Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Árbitro de vídeo

AS POLÊMICAS DO VAR

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Não pode haver nada mais chato do mundo, para um adepto do futebol bem jogado, bonito e com muitos gols, do que, após as rodadas, ficar discutindo a eficácia do VAR. Pelo que li, o VAR foi utilizado pela primeira vez, no Brasil, em 2017, e sempre causou polêmica. Os especialistas das bancadas alertaram que seria preciso um tempo de adaptação e depois a reclamações cessariam, como acontece no mundo todo. Mas se esquecem que estamos no Brasil, um país que ninguém confia em ninguém e que a falta de critério impera.

Já vi bolas baterem na mão e não ser pênalti e já vi bolas baterem no ombro, com o jogador de costas, virar penalidade. Qual o critério? Os próprios comentaristas de arbitragem se enrolam nas explicações. Alguns dizem que não é função do árbitro de vídeo alertar para uma “falta” que o árbitro de campo não viu e acabou virando gol. Em alguns casos, uma falta de cartão amarelo vira vermelho depois de o VAR avisar ao árbitro. Essa é a função do VAR? Não sei. Acho que ao invés de punirem o Gatito, com sei lá quantos jogos, a CBF deveria rediscutir a função do VAR, deixar tudo mais claro. Cada lance leva um tempão para ser validado, as partidas são paradas muitas vezes e os jogadores colaboram para piorar, pois são mal educados, cercam o árbitro o tempo todo, xingam descaradamente os bandeirinhas, simulam faltas e prestam um desserviço.

O Brasil vive um momento conturbado politicamente. No Rio, vamos para o sexto governador afastado e, é óbvio, que muita gente acha que o VAR favorece os clubes em melhores condições financeiras. Esse é o pensamento. No Brasil, desconfiam da urna eletrônica, por que não desconfiariam do VAR? Claro que ninguém quer perder um campeonato com um gol ilegal. Já sofri com isso. Certamente o VAR acusaria falta de Marco Antônio no goleiro Ubirajara, na final do Carioca, de 71. O gol de mão de Maradona também seria anulado. Mas, quer saber? Se eu fosse a FIFA acabaria com essa chatice de impedimento.

O futebol seria muito mais divertido, com muitos gols e a torcida feliz da vida! Prefiro mil vezes um 5×4 do que um 0x0 covarde. Sem falar que a vida útil de um centroavante chegaria a uns 50 anos! Se o Fred fez um gol no Vasco, da intermediária, imagina se não tivesse impedimento? O futebol brasileiro tem que voltar a ser uma grande pelada e o “banheira”, enfim, terá seus dias de glórias e o merecido reconhecimento! Em tempo, se não bastassem os chavões, ouvi em uma mesa redonda que Mano Menezes está cotado para assumir o Corinthians em caso de demissão de Tiago Nunes e o plano B é Felipão! Tive que mudar de canal depois dessa!

NO ESPORTE, EMOÇÃO É MAIS IMPORTANTE QUE JUSTIÇA

por Wilker Bento


Pierluigi Collina é considerado o maior árbitro de todos os tempos. O italiano apitou a final da Champions League de 1999 e da Copa do Mundo de 2002, entre outros jogos importantes. É o único juiz que já foi garoto-propaganda de um jogo de videogame, o Pro Evolution Soccer 4. Sua careca inconfundível tornou-se um ícone.

Em 2006, perguntado em uma entrevista sobre os segredos de um bom juiz de futebol, Collina afirmou: “O árbitro não pode ser sábio. Deve ser impulsivo. Deve decidir em três décimos de segundo”.

Pouco mais de uma década após a aposentadoria de Collina, parece que esse princípio básico foi esquecido. O árbitro de vídeo transforma uma simples decisão em uma odisseia interminável. E a troco de quê? As polêmicas continuam, as suspeitas em relação a idoneidade do processo só crescem e falhas ocasionais continuam ocorrendo, pois o VAR é um instrumento e a decisão sobre os lances é sempre tomada por seres humanos. E humanos, naturalmente, erram.

Até agora, o único legado do VAR para o esporte bretão têm sido transformar partidas ruins em intragáveis. Com o nível técnico do futebol brasileiro lá embaixo e os estádios silenciosos por causa da pandemia, o árbitro de vídeo é a última pá de cal em um esporte outrora emocionante. Porque, afinal, o torcedor não tem mais o direito de comemorar em paz o momento mais importante: o gol.

A frustração de comemorar um gol e depois perceber que não valeu é algo que sempre existiu. Muitas vezes vimos jogadores gritarem, tirarem a camisa, irem pra galera, e depois saberem que estavam em impedimento. Acontece.

Mas o VAR inventou o contrário: o gol sair e, mesmo assim, todo mundo ter que ficar esperando a confirmação do árbitro, espera essa que não raramente se estende por minutos. É brochante, um balde de água fria.

