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Campeonato Brasileiro

FESTA NA FAVELA

por Leandro Ginane


A liderança do Flamengo no Campeonato Brasileiro não é surpresa. Mas não deve ser analisada sob a ótica das táticas, gestão e contratações que foram feitas para o campeonato. A grande diferença deste Flamengo para aquele dos anos anteriores é a presença da sua torcida nos estádios.

Os trens estão novamente lotados. Na entrada do Estádio, é oferecido o melhor amendoim da Mangueira. Crianças na carcunda dos pais exibem seus sorrisos.

Com ingressos a R$15,00, a Nação Rubro-Negra, como é carinhosamente chamada, esta voltando ao Maior do Mundo e é presença constante nos jogos do time este ano. Mesmo sem a bateria e as bandeiras de outrora, o Estádio cheio dá um tom diferente a cada jogo e traz um clima de final para os confrontos. Não é a toa que o Flamengo lidera o Campeonato Brasileiro, não só na tabela de classificação, mas também nas bilheterias.


A saída prematura do craque do time com apenas dezoito anos, não diminuiu a empolgação do torcedor e com sua tradicional característica bem humorada, jogo a jogo entoa o grito “Segue o líder”.

Se o líder do campeonato continuar sendo o líder do povo, esse time do Flamengo recheado de jogadores da base, tem grandes chances de se sagrar campeão. Essa mistura entre time e torcida sempre fez parte do futebol brasileiro, em especial do time mais popular do Brasil. A volta do povo ao estádio, com preços baixos e a manutenção de jovens promessas da base devem ser as prioridades dos times brasileiros.

Ontem ao final do jogo, um fato marcante: a música que se ouvia dentro do Maracanã era “Festa na favela”, fato raro nos dias de hoje. Esse reencontro deve permanecer até o fim do campeonato, não só com o Flamengo, mas com todos os times do Brasil.

O futebol respira.

QUEREMOS ALMA!

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Sinceramente não consigo entender toda essa ira por parte da torcida do Flamengo. Esse time deveria estar sendo exaltado por ter chegado aonde chegou. Foi longe demais!!!!

Há tempos venho chamando a atenção para a péssima qualidade do futebol carioca e o Flamengo está incluído nisso. O Flamengo terminou o Brasileiro com o mesmo número de pontos do Vasco, não se esqueçam disso.

Se ganhasse a Sul-Americana, esse torneio fraco que reúne os times que ficaram no meio da tabela em seus campeonatos regionais, estaria iludindo a torcida e daria chance à diretoria de gabar-se, de vir com esse discursinho de dever cumprido. A mim nunca enganaram! Time fraco, gerente de futebol fraco, técnico fraco. E pelo amor de Deus, o Independiente foi melhor do que o Flamengo e ponto!

Lembrem-se que o rubro-negro classificou-se para a próxima Libertadores com um gol de pênalti, no último minuto, contra um Vitória que lutava contra o rebaixamento. Não se iludam, esse time não os representa. Assim como os vascaínos não devem se enganar achando que esse grupo, sem contratações, irá muito longe. E não me venham com essa conversa mole de cansaço porque time bom ganha todos os torneios, inclusive os caça níqueis.


O Cruzeiro não ganhou a Tríplice Coroa com aquele timaço? O Real Madrid ganhou todos os torneios nesse ano, inclusive esse em cima de um Grêmio sem alma. O problema é que o melhor jogador do São Paulo é o Cuevas, o melhor chutador do Brasil é o Otero, o Flamengo se encheu de argentinos, peruanos e colombianos e nosso futebol vive uma esquizofrenia.

Sou a favor do intercâmbio, sim, mas de profissionais que venham nos acrescentar algo. O Vasco já anunciou um novo argentino e o Rueda se diz aluno do Parreira, esquece….. reparem que não sou eu quem bate na mesma tecla, mas o nosso futebol é que não sai da lugar.

Ganhamos sem convencer e até a Olimpíada foi nos pênaltis. Os argentinos também vivem uma péssima fase e só vejo Paulo Dybala como um destaque dessa nova geração, mas eles não perderam a alma, são mais nacionalistas do que nós, se entregam, jogam com brilho nos olhos, e a torcida reconhece. Nosso problema é que o futebol foi para o fundo do poço e arrastou a alma com ele.

