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Brasil

AS ÁGUAS DO MARACA

por Helio Brasil


16 de julho de 1950, Estádio do Maracanã (o tão carioca Maraca), Rio de Janeiro, decisão da Copa do Mundo de Futebol: a Seleção Brasileira, plena de talentos, favorita dos aficionados, é derrotada pela seleção uruguaia, pelo placar de dois a um. Bastaria o empate para que o Brasil se sagrasse campeão do mundo, porém…

Ah, se suas margens falassem… os estreitos lábios lodosos muito diriam do choro ali derramado no pior ano do mais fosco julho de nossas torcedoras vidas. E naquelas margens, mergulharam as cusparadas que não atingiram Ghigghiae as obdúlias garras. Ah, Maraca, ah Maracanã, fiapo de rio (risível ao lado dos amazônicos e iguaçudosfranciscos) a tangenciar o colosso dos colossos e a nossa (até então, orgulhosa) alma no templo da deusa-bola e do deus-demônio chamado craque. No trágico dia, os noventa minutos parcelados na decisão mundial: entrada de esperança, prestações de angústia, breve cota de euforia ao quebrar-se o gelo (é gol!) no calor de friaça (gol! gol!) após quase sessenta minutos de vergonhoso zero, no placar de zero (onde estás goleada?), pois para quem almeja vencer, chegar junto é derrota. Juntas, morrem na grama as prometidas fintas do mestre, as arrancadas do queixada; não funcionam as finas canelas que não mais detonam balaços. Quem os ignorou? Mas quem, quem o faria? Máspoli y sus muchachos. E o grande anel foi emudecido como já nos engasgara o gol de empate e nos calaram os pés de Ghigghia. O que restou de nossas miseráveis almas de náufragos, acusando goleiros e zagueiros, em vão culpados e execrados? Pobres, batidos por destino tão macanudo e adversários que, por todos os deuses ungidos, chamados serão, sempre, “maracanudos”?


(Foto: Reprodução)

E o indiferente rio vindo da serra, seguiu, carregando na torrente lágrimas, insultos e, em pedaços, as auriverdes esperanças afinal cuspidas e assoreadas na cintilante baía com fria e incrédula palidez. Hão de passar, passaram e passam as águas do maraca, sem que se lave o lodo da derrota preso na concreta garganta que jamais viu desnuda a tão sonhada glória.


(Foto: Reprodução)

Restou-nos cruzar atlânticos e cordilheiras e nas nórdicas paragens devolver humilhações, fazer tombar a arrogância. Deixar escravos, por fim, bola e mundo com os insolentes lençóis de um imberbe negrinho, peitar o mundo com a couraça pernambucana, secar as lágrimas nas folhas secas de um príncipe negro e, hosanas, garrinchar e garrinchar adversários, deixá-los torcidos na grama, provando a cal que assinala e desenha o verde campo de gloriosas pelejas.

ANATOMIA DE UMAS DERROTAS

por Cesar Oliveira


(Foto: Reprodução)

O 7 a 1 continua vivo na memória de quem se interessa pela História do Futebol. Jamais se apagará da memória. Os “memes” jamais serão apagados. Felipão nunca o descolará das suas costas.

Como o “Maracanazo”, em 1950; como a goleada da Seleção Húngara contra o English Team, dentro de Wembley, em 1953;.como a derrota da Laranja Mecânica (1974), como a “Tragédia de Sarriá” (1982).

No dia do desastre, confesso, não tive como impedir uma gargalhada, a cada gol, vendo aquele time tosco e arrogante bater cabeça perante uma bem organizada e letal seleção alemã. O desastre, aos meus olhos de “apreciador do futebol”, era previsível – mas não de maneira tão ridícula.

A derrota anulou, por assim dizer, todas as maldições e injustiças cometidas por todos nós com os craques vice-campeões do mundo de 1950, especialmente o goleiro Moacyr Barbosa (1921-2002).


Na sua capa do dia seguinte à acachapante derrota, o jornal “Extra”, do Rio de Janeiro, lavava a nossa alma, homenageando os vice-campeões de 1950, com um enorme “Parabéns!” na capa.

Agora, o administrador de empresa e escritor Darcio Ricca me dá conta de que está escrevendo, em parceria com o conhecido escritor e administrador de empresas Max Gehringer, uma análise histórico-boleira do 7 a 1, pelo lado brasileiro, que deve estar nas livrarias – físicas e virtuais – no primeiro semestre de 2018.

Foi com Darcio que tive o prazer de editar, antes da Copa 2014, o livro “De Charles Miller à Gorduchinha: a evolução tática do futebol em 150 anos de história – 1863 a 2013)”.

Ele é membro ativo do Memofut (Grupo de Literatura e Memória do Futebol, que se reúne mensalmente, no auditório do Museu do Futebol, no Pacaembu, em São Paulo), é editor do blog “3 na Copa” e troca ideias com outros “Apreciadores do Futebol” num grupo de WhatsApp para o qual tive a honra de ser convidado por ele.