Lógico, sempre vamos lembrar do título que o nosso time poderia ter ganho em 1900 e chacrinha se o VAR existisse na época e o árbitro da ocasião pudesse ver o lance várias vezes. Mas todo time também já foi ajudado por erros de arbitragem, e essa possibilidade de ganhar ou perder um campeonato de forma suspeita nunca atrapalhou nossa paixão pelo futebol.

Isso porque é a emoção que torna o esporte apaixonante, e não a justiça. Embora o futebol envolva muito dinheiro e investimento dos profissionais, é no fundo uma grande brincadeira que precisa ser divertida para existir. Ninguém vai pegar prisão perpétua ou pena de morte se um juiz tomar uma decisão errada, diferente do que acontece num tribunal de justiça comum. Estamos falando da coisa mais importante entre as menos importantes.

Por isso, discussões a respeito de mudanças nas regras do futebol devem levar em conta a emoção que move a paixão do torcedor. Não basta simplesmente ser justo – e já deu para perceber que o VAR não será o responsável pela implementação dessa justiça nem pelo fim das polêmicas.

A tecnologia é bem-vinda, mas precisa ser bem aplicada para a realidade de cada esporte. O futebol tem uma dinâmica própria, assim como o vôlei, o basquete, o boxe, etc. Se a política do árbitro de vídeo não for repensada, o resultado será um futebol moribundo e sem graça.

VAR OU NÃO VAR, EIS A QUESTÃO!

por Jonas Santana Filho


Parafraseando a célebre “ser ou não ser, eis a questão” eis que surge imponente e lampeiro o VAR – sistema de vídeo-arbitragem (sigla em inglês de videoassistant referee ou árbitro assistente de vídeo). Este, que era para ser uma solução às eternas polêmicas do futebol desde o célebre “passo à frente do Nilton Santos (1962) à “mão santa” de Maradona em 1986, tem demonstrado ser na verdade um grande causador de novas celeumas.

De um lado a corrente do modernismo tecnológico considera o VAR como a inovação, a atualização, o Up do futebol que, para alguns, precisa se adaptar aos novos tempos no esporte, embora as transformações ocorridas no âmbito desportivo mundial também alcançam o futebol e demonstram este continua sendo o mesmo esporte contagiante desde sua aparição, caracterizado pela sua contradição, pelo inusitado e pelo improvável.

Do outro lado vemos os defensores do “autêntico e imutável futebol, que acreditam que, ao introduzir-se o VAR no esporte, estará sendo tirada sua identidade e sua plasticidade, tornando o esporte bretão algo engessado, sem emoções, mais previsível que cabeçada de Jardel ou falta batida pelo Zico. Nem tanto ao mar nem tanto à terra.


O VAR faz parte dos recursos tecnológicos criados para auxiliar aos árbitros (ainda humanos) nos lances mais duvidosos. O problema é que a ferramenta tem sido usada indiscriminadamente, sem critérios ou no mínimo, sem bom senso. Já vimos jogos onde até lateral tem sido questionado pelo VAR. Isto tira a beleza do espetáculo, transformando os juízes antes autoridades em simples coadjuvantes… Além de que, em determinados momentos o suspense em torno do lance (se válido ou não), principalmente no tocante ao gol, assemelha-se a um episódio estilo “hitchcockiano”, onde a ansiedade de uns se alimenta do medo do outro, ou seja, quem fez o gol fica ansioso pelo sim e quem levou com desejo de seja não. E é nessa salada de emoções que o VAR se enquadra.

Ainda assim o uso dessa ferramenta é de primaz importância, desde que usada com o devido cuidado. Não se pode, numa partida de futebol, levar os torcedores, espectadores, participantes, atores e coadjuvantes ao extremo das emoções, onde a ação do VAR represente a plenitude do evento, tão cientificamente comprovada a lisura do lance, mas também não se pode deixar que o VAR seja usado indiscriminadamente, onde qualquer lance que não seja capital tenha que ser decidido por ele. Para isso existe o juiz de campo, bandeirinhas e quejandos.  

Não se pode desmerecer a ação do árbitro de vídeo, mas o certo ainda é, e deve ser, do juiz de linha. Sempre  com a devida proporcionalidade. 

VAR ou não VAR? Eis a questão.

 

Jonas Santana Filho, Gestor Esportivo, Escritor, Funcionário público, apaixonado por futebol,   whatsapp, (61) 999047599, linkedinjonassan40, Skype jonassan50

SE PORÉM FOSSE PORTANTO

por Eliezer Cunha


Polêmicas à parte vamos aos fatos. Foi ou não pênalti nos últimos minutos na decisão do estadual em 1985 a favor do Bangu contra o Fluminense? Teria ou não Maurício empurrado o lateral Leonardo na decisão do Estadual entre Botafogo e Flamengo em 1989, encerrando um jejum de 21 anos do time Alvinegro? Na decisão do estadual de 1971 teria mesmo o lateral Marco Antônio deslocado o goleiro Ubirajara dentro da área?

