por Daniel Perpétuo
Foi em Olinda, Pernambuco, que esta história começou. De lá, veio João Nóbrega Filho, filho de Seu João Nóbrega (claro!!) e de Dona Argentina Teixeira da Nóbrega. Sim, D. Argentina, mais conhecida como Dona Zeza. Nessa seara, dominava o tricolor pernambucano, o “velho Santa”, o Santinha, ou o Santa Cruz.
Quando João, o filho, veio para as terras de Araribóia, em 1960, não pensou duas vezes, e foi logo tratando de se simpatizar por um time carioca que não levasse as cores de seu rival, o “coisa-ruim”, Sport. O medo principal era de seus futuros filhos torcessem pelo rubro-negro carioca.
“Segui o Botafogo para não correr o risco. Meus irmãos acabaram torcendo para o Fluminense por conta de ser tricolor também”, afirmou João, que já havia plantado sua semente no Arruda, estádio do Santa Cruz. Ele ajudou a construir e fez até campanha para arrecadar material e ajudar a realizar o sonho do tricolor pernambucano, que ficou na 13ª posição no ranking de público de 2015. Tudo graças ao esforço de sua apaixonada torcida.
Em Niterói, João casou-se com Acidália e teve dois filhos. Em 1976, quando o primeiro nasceu, a saudosa D. Argentina trouxe de presente para o neto uma camisa do Santa Cruz, direto de Olinda. O pequeno Thales vestiu o manto, o paizão registrou, mas por alguma simpatia, superstição de botafoguense, ninguém sabe, nunca mostrou para ninguém. Coisa de torcedor! A camisa-talismã ficou guardadinha, como se esperasse Raphael, outro botafoguense, que nascera quatro anos depois. Com ele, foi diferente e a foto circulou pela família, mas a camisa voltou para a gaveta, guardada com extremo carinho.
O menino Raphael cresceu, casou-se e teve três filhos, dois meninos e uma menina. Quando Matheus nasceu, em 2010, a camisa foi resgatada, cheirando a naftalina, e vestiu o bebê. E não parou aí! Diego, de cinco meses, o irmãozinho, também já posou de modelo com a camisa do Santa. A mãe, Nathália, é vascaína, mas se diverte. O alvinegro Rapha também: “É mole?! Presente da Argentina!”, comentou, às gargalhadas.
O mais curioso é que o Santa Cruz enfrentou o Botafogo duas vezes na Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado. Duas vitórias tricolores, 1×0 em casa, e 3×0 no Rio. O Thales, claro, não gostou. Raphael até achou engraçado. João lambeu os beiços. Todos sob as bênçãos de D. Argentina.
Que venha 2016, com o Santa e o Fogão na Série A.