Max Gehringer, por seu lado, além de importante administrador e consultor de empresas, adora futebol, participa ativamente do Memofut e é autor do “Almanaque dos Mundiais: os mais curiosos casos e histórias – de 1930 a 2006” (Globo Livros).

UM OLHAR GERMÂNICO SOBRE O 7×1


Manchetes de jornais alemães

Conversando sobre o desenvolvimento, Darcio me fala de pessoas a quem ele gostaria de consultar e entrevistar – Toni Kroos, Joachim Löw. Hoje, com internet e o acesso a jornalistas baseados na Europa, isso não será problema – procurei animá-lo.

Para colaborar, falei-lhe do professor Martin Curi, doutor em Antropologia, pela PPGA-UFF (Niterói), que se formou com o trabalho “Espaços da emoção: arquitetura futebolística, torcida e segurança pública”. Martin é integrante do “Nepess – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Esporte e Sociedade”.

Eu o conheci por conta do seu livro “Friedenreich – Das vergessene Fußballgenie” [o gênio esquecido do futebol], da editora alemã Werkstatt, cujo conteúdo traduzido pretendo que seja um anexo da autobiografia “Friedenreich – El Tigre”, que lanço finalmente em 2018 pela LivrosdeFutebol.

É que eu havia descoberto a autobiografia de Arthur Friedenreich no acervo de Milton Pedrosa, editor da Editora Gol (a primeira especializada em livros de futebol no Brasil), que herdei por gentileza família Pedrosa – eis que eu havia trabalhado com Carlos Pedrosa, filho de Milton, sócio da extinta Pubblicità Propaganda. Quando descobri que ele era filho do Milton, tratei de falar com ele sobre reeditar os excelentes livros do pai, dentre eles “Gol de Letra”.

A descoberta fez furor. Juca Kfouri anunciou “El Tigre vive!” em sua coluna na Folha de São Paulo e a imprensa esportiva logo se movimentou para saber a história. Leia a coluna do Juca: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk0307201110.htm

Então, fui procurado pelo repórter Guilherme Roseguini, do “Esporte Espetacular”, a quem concedi a entrevista que você pode assistir no vídeo ao lado: 

O livro que Curi escreveu sob encomenda da editora alemã, para explicar como e por que um mulato brasileiro de olhos verdes se chama Friedenreich, me fez indicá-lo ao Darcio por conta do seu interesse em entrevistar Joachim Löw e Toni Kroos, sobre a goleada alemã.

No meio do papo com o alemão, com quem tive o prazer de degustar uma lauta e bela refeição no Escondidinho, restaurante do Beco dos Barbeiros, bem no Centro Velho do Rio de Janeiro, ele me falou de um livro alemão sobre o 7×1, sobre o qual ele escrevera uma resenha para o blog do Nepess.

A VISÃO GERMÂNICA DA GOLEADA HUMILHANTE


Foi assim que o professor Martin Curi analisou o livro “7:1 – Das Jahrhundertspiel”, de Christian Eichler:

“Quando vi anunciado a publicação do livro “7×1” na Alemanha, pensei imediatamente no livro “Anatomia de uma derrota” de Paulo Perdigão, sobre a derrota do Brasil contra o Uruguai em 1950.

Ambos escritos por jornalistas e se dedicam a um único jogo em uma Copa do Mundo que, na opinião dos autores, tem tanto significado que merecem ser analisados minuciosamente em 182 ou 286 páginas. E este também é um dos motivos pelo qual achei importante escrever uma resenha em português para uma revista científica, apesar do livro a ser resenhado não ter a proposta de ser científico. Mas o jogo analisado, o “7×1”, contou com a participação da seleção brasileira e, portanto, é importante para os brasileiros. Enquanto os brasileiros estão bastante familiares com os significados tanto da final de 1950, quanto da semifinal de 2014, o livro em questão promete fornecer algumas informações sobre o ponto de vista dos alemães. Portanto, gostaria de propor uma comparação entre os dois livros.


Pessoalmente, gosto muito do livro “Anatomia de uma derrota”, que junta vários documentos e dados sobre a final de 1950. Em capítulos separados, o autor explica para o leitor o contexto histórico da Copa, do jogo e da construção do Maracanã. Também é analisada a tática do jogo, inclusive com diagramas, o autor transcreve a narração do rádio e adiciona algumas fotografias. Logo na introdução, o autor afirma que a derrota do Brasil contra o Uruguai em 1950 foi a grande catástrofe para a nação brasileira, o mesmo afirma que essa derrota foi tão dolorosa que merece até uma análise psicanalítica. Ou seja, Perdigão logo parte para a busca dos significados deste jogo, tanto para ele quanto para o povo brasileiro em geral.