Fatos recheados de controvérsias e questionamentos que alimentam como matéria prima até hoje os programas de tv, debates entre torcedores nos bares da vida e, ainda, conteúdos para discussões nesta e outras páginas ligadas ao esporte.

Vivemos em um momento de tecnologia avançada e disso poucos seres e atividades não podem se esquivar. Mas… A arte, o artista e público, digo no futebol, estão hoje reféns desta tecnologia designada como VAR. Nenhum espetáculo ao vivo é passível de edição, seja uma peça de teatro ou um show de música. É como que a história fosse sempre reredicionada para um óbvio. Assistimos passíveis decisões serem alteradas por conta de opiniões “extra campo”. Se a adoção do Árbitro de Vídeo fosse um consenso no esporte já tinha se estendido a outras modalidades. Como disse Caetano “Alguma coisa acontece em meu coração quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João”. E é essa emoção que nos foi sucumbida.


E ainda pergunto: A reputação do esporte, sua mágica, e as histórias dos clubes foram atingidas sem a prática do VAR?Não.

Imaginemos o Árbitro de vídeo decidindo um Campeonato Brasileiro aos 45 minutos do segundo tempo. Seria hilário, não é mesmo? Para torcedores, jogadores, imprensa e juízes.

Os árbitros de vídeo se tornaram deuses e simplesmente comandam as decisões. Raramente o árbitro da partida vai de encontro com uma solicitação do VAR. Os artistas deixaram de ser a peça principal do espetáculo e se tornaram coadjuvantes. 

Será que tecnicamente e tecnologicamente os questionamentos do VAR possuem consistências? Isso já foi meramente comprovado? Será que não existe o chamado erro de paralaxe nas decisões, entre outros possíveis erros?

Agora temos que alterar aquela famosa frase de uma música: Domingo tem Maracanã e o árbitro de vídeo.

 

 

O FUTEBOL NÃO PODE PERDER PARA O VAR

por Zé Roberto Padilha


Uma nova regra não pode mudar um jogo para pior, mesmo quando introduzido com a melhor das intenções, como o VAR. Ela, a nova regra, quando introduzida, vem para adequá-lo a uma nova realidade, que lhe traga benefícios, avanços, e, principalmente, o torne mais justo sem lhe roubar o que tem de mais interessante. O VAR veio para evitar que os grandes erros da história do futebol não mais se perpetuem. Como o gol da Inglaterra que lhe deu o título mundial de 1966, contra a Alemanha, jogando dentro de casa.

Anos se passaram, e a tecnologia não havia chegado para tirar a dúvida, baús do esporte vieram à tona seguidamente para saber se aquela bola entrou ou não. Tão difícil foi à época sua interpretação, que dela surgiu a figura do “árbitro caseiro”. O que passou a pensar assim: “Aonde estou? Em Wembley? Então, corro para o meio. Se estivesse em Berlim, deixaria o jogo seguir. E sairia vivo dali, do Serra Dourada e do Estádio Odair Gama, em Três Rios. O que é a história diante da minha segurança?”


A maior crítica, quase que unânime, com os primeiros jogos do Campeonato Brasileiro diante da sua implantação, é que as partidas tiveram seus ritmos seriamente quebrados. Tem havido interrupções demais, por qualquer tropeço, uma chegadinha para lá, e as câmeras deixando de seguir os craques e jogando suas lentes naquela figura com apito na boca. Antigamente, dizia Mário Vianna, com dois enes, quanto mais discreto fosse na partida, melhor seria seu desempenho. Agora, ele tem mais posse de aparição do que os times de posse de bola. Não é justo. Mas tem solução.

A partir da segunda metade do Brasileirão, logo após a Copa América, apenas o capitão do time poderá solicitar ao árbitro o desafio do VAR. E eles terão direito a apenas dois pedidos a cada tempo. Se sua solicitação for acatada, sua equipe continuará a ter direito aos dois desafios. Invalidado, fica apenas com um. E pensarão duas vezes antes de desperdiçar este trunfo perante um empurrãozinho qualquer dentro da grande área.


Deste jeito, os jogadores voltarão a ser protagonistas do espetáculo. Eu, pelo menos, nunca fui à estádio ver árbitro de futebol. E, hoje, não vejo outra coisa senão um bando deles espalhados por gramados, vigiando os goleiros e instalados numa sala de ar condicionado mais fria do que a temperatura que baixou sobre o futebol depois de sua implantação. A emoção, na verdade, deu lugar a interrupção.

• Esta solicitação, de alteração ao VAR, foi repassada ao meu amigo, e ex-companheiro de clube, Leovegildo da Gama Júnior, que irá levá-la, com sua credibilidade, até o responsável pela comissão de arbitragem da CBF. O Gassiba. Quem sabe?