Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

botafogo

MALDITO PARABÉNS

por Rodrigo Ancillotti


“Um, dois, três, quatro, (…), vinte, vinte e um… Parabéns pra você, nessa data querida…”

Acho que todo botafoguense um pouco mais “rodado” (por volta dos 40 anos, que é meu caso) já se revoltou ouvindo essa “linda cantiga” nos estádios Brasil afora! Desde um clássico no Maracanã até os rincões mais inóspitos, nosso Glorioso e sua torcida eram recebidos assim para não esquecermos nunca: vivíamos a maldita fila!

Não tenho ideia de quando alguém se tocou e cantou a pedra. Acredito que lá pelo final dos anos 70, talvez lá por 1978, quando completamos a primeira década de seca absoluta. Muito menos qual foi a primeira torcida adversária a nos zoar cantando esse “Parabéns pra Você” miserável que aumentava a cada temporada e que parecia nunca ter fim.


Mas temos que dar o braço a torcer: que achado!! Afinal, até o botafoguense mais zen saía do sério! O que argumentar? Desde 1968, ironicamente depois daquele timaçoaçoaço que todo torcedor, do mais jovem ao mais cascudo, sabe recitar: Cao, Moreira, Zé Carlos, Leônidas e Waltencir; Carlos Roberto e Gérson; Rogério, Roberto, Jairzinho e Paulo Cézar, Zagallo no comando. Um time que foi BIBI (Taça GB e Carioca) em 1967 e 1968, campeão da Taça Brasil de 1968 e base da melhor seleção brasileira de todos os tempos.

Mas que depois dele… NADA!!

Um raro turno de Estadual aqui e ali, boas campanhas tanto no Brasileirão quanto em Libertadores, e até o recorde brasileiro de invencibilidade entre 1977 e 1978 (52 partidas invicto), mas título que é bom…

Ao contrário: só pancadas!! A perda da sede de General Severiano, o exílio em Marechal Hermes, penúria crescente, presidentes incompetentes (o que dizer de Charles Borer, meu Deus?)… Até o “Nós gostamos de vo6”, uma das nossas poucas alegrias nesse tenebroso inverno, vimos acabar em 1981!! E a contagem só ia crescendo!! Onze, doze, treze, quatorze…

Nesse meio, a Gloriosa Torcida acreditando de teimosa, indo da esperança de um Don Sebastião que não chegava nunca para nos conduzir de volta às glórias à perplexidade-sarcasmo de um Barão de Itararé achando que “daonde menos se esperava é que não saía nada mesmo”!! E tendo que aturar ouvir esse “Parabéns pra você” dos infernos até de torcidas dos quilates de Olarias, Mesquitas e Novas Cidades da vida!!


E era assim que nos sentíamos em janeiro de 1989. Ao contrário de um ano antes, quando vimos “seo” Emil Pinheiro, nosso vice-de-futebol-mecenas-financiador-bicheiro-de-plantão, montar mais um timaço que não chegaria a lugar nenhum (quanto custaria hoje contratar, de uma tacada só, jogadores da categoria de Mauro Galvão, Paulinho Criciúma, Marinho e Cláudio Adão??), a única chegada era de mais um técnico: Valdir Espinosa, pela primeira vez no Rio de Janeiro.

E quando menos se esperava… finalmente a “festa de aniversário” chegou ao fim!! Tema para uma próxima oportunidade!! Saudações Alvinegras!!

 

 

ALEMÃO, CRAQUE À FLOR DA PELE PELO FOGÃO

por André Felipe de Lima


Acostumado a grandes ídolos em seus times ao longo dos anos, o botafoguense viveu um angustiante começo de 1983. Deixara o clube Mendonça. Era ele o ícone de uma geração de craques alvinegra que tentava a todo custo acabar com tortuoso jejum de títulos que perdurava desde 1968. Quem recuperaria o único brilho daquele time? Questionava-se a torcida. Em março daquele ano, enfim a resposta: Alemão.

O ex-volante Ricardo Rogério de Brito, o “Alemão”, nasceu em Lavras, Minas Gerais, no dia 22 de novembro de 1961. Foi o pai quem lhe dera o apelido com o qual se consagraria no futebol mundial.

Pobres, morando em um casebre, ele os quatro irmãos ajudavam a família da forma que podiam. Como ajudante de pintor, cansou-se de ser explorado e começou a trabalhar por conta própria. Trabalhava bastante, mas em duas frentes. Se ganhava o pão, ora como engraxate, ora como garçom, por que não reservar tempo para a bola também? Sem vacilar, um intrépido rapaz tentaria a sorte no futebol.

O começo, em 1979, no Fabril Esporte Clube, time de sua cidade natal, foi tímido. Afinal, era jovem e o clube, pequeno, não lhe abriria um horizonte promissor. Decidira que seu destino seria outro: “Mãe, estou indo para o Rio de Janeiro jogar bola, ganhar dinheiro e lhe comprar uma casa”.