Confesso em um primeiro momento, certa decepção quando o livro alemão chegou à minha casa, devido a estrutura dele ser bem diferente. O autor narra apenas a semifinal de 2014, criando pequenos capítulos de uma a seis páginas, que se referem aos minutos um ao 90 do jogo. Não há diagramas que poderiam explicar o esquema tático, com exceção da escalação na contracapa, não há fotos e muito menos capítulos temáticos. Temia que o autor quisesse narrar o jogo, de fato, o que eu imaginava ser uma abordagem pouco interessante, porém me enganei.

Eichler costura análises táticas, reações midiáticas, informações biográficas dos envolvidos e anedotas curiosas na narrativa do jogo. Assim, a escrita do livro alemão me parece ser mais elegante e a leitura foi bastante agradável. Mesmo assim senti falta de um capítulo introdutório, que se dedica de forma mais profunda aos esquemas táticos dos dois times, que poderia ter estruturado melhor as explicações durante o livro. Por outro lado, acho que se dedica um livro inteiro a um único jogo, devido este jogo tem um significado cultural elevado. O autor dá pistas de quais poderiam ser estes significados, mas não afirma com clareza suas teses. Assim, o leitor precisa ficar muito atento para filtrar as informações que permitem uma reflexão. Por isso, gostaria de me dedicar nesta resenha a estes dois pontos.

Vamos começar com a questão do esquema tático das duas equipes. Eichler abre seu texto logo na quinta página, que é a primeira do texto, com a afirmação que no dia 8 de julho de 14 teriam se encontrado em Belo Horizonte duas linhas de desenvolvimento futebolístico: a linha ascendente do futebol racional, organizado, coletivo e moderno da seleção alemã, e a linha descendente do futebol emocional, individualista, arcaico, e ultrapassado da seleção brasileira.

Mas em seguida não explica o que significa para ele estes termos de futebol moderno e atrasado. A primeira reflexão em relação a escalação surge relacionada com a ideia de uma linha de defesa alemã com quatro zagueiros (p. 29) no começo do torneio, com o lateral Lahm à frente da defesa. Eichler descreve que o técnico alemão decide depois das oitavas de final recuar Lahm e, assim, mudar o esquema tático. O autor inaugura dessa maneira seu estilo de apresentar as análises táticas em pequenos pedaços.


A primeira menção de alguma jogada planejada e treinada acontece quando Eichler relata o primeiro gol de Müller (p. 37). Porém, ele não se refere a um esquema tático, e sim, apenas, uma situação de bola parada isolada da estratégia do jogo. Este padrão se repete em cada gol alemão. Ou seja, o autor destaca situacionalmente o que a seleção alemã fez bem e a seleção brasileira fez mal, sem inserir isso no esquema tático. Ele usa também as cenas de gol para destacar alguns jogadores, exibindo as suas qualidades (Müller, Klose, Kroos, Khedira, Lahm e Neuer) ou as suas falhas (principalmente David Luiz).

O autor percebe que o público brasileiro no Mineirão escolhe Fred como o vilão da derrota. O que ele não sabe é que depois do jogo, no debate público brasileiro, Dante se torna o maior culpado. Curiosamente, nestas discussões David Luiz foi bastante poupado. O autor alemão discorda disso e chama David Luiz de “sem controle”, “cheio de energia confusa” e “sem plano”. Em seu exemplo, Eichler constrói seu argumento do atraso futebolístico brasileiro, que confiaria de forma cega ou na superioridade futebolística natural ou em Deus. Desenhando assim a imagem de um fanático religioso sem ligação com a realidade.

Assim, Eichler constrói no decorrer do livro um esquema tático. Porém, acho que seria mais adequado começar o livro com um capítulo sobre o esquema tático, inclusive, utilizando desenhos para explicar a ideia geral de ambos os técnicos. O autor faz isso apenas uma vez, quando coloca a escalação na contracapa, aonde ele desenhou um esquema 4-3-3 com os três atacantes Özil, Müller e Klose. E esta afirmação é polêmica, porque muitos, inclusive eu, percebemos Özil e Müller como jogadores de meio de campo. Antes da Copa do Mundo, houve uma discussão na Alemanha sobre a falta de atacantes, aonde logo em seguida, Löw decidiu levar Klose, um atacante de 36 anos. Ninguém sabia se ele ainda teria forças para aguentar uma Copa do Mundo. Por isso, muitos alemães questionaram se seria possível ganhar uma Copa sem atacantes.

Por isso, se analisa que a seleção alemã jogou com cinco meio-campistas, que conseguiram mudar constantemente a posição entre si. Inclusive, Eichler cita várias vezes o site spielverlagerung.de que se dedica a análises táticas. Este site oferece vários diagramas das posições e defende que a Alemanha jogou com um 4-5-1. Esta discussão seria fundamental para o entendimento do jogo e para explicar o que Eichler entende com futebol moderno e atrasado.

Recordei-me de uma citação do famoso ex-jogador Sammer, que disse “Nós, alemães, não sabemos nada de tática”. Ele se referia a falta de discussão sobre esquemas táticos tanto nas escolas de técnicos, quanto em jornais. Não há o costume de discutir este assunto na mídia.

