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Aniversário

PARABÉNS, NETTO!

vídeo e edição: Daniel Planel

A equipe do Museu esteve presente no Tijuca Country Club para acompanhar a tradicionalíssima Pelada dos Amigos, que dessa vez era em homenagem ao aniversariante Netto, nosso colaborador e torcedor fanático do América-RJ.

O racha já dura 20 anos e é repleto de ex-jogadores como Moreno, Nelsinho e o próprio Netto, que jogou na base do América, do Flamengo e nas equipes profissionais do Náutico, Cabofriense, Marítimo-POR, e Rio Negro, de Manaus.

Antes de começar a resenha pós pelada, com direito a churrasco, cerveja e bolo personalizado do Mecão, o aniversariante tomou um banho e vestiu a camisa do Museu para apresentar um por um, sempre com adjetivos carinhosos, justificando o nome “Pelada dos Amigos”. Netto só mudou de uniforme quando Moreno, um dos seus maiores ídolos, apareceu. Nessa hora, vestiu a camisa do clube do coração e deu um grande abraço no craque.

– Se o Moreno jogasse hoje em dia, o passe dele estaria valendo dois titanics! – comentou o aniversariante, para a risada de todos.

Outro craque que marcou presença na pelada e rasgou elogios ao aniversariante foi Pedro Paulo. Vice-campeão da Taça Cidade Maravilhosa pelo Madureira e campeão mineiro pelo Atlético, ao lado de Caçapa, Marques, Valdir e Mancini, o ex-jogador fez questão de participar da pelada mesmo com dores na panturrilha.

Uma festa à altura do aniversariante! Valeu, Netto!

PARABÉNS, FALCÃO!

por Serginho5Bocas


por Claudio Duarte

Me desculpem os fãs de Beckembauer, do Redondo e do Zidane, mas hoje vou homenagear o Pelé dos volantes, o jogador mais elegante que vi jogar bola em minha vida e um dos maiores craques que o mundo produziu em todos os tempos.

Paulo Roberto Falcão nasceu em 16 de outubro de 1953, e fez história em Porto Alegre, no Brasil e depois na Itália. Muito novo comandou o grande Internacional dos anos 70, dividindo a liderança com ninguém menos do que Elias Figueroa e sagrando-se tricampeão brasileiro, sendo que no último título, em 1979, de forma invicta, fato único até hoje no Brasil. Mesmo sendo volante, venceu duas vezes o prêmio de melhor jogador do Campeonato Brasileiro, numa época em que ser o melhor por aqui era coisa para os “fortes”, um monstro!

Em campo um líder nato, que exibia um comando quase invisível para a torcida, não era de muitos gestos e gritos, uma eminência parda. Contudo, Falcão ditava o ritmo e “facilitava” o jogo de todo o time, aparecendo em todas as partes do campo, saindo da defesa com extrema facilidade, articulando no meio as jogadas de ataque, fazendo belas tabelas e lindos gols. Suas características incluíam um grande senso de colocação, habilidade e técnica acima da média, economia nos dribles (sempre e somente na hora certa), chutes e passes precisos. Tinha excelência em todos os fundamentos do futebol.


Por incrível que pareça, Falcão jogou pouco na seleção brasileira, apenas 49 partidas (só no Brasil mesmo) e logo no início da carreira foi surpreendido por Claudio Coutinho, que preteriu-o levando Chicão para a Copa do Mundo de 1978 na