O DIA EM QUE ELANO EXORCIZOU TODOS OS DEMÔNIOS

por Ivan Gomes


O dia 15 de dezembro de 2002 pode ser considerado por nós, santistas, como o dia que fomos libertados de todas as pragas e mazelas, o dia em que o gigante adormecido acordou novamente. O Dia da Independência do Peixe, o dia em que Elano, com um toque na bola, transformou toda dor, angústia e medo em risos, lágrimas, êxtase, o dia que ele tirou um grito de campeão que estava entalado há 18 anos em nossas gargantas. Esse dia 15 foi nossa remissão dos pecados, o dia que ateus viraram crentes, que meninos viraram homens e heróis. O dia que as interrogações caíram e deram lugar às exclamações.

O dia 15 de dezembro de 2002 poderia ser mais um na vida de qualquer pessoa, menos na vida de um torcedor do Santos Futebol Clube, pois neste dia, um domingo, nós teríamos um último e grande desafio pela frente em busca do inédito título brasileiro. Mas muito mais do que a conquista de um título, o jogo representava demais para todos nós, pois foi em um longínquo dezembro de 1984, contra o Corinthians, em um Morumbi lotado e dividido entre as duas torcidas, que Serginho nos dava um título paulista de presente. Entre aquele gol de Chulapa e o 15 de dezembro de 2002, nós santistas passamos por humilhações e provações.

O fim dos anos 80 e início dos 90 foram nada generosos para nós. Mas em 1995 surgiu uma chama, um time guiado pelo “messias” Giovanni, que chegou à final do Brasileiro daquele ano, após um jogo que, para mim, foi uma das maiores apresentações do Santos em todos os tempos. Perdemos de 4 a 1 para o Fluminense na primeira semifinal, mas viramos para 5 a 2 no jogo da volta. Fomos à decisão contra o Botafogo e aí encontramos um tal de Marcio Rezende de Freitas que nos condenou para mais alguns anos de purgatório.


Em 1997, o Santos conquistou o Rio-São Paulo, após heroico empate em 2 a 2 contra o Flamengo no Maracanã, com Romário e tudo, mas nossos adversários, os amigos, os tios, os primos, vizinhos, colegas de trabalho e escola não consideravam essa conquista como título importante.

Aí veio 1998, fomos eliminados pelo Corinthians na semifinal do Brasileiro após 3 jogos. Mas conquistamos um título internacional, o Santos venceu a Copa Conmebol daquele ano após um jogo duríssimo e muito violento contra o Rosário Central, na Argentina. Mas os amigos, os tios, primos e colegas não reconheciam nossas proezas, à época nem a mídia, pois eles insistiam em dizer que estávamos na fila.

No ano 2000 batemos na trave. Após classificação histórica contra o Palmeiras na semifinal, fomos superados pelo São Paulo de França e Rogério Ceni.

Em 2001 chegamos novamente à semifinal do Paulista, em dois jogos contra o Corinthians, e nós jogávamos por dois empates. A primeira partida terminou em igualdade. No segundo jogo, saímos na frente, cedemos o empate… mas aos 48 do segundo tempo, um chute de Ricardinho nos empurrava inferno abaixo novamente, deixamos de ir à decisão no último lance.


Aí veio 2002, após começo de ano muito difícil com muitas gozações dos adversários e o Corinthians com dois títulos, um Rio-São Paulo e uma Copa do Brasil, nós nos preparávamos para o Brasileiro com time quase todo formado na base e alguns jogadores medianos que permaneceram na equipe.

Com oscilações naturais, o Santos foi indo… até que em outubro bateríamos de frente contra o Corinthians em um Pacaembu lotado. O mesmo Corinthians que havia perdido dois jogos para nós naquele ano, mas havia conquistado dois títulos.