Pode ser que Eichler, que trabalha pelo jornal FAZ, não ousou se aprofundar e compactar mais esta temática, pensando no público alemão.

Chegamos ao ponto dos significados culturais do jogo. Eichler se mostra bastante informado em relação aos detalhes da história do futebol brasileiro, anedotas futebolísticas, comentários na imprensa brasileira, o contexto político do momento e traduz até gritos da torcida brasileira. Por exemplo, julga as palavras de ordem contra a presidente Dilma como obscenas e mal educadas.


Em certo momento do livro, cita Nelson Rodrigues, que afirmou que a Copa de 1950 teria sido o Hiroshima da nação brasileira e Carlos Alberto Parreira que comparou o 7×1 com o 11 de setembro. Ao invés de se perguntar por que estes brasileiros fazem este tipo de comparação, o autor julga as afirmações como exageradas e emocionais. Mas este teria sido o momento no qual ele poderia ter analisado um pouco mais porque tanto 1950, quanto o 7×1 são momentos tão difíceis para o Brasil. As citações indicam que estamos falando de mais do que “apenas” um jogo de futebol.

O tratamento que o autor dá a estas informações indica que ele separa claramente o jogo de outras esferas da vida social. E assim revela que o futebol é muito importante para a Alemanha, mas não tem o peso para a identidade nacional que tem no Brasil.

Voltamos para a comparação entre “Anatomia de uma derrota” de Paulo Perdigão e “7×1” de Eichler. Como já mencionado os dois livros tem muito em comum, mas a maior diferença é que enquanto Perdigão reflete sobre uma derrota, Eichler analisa uma vitória. De fato, é curioso como se discute no Brasil até hoje, principalmente, as derrotas de 1950 contra o Uruguai, de 1982 contra a Itália, de 1998 contra a França e provavelmente a partir de 2014 contra a Alemanha, e não as cinco conquistas de Copas do Mundo. Inclusive, sobre as duas primeiras existem muitos livros no Brasil.

Ao contrário disso, o acontecimento chave da história futebolística alemã é a vitória contra a Hungria em 1954. O próprio Eichler cita outros jogos considerados heroicos, como a vitória contra a Inglaterra em 1972 (na Eurocopa), contra a Holanda em 1974, contra a Argentina em 1990 e contra o Brasil em 2014. Há uma importante exceção que é a semifinal da Copa de 1970, na qual a Alemanha perdeu contra a Itália por 3×4, com cinco gols na prorrogação.


Qualquer torcedor de futebol alemão sabe que o termo “Jogo do Século” usado por Eichler no subtítulo, se refere tradicionalmente a este jogo. Mas em todos estes casos a narrativa alemã é que o adversário é gigante e que a vitória alemã tem que ser considerada um milagre da superação. Até na semifinal contra a Itália, a chegada à prorrogação foi considerada um exemplo dessa superação. O símbolo desse feito foi o braço machucado de Beckenbauer, que terminou o jogo com o braço amarrado ao tórax.

Todos estes adversários representam algo importante na história do futebol: a Hungria era considerada a melhor seleção da sua época com o craque Puskas, a Inglaterra como inventora do futebol e que nunca tinha perdido contra a Alemanha em casa, a Itália com seu catenaccio, a Holanda com Cruyff e o carrossel laranja, a Argentina com a mão-de-deus de Maradona e finalmente o pentacampeão Brasil. Na verdade, é curioso porque Eichler fala do futebol moderno alemão que seria organizado e coletivo, como se isso fosse alguma novidade.

Em todos os exemplos de superação, a narrativa é que um time alemão considerado inferior conseguia vencer um adversário supostamente superior por causa das suas qualidades coletivas e organizacionais.

Enquanto os outros jogos citados sempre terminaram com resultados bastante apertados: 3×2, 3×4, 3×1, 2×1 e 1×0, o jogo contra Brasil teve um placar bastante elástico. Assim, Eichler descreve em vários momentos do seu livro as reações dos alemães que expressam incredulidade. O jogo teria “surpreendido e sobrecarregado” (p. 5) os envolvidos e espectadores. O jogador-substituto Erik Durm teria dito “Nós no banco olhamos sem acreditar um para o outro: é realmente verdade?”.

Em seguida, relata que Philipp Lahm resume que os jogadores se prepararam para um adversário com a mesma qualidade e que seria um jogo necessário lutar até o último minuto. Mas o placar depois de 30 minutos teria causado mal-estar:

“Isso foi angustiante, eu não estava eufórico. Ninguém quer que o adversário faça erros que neste nível não acontecem”.

Eichler interpreta a reação dos jogadores alemães como uma mistura de incredulidade e humildade: “Os alemães então: bem alemão. Depois de um jogo para o diário das estrelas do futebol, quando outros teriam se lançado na órbita das emoções, eles estão com ambas as pernas no chão. Não falam muito de festejar, mas de trabalhar.”