Em pleno carnaval de fevereiro de 1980, o rapaz, de apenas 18 anos, aceitara o convite de um olheiro para um teste no Botafogo do Rio. Foi aprovado. Poderia ter, no entanto, largado o sonho para trás. Afinal, não foi fácil os primeiros meses no clube, cuja sede era no suburbano e distante bairro Marechal Hermes.

O calor era incomum e os mosquitos, seus algozes. Faltavam roupas de cama e até comida na concentração. O Botafogo era um simulacro do glorioso do passado.
Alemão sofrera humilhações que por pouco não o fizeram largar tudo e voltar para Lavras.

Uma vez teve de operar o rosto no Hospital Miguel Couto, na zona sul da cidade. Após receber alta dos médicos, voltou sozinho para a longínqua concentração de Marechal Hermes, sem dinheiro, como pingente em um trem.

Outra história dimensiona a triste situação do Botafogo naquela época: Alemão estava sem treinar por conta de uma forte gripe. Pedira a um diretor uma pequena quantia para o ônibus. O camarada sovina negou-lhe o dinheiro.

As coisas só melhoraram para Alemão em 1981, quando, enfim, conseguira estrear entre os profissionais em um amistoso contra o Fluminense de Feira de Santana.
Félix, o goleiro do “tri” mundial no México e técnico interino do Botafogo, mandou que se aquecesse. Alemão teria de entrar no lugar do ídolo Mendonça.

Tremeu, mas entrou em campo. Ali, começara a trajetória que o faria ídolo daqui e, anos depois, na Europa.


Após a estreia, demoraria um pouco para firmar-se como titular. Quando Jorge Vieira assumiu o time, manteve-o na reserva. A oportunidade veio com Ernesto Guedes. E com ela, o sucesso imediato. Alemão não deixaria mais o time titular e seus contratos passaram a ser os mais valorizados do elenco.

Mas Alemão estava escolado. Ainda lhe estavam vivos na memória os infortúnios que vivera na concentração de Marechal Hermes anos antes de assumir o posto de ídolo deixado por Mendonça. Tinha, portanto, os pés no chão. “Não vou ser um novo Mendonça. Se as coisas um dia virarem, eu saberei o momento certo de deixar o clube. Evitarei humilhações. Mendonça, coitado, queimou sua imagem por amor ao Botafogo”. E as “coisas”, infelizmente, “viraram”.

Em março de 1984, o Botafogo devia a Deus e ao mundo. A crise econômica iniciada no final dos anos de 1970 parecia ter chegado ao ápice. O técnico na época era Didi. Ele mesmo, o mestre Didi. Os jogadores, que há meses não viam a cor do salário, só não pararam de jogar por respeito ao ídolo dos anos de 1950 e 60.

Um empréstimo ali, outro acolá e os caras iam vivendo aos trancos e barrancos.
Como tirar o Botafogo de um jejum de títulos sob aquelas condições? Alemão estava cansado e sem contrato. Deixar o Botafogo seria sua salvação. Quitaria dívidas e jogaria com mais segurança.

Alemão repetia Mendonça. Justamente o que não desejava. Mas seu amor pelo Botafogo prevalecera e ele, impoluto como sempre, permaneceria no clube. Até quando, ninguém sabia.

Foi no período em que esteve no Botafogo que casou com Cláudia Loureiro, filha do famoso ator e botafoguense Oswaldo Loureiro, e com ela teve a primeira filha, Carolina.

Tinha de promover uma reviravolta em sua vida para não deixar a família na mão. O Botafogo, por sua vez, esforçava-se para mantê-lo. Ou, pelo menos, alguns verdadeiramente preocupados botafoguenses. Conseguiram um empréstimo vultoso [100 milhões de cruzeiros] para quitar as dívidas com as estrelas do time, principalmente com Alemão.

Mas como resistir ao assédio dos clubes europeus? Alemão encontrou Falcão no Maracanã e este lhe disse que o empresário Roberto Rosselini, o mesmo que encaminhara o próprio Falcão para o futebol italiano, tentava levá-lo para a Itália ou Inglaterra. Uma transferência que salvaria o combalido Botafogo e o vazio cofre do clube. Far-se-ia justiça ao futebol de Alemão. Um craque… mas à flor da pele.

ÍDOLO SOB UM ATAQUE DE NERVOS

No dia 10 de novembro de 1985, o Botafogo perdeu para o Vasco [gol de Roberto Dinamite] e Alemão, a cabeça.

