por Leandro Ginane
Historicamente as finais do Flamengo no Maracanã sempre atraíram muito mais gente do que o suportado pelo estádio. Em todas em que estive presente, houve invasão de torcedores e o número de pessoas dentro do estádio superava em muito o que era suportado e divulgado na mídia. Foi assim em 1992 numa final de campeonato, quando uma grade que sustentava a torcida cedeu vitimando centenas de pessoas.
Quem é Flamenguista e frequenta o estádio há pelo menos quinze anos sabe do que estou falando e anteontem não foi diferente. O que mudou é que a exclusão social proporcionada pelas novas arenas “hightech”, ingressos a preços exorbitantes e a segurança falida do estado do Rio de Janeiro foram o cenário ideal para as cenas terríveis de brutalidade que estão sendo exibidas por todos os lados.
Uma frase que li me marcou bastante e reforça o senso de exclusão dessas pessoas que saíram de casa para invadir o estádio: “Maracanã vai virar baile de favela, tropa vai invadir TJF”. Tudo isso atrelado a um contingente de policiais truculentos de apenas 650 pessoas.
Esse ambiente de medo se espalhou pelas ruas em torno do estádio e uma multidão de novos frequentadores que não estão acostumados com isso se desesperou em um corre corre frenético para fugir das balas de borracha e do gás de pimenta da polícia. A fumaça e o barulho das bombas estourando também contribuíram para o cenário de guerra.
Por trás dessa tragédia anunciada, porém, há uma questão muito mais complexa sobre exclusão social e o fim de uma de uma das mais prazerosas diversões do pobre: ir ao estádio ver seu time ser campeão. Isto precisa ser discutido com atenção por clubes de futebol, pela grande mídia que investe nos campeonatos e os Estados, para que um novo caminho de inclusão social seja criado no futebol sob pena de novas tragédias acontecerem nos próximos anos.
A força e a energia do povo precisa ser direcionada e não contida, como estão tentando fazer.