por José Dias
Os resultados de 7 x 1 e 3 x 0, sofridos pela nossa seleção na Copa das Copas, em pleno território nacional, não foram a causa que levaram o futebol brasileiro ao nível tão indesejado em que se encontra, mas uma das consequências.
Para melhor compreensão daquilo que vamos expor, tornou-se necessário efetuar um desmembramento do “Mapa Mundi”, adaptando-o ao futebol.
Vamos considerar o Brasil como um continente e, assim, efetuarmos as comparações.
Separamos o Brasil da América do Sul e verificamos que sua extensão territorial, pouco difere do continente europeu e do sul americano (sem o Brasil) e inserimos o contorno do mapa da Alemanha na altura do Estado da Bahia.
Então, a pergunta que deve ser feita e considerada:
Por que não tratar os temas ligados ao futebol considerando o Brasil como um continente?
Os verdadeiros seguidores da história devem ter percebido que a partir da segunda metade da década de 80, teve início o processo de degradação do nosso futebol.
Basta comparar a equipe do FLUMINENSE/RJ que teve um ciclo encerrado no ano de 1986, quando perdeu a conquista do “tetra”, no campeonato estadual do Rio de Janeiro. Daí em diante e, até hoje, o clube não conseguiu mais montar uma equipe sequer parecida com ela e, muito menos, com a famosa “Máquina Tricolor” dos anos 70.
E, esse fenômeno ocorreu com todos os clubes brasileiros.
“CQD” – COMO QUEREMOS DEMONSTRAR
Com os integrantes das seleções brasileiras de juniores de 1983 e 1985, teve início o êxodo dos jovens valores para a Europa, seguido da ação predatória dos empresários, qual aves de rapina que, em muitos casos, com a cumplicidade de dirigentes, descobriam e negociavam antes da participação nos clubes brasileiros – para se ter uma ideia -, da seleção de 1983, HUGO, HEITOR, ALOISIO, JORGINHO, GUTO, DEMÉTRIO, DUNGA, BEBETO, GEOVANI, que corresponde a 50% dos que estavam no México, foram para a Europa.
Por isso, foi uma surpresa para todos quando os nomes de HULK, FERNANDINHO, DANTE, HENRIQUE, LUIS GUSTAVO e outros surgiam nas convocações.
REBAIXAMENTO
A principal e mais contundente causa que contribuiu para o endividamento dos clubes foi, sem dúvida nenhuma, as loucuras cometidas por ocasião das contratações de jogadores, na esperança de um retorno desejável – um título ou, na atual conjuntura, o não rebaixamento que justificaria investimentos descabidos e inoportunos.
A experiência em aplicar o rebaixamento teve início nos anos de 82, 83 e 84 e, em seguida, foi suspenso, retornando, porém, em 1994 e foi até 1998, quando foi novamente suspenso. Em 2001, voltou e permanece até hoje. Ressalte-se que, a partir de 2003, foi adotado o sistema de pontos corridos e, a partir de 2006, foi fixado em 20, o número de participantes para a Série A do Campeonato Brasileiro.
COPA DO BRASIL – 1989
Em 1989, para suprir um suposto vazio, foi criada essa competição objetivando a integração nacional, quando clubes de todos os Estados dela participariam. O início da Série C, em 1990, fez com que surgisse um imbróglio – não fosse a Série C, também um elemento integrador.
Ninguém se preocupou com a adequação do Calendário à nova situação – Estaduais, Brasileiro Séries A, B e C, Libertadores, Sul Americana, Copa do Brasil, Copas Regionais, jogos da Seleção -, como era de se esperar, as críticas surgiram de forma avassaladora e o Calendário tornou-se uma aberração.
CAMPEONATO BRASILEIRO
Sem sombra de dúvida o vilão da história.
Existe no continente Europeu e no continente Sul Americano, ou demais continentes, alguma competição similar ao Campeonato Brasileiro?
Não esquecendo o Brasil como um continente.
A resposta é não!
E o motivo é que, considerando a extensão territorial, seja descartada a hipótese de sua realização.
O que não acontece no “continente brasileiro”. De uma forma absurda, ano após ano, apesar de todos os contras, continua sendo realizado, fazendo com que o prejuízo de todos os clubes aumente.
Uma competição onde, pelo menos, 60% dos participantes jogam para não serem rebaixados e o restante para ficar no “limbo” – nem rebaixamento e nem possibilidade de ingressar no G4 (hoje G6), ou a possibilidade de se tornarem campeões. Nem para a televisão a competição tem atrativos.
Então, qual seria a solução?
Em princípio a sua extinção, pura e simples ou, deixar “hibernando” por quatro ou cinco anos, enquanto os clubes aproveitam para se recompor estruturalmente, administrativamente e financeiramente.
Um novo modelo seria criado com esses objetivos e dele constando: a reformulação do calendário – a criação de uma competição mais atrativa e moderna e revitalizando os Estaduais, as Copas do Brasil e da Libertadores/Sul Americana.
O principal legado seria o fim do rebaixamento e, com esta medida, mais tranquilidade para os clubes atravessarem uma possível fase de transição.
Este Diagrama, representando o “FUTURO”, foi apresentado, simbolicamente, ao Futebol Brasileiro, que o desprezou e o resultado foi o Brasil ter perdidopara a Alemanha por 1 x 7. Enganam-se aqueles que pensam que a Alemanha ganhou por 7 x 1.
IMPOSSÍVEL QUERER COPIAR O QUE SE FAZ NA EUROPA E, MAIS PRECISAMENTE, NA ALEMANHA.
As diferenças são brutais:
No aspecto financeiro
No aspecto cultural
No aspecto “extensão territorial”
No aspecto governamental
Se o governo brasileiro se dispõe a “financiar” a dívida dos clubes, qual a razão para que isso não se concretize?
É tão difícil para os clubes que um presidente cumpra somente um mandato?
É tão difícil para os clubes usarem a internet para mostrar suas contas?
A terceira exigência, pode fugir ao controle e se tornar um complicador:
NÃO ATRASAR PAGAMENTOS DOS SALÁRIOS.
Os clubes que tem um “patrocínio fica mais fácil.
Se a folha salarial, incluindo os encargos, for igual ou menor que o montante da verba paga ao clube, é só remeter folhas e guias de recolhimento de impostos para que o banco DEPOSITE os pagamentos nas contas correntes DE CADA UM e repasse para as contas dos órgãos governamentais aquilo que deve ser repassado.
O DINHEIRO NÃO ENTRA NO COFRE DO CLUBE.
VAI DIRETO PARA O SEU DESTINO.
PAGAMENTO EM DIA – JOGADOR SATISFEITO
JOGADOR SATISFEITO – CLUBE MAIS EFICIENTE
OU NÃO???
Cada vez mais consciente de que a indiferença, a inconstância e a falta de conhecimento da maioria dos “boleiros”, me dá a certeza de que estou no caminho certo e que não devemos percorrer o caminho inverso quando do descobrimento do Brasil.
Aprendi com o CASTRO GIL, Vice Presidente de futebol do Fluminense FC/RJ, nos áureos anos 80, que “quando temos convicção e certeza de que alguma coisa tem que ser feita – que seja feita hoje, agora -, e não deixar para amanhã.”
CALENDÁRIO “MEQUETREFE”, como dizia o jornalista Renato Mauricio Prado, pode e deve ser adequado a realidade e necessidade do FUTEBOL BRASILEIRO e não aos desejos da televisão.