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Barabá

PARABÉNS 39 VEZES PARA O BARABÁ

por Marcos Vinicius Cabral

No último domingo (5), o campo da Brahma, no Porto Velho, em São Gonçalo, foi o cenário do 39° aniversário do Grêmio Recreativo e Esportivo Barabá.

O grupo – um dos mais antigos de São Gonçalo – comemorou mais um ano de vida com futebol, churrasco e muita cerveja.

Na ocasião festiva, dois jogos foram disputados valendo troféus, no confronto de dois grupos de futebol que são arquirrivais: Barabá e União.


No primeiro jogo, o Barabá jogou de amarelo e iniciou a partida com Wellington, Leonardo, Silvano, Alexandre e Sandro; Santos, Pinto e Vinicius; Nathan e Manoel.

Apesar do amplo domínio da equipe barabaense, o primeiro tempo terminou sem gols.

Já no segundo tempo, a equipe criou mais com as mexidas do técnico Jorginho, que colocou Lucas no lugar de Alexandre, Souza no lugar de Sandro e Richard no lugar de Vinicius, fazendo com que a equipe subisse de produção e marcasse aos 30 minutos numa cabeçada indefensável do pequeno “gigante” Manoel.

– O time jogou bem e conquistamos o troféu como forma de agradecimento pelo que o Barabá representa para nós em seus 39 anos de vida,! – falou, emocionado, o capitão Silvano, de 48 anos, sendo abraçado pelos companheiros.

E completou:


– Me sinto muito bem em fazer parte desse grupo há anos. O sentimento é de felicidade em estar presente aqui, todos os domingos! – disse levando para casa o troféu conquistado com a suada e merecida vitória.

Já na segunda partida, uma goleada de 4 a 0 – dois gols de Jorginho e dois de Macaé – decretaram mais uma vitória e a conquista do segundo troféu.

O time que entrou em campo na disputa do segundo troféu, vestiu o uniforme azul e apesar de um primeiro tempo morno, na segunda etapa fez uma partida brilhante.

O time começou a partida com Wellington, Jacaré, Luiz, Luan e Gaúcho; Thiago, Ricardo, Nebi, Deivson; Wagner e Macaé.

No intervalo da partida, o técnico Vinicius e seu auxiliar Alan – que vem se recuperando de uma operação no tornozelo direito – mexeram na estrutura da equipe, colocando Pará no lugar de Gaúcho, Marcos Paulo no lugar de Luiz e Jorginho no lugar de Deivson.

– Apesar de no começo não ter me adaptado bem no Barabá, hoje me sinto em casa e feliz em fazer parte disso tudo e ganhar mais um troféu vestindo as cores que sempre amei, extravassou o zagueiro e capitão Luiz, beijando a taça.

Antes do apito final do árbitro, a festa era completa e foi comemorada com churrasco, resenha e muita comemoração por mais um ano de vida deste grupo que atravessa gerações.

NÃO EXISTE AMIZADE MAIS GENUÍNA QUE A DO FUTEBOL

por Marcos Vinicius Cabral


Viví 3/4 dos meus 44 anos de vida dentro das quatro linhas.

Ou seja, há 34 anos que eu e a bola convivemos uma relação de amor e carinho irrestritos.

Desde meus primeiros chutes numa bola dente de leite, na rua Dr. March, número 70, no Barreto, em Niterói, comecei a fazer amigos.

Lá, meus primeiros amigos foram Jorge Luiz Marins, Luiz Lorosa, Jose Luis Ottero, Guina, Marcinho e depois, nos campeonatos do Ceclat e no 5 de Julho, Miltinho Ribeiro, Flávio Henrique Cordeiro, Boulevard, Edvan Souza, Marquinhos, William Neves ,Wellington Neves, Cesar Pesão, Jay, Guta e outros tantos aumentaram a extensa lista de amigos.

Mas foi uma época perigosa, pois a quantidade estava superando a qualidade e só permaneceram no meu dia-a-dia os especiais.

O tempo foi passando e os amigos foram aumentando por onde eu costumava jogar.

Assim foi na Ilha da Conceição, na Vila Olímpica, no Gradim, no Boa Vista e agora no Porto Velho.

Mas de todos os lugares por onde passei, aqui no Grêmio Recreativo e Esportivo Barabá – que faz mais um ano de existência em agosto – é especial.