O craque enfureceu-se com o juiz Wilson Carlos dos Santos e o empurrou. Em julgamento de três horas, no dia 19, o Tribunal de Justiça Desportiva da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, que poderia ter aplicado uma pena pesadíssima, de seis meses a um ano fora dos gramados, optou por apenas quatro jogos de suspensão.

Alemão estava uma pilha de nervos. Até reconhecia seu lado temperamental, mas sentia-se maltratado por todos. O Botafogo queria fazê-lo feliz, mas faltava recursos ao clube. Faltava, sobretudo, jogo de cintura… e dinheiro.

Se faltava isso tudo ao Botafogo, esgotara-se a paciência de Alemão. O jogador brigara com cartolas e com dois ícones da história do Botafogo: Nílton Santos e João Saldanha. O primeiro chamou-o de mercenário, o segundo, em sua coluna no Jornal do Brasil, escreveu uma resposta a Alemão, que teria dito que o Botafogo não o merecia. Em depoimento à revista Placar, concedido em dezembro de 1985 à repórter Débora Chaves, Alemão desabafou:

“O que não aceito é a mentira, como a que espalharam por aí, partida de João Saldanha, de que eu disse que o Botafogo não me merece. Foi uma grane invenção que ele espalhou e os outros copiaram. Tudo por causa de uma notícia de que o Flamengo estava interessado em mim. Foi falta de assunto, eu jamais falaria isso porque sou consciente e não um burro. Apesar de sua má fase, foi o Botafogo que me consagrou. Afinal, o que eu tenho ganhei no clube, jogando no time que eu amo, eu me faz sofrer tanto quanto seus torcedores. As críticas de Nílton Santos — de que eu era mercenário — também me surpreenderam. Um cara que jogou só no Botafogo, que se consagrou no Botafogo, é um cara que tem um nome a zelar pelo resto da vida, histórias a contar para seus netos. Então é um cara que tem de refletir bem ao dar uma entrevista, principalmente sobre um clube que o projetou como a ‘biblioteca’… como é que eles falam? Enciclopédia do Futebol. Pois é. Ele foi outro teleguiado, tirou isso do artigo de Saldanha. Aliás, ele é desses que só falam, falam, mas não ajudam nada. Quando ele foi diretor, junto com o ex-jogador Gérson, em vez de auxiliar o presidente, tumultuava. É um cara muito coisinha. Chegava, botava seu shortinho, ficava tomando sol, ia embora, e sobre treino ou jogada, que é o que interessava, nem uma palavra. Ficava de bico calado.”

Bate-boca com ídolos do clube, casos extra-campo…. Alemão enveredara pela polêmica e tornou-se chamariz do jornalismo sensacionalista.

A notícia de que esteve preso por porte de arma atraiu curiosos pela vida alheia e desdobrou-se em uma onda de comentários maldosos.

Alemão nunca escondeu que andava com uma Bereta no porta luvas do carro para defender-se de assaltantes. Afinal, o caminho pela Avenida Brasil até Marechal Hermes sempre foi um risco para motoristas desavisados. Mas Alemão foi parado em uma blitz. Estava sem dos documentos do carro e foi levado à delegacia. Ao revistarem o carro, encontraram a arma. Segundo ele, o delegado era “botafoguense” e seu “amigo” e, por isso, o teria liberado.

A relação com o Botafogo só piorava, mesmo assim Alemão foi levando, mas sabe-se lá como conseguia. A fama de temperamental consolidara-se na imprensa, mas o que desejava era apenas que o Botafogo pagasse a ele o que devia.

Em abril de 1986, a péssima situação entre o jogador e clube parecia irreversível. Alemão estava sem contrato e sem salário desde fevereiro. A imprensa especulava que Corinthians e Vasco tentavam contratá-lo. Alemão mantinha-se discreto. “Quando eu acertar meu futuro, vou rir desse tempo de vacas magras”.

Ele permaneceu no Botafogo. Se com o Alvinegro andava às turras, não podia reclamar da bajulação na seleção brasileira do técnico Telê Santana, da qual era tido como uma das estrelas mais fulgurantes. Com atuações seguras, nenhum outro tomava-lhe a posição na meia cancha da seleção. O cartaz superara até mesmo o de bastiões como Sócrates e Zico.

O ano era de Copa do Mundo e Alemão, apesar de estar desmotivado e sem contrato com o Botafogo, não desapontou. Com o seu companheiro de clube, o lateral-direito Josimar, foi a revelação do escrete no Mundial do México.

A França eliminara o Brasil, mas a Copa do Mundo acalmou Alemão, que acreditava piamente levar o Botafogo ao tão almejado título que não via desde 1968, apesar dos salários atrasados. A intenção era boa, mas o bolso falou mais alto. A partida para o futebol Europeu mostrava-se irreversível.