E como por milagre, os meninos jogaram muito, vencemos por 4 a 2, após abrir 4 a 0, e o primeiro gol foi de Alberto, um golaço de bicicleta. Esse jogo nos permitiu sonhar por alguns instantes com um futuro melhor. Mas aí conseguimos perder alguns jogos e ficamos na dependência de um time rebaixado para segundona. Na última rodada, o Gama fez 4 a 0 no Coritiba e o Santos classificou-se em oitavo, para enfrentar o São Paulo nas quartas de final, São Paulo que vinha de dez vitórias consecutivas.

Campeonato de pontos corridos é uma coisa, de fases é outro. E como foi. Os meninos da Vila transformaram-se e sem piedade eliminaram o São Paulo com duas vitórias, passaram pelo Grêmio na semifinal e na primeira partida da decisão, foram senhores do jogo contra o Corinthians e abriram 2 a 0, vantagem considerável para grande decisão.

O domingo aguardado há décadas por nós havia chegado. Quem conseguiu ir ao estádio estava empolgado e tenso, mas nós que teríamos que acompanhar pelo rádio ou pela TV deveríamos estar mais tensos ainda. No trabalho, o tempo não passava, chegaria o Natal, mas não chegaria 17h para iniciar a disputa.

O jogo começou, nos primeiros segundos Diego sente a coxa e Fábio Costa opera um milagre no Morumbi: o teste para cardíacos havia começado. Após susto inicial, o Santos equilibrou o jogo. O tempo passou e até aquele momento, ao menos uma vez na vida, ele era favorável a nós.


Quando passávamos de 35 minutos, a bola é lançada na ponta esquerda, para o moleque de canelas finas, que não temeu e foi para cima de Rogério, lateral adversário, e após 8 pedaladas sofreu pênalti. Ele mesmo pegou a bola e fez 1 a 0. Com os dois da primeira partida, o Corinthians teria que fazer 3. Parecia que, enfim, os deuses do futebol estavam a nosso favor e nos libertariam de todas as maldições.

Mas aí veio o segundo tempo… e o jogo mudou completamente. O Corinthians pressionou, queria a tríplice coroa. Fábio Costa agigantou-se no gol e virou uma muralha. Nossa torcida se calou no estádio e nossos olhos não piscavam diante da TV. As unhas iam embora a toda velocidade a cada grito no radinho de pilha.

O tempo demorou a passar e aos 30 minutos o Corinthians empatou a partida. Naquele momento nos enchemos de interrogações, e agora? Aos 39 minutos o zagueiro Anderson subiu mais que nossa zaga e virou o jogo para 2 a 1. O medo, a dor, a aflição vinham à tona, o filme de Ricardinho com gol aos 48 do segundo tempo passou em minha cabeça.


Para mim, estávamos condenados a passar o resto de nossas vidas futebolísticas no inferno, cercados por demônios. O zero porcento de fé virou saldo negativo, até que em uma tabelinha entre Elano e Robinho, o nosso ponta de canelas finas, foi pela lateral, passou pelo algoz Anderson e dentro da área rolou para Elano, que só deu um toque para vencer Doni e somente assim, aos 43 do segundo tempo, ele nos tirou do lodo e nos fez soltar o grito de campeão, chorar, correr pelado pela rua, dar cambalhotas, abraçar os amigos, beijar o cachorro e nos trazer de volta à terra, nos exorcizou de todo mal feito por Ricardinho e Márcio Rezende de Freitas. Com aquele gol, nada mais importava, aquele foi o gol do título. Ainda com os olhos marejados, conseguimos ver meio embaçado o terceiro gol, da virada, para fechar com chave de ouro, além do título, vencíamos o quinto jogo consecutivo contra o Corinthians, 3 a 2.


Após a explosão de alegria, de sentimento de ser livre, o êxtase e o orgulho voltaram como nunca havia sentido antes. Depois disso, o Santos foi novamente campeão brasileiro em 2004, em pontos corridos, ganhou sete títulos paulistas, Copa do Brasil, Recopa Sul-Americana, Libertadores da América, revelou vários jogadores. Mas confesso, todos os títulos são importantes, mas nenhum destes teve o sabor deste 15 de dezembro de 2002, para mim, este jogo nunca acabou. Sempre que posso acesso o Youtube para verificar se realmente a partida terminou, pois o medo de que tudo seja um sonho é grande. Nunca sabemos o que os fantasmas do passado podem aprontar.