Na opinião do autor esta seria uma qualidade alemã, ainda mais considerando que ainda faltava a final. Assim ele cita Löw, Klose e Neuer que teriam dito que a seleção precisava continuar trabalhando duro. Finalmente, o autor lembra mensagens no Twitter de Özil e Podolski, nas quais os dois jogadores mandam palavras de conforto para os brasileiros, como se quisessem se desculpar pelos acontecimentos

Mas o significado central do “7×1”, Eichler já indica na capa, onde ele escreve: “Quando o mito brasileiro quebrou e a quarta estrela da Alemanha acendeu”.

E acrescenta:

“Os jogadores brasileiros perdem nesta noite não apenas um jogo, mas o mito. Eles não têm atacantes, nem conquistadores, nem aventureiros. Apenas defensores inflexíveis e trabalhadores dedicados no meio de campo. Para isso não precisamos do Brasil. Estes jogadores se encontram em qualquer lugar”


Assim, podemos juntar os indícios que Eichler nos oferece em várias páginas do seu livro e suspeitar que o significado do “7×1” para os alemães é a destruição do mito brasileiro, ou seja, a imaginação de um país que tem o futebol artisticamente perfeito. Visto dessa maneira o resultado não é feliz. Um jogo com drama e luta, no qual se derrota o adversário superior com as qualidades de coletividade e organização teria sido mais desejável. Como isso não aconteceu, os envolvidos se mostraram bastante incrédulos.

O autor não entende a importância que o futebol tem para a construção da identidade nacional brasileira. Enquanto o futebol é um pilar fundamental na autointerpretação dos brasileiros, a mesma coisa não acontece na Alemanha. Os alemães são retratados pelo autor como pessoas humildes, com espírito coletivo e organização. Essas seriam qualidades nacionais que devem ser mostradas também pelos jogadores da seleção, mas se eles perdem ou ganham isso não afeta a autoestima nacional. Assim, as vitórias que poderiam evidenciar a superação alemã são a espinha dorsal da narrativa futebolística alemã e as derrotas surpreendentes são o fio condutor da narrativa brasileira.

Esta é uma tentativa de interpretação minha a partir dos indícios que eu encontrei no livro resenhado em comparação com o livro “Anatomia de uma derrota” de Perdigão. Senti falta que Eichler não começou seu livro com um capítulo dedicado a análise tática das duas seleções, nem terminou com um capítulo refletindo sobre os significados culturais do jogo. Mas gostei do livro por sua leitura fluida e elegante, que apresenta os dados que fizeram a presente análise possível.”

DARCIO RICCA FALA DO SEU LIVRO SOBRE O 7×1


Como historiador/analista das táticas do futebol (que resultaram no “Gorduchinha”), como você viu o 7×1, na hora em que estava acontecendo?

Na hora, o primeiro sentimento foi de “joguem pela honra e respeito ao adversário”, “não saiam de campo”, “voltem no intervalo”.

A que você atribui a derrota? 

Resumidamente, falta de planejamento, desatualização tática, um “ano sabático” sentado no favoritismo, medo do fracasso em casa, falta de alternativas de jogo, ausência de estudo com improviso em adotar um plano de jogo ousado, escolhas equivocadas numa proposta tática defasada que se mostrou presente no Mundial “arrastado” da equipe até aquele dia. Ramires, Paulinho, William e, sobretudo, Hernanes, não poderiam ser opções no duelo contra o meio de campo alemão de forma tão desigual (Kroos fez dois gols e Khedira um – justamente no tal “apagão”), despreparo emocional desde a partida contra a Croácia, do gol contra de Marcelo em Itaquera até o choro sentado na bola do capitão Thiago Silva, ufanismo, “oba-oba” e “pachecada” oportunista.

Passados três anos da derrota, alguma coisa mudou no seu pensamento?

Pouca coisa mudou, apesar de técnicos jovens e de mente aberta, estudiosos – como Jair Ventura, Eduardo Baptista, Zé Ricardo, Fernando Diniz – estejam tentando mudar esta situação juntamente com os mais experientes Cuca e Milton Mendes, capitaneados pela força e preparo do atual treinador da seleção brasileira Tite. A preocupação com o “oba-oba’ sempre vai existir, mas Tite parece ter a humildade que o diferencia, e muito, dos demais.

O que o levou a querer falar do 7×1? “Anatomia de uma derrota”, do Paulo Perdigão, sobre a derrota na Copa de 1950, tem a ver com isso?

“Anatomia de Uma Derrota“ é uma obra que deve ser homenageada sempre, além de inspiradora por tratar de uma tragédia e no Brasil, numa determinada época. Se no Sarriá, em 1982, foi o “Dia da Tristeza”; se, em 1950, foi o “Dia da Tragédia”, por que não falar do “Dia da Vergonha”, buscando inspiração em “Anatomia de Uma Derrota“?