Quatro meses após a Copa de 86, Alemão, que ganhava 70 mil cruzados por mês, pediu alto para renovar o contrato com o Botafogo. Queria 1,5 milhão de cruzados e 100 mil por mês. Não retiraria sequer um centavo da proposta.

Dias depois de apresentar a proposta para que renovassem seu contrato, sem que o Botafogo esboçasse o mínimo esforço para manter o ídolo, Alemão concedeu entrevista bombástica à revista Placar na qual defendeu a volta do clube para General Severiano, o que, segundo ele, seria a única forma de o clube voltar a ser grande:

“Não consigo explicar o que acontece com o Botafogo. Mas acho que, ao sairmos de General Severiano, perdemos o que tínhamos de mais importante: a tradição de um clube que só teve glória no passado […] Voltar a General Severiano seria como tirar esse azar que paira sobre nossas cabeças. Estou há sete anos aqui e falo de nossa situação com tristeza. Por isso não admito ser maltratado por pessoas da diretoria. Outro dia, Luís Affonso [dirigente das divisões inferiores] me culpou por uma derrota. Não agüentei e dei um chute nele […] Hoje, pelo menos, nós temos uma diretoria competente. O pagamento está em dia e, se eles saírem, poucos jogadores continuarão em Marechal Hermes. Ninguém vai querer ficar quatro meses sem receber salário e até ter de comer em pensão, como já ocorreu aqui. […] Tenho uma ligação afetiva muito grande com o Botafogo, mas não vai dar para renovar contrato. Antes da Copa do Mundo, fiquei quatro meses sem vínculo, ou seja, sem receber salário. Foi uma barra. […] Adoro o Botafogo, choro e vibro como o maior dos torcedores. Outro dia, ao sair do Maracanã depois de uma derrota, uma pessoa me parou, irritada, querendo saber se não me sentia envergonhado. Respondi que sim, pois era tão apaixonado pelo time quanto ele. Após um resultado negativo tenho até vergonha de sair de casa. […] As pessoas não me encaram como um cidadão comum, só enxergam o jogador, na maioria das vezes, derrotado. Poucas pessoas encaram o atleta como um ser inteligente. Ninguém me pára na rua para falar sobre política, economia ou Carnaval. É só futebol. […] Poucos sabem que sou diretor de Relações Públicas do Sindicato dos Jogadores, eu tenho idéias e planos para nossa classe.”

Alemão e o Botafogo ainda arrastaram as negociações até março de 1987. De um lado, o craque garantia que o Atlético de Madrid queria levá-lo a qualquer custo. Do outro, o vice-presidente do Botafogo, Aurito Ferreira, dizia o contrário, que ninguém apresentou oferta pelo passe do jogador e que Alemão era “inegociável”. Bobagem. Além do time espanhol, o Torino também ventilara um interesse por Alemão para que ocupasse a vaga de Júnior, que brigara com o técnico Radice.

ADEUS, BOTAFOGO

No dia 6 de março, uma sexta-feira, o cartola espanhol Vicente Calderón [que morreria duas semanas depois] consumou a transferência de Alemão para o Atlético de Madrid, em uma negociação, que embora não tenha sido revelada, teria chegado a 12 milhões de cruzados.

Mal chegara à Espanha, Alemão despertara a cobiça de clubes italianos. Sampdoria e Juventus assediavam-no com uma incomum voracidade. Os cartolas aceitariam, sem dor na consciência [e no bolso] pagar os 7,8 milhões de dólares [cerca de 1,1 bilhão de cruzados] pedidos pelo Atlético de Madrid.

Mas Alemão estava confortável no clube madrileño. Com o fim da temporada 1987/88, foi eleito, pela Rádio Exterior, de Madrid, o melhor jogador ibero-americano do campeonato. O prêmio era de encher os olhos: um Mercedes-Benz e a promessa de aumento salarial. A rede de comunicação EFE também o premiou com o título de melhor jogador sul-americano da temporada. Alemão estava com a bola toda. Reconhecimento que só reforçava as suspeitas de que clubes italianos o levariam de qualquer forma para o Calcio e antes mesmo de os dirigentes do Atlético esboçarem qualquer reação contrária.

Numa sexta-feira, dia 8 de julho, os cartolas do Napoli, onde jogavam Careca, companheiro de Alemão na Copa de 1986, e Maradona, estrela maior do futebol da época, foram à Madrid e depositaram na conta do Atlético 2,5 milhões de dólares, o equivalente a meio bilhão de cruzados. Alemão realizara, assim, o sonho de jogar no futebol italiano.

O começo no Napoli foi muito bom, mas em outubro de 1988 o jogador contraiu uma hepatite viral que o afastou dos gramados durante dois meses. A doença agravou-se e o jogador, que repousava em casa, teve de ser internado em um hospital policlínico de Nápoles. Recuperado, voltou ao time onde jogou até 1993. Lá, foi campeão da Copa da Itália [1989], italiano [1990] e da Copa da UEFA [1989].