SOBRE OS DEZ

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Já dei diversas vezes minha opinião sobre o nível técnico do Brasileirão e vocês sabem bem qual é, mas na rua insistem que eu volte ao tema. Então, darei minhas impressões sobre os dez primeiros colocados.

Não há como negar que Fábio Carille montou um Corinthians coletivo, sem craques, mas bom de ver jogar. O time quase não erra passes e não pode ser considerado violento. Torço para que ele não seja influenciado pelos sabe-tudo e construa o seu próprio caminho.

O Grêmio é muito parecido, consegue ser coletivo e por conta de jogadores mais técnicos, como Luan, também apresenta um futebol vistoso.

O Botafogo poderia estar nesse grupo, mas o elenco é reduzido e na hora em que o bicho pega não tem poder de reação.


O Palmeiras ficou no meio do caminho, mudou tanto de técnico que perdeu a personalidade.

O Santos de Levir Culpi uma decepção. Aí entra o Elano, que foi bom jogador, com a chance de mudar tudo, colocar o seu estilo, e a mesmice continua.

O Cruzeiro, ao contrário de Grêmio, Corinthians e Botafogo, é um time sem sal, de uma escola ultrapassada.

Vasco e Flamengo estão no mesmíssimo barco e não por acaso terminaram com o mesmo número de pontos. Ganham sem convencer e não mereciam estar na Libertadores.

A Chapecoense vale por sua recente história, mas não encanta, só se defende e é um futebol insosso.


E o Atlético Mineiro valeu por ter nos apresentado Otero, atualmente o melhor chutador do Brasil. Hoje temos poucos bons cobradores de falta, pelo menos algum que marque gols com frequência, mas o venezuelano veio nos ensinar a fazer algo que já fomos professores. Ah, mas já demos aula de tantas outras coisas….

Precisamos ser humildes, aceitar que não somos mais os mesmos e entender que nossa chave na Copa do Mundo com Suíça, Costa Rica e Sérvia será duríssima. Nada mudou, ainda somos a seleção do 10×1, Alemanha + Holanda. Ou não somos?

XÔ, FRANKEINSTEIN!

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


(Foto: Nana Moraes)

Não acompanhei a Copa das Confederações, mas adorei a final entre Chile e Alemanha, duas escolas que gostam de jogar futebol. O México também não seria ruim porque joga ofensivamente, sem medo de perder. Mas aí bateu de frente com a garotada da Alemanha, essa nova geração que ainda vai dar muito o que falar.

Já disse e repito: os alemães estão dando aula de renovação enquanto Portugal é aquele fado de uma nota só. Portugal sem Cristiano Ronaldo é como Brasil sem Neymar e Argentina sem Messi, times sem personalidade. Quando a seleção tem um projeto sério o resultado é esse apresentado pelos alemães.

Aqui no Brasil segue a bagunça de sempre: os técnicos perdem e culpam o cansaço por tantas competições atropeladas. É estadual, brasileiro, Libertadores, sul-americana, sul disso, sul daquilo. Os jogadores são poupados da maratona, a qualidade cai, o torcedor é penalizado, mas os dirigentes colocam uma graninha para dentro, afinal de caça-níquel eles entendem.


O calendário é o culpado de tudo, mas quem o aprova? É muito fácil reclamar. Esses campeonatos são verdadeiros shows de horrores. Ontem assisti Ponte Preta x Sol de America. Alguém viu? Que competição era aquela? Dormi sem saber. Melhor se tivesse assistido Frankenstein porque remendado por remendado prefiro o monstrinho.

Ei, alguém está me lembrando aqui que ainda tem o Torneio Rio-Sul-Minas! KKKKKKK, peraí, até onde os Frankeinsteins da CBF querem chegar??? Eles não podem continuar por aí afugentando os torcedores dos estádios, avacalhando o futebol brasileiro e manchando toda uma história construída por anos e anos. Mais do que isso, eles não podem continuar soltos.