Evidente que é preciso atualizá-las no tempo, espaço e numa situação que ninguém quer falar, criando-se mitos, desculpas, raiva e desprezo. São os sentimentos que percebemos diante do dia 8 de julho 2014 e até no dia seguinte, na coletiva de imprensa.

Este livro que estamos escrevendo é para que nossa memória, de dados e afetiva, não fique órfã e que possamos tirar o melhor proveito disso para crescermos no futebol e na vida.

Quais semelhanças/diferenças você vê entre o 7×1 e outras derrotas históricas do futebol brasileiro – Maracanazo, 1974, 1982?

A falta de preparo para o jogo, menosprezando o adversário, alimentados com “oba-oba” de conquistas passadas (em 1974) e excesso de confiança em não se preparar para um plano alternativo específico para o jogo, mutante quando necessário (em 1974 e 1982), e ufanismo e cobrança (em 1950), apesar do carinho nos princípios de Telê Santana em detrimento à arrogância do Zagalo de 1974, diferente da genialidade humilde de 1970, que João Saldanha iniciou.

Como se deu o encontro de ideias e ideais que motivou você e Max Gehringer a firmarem esta parceria para escrever um livro sobre o 7×1? Vocês têm ideias semelhantes ou divergentes sobre a derrota?

A ideia inicial foi minha. E por pensarmos futebol de uma maneira semelhante, eu o convidei para esta empreitada. Até porque, guardadas as enormes diferenças entre as carreiras, eu e Max somos da administração de empresas e, com isso, podemos emprestar um olhar e uma reflexão diferenciadas sobre a imprensa esportiva à qual não pertencemos. Somos amantes da pesquisa bem feita. Eu sou o tático-pesquisador; e o Max, meu saudável contraponto de historiador e curioso pesquisador. Nossa relação se construiu no Memofut – Grupo de Literatura e Memória do Futebol. Foi dele a primeira palestra que assisti e que me levou a conhecer o grupo; e se constrói na complementariedade neste caminho para deixarmos um legado à historiografia do futebol brasileiro.

Qual o enfoque que vocês pretendem dar ao livro?

O jogo – antes, durante e depois, minuto a minuto, o dia seguinte. E, retrocedendo, para efeitos de linha do tempo, desde a demissão do bom trabalho que vinha fazendo Mano Menezes (era preciso ter mais paciência, e não tiveram!) até a Copa das Confederações, o Mundial em seu certame e organização. Sempre tendo por base o jogo dos 1×7 (creio que é assim que deve ser chamado).

A história e os acontecimentos, desde 2013 até hoje, serão a conexão e a possível similaridade com cada gol da Alemanha que sofremos antes, no jogo e até hoje, num eterno aprendizado em que muitos se recusam a se “sentar novamente nos bancos da história da vida”. 

Como ele será estruturado? Como serão os capítulos, quais serão as abordagens etc.?

Estamos preparando um grande surpresa em todos estes aspectos. Do jogo, minuto a minuto, às suas consequências e a linha do tempo antes e depois. [N. do A.: Darcio Ricca e Max Gehringer preferem nos fazer esperar pelas surpresas!]

Como vocês estão (com)partilhando o trabalho?

Estamos produzindo juntos e com a liberdade de um interferir no conteúdo do outro, parceria pura.

Qual o prazo que vocês se deram para escrever o livro? Qual é a ideia de lançá-lo?

Pretendemos lançá-lo antes da Copa de 2018. Estamos com a produção bem evoluída e, agora, selecionamos editoras que apostem no projeto. 

[N. do A.: Embora a LivrosdeFutebol tenha sido a editora do Darcio Ricca em seu primeiro livro (“De Charles Miller à Gorduchinha”, de 2014), Max Gehringer é um autor consagrado, que lança seus livros – de administração, carreiras e futebol – por editoras poderosas e consagradas, como Globo e Saraiva. De maneira discreta, a LivrosdeFutebol está oferecendo parceria aos autores, deixando especialmente Darcio Ricca à vontade para decidir o que for melhor para ele e para o livro].

ANATOMIA DE UMA DERROTA

Segundo André Ribeiro, jornalista e escritor, biógrafo de Leônidas da Silva e Telê Santana, editor do excelente blog “Literatura na Arquibancada”, o livro é a mais completa obra sobre a fatídica derrota brasileira, na primeira Copa disputada no País, em 1950.

Interessante notar que, em uma coluna sobre “Anatomia de uma derrota”, André alertava, premonitoriamente:

“Um livro obrigatório, para todos os tipos de leitores: torcedores, jornalistas, pesquisadores e até mesmo jogadores e comissão técnica da seleção brasileira que irá disputar a Copa 2014”.