Alemão, ao lado craques como Maradona, Careca e Carnevale, ajudou a escrever a página mais importante da história do Napoli.

Na Itália, o craque também atuou pelo Atalanta, de Bérgamo, na temporada de 1993-94. Era o fim da esplêndida passagem pelo futebol europeu.

Alemão retornou ao Brasil em 1994 para jogar pelo São Paulo comandado pelo treinador Telê Santana, que sempre demonstrou afeição por ele e, sobretudo, pelo futebol que jogava. “Foi uma volta importante. Fiz o que queria e só não parei porque recebi um convite para jogar no Volta Redonda, em 1996”. Ficou no São Paulo até o final de 1995 para ser campeão da Recopa e da Copa Conmebol, torneios disputados em 1994. Participou de 77 jogos, venceu 31, empatou 23 e marcou dois gols. E no clube do sul-fluminense Alemão terminou, no mesmo ano em que lá chegou, sua brilhante e inesquecível carreira nos gramados.

Decidiu voltar a Lavras para administrar sua fazenda e a fábrica de laticínios. Foram dois anos longe do futebol e voltado exclusivamente para seus empreendimentos.
Em 1998, a saudade do futebol tocou-lhe. Um amigo convidou-o para investirem em uma empresa de marketing esportivo. Alemão aceitou a oferta e nasceu a Player Empreendimentos Esportivos e Culturais, que logo fechou um contrato de longo prazo com o XV de Piracicaba.

Na contramão da maioria dos ex-jogadores, Alemão tentaria ser cartola e não treinador, ficando a frente do XV e, anos depois, do Tupi, de Minas Gerais. Mas não obteve sucesso.

SELEÇÃO E RUSGA COM TEIXEIRA

Pela seleção brasileira, Alemão disputou duas Copas do Mundo [1986, no México, e 90, na Itália] e a Copa América de 1989, conquistada pelo Brasil. Até hoje muitos o acusam de ter sido o responsável pelo erro de marcação no meio-de-campo da seleção que possibilitou a jogada de Maradona, seu colega de Napoli, que culminou no gol de Cannigia, que eliminou o Brasil do mundial de 90. Disputou 39 jogos pela seleção, obteve 25 vitórias e seis empates e marcou seis gols. Mas arrumou um desafeto de peso: Ricardo Teixeira, então presidente da CBF [Confederação Brasileira de Futebol].

A postura questionadora de Alemão não se restringiu aos tempos de Botafogo. Na seleção, ele brigou com a CBF por exigir que os cartolas cumprissem o prometido e pagassem o valor integral dos prêmios.


A troca de farpas entre ele e Teixeira foi parar na Justiça até que, em julho de 1993, o presidente da CBF decidiu retirar o processo que movia contra Alemão por este tê-lo acusado de receber, como comissão, parte do dinheiro de contratos de patrocínio da CBF. Alemão sempre exerceu liderança nos grupos pelos quais passou, seja no Botafogo ou na seleção.

Logo após a Copa de 86, encabeçou a lista dos jogadores descontentes com a premiação. Ali, conquistou o respeito de todos e de quem acompanhou o episódio pela imprensa.

Foi um jogador exemplar que merecia uma chance como treinador. Ela viria somente em 2007, após deixar de lado a carreira de procurador de jogadores. Começou no Tupynambás Futebol Clube, de Juiz de Fora, interior de Minas Gerais. O time disputava a segunda divisão do campeonato mineiro. No ano seguinte, teria a primeira oportunidade em um clube de expressão. Com o América Mineiro, disputou o módulo II do campeonato mineiro. Após essa experiência, treinou o Nacional, de Manaus, o Iguaçu, do Paraná, e chegou ao Central, de Caruaru, em Pernambuco, em 2012. Para aprimorar-se, estagiou no Napoli e no Reggina, da Itália.

Fora dos gramados, há anos participa do “Atletas de Cristo”, grupo de jogadores evangélicos batistas, e apóia a “Casa de Transformação Betânia”, em Lavras, instituição de recuperação de dependentes químicos. Em várias oportunidades, Alemão alegara ter se convertido evangélico em 1991, quando voltava de uma viajem a Lavras.

Igualmente a Heleno de Freitas, outro grande ídolo da história do Botafogo, jamais levantou uma taça pelo seu clube de coração, onde brilhou intensamente. Seu único prêmio foi individual: a “Bola de Prata” do futebol brasileiro, concedido em 1985 pela revista Placar.

Se alguns não o compreenderam fora de campo, decerto reconheceram que, nas quatro linhas, Alemão foi um dos melhores do seu tempo.

