, num desabafo. Ou seja: um gesto universal nascido da raiva. Mas, como todo bom Deus, o do Futebol sabe compensar e equilibrar forças e valores da natureza humana. Tanta que anos depois, já adianto, quando encerrar a carreira nos Estados Unidos, comandará ao microfone um estádio lotado pedindo em alto e bom som para o mundo: “Love! Love”! Mas na Javari foi ódio mesmo.


Nasceu assim o salto de euforia do Rei que agora todos conhecem e no futuro se tornará imagem em selos e cartões postais (não apenas no Brasil, como em outros países dos cinco continentes), estátuas, esculturas, quadros… Daqui a 50 anos até a silhueta desta emblemática comemoração será identificada e reconhecida em todo o planeta, tal qual a face de Jesus Cristo, a garrafa da Coca-Cola ou a latinha de sopa Campbell, que o artista Andy Warhol lançou no mesmo ano em que fomos bicampeões no Chile, sacam? Um pouquinho de pop-cultura não faz mal a ninguém. Coca-Cola também não, acreditem. Não fará! Na próxima década eles vão lançar uma em versão “Diet” e, melhor, no próximo século uma sem açúcar, rebatizada de Coca Zero. Mas ouvi dizer que, quando chegar este momento, algum publicitário americano pensará em batizar de Coca 10, numa homenagem ao Pelé. Podem levar esta ideia. Não cobro nada por isso.

Mas voltemos a 2020 (aliás, é pra onde estou me dirigindo mesmo, nesta máquina barulhenta). A estatística de estilos de comemorações de gols feita pelo Globo mostrará um empate técnico em primeiro lugar. Junto ao números de “jabs” no ar, estará, também com os mesmos 24 tentos, um estilão que, no próximo século, ganhará força, ou virará “modinha”, como gostaremos de dizer: uma espécie de terraplanagem, em que os jogadores vão se atirar ao chão, escorregando pelo gramado. Desconfio que será inventado em algum jogo disputado sob chuva, Talvez na Várzea, mas os registros do futuro creditarão seu surgimento a um atacante alemão, Klinsmann, que justificará seu gesto como um deboche de sua fama de cavador de faltas e pênaltis. Outro formato que será comum: a ostentação de marra, de superpoderes, geralmente com os artilheiros cravando as duas pernas no solo, cruzando os braços e lançando para as câmeras olhares de “imbatíveis”, que se aproximarão do que conheceremos no Brasil como “Olhar 43”, um rock dos anos 80. Mais cultura pop…

Justiça seja feita: além de Pelé, nada disso acontecerá não fossem as imagens antológicas feitas na Copa por algum dos “cameraman” no estádio, esse fadado ao anonimato (alguém aí conhece o sujeito?), e por pelo menos dois fotógrafos brasileiros: Orlando Abrunhosa e Lemyr Martins, donos de fotogramas deste instante mágico em seus acervos pessoais. Daqui a meio século, antes de viajar ao passado, fui aos arquivos do jornal (na verdade eles não existirão mais, será um troço chamado Google) mas não consegui responder três das cinco perguntas obrigatórias que um jornalista deve trazer em suas reportagens: quem, como e quando. Ambos terão belas carreiras, e ao Lemyr, inclusive, caso venha a ler estas mal traçadas linhas, gostaria de avisar que, além do futebol, deveria se dedicar ao automobilismo, pois na Fórmula 1 em breve teremos nossos craques. Esse vai longe, padrão Evandro Teixeira de qualidade, se é que isso é possível. O Orlando Novais, como já contei no tijolaço anterior, processou a Globo na Justiça por seu uso “sem autorização”. A Coca-Cola não cria caso. Se quiserem, podem publicar e falar dela à vontade.


A forma muito autoral com quem Pelé festeja e festejará seus mais de mil gols será copiada por gerações. Eu mesmo, moleque nos anos 80, gostarei de dar meus soquinhos no ar após meus golaços nas peladas da vida (todos lindos, mas pouparei todos de descrições detalhadas). Mas as próximas décadas nos brindarão com outras marcas indeléveis. Ainda nesses anos 70, um baixinho bom de bola que aparecerá no Atlético Mineiro vai assinar seus gols levantando apenas um dos braços, e com o punho cerrado, tipo Jesse Owens. Sócrates, não o filósofo mas um politizado e longilíneo camisa 8 que teremos nos anos 90, fará algo bem parecido. Bebeto, um de nossos atacantes na futura Copa de 94, vai dizer ao mundo que foi pai comemorando um de seus tentos fingindo embalar uma criança nos braços. Este vão copiar muito. Jogador de futebol tem filho cedo.

Cristiano Ronaldo, que será apontado como o melhor do mundo muitas vezes na minha época, terá como marca também um escorregão nos gramados, mas de joelhos. Possivelmente alguém vai contar ao português que, no Brasil, já tinha um malandro fazendo isso, Neto, do Corinthians, pois depois o atacante acabará mudando seu pós-gol para outra postura: em pé, braços abertos, num gesto que treinará exaustivamente, como chutes e dribles, para compensar sua cintura dura pro futebol. Outra comemoração que surgirá e acabará meio que afastada do esporte será uma mania de, após marcar, fingir que está dando tiros ou disparando uma metralhadora. Mas neste caso a proibição não será da Fifa, mas do bom senso comum e da marcação cerrada do “politicamente correto”, lembram? Já falei a vocês deste “cara”. Tirar a camisa não vai poder. Se abraçar com a torcida? Na-na-ni-na-não. Futebol vai ficar meio chato mesmo.

Que fique aqui registrado meu pedido para que todos vocês lutem e não deixem isso acontecer. Antes de entrar na atmosfera de 2020, falta contar como combinei a entrega deste texto ao passado, visto que escrevo na máquina do tempo, no trajeto até os dias de amanhã. O tal editor do jornaleco mexicano me garantiu que, quando eu chegasse ao Século 21, encontraria um sinal, deixado por ele no passado, e orientações de como proceder. Achei enigmático, mas de toda forme escrevi. Se você estiver nos anos 70 e lendo esta pitomba, portanto, saiba que tudo deu certo. O eterno Pelé foi uma prova de que a magia supera qualquer barreira do tempo. E vou aproveitar para deixar aqui uma piadinha que talvez vocês ainda não conheçam nesses anos 70. Pelé sempre foi Rei…

Já “Era Antes do Nascimento”.

Claudio H – alguma data estelar entre 1970 e 2020