Especial sim, pois talvez seja o último lugar em que devo jogar antes de pendurar as chuteiras.

Aqui, neste maravilhoso grupo, me sinto feliz em poder jogar com caras bacanas e seres humanos maravilhosos.

Desde o meu ingresso em 2015 – trazido por Júnior Gás – até hoje, dia 24 de julho, me sinto realizado em fazer parte de um grupo tão rico em valores humanos e de pessoas tão altruístas.

Quero aproveitar e dizer para que todos os barabaenses saibam o quanto vocês fazem meu domingo ser especial em poder dividir com cada um de vocês pequenos momentos.

Vida longa ao Barabá e parabéns por mais um ano de vida, em nome de Jesus!

INCOMPARÁVEL

por Marcos Vinicius Cabral


Neste domingo (10), foi divulgado o resultado da eleição dos melhores jogadores do Grêmio Recreativo e Esportivo Barabá, referente ao ano de 2017.

Recebi o troféu como melhor meio campo neste maravilhoso grupo do qual faço parte desde o segundo semestre de 2015.

Fiquei surpreso com o resultado, ainda mais por estar prestes a completar 44 anos, daqui a duas semanas.

Tal honraria vai ficar no quarto da minha filha Gabrielle Cabral, que, sem sombra de dúvidas, é  sempre merecedora de tudo que conquistei desde seu nascimento, em 2007.


Vivo por ela, e para ela, e ela sim, é a razão maior de tudo isso.

Contudo, livros publicados, exposições individuais realizadas, projetos em curso, faculdade no fim e esse prêmio, tudo tem sua grandeza assim como importância na minha vida.

Portanto, agradeço a Deus (sempre), por ter me abençoado cada vez mais de forma sobrenatural.

Sem Ele, eu nada seria! 

Este troféu, apesar do seu valor simbólico e por que não dizer sentimental, deixa expostas algumas fraquezas que passamos durante os 12 meses do ano.

Mas mesmo nos momentos de lassidão, Ele nunca me abandonou e continua cada vez mais forte e onipresente na minha existência.

E para finalizar, essa homenagem em minha carreira de “boleiro” nos campos gonçalenses vem a ser a primeira no grupo e no campo da Brahma, no Porto Velho em São Gonçalo.

BARABÁ: 38 ANOS RESISTINDO AO TEMPO

por Marcos Vinicius Cabral


Sempre foi lema dos mais antigos, desde quando os jogos eram praticados no extinto campo do Jacaré, no bairro do Paiva – afinal de contas, o Grêmio Recreativo e Esportivo Barabá, existe desde 01 de agosto de 1979 – que jogar aqui, tem que ser por amor.

Mas não um amorzinho desses de filmes românticos, não!

E sim um amor incondicional, daqueles que ultrapassam barreiras e transformam uma diluída paixão – sentimento comprovado por qualquer um ao vestir a camisa do Barabá – em um sólido amor.

Sobretudo, para jogar aqui, independe da opção partidária, sexual e religiosa:

– Houve uma época, que o Frei Adão e o diácono Carlos Alberto, que eram da igreja Nossa Senhora das Graças, no Porto Velho, jogaram conosco, demonstrando que o amor ao Barabá ultrapassa todo e qualquer preconceito – cita o ex-presidente do grupo, Roosevelt Pina, de 50 anos.

Antes chamado Bar a Bar – já que os jogadores iam após os extenuantes jogos, perambulando pela cidade em diferentes bares para tomar aquela gelada -, o nome mudou através das quase quatro décadas de existência.

Hoje, os frutos estão sendo colhidos por uma nova geração de jogadores que segue a cartilha da colheita produtiva que lá atrás foi semeada pelos inesquecíveis Armando, Beto, Chiquinho, Marlon (que foi presidente em duas ocasiões), Mathias (que pendurou as chuteiras ano passado), Plínio e o já falecido Seu Osório, que foram os fundadores do grupo, assim como Marcelo, fiel patrocinador.

Com o passar dos anos e dos avanços tecnológicos nas comunicações, não seria de se estranhar que exista um grupo com os integrantes no aplicativo WhatsApp, funcionando com 28 barabaenses.

Nele, as discussões, brincadeiras, rivalidades e encarnações, dão um frescor não menos apimentado que antecedem as partidas.