***

A biografia do Alemão está no primeiro volume (a Letra “A”) de “Ídolos – Dicionário dos craques do futebol brasileiro, de 1900 aos nossos dias”, com lançamento previsto para o mês que vem. A enciclopédia, que consiste em 18 volumes, está sob a edição da Livros de Futebol.com.

NINIMBERGUE, O ÍDOLO IMPROVÁVEL

por Rodrigo Ancillotti


Ser botafoguense nunca foi tarefa fácil!! Ok, pode parecer exagero se levarmos em conta a Gloriosa História (assim mesmo, em maiúsculas) do Botafogo de Futebol e Regatas, mesmo com nosso eterno pessimismo e vocação para a tragédia, como dizia Nelson Rodrigues.

Mas a década de 1980… Ah, os anos 80…

Flamengo multicampeão com o esquadrão de Adílio, Nunes, Zico, Tita e Lico; o Vasco de Roberto Dinamite, único time capaz de fazer frente àquele Flamengo no começo da década; o Fluminense construindo o time que seria tricampeão estadual e campeão brasileiro; o Bangu de Marinho e “seo” Castor de Andrade sempre se destacando, assim como América, Campeão dos Campeões; e o Botafogo…

Mas e o Botafogo??

Pagava uma severa conta de administrações terríveis de gente do naipe de Charles Borer, delegado da repressão militar que entendia tanto de futebol quando de democracia. Estava exilado no distante bairro de Marechal Hermes após perder a sede de General Severiano, e parecia a cada ano mais “apequenado” que nunca. Vivia uma seca de títulos que já durava desde 1968 (que só terminaria no Ano da Graça de 1989, mas isso é tema de outro texto…), e sua Gloriosa Torcida, cada vez mais sofrida e achincalhada, precisava aturar, ano após ano, os adversários cantarem um constrangedor “Parabéns pra Você” a cada jogo.


Mas ano após ano, a centelha de esperança surgia, e a Gloriosa Torcida sempre buscava um “salvador”, aquele que reconduziria o clube às glórias, e não era diferente naquele ano de 1983. A esperança tinha nome incomum e futebol de “gente grande”: ao amazonense Ninimbergue dos Santos Guerra, ou simplesmente Berg.

Berg chegou ao Botafogo após o Brasileirão de 1983, onde se destacou pelo Rio Negro de Manaus. 20 anos recém-completos, mirrado (1,71m de altura) e cabelos loiros encaracolados característicos, era habilidoso, rápido e bom finalizador, e podia jogar tanto como autêntico ponta-de-lança, armador ou ponta-esquerda. Chegava para suprir a ausência de Mendonça, que saíra meses antes pra Portuguesa de Desportos após anos liderando times que chegavam perto, mas morriam na praia.

Não seria mesmo em 1983 que a maldita fila terminaria. Apesar de bom jogador e ter companheiros como Josimar, Alemão, Nunes e Geraldo ao seu lado, aquele era o Botafogo que fazia brilhantes clássicos no domingo e perdia contra adversários minúsculos na quarta-feira. Mas foi num desses clássicos que um menino de seis anos (o narrador que vos fala) foi conquistado pela Estrela Solitária.

Dia 14 de agosto de 1983, domingo Dia dos Pais, Botafogo x Flamengo no Maracanã. Flamengo já sem Zico (que partira pra Udinese pouco antes) e ainda brigando pelo título da Taça GB contra um Botafogo já fora da parada. E foi nesse dia que Berg caiu nas graças a Gloriosa Torcida: uma assistência para Geraldo marcar o segundo gol, e um chutaço no canto de Raul pra fechar o placar naquele improvável 3×0 para o Botafogo. Nascia mais um ídolo improvável.

Os anos foram passando, a fila aumentando, e o futebol de Berg se sobressaindo em elencos medíocres que sempre ficavam pelo caminho. Mas foi justamente quando atingiu o seu auge técnico que a tragédia o abateu duramente.

Para variar, o Botafogo ficou longe do título da Copa União de 1987 (terminou em nono lugar entre 16 clubes), mas Berg jogou como nunca num time que tinha jogadores mais badalados como Maurício, Éder Aleixo e Vágner Bacharel. Jogando o fino, conquistou a Bola de Prata da Placar como melhor ponta-esquerda do Brasil, desbancando jogadores como Zinho, Edivaldo, dentre outros. Parecia que 1988 seria em que Berg lideraria o Glorioso rumo ao sonhado título.

Mas o destino pregou uma de suas peças mais injustas…

Durante as férias, numa pelada de Showball na Europa, Berg arrebenta os ligamentos do joelho e fica praticamente dois anos afastado dos campos. Fica fora do time justamente naquele que seria o Ano da Redenção Alvinegra: praticamente não jogou durante o campeonato de 1989, e assistiu Maurício se eternizar marcando o gol do título contra o mesmo Flamengo que o consagrou em 1983.

