por Serginho 5Bocas
Hoje é o aniversário do Galinho de Quintino e eu fiquei pensando se seria capaz de escrever alguma coisa para homenageá-lo sem ser repetitivo, até porque muita coisa já foi escrita e falada sobre ele. Então como montar essa equação? Não sei, mas vou tentar!
Sou um dos milhões de fãs “número 1” que o Zico tem. Pessoas que não se conhecem, mas que nutrem o mesmo sentimento, o de idolatria. Gente de vários cantos do planeta que o amam e que tremem quando ficam de frente com a fera, já tive essa oportunidade e deu ruim pra mim.
Zico é uma raridade nos dias de hoje, foi também em sua época, que era recheada de craques, mas que mesmo naqueles idos, poucos jogavam em um só clube e eram verdadeiros torcedores dentro de campo. Uma joia de valor incalculável para o torcedor, pois já pensou saber que o seu o seu ídolo é um torcedor tão fanático feito você? Ele era e ainda é!
Zico foi um daqueles raros craques, que aumentaram o tamanho do clube. Ele não jogou em um clube rico, que potencializou o seu talento, muito pelo contrário. No início da carreira, esteve ao lado de muita “baba” e se esforçou ao extremo para puxar o sarrafo para o andar de cima e conseguiu com louvor. O Flamengo de Zico tocou o topo do mundo e deixou uma marca de qualidade indelével na história do futebol.
Zico no Flamengo foi um personagem diferente de Messi, por exemplo, que fez carreira no milionário Barcelona, que era recheado de craques para lhe ajudar durante toda a sua carreira ou de CR7, que teve números estratosféricos quando jogou no time galáctico do Real Madrid, que lhe dava todo o suporte para bater recordes. Eles não foram colocados à prova em um time mais modesto, para mostrar o quanto poderiam oferecer.
Nesse quesito, ele foi do naipe de Pelé no Santos, de Falcão no Roma e de Maradona na seleção argentina e no Napoli, que jogaram em times que eram menores até as suas chegadas, mas que transformaram tudo ao seu redor com as suas presenças e talentos. Não é fácil explicar isso para quem vê futebol hoje em dia, de times milionários, verdadeiras seleções mundiais, mas acreditem: ele fez isso.
O Wikipedia mostra em uma pesquisa sobre recordes das Copas do Mundo, que Zico foi o jogador com mais gols e passes para gols da Copa de 1982 (4+4). Eles montaram uma tabela de pontos que dá o mesmo valor para um gol e um passe e pouca gente ao longo de todas as Copas conseguiu ter números desta monta nos dois quesitos. Pelé em 1970 fez 10 pontos (4+6), Maradona em 1986 também fez seus 10 (5+5) e Ronaldo Fenômeno em 1998 fez 7 pontos (4+3). Apesar disso, eu tenho que ouvir de muita gente, que nem viu Zico em campo, dizer que não jogava nada com a amarelinha, quanta maldade e inveja.
Outro lado que pouca gente comenta é o seu engajamento no sindicato dos jogadores profissionais do Rio na década de 70, quando seu colega de profissão Zé Mário era o presidente. Lembro dos encontros no Maracanãzinho para jogos de futebol de salão com a renda ou mantimentos destinados a SADEF ou das várias “peladas” do Flamengo ou da Seleção Brasileira, para reverter a renda para sobreviventes de enchentes, entre outras iniciativas com o viés altruísta, numa época em que o social nem era moda.
Não é pra qualquer um ser o ídolo de Ronaldo Fenômeno, David Beckham, Seedorf, Roberto Baggio, Alex, Leandro, Aquinagua, Michael Laudrup, Tigana, Amaral, Vampeta, Edilson, Tite, Leonardo e muitos outros de uma lista incontável. Zico era “o cara” na seleção dos “caras” da Copa de 1982. Ele deu seu nome para muitas crianças que nasceram naquela época, atraiu diversos novos torcedores para o Flamengo e, na Udinese, seus fanáticos torcedores diziam que a presença dele no time era como ter um motor de Ferrari num fusquinha, tal a musculatura que ele deu aquele time franzino.
No ano de 2000, estive uma única vez no CFZ, clube do Zico, num torneio de veteranos com craques aposentados dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro. Lembro como se fosse hoje que, ao final da partida entre Vasco e Flamengo, pais e filhos se apertaram na arquibancada e gritavam por um autógrafo de todos os jogadores que saíam do campo, num sol de meio-dia no Rio de Janeiro.
Os ex-jogadores iam se afastando, acenando com a mão, mas ninguém parou para falar com as crianças e os adultos ali presentes. Exceto Zico, que fez um sinal de longe, quando distribuía autógrafos (ainda não havia selfies) e veio falar com o povo. Zico pediu para organizarmos uma fila e falou com todos que ali estavam. Fotos e autógrafos para uma imensa legião de fãs num sol escaldante. Eu tive a sorte de tirar uma foto com meu ídolo, que guardo até hoje com todo o carinho. É por essas e outras que Zico foi e ainda é ídolo de tanta gente.
Não sei se consegui resolver a equação que citei no início desta crônica, de falar diferente do meu ídolo, mas joguei o jogo sem “amarelar” e como sempre digo a plenos pulmões:
“Nunca fui tão feliz antes e nem depois de Zico”
Parabéns pra você, Galinho!
Forte abraço
Serginho 5Bocas