por Walter Duarte
Sabemos que torcer para os chamados times “pequenos” requer antes de tudo muita paciência e paixão. O dia 16/09/2017 ficará marcado na bonita, porém sofrida, história do Goytacaz FC como o dia de sua oportunidade de redenção ou renascimento.
Após 25 anos o “AZUL DO POVO” retorna à primeira divisão do Campeonato Carioca, com contornos de dramaticidade e de suspense, onde a ” dimensão da catástrofe” estaria ali, muito perto de acontecer. Quis o destino que essa “via crucis” fosse encerrada na Serra Fluminense, na cidade de Friburgo, tal como no seu último combate de redenção no ano de 1992, desta vez numa vitória épica de 1 a 0 aos 44 minutos do segundo tempo contra o seu maior rival, o Americano FC.
O Goytacaz é um dos mais tradicionais clubes do interior do Brasil, com 105 anos de fundação, e experimentou grandes confrontos nas década de 70 e 80, inclusive em participações no Campeonato Brasileiro, mantendo na época uma rivalidade importante com o Americano , uma espécie de Guarani e Ponte Preta, guardadas as devidas proporções.
Lembro-me bem no ano de 1977 de um grande jogo contra o Santos no Arizão, pelo Brasileiro, que ficou no 0 a 0, além de outros tantos pelo Carioca, sempre com “casa cheia”. Porém, no início da década de 80, o GOYTA sofreu seu primeiro e doloroso rebaixamento, devido a uma série de fatores que somados levaram o clube a quase fechar as portas, literalmente. Diante do quadro de estrutura profissional fragilizada, inclusive financeira, o que faria então a sua fiel torcida manter tal firmeza de propósito e paixão durante todo esse tempo? Como explicar o interesse de jovens torcedores mantendo a tradição dos mais antigos, personificada pelo apaixonado Tonico Pereira, lotando o seu estádio em vários jogos da segundona? Acho que isso pode acontecer em outros clubes de menor estrutura Brasil afora, entretanto o Goytacaz tem algo diferente, uma “magia” que faz com que as pessoas que passam por Campos se apaixonem pelo clube.
O que se viu no estádio Eduardo Guinle confirma esta tese pela comoção explícita e apoio incondicional. Foi algo muito forte que o “torcedor raiz” do Goyta transpareceu sem nenhum pudor, sem nenhuma vergonha de chorar e dizer em alto e bom tom – é possível ser feliz e ter um amor que não se mede pelo clube do coração, mesmo que a razão muitas vezes nos queira impedir.
Se algo de orgulho nasce e renasce com a espera e a angústia da fila, é sinal que o futebol do interior ainda teima em existir, mesmo que a imposição atual de estrutura e a gestão do negócio FUTEBOL sejam implacáveis. Palavras de ordem como: BENCHMARKING, ENGENHARIA ECONÔMICA, MARKETING… permeiam a frieza dos números do mundo Corporativo. E o futebol se tornou basicamente isso, ou seja, um “Negócio”.
Por isso meus amigos, tratemos dos nossos corações, das nossas aflições, das nossas mazelas com a perseverança e a fé que Deus nos deu, mas sem nunca perder a paixão, combustível do torcedor de verdade.
****Dedico esse texto a todos os torcedores e aqueles que dentro ou fora do Campo ajudaram e fizeram a diferença para o Goytacaz manter-se de pé ao longo de sua história, retornando à elite.