Berg jogou algumas partidas na campanha do bicampeonato de 1990, mas a barração na finalíssima contra o Vasco marcou sua saída do Botafogo que tanto amava após sete anos. Rodou por Cerro Porteño (PAR), Atlético Paranaense, Americano de Campos, uma volta relâmpago ao Glorioso em 1993, e América (SP), até falecer de infarto durante uma pelada nas férias (outra pelada nas férias!!!) em julho de 1996. Tinha apenas 33 anos.

Mas a imagem que ficou naquele garoto de seis anos que insistia em dizer que “gostava de Zico” é do moleque loiro calando a torcida do Flamengo naquele agosto de 1983.

GARRINCHA, GENTE BOA, É UM INTEMPESTIVO E TRIUNFAL ESTADO DE SER

por André Felipe de Lima


O poeta Fernando Pessoa escreveu o seguinte: “O mito é o nada que é tudo”.  Jung percorreu caminho parecido. Dizia ele que o mito mostra-se essencial para penetrarmos os recônditos do ser humano. O símbolo com os quais nos identificamos desenharia, portanto, quem somos na alma, possibilitando-nos identificar e compreender as “verdades” intrínsecas ao longo da vida. Ao longo da história dos homens. O mito é assim: o “nada que é tudo” que nos permite adentrar a realidade com um sorriso, com a alegria que fundamenta a arte. Garrincha é o meu mito. Jamais o vi jogar ao vivo, mas o que li e assisti em vídeo sobre ele garante-me a certeza de que ali, diante dos meus olhos, encontrava-se o mais singular e eloquente mito da história do futebol mundial. É incalculável o que se construiu a partir daquele previsível e instintivo drible para a direita, porém intransponível. Imarcável. Analogicamente, parar Garrincha seria como se alguma mão deificada fizesse parar a terra de girar. Ou seja, o fim da história. O fim do mundo, ora essa! Garrincha, decerto, jamais deixará de existir. Gira ininterruptamente e eterno como o planeta. Mané jamais nasceu ou morreu, meus caros. O impoluto Garrincha traduz, numa concepção fenomenologicamente heideggeriana, o “ser em” mais completo que brotou do nada para construir a história mais emocionante que o futebol já ofereceu ao mundo.


Outro dia, entrevistando os jogadores tchecos remanescentes da final da Copa do Mundo de 1962 — sim, aquela que o mítico Mané “ganhou” sozinho —, eles foram unânimes ao afirmar que Garrincha foi o maior dentre os maiores. Um camarada, que se dizia músico, acompanhava a delegação dos tchecos. Abordou-me e a mim mostrou um CD todo ele composto em homenagem ao Garrincha. Visivelmente emocionado, ele declarou nunca tê-lo visto jogar, mas fez do Mané o seu grande ídolo. Meu Deus, ali, diante de mim, em uma caixinha de CD, o tal “ser em” do Heidegger personificado na imagem mítica do Garrincha, para a qual jamais haverá tempo capaz de apagá-la.

O dionisíaco Garrincha sucumbiu na carne, mas na alma foi um exemplo liberto, como se fosse o Zaratustra nietzschiano. Mané ensinou-nos a felicidade. Ensinou-nos a buscarmos, sempre para frente, como se driblássemos igualzinho a ele, o gol de nossas vidas. Quando algo triste a assaltar-nos a mente tornar-se insistente, experimente-se pensar em Garrincha, no seu sorriso puro e cativante e, claro, nos seus dribles.  Tristeza vai-se embora.


O poeta Carlos Drummond de Andrade sentia-se mais do povo, e portanto feliz, ao fazer de Garrincha o remédio para a melancolia: “Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho.”

Quantos milhares nos estádios sentiram-se Garrincha vendo-o jogar? Quantos ainda hoje sentem o mesmo apenas assistindo ao extraordinário “Alegria do povo”, sob a aguçada câmera do Joaquim Pedro de Andrade e do Barretão? Mané soube retribuir, e com humildade dizia não ser ele a alegria do povo, mas sim ser o povo a sua alegria. Suscetíveis a todas as formas de resignação, louvamos Mané.

Garrincha mostrou a todos que o futebol tem sua peculiar filosofia e que ele, Mané, fez-nos mais felizes e independentes para driblarmos. Quem um dia, quando menino, não se sentiu Garrincha? Garrincha é mais que humano. Garrincha, gente boa, é um intempestivo e triunfal estado de ser.