Veja a resenha completa de “Anatomia de uma derrota” em http://www.literaturanaarquibancada.com/2014/04/anatomia-de-uma-derrota.html

SOBRE PAULO PERDIGÃO


Paulo Perdigão

Paulo Perdigão (1939-2006) foi filósofo (especialista em Jean-Paul Sartre), jornalista e cinéfilo, e um importante crítico de cinema (nos jornais Diário de Notícias, O Globo e Jornal do Brasil). Baseado no seu livro mais famoso, os cineastas Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado produziram o curta-metragem “Barbosa”, de 1988 (estrelado por Antonio Fagundes), em que – sonho de consumo dos boleiros brasileiros – um torcedor atormentado com a derrota brasileira em 1950, consegue voltar no tempo para tentar evitar o segundo gol uruguaio, o famoso “Gol do Ghiggia”.

Não dá para deixar de fazer uma analogia entre Paulo Perdigão e Max Gehringer, no sentido de eles serem consagrados em suas carreiras – Paulo, como jornalista e importantes crítico de cinema; Max, como consultor de administração de empresas e carreiras – ambos com trabalhos fundamentais para a historiografia do futebol brasileiro, paixão adicional em suas vidas.

PARA APRENDER COM AS DERROTAS

·       “Queimando as traves de 50”, de Bruno Freitas (iVentura)

·       “Dossiê 50”, de Geneton Moraes Neto (Maquinaria)

·       “Barbosa, um gol silencia o Brasil”, de Roberto Muylaert (Bússola)

·       “Maracanazo, a história secreta – da euforia ao silêncio de uma nação”, de Atilio Garrido (Livros Ilimitados)

ASSISTA O CURTA METRAGEM “BARBOSA”

Clique aqui https://www.youtube.com/watch?v=zRiYdAxmF0E

MOACIR BARBOSA NO JÔ SOARES

Clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=k9UNPfvjYP4

 

 

UM REI PRESTES A PERDER A MAJESTADE

por Luan Toja


Apresentação de Neymar no Barcelona

Quando Neymar resolveu deixar o Santos para seguir rumo à Barcelona, sua escolha foi criticada por aqueles que previam que o menino da Vila seria ofuscado por Messi, em terras catalães. O que, na verdade, era realmente previsível. “Ainda vai levar um tempo para Neymar assumir o protagonismo de uma das maiores potências futebolísticas do mundo”, dizia o senso comum.

Mas parece que esse tempo chegou e é agora!

Já na temporada passada, houve uma espécie de prelúdio dessa provável transferência de responsabilidade. Pelo Barcelona, eles juntos conquistaram a tríplice coroa espanhola, mas por suas respectivas seleções, a performance de ambos foi bem antagônica.


Messi lamenta pênalti desperdiçado

O argentino fracassou em sua missão de conduzir a Albiceleste à quebra do jejum de 23 anos sem títulos profissionais, ao perder a decisão da Copa América para o Chile. No principal desafio de Messi no ano, o craque desperdiçou, inclusive, sua cobrança na disputa de pênaltis.

Por sua vez, o brasileiro conseguiu atingir seu principal objetivo, liderando a conquista do inédito ouro olímpico da seleção pentacampeã mundial, na Rio-2016. O fato curioso que exacerba o antagonismo do desempenho “patriótico” dos craques, ficou por conta do destino que reservou à Neymar a definição da vitória tupiniquim na decisão por pênaltis da grande final contra a Alemanha, no Maracanã. Final esta pra lá de especial devido a seu ares de revanche do fatídico e inesquecível 7 a 1 da Copa de 2014, também disputada em terras tupiniquins.

O ano de 2016 ainda guardava um confronto direto entre os dois. E mais uma vez o sucesso foi brasileiro. Em novembro, Neymar comandou o Brasil e ainda marcou um dos gols do atropelo por 3 a 0 sobre a Argentina de Messi, em partida válida pelas Eliminatórias da Copa de 2018.


Neymar venceu o duelo contra Messi pelas Eliminatórias

Diante desses fatos, arrisco-me a dizer que a vaga de Messi, entre os três melhores do mundo da FIFA do ano passado, era de Neymar ao lado de Cristiano Ronaldo, em primeiro, e Griezmann, em segundo.

E a partida de ontem só confirmou o presságio da temporada passada. Com Messi apagado, Neymar assumiu o papel principal de uma virada heróica, a maior da história da Liga dos Campeões da Europa.


O Barcelona havia perdido o primeiro jogo do confronto com o Paris Saint-German por 4 a 0. Na partida de volta no Camp Nou, o time catalão abriu 3 a 0, mas aos 17 minutos do segundo tempo, Cavani diminuiu para o time francês, o que obrigava os catalães a vencerem por cinco gols de diferença. Foi aí que Neymar chamou a responsabilidade e operou o impossível. Aos 43, em linda cobrança de falta fez 4 a 1. Três minutos depois, quando o árbitro marcou pênalti de Marquinhos em Suárez, o camisa 11 “tomou o lugar de Messi”, que já havia marcado em penalidade máxima no jogo, e voltoubalançar as redes ao converter a cobrança. E concretizando o milagre, aos 50, após jogada individual, Neymar colocou Sergi Roberto na cara do gol para fazer o tento da classificação histórica.

