por Serginho 5Bocas
Um amigo meu, logo após a goleada da Espanha de 7×0 sobre a Costa Rica, nesta Copa de 2022 no Catar, ficou maravilhado e fez juras de amor a escola “Roja”:
– Olha que coisa linda! – disse ele empolgado.
Eu, com a minha mania chata de questionador, mesmo sabendo que vou ser execrado, que vão me criticar “a rodo”, mas mostrando a minha opinião mais sincera, disse que a Espanha é chata com esse “Tik Taka” sem fim. Quase apanhei na esquina por ele e pelos comentaristas de boteco, que se aglomeravam na resenha.
A Espanha é aquela seleção que deixou de ser lembrada com a famosa frase “nada, nada e morre na praia”, para ser candidata a título em todas as Copas do Mundo. Essa escola espanhola que teve um crescimento de prateleira e tanto, para quem só participava e não ganhava nada, agora tem jeito próprio de jogar e virou queridinha da imprensa. Melhorou muito, mas não me convence.
Não há dúvidas de que o jeito “Tik Taka” de jogar, que começou com o título do treinador Luis Aragonés, na Eurocopa de 2008, mas foi fazer fama mesmo, com o Barcelona de Guardiola, com Messi no comando, foi uma revolução, um resgate as belas origens do futebol, isso foi. Mas temos que reconhecer que a Espanha, diferentemente do Barcelona, que tinha o Messi, era chata de doer.
O time de Vicente del Bosque da Copa de 2010, tocava a bola infinitamente, às vezes mais de 800 vezes numa partida, sem pudor e de um jeito repetitivo que cansava ver, venceram uma Copa do Mundo, perdendo para a Suíça na estreia e fazendo apenas 8 gols em 7 jogos, uma pobreza, um show de 1×0, mas tem quem goste.
O lado bom é que mostraram para o mundo, principalmente para os ingleses, que a bola podia e devia, ser tocada rente a grama, de pé em pé com calma e qualidade, isso eles aprenderam vendo quem sabe, como bons alunos e souberam demonstrar, novamente, para o mundo.
Essa Espanha de agora, que parece ser uma evolução da espécie, venceu a primeira partida da Copa, tocando mais de 1.000 vezes na bola e marcando 7 gols, somando ao empate em 1×1 com a Alemanha e a derrota imprevista no script por 2×1 para os japoneses, já são 9 gols em três partidas. Já fizeram mais gols do que o time de 2010, mas está dando pinta de que entrou água nas velas do motor, tá rateando muito, sei não…
Hoje em dia, todo mundo toca a bola em todas as ligas, uma globalização em “gastar a bola”, às vezes retornando do ataque até o goleiro, um exagero, só para fazer de novo e tentar acertar o que estava errado. Expurgando os excessos, até que fez bem para o futebol, cada vez fica mais difícil para os “brucutus” jogarem nas grandes ligas, os torcedores agradecem.
Agora, voltando a chatice, tenho que ser sincero: a Espanha, esses anos todos, nunca foi capaz de produzir grandes artilheiros e grandes dribladores, o toque de pé em pé, é feito de forma robotizada, técnica de repetição treinada à exaustão, parece uma orquestra mecânica, em que cada componente, sabe exatamente onde tem que estar e não podem sair do lugar, aquela “parada” do jogo posicional.
Falta o improviso, a arte espontânea, a clarividência e genialidade dos grandes craques, que infelizmente eles ainda não são capazes de produzir, pelo menos na seleção.
No passado recente vão dizer que teve Xavi e Iniesta, mas não eram grandes improvisadores da finta e do drible. Iniesta até arriscava alguma coisa, mas longe do que faziam e ainda fazem alguns brasileiros. Tá no sangue, é coisa de DNA.
Com os clubes é diferente, porque com a riqueza deles, conseguem importar meninos talentosos, joias, jovens promessas de várias partes do mundo, que vão se juntando aos meninos espanhóis e talvez, quem sabe estes, de tanto olharem, uma hora dessas, consigam produzir em espanhol “original”, jogadas e dribles que nos ejete do assento e nos faça bater palmas de pé, um sonho.
Agora que começou de verdade a Copa do Mundo de 2022, a maioria daquele monte de babas já deu adeus, A Espanha pode arrebentar, vencê-la e queimar a minha língua. Tomara que sim, pois quem vai agradecer é o futebol, mas por hora, tá até sobrevivendo, mas tá chato.
A conferir…
Forte abraço
Serginho 5Bocas