por Rodrigo Melo Silva
O temido Boca Juniors de Carlos Bianchi & cia
Os anos 90 para os clubes brasileiros, fatalmente, foi o melhor período de conquistas quando se trata da Taça Libertadores da América: títulos do Grêmio (1995), Cruzeiro (1997), Vasco da Gama (1998) e Palmeiras (1999), além do bicampeonato do São Paulo (1992/1993), fazendo os torcedores irem ao delírio com a competição e se tornando obsessão pelo troféu.
Contudo, no final dos anos 90 e início dos anos 2000, os torcedores da América do Sul, em especial os brasileiros, começavam a ouvir uma frase que deixavam calafrios: “Próximo adversário será o Boca Juniors em La Bombonera”.
A mística começou a ser construída com a vinda do treinador Carlos Bianchi para substituir Hector Viera, logo após a Copa do Mundo de 1998. Foi o primeiro passo para o recomeço do clube do bairro La Boca porque fazia 20 anos da conquista do bicampeonato da Taça Libertadores (1977/1978) e 21 anos do então único Mundial de Clubes conquistado pelos argentinos, em cima do Borussia Mönchengladbachda Alemanha.
O “Boca Juniors do Carlos Bianchi”, como ficou conhecido, mesclou a vitalidade dos jovens artilheiros e bons de bola como Guillermo Barros, Schelloto & Martín Palermo que passaram o bastão para Rodrigo Palácio & Carlos Tévez, com a experiência dos colombianos Oscar Córdoba e Jorge Bermúdez, vigor de Sebastian Battaglia e foram capitaneados pelo excepcional craque Juan Roman Riquelme.
Os Xeneizes empilharam troféus na década: quatro Libertadores (2000, 2001, 2003 e 2007); duas Copas Sul-Americanas (2004 e 2005); três Recopas, Sul-Americana (2005, 2006 e 2008); e o ápice da equipe chegou nas vitórias sobre os europeus, Real Madrid e Milan, nas finais do Mundial Interclubes em 2000 e 2003. Tornando-se o clube mais temido e consolidado a emblemática geração de jogadores.
Aliás, mais do que merecido ter algumas linhas dedicado a ele: Juan Roman Riquelme. Ele se intitula como o “último camisa 10”, foi a grande referência técnica daquela geração e para muitos torcedores do Boca está na mesma prateleira de ídolo de Diego Armando Maradona por ser a peça que reconduziu a equipe argentina em ser respeitada pelo continente americano. Seus dribles e passes desconcertantes lhe renderam cadeira cativa na seleção argentina.
A admiração pelo craque argentino veio de onde menos se esperava: Brasil. No país vizinho, Roman foi a mistura de alegria e tristeza para os torcedores brasileiros sendo o carrasco nos confrontos eliminatórios e a felicidade para os rivais. Ele fez que os pais brasileiros registram-se 14 mil “Riquelmes” nos cartórios brasileiros, ou se considerar suas variações na hora da escrita esse número passa dos 20 mil, segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando antes do anos 2000 existia apenas 228 registros.
Desde então, o Boca Juniors aumentou sua legião de fãs, mesmo fora da América do Sul, e fez que a mística da camisa azul e amarela ou jogar no estádio La Bombonera fosse o patamar único de admiração, respeito e com pitadas de pesadelos para os adversários.
Time Base: Córdoba; Ibarra, Bermúdez, Samuel, Arruabarrena; Traverso, Battaglia, Basualdo, Riquelme; Palermo e Schelloto. Além disso, alguns jogadores que merecem ser lembrados na trajetória:Abbondanzieri, Burdisso, Matellán, Barijho, Delgado, Tévez e Palácio. Técnico: Carlos Bianchi.