***

ENTREVISTAS E IMAGENS DO GARRINCHA NA TV CULTURA

ENTREVISTAS E IMAGENS DO GARRINCHA NA TV RECORD

ALEGRIA DO POVO

POUCOS PERCEBIAM, MAS QUARENTINHA SORRIA

por André Felipe de Lima


A melhor dimensão do ser humano é a capacidade da alteridade. A capacidade de olhar para além de si, procurando no outro o complemento de uma identidade. Isso se chama: caridade. Faria 84 anos neste dia 15 o maior artilheiro da história do Botafogo. Faria anos Quarentinha, o que sorria pouco ou nunca. O que era amigo do Garrincha, que o chamava de “Cabeção”. Mas era a forma carinhosa que Mané encontrava para tratar aqueles que amava. Sim, Mané amava Quarentinha. Juntos, lá na área adversária, promoveram jogadas e gols memoráveis. Muitos falam de Pelé e Coutinho. Acho até justo. Porém Garrincha e Quarentinha também faziam das suas juntos. Faziam gols aos montes também. Quantas bolas do Mané foram parar adocicadas nos pés de Quarentinha? Invariavelmente muitas — para lá de 300 — pararam nas redes do infeliz goleiro que diante dele ousasse estar.

Na Seleção Brasileira, as estatísticas não mentem. Em 17 jogos marcou 17 gols. Média assim, nem Pelé. Ah, se Quarentinha tivesse mais oportunidades para jogar ao lado do Rei…


Vamos lá, resposta rápida: quantos gols teria marcado, afinal, o velho paraense Waldir Cardoso Lebrego, “amigo da Onça” dos goleiros caso os técnicos do escrete o percebessem? Não há como mensurar. Mas passaria — fácil, fácil — da centena. A canhota de Quarentinha tinha fogo, meus amigos. Por três vezes ela o fez artilheiro do Campeonato Carioca, em 1958, em 59 e em 60. Quarentinha, o infernal. Deveria sorrir, sim. Mas alegava que ao marcar gols cumpria a obrigação de um trabalhador. Muitos alegavam que a postura era antipática ou qualquer coisa assim. Nada disso. Quarentinha era na dele. Nada mais. Tinha orgulho de percorrer o mesmo caminho do pai, o famoso Quarenta do Paysandu. Só que o filho, de longe, superou o pai. Tornou-se o melhor centroavante da história do Botafogo.

Se desconhecia a pidedade com os goleiros, fora do gramado o Quarentinha era diferente. Uma alma das mais bacanas e generosas.

Em setembro de 1960, o zagueiro Hélio, do América — aquele mesmo, que teve a carreira tragicamente interrompida pela entrada criminosa do Almir Pernambuquinho —, encontrava-se em situação financeira lastimável. Longe dos gramados, pedia ajuda a todos, mas poucos estendiam a mão ao jogador.

A diretoria do América e ex-companheiros do time eram os únicos que ainda se preocupavam com seu ex-craque, com uma ajudinha ali outra acolá. Mas era pouco para que ele, Hélio, realizasse o sonho de ter uma casa própria, que oferecesse mais segurança a esposa e filhos. Bellini e um Almir que se dizia “repleto de remorso” ventilaram na imprensa a possibilidade de um jogo beneficente. Apenas farol.

“Não guardamos ódio dele (do Almir), pelo contrário, imploramos a Deus para que não aconteça o mesmo com ele. Só nos visitou dias após o acidente e depois nunca mais (…) Só pude comprar o terreno em Miguel Pereira, mas o acidente com Almir atrapalhou tudo, pois a casa que tinha sido iniciada está caindo aos pedaços. O dinheiro acabou. Confesso que esperava um pouco mais do futebol”, declarou Hélio.

Mas a surpreendente ajuda chegara afinal. Não partiu do rico e badalado Bellini e muito menos do intempestivo e irascível Almir.

Quarentinha, sim, o maior artilheiro da história do Botafogo, imortalizado pelos seus gols e jamais esquecido graças à preciosa pena do biógrafo Rafael Casé com a brilhante edição do Cesar Oliveira, foi quem financeiramente bancou a obra para que o pobre Hélio concluísse sua casinha em Miguel Pereira. Não houve muita publicidade sobre o fato, mas como me alertou o Casé houve menção do mesmo na biografia que escreveu sobre o Quarentinha. É louvável, acima de tudo, a postura do craque alvinegro. Ídolos do passado como Hélio e Quarentinha eram avessos a arroubos de vaidade. Havia uma preocupação entre pares futebolísticos. Mostrava-se solidariedade, na maioria dos casos, sem interesse ou com viés midiático. Como diz na Bíblia: “Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita”.


Ídolo como Quarentinha, hoje em dia? Infelizmente, sem chance. Craque como ele, então… nem pensar. Resignados, contenhamo-nos com o que aí está. Enquanto isso, mais um gol da Alemanha.

O que nos conforta, contudo, é saber que um dia tivemos um Quarentinha entre nós, sorrindo igualmente a poesia com as quais sutilmente e para dentro nos debulhamos em lágrimas e em… amor.