Portanto, a ordem aqui é chegar cedo, vocifera Jorginho, camisa 11 e que tem 10.178 gols no cômputo geral da carreira, escritos na chuteira branca da marca Topper, como prova irrefutável dos seus feitos.

Enquanto é chamado pejorativamente por alguns de “Além” – mundo em que os espíritos habitam, segundo o dicionário -, Jorginho diz não estar morto para o futebol.

E completa, ajeitando o óculos, fazendo questão de enumerar suas pinturas futebolísticas, comparáveis aos grandes mestres impressionistas, como os pintores franceses Monet, Renoir, Cézanne, o holandês Van Gogh e o espanhol Pablo Picasso:


– Já parei no ar e fiz de cabeça, igual ao Dadá Maravilha; já escorei chutes sem direção e fiz de barriga, igual ao Renato Gaúcho; rompendo a marcação, marquei de bico igual ao Ronaldo Fenômeno; cobri o goleiro na saída, igual fazia Romário; na falta, bati no ângulo, e lembrei Zico; de pênalti, humilhei igual costumava fazer Djalminha; de voleio, fui Bebeto por um dia; de calcanhar, mesmo sem ter estudado medicina, operei milagres na bola igual Dr. Sócrates; de oportunismo, lembrei Túlio Maravilha; de peito, igual a Paulinho; em arrancada, me confundiram com Neymar, quando fiz um golaço; de bicicleta, fiz um de placa, igual ao rei Pelé e até de mão já fiz, igual Maradona. Mas confesso que de canela, joelho, ombro e até deitado, por incrível que pareça, eu sacudí as redes – cita se considerando um peladeiro completo.

Com isso, os artistas do espetáculo vão chegando um a um, para participarem de mais um domingo de pelada, onde atos litúrgicos ou tragicômicos são encenados naquele palco de terra batida.

Se o ex-árbitro Arnaldo Cézar Coelho (que apitou a final da Copa do Mundo da Espanha, em 1982 e hoje comentarista de arbitragem da Rede Globo) diz que a regra é clara, aqui essa regra é mais clara ainda, quase insípida.

Quem quiser jogar o primeiro tempo, tem que levantar do quentinho da cama, botar o relógio para despertar, se privar de sair no sábado, permanecendo concentrado para o dia D.

Sempre chegar cedo, bem cedo!

O cedo aqui, no campo da Brahma, no Porto Velho, em São Gonçalo, é notório quando saem das bocas a fumacinha que lembra muito os filmes americanos, tamanho o sereno que, às vezes, fazem queixos tremerem.

Mas isso não importa!

Se os queixos tremem, são os jogos acirrados que desmistificam a baixa temperatura.

Mas antes um queixo tremer do que perder o primeiro tempo da pelada.

Mas se alguém chegar depois das 6h30, já era, é segundo tempo e ponto final.

Porém, aos poucos,  chuteiras adormecidas e multicoloridas são tiradas das bolsas esportivas e/ou das sacolas do Guanabara.

Existem ainda, os que não utilizam bolsas e tampouco sacolas, trazendo as embaixo do braço ou já chegam com elas calçadas, demonstrando, com isso, pinta de jogador.

Tem uns que nem pinta são, são uma mancha!

Mas a expectativa da partida iniciar é grande, dando para perceber o nervosismo nas mãos que vestem os meiões ou no cheiro do gelol que é aplicado no músculo adutor da coxa.

Neste momento, antes da bolar rolar, as equipes são formadas e todos querem jogar ao lado de Washington, vulgo Macaé, que por ser craque, faz a diferença.

– É um prazer estar nesse grupo. Fico feliz pelo reconhecimento ao meu futebol e sei que às vezes, sou decisivo – diz o humilde atleta de 30 anos que chegou a enfrentar o craque Samuel Eto’o (que na ocasião defendia a seleção de Camarões e fez história no Barcelona), quando ainda jogava no clube camaronês Canon Sportif de Yaoundé, em um amistoso em 2008.

Mas antes da bola rolar, o meio de campo começa a ser ocupado pelas camisas azuis e laranjas, que vão uns dando as mãos aos outros formando assim, um círculo com os 20 jogadores unidos em oração.