É amigos… Pelo visto, parece estar chegando ao fim o despotismo argentino na Catalunha.

OURO AMENIZA DOR DA COPA

por Marcos Vinícius Cabral


Neymar homenagem Zagallo após a conquista, com a famosa frase “vão ter que me engolir”

Responsável pelo maior vexame da história das Copas do Mundo, a Alemanha sentiu o gosto amargo da derrota para o Brasil, no Maracanã. 

A vitória dramática colocou fim ao trauma brasileiro de sempre bater na trave em Olimpíadas. Se o título não apaga o vexame dos 7 a 1, certamente ameniza a dor da derrota do Mineirão em 2014, e deixa com a Alemanha a decepção de não ter um título olímpico. 

Foi vingaça? Talvez não, mas o gostinho sim. 

Em uma partida muito disputada, após empate de 1 a 1, o Brasil venceu nos pênaltis por 5 a 4, tendo a última cobrança convertida pela capitão e camisa 10 Neymar levando os 70 mil brasileiros ao delírio com o título inédito no XXXl Jogos Olímpicos.

O Brasil começou melhor mas foi a equipe alemã que levou perigo ao gol de Weverton, quando Brandt recebeu na entrada da área e bateu colocado, mas a bola explodiu no travessão brasileiro, testando os cardíacos e gelando o Maracanã. O Brasil, porém, melhor na partida e com uma precisão admirável nos desarmes e mais lucidez no ataque, fazia pressão. Até que aos 25 minutos da primeira etapa, veio a apoteose no Maracanã: Neymar sofreu falta na entrada da área e, empurrado pelas 70 mil vozes da torcida que gritava seu nome, viveu seu momento de Zico – maior artilheiro do estádio com 333 gols – marcando um golaço numa cobrança magistral que ainda bateu no travessão antes de encontrar as redes. Neymar celebrou com o tradicional gesto da lenda cada vez mais brasileira Usain Bolt, que estava na arquibancada e vibrou com o espetáculo, e com uma frase eternizada pelo atacante Cristiano Ronaldo, seu adversário na Espanha: ‘Eu estou aqui”.

Com isso, a Alemanha, em desvantagem, subiu de produção e, logo no início da segunda etapa, o lateral Toljan cruzou da direita, a bola atravessou a área brasileira e o capitão Max Meyer bateu de primeira para empatar. Foi o primeiro gol sofrido pelo Brasil em seis partidas.

As duas equipes assustaram em contra-ataques no fim, mas as defesas se mantiveram intransponíveis e seguras.

Na prorrogação, a principal arma das equipes era a cautela e foi assim até o apito final do árbitro iraniano Alireza Faghani, que levou os jogadores a passarem pelo temido teste depois de intermináveis e desgastantes 120 minutos: cobranças de pênaltis.

Nas penalidades, Ginter, Renato Augusto, Gnabry, Marquinhos, Brandt, Rafinha, Süle e Luan foram precisos em suas cobranças. Petersen, então, bateu para defesa de Weverton. Coube a Neymar, expoente dessa geração, a responsabilidade de balançar a rede e sepultar de vez nossos traumas. O craque caiu estatelado no gramado, chorando compulsivamente, num dos momentos mais marcantes dessas Olimpíadas, após marcar o gol que resgatou um pouco do prestígio e respeito perdidos recentemente.

Momento Difícil

Depois de um início muito criticado a seleção do técnico Rogério Micale, passou a primeira fase das Olimpíadas sendo alvo de torcedores que cobravam vitórias e principalmente que seu camisa 10 fosse protagonista e não coadjuvante como em outras ocasiões.

O jogador que havia sido alvo da ira da torcida brasileira – em Brasília, no Estádio Mané Garricha por exemplo, chegou a ser vaiado, ouvindo o coro: – ah, arrá, a Marta é melhor do que o Neymar, gritavam em uníssono os torcedores brasilienses.

Mas o jovem e talentoso atleta de 24 anos, calou seus críticos e deu a volta por cima, marcando um golaço de falta e convertendo em gol a ultima cobrança que decretou a vitória do Brasil, se tornando herói desta conquista.

O camisa 10 ainda fez o que craques do quilate de Ronaldinho, Romário, Ronaldo não conseguiram: colocar no pescoço a tão sonhada medalha de ouro. Depois, em entrevista à Rede Globo, parafraseou Zagallo ao responder os críticos. “Vocês vão ter que me engolir.”

Em sua quarta final nas Olimpíadas, chegou enfim a hora do Brasil subir no lugar mais alto do pódio e tirar esse nó da garganta e gritar: é campeão!

GOL HISTÓRICO DO IMPERADOR

Há exatos 12 anos, Adriano Imperador fazia esse golaço histórico contra a Argentina na final da Copa América!