– Aqui no Barabá, nenhum jogador fica sem participar da oração. Ali, elevamos nosso pensamento ao Senhor, pedindo que o jogo seja abençoado e principalmente, que nenhum colega se machuque. Tem dado certo, pois o único que está machucado há um bom tempo é o Paulo, nosso querido Guerron – explica Marcos Vinicius, o atual presidente.

Depois disso, o jogo vai começar e a bola, impávida, se prepara para receber tratamento especial de pés contumazes.

Do lado de fora, alguns torcedores separados pelo alambrado, rasgam o horizonte de gol a gol, e, com olhos tristes e compenetrados, olham o céu e sussurram baixinho palavras inaudíveis.

O árbitro apita, dando início a partida com tamanha vontade, que nos faz lembrar os mestres de bateria das escolas de samba, que travam uma luta com seus componentes na busca desenfreada do ritmo harmonioso pela nota 10.

Aos poucos, o palco antes esquecido e pisado por 42 pés (20 jogadores e o árbitro), recebe a presença necessária do sol, que ocupa metade da arena, arrefecendo assim, os gladiadores.

Se por um lado o poder belicoso com sua artilharia pesada de Júnior Gás, Manoelzinho, Jorginho, Alan e Macaé buscam incessantemente o gol, por outro lado, a retaguarda com Luiz Pinóquio, Silvano, Luan, Gaúcho, Lucas, Gugu e Marcos Paulo (que tem um sério problema com o quique da bola), tentam evitá-los.

Nas laterais, o duelo é intenso e sadio.

Se Jacaré, com toda sua idade, ainda dá conta do recado, Sandro se sobressai com talento incomum.

Enquanto Pupuca peca nos cruzamentos quando explora os avanços do rápido garoto Coutinho, Denis, quando atua, compensa com um corpo avantajado e fica na defensiva, travando com Batista, um bom duelo.

Já Maguinho, o lateral diferenciado como costuma se auto-proclamar, vai dosando e se mantém firme na esquerda, enquanto Aderaldo ou Soneca vão percorrendo por ali, uma avenida que costumam encontrar.

Já na meio campo, ponto de equilíbrio e criação de toda equipe, Nebi, Richard, Pinto, Ricardo e Vinicius, tocam a bola e cadenciam o jogo com categoria, mesmo em momentos de lassidão.

Em contrapartida, Wellington, Daniel, Nathan, Thiago, Davidson e Marcos Saci dão velocidade e intensidade ao time.

De uns tempos pra cá, com as saídas dos goleiros Neco e Candango, dos zagueiros Alexandre, Carrapeta e Reco, do lateral Bicudo e dos meias André, Gugu, Gutyerrez e Roosevelt, a renovação aconteceu naturalmente e deixou saudades:

– Sinto falta dos que saíram do grupo, mas o Fabiano Caixote, é especial, pois me trouxe para cá – diz emocionado o camisa 30 Nebi, ao lembrar do amigo morto há seis anos.

Hoje, o Barabá completa mais um ano de vida solidificando os laços amigáveis, como uma verdadeira família, conforme exalta o meia Nathan:

– Muitos falam do futebol aqui, mas não somos profissionais, o que conta é a amizade, o companheirismo e além de tudo o respeito – diz o atleta de 23 anos, que é o mais novo do elenco.

E não existe para a “Família Barabaense” tristeza maior que não ter jogo no domingo.

– Realmente, se tem algo que me deixa triste, é não ter jogo no domingo – diz o centroavante Alan Rodrigues, de 36 anos. 

E completa, como bom finalizador que é:

– Minha relação com este grupo, trouxe amigos e rendeu troféus nos anos em que fui artilheiro. Afinal, é uma filharada enorme, pois são oito ao total – diz mostrando os troféus guardados carinhosamente em sua residência.


Novo uniforme do Barabá estampa logo do Museu da Pelada

Mas o Barabá não é a única paixão dominical, na vida de seus jogadores:

– Futebol é paixão e sou apaixonado por esse grupo” – diz um apressado Carlos Magno, ou melhor, Maguinho, indo em direção ao bar para comer o seu sagrado pão com ovo, ritual que faz ao fim de cada jogo.

Portanto, o Grêmio Recreativo e Esportivo Barabá, (re)vive os bons momentos e vai cada vez mais, marcando a vida e permanecendo em um cantinho reservado dentro do coração daqueles que têm ou tiveram a oportunidade de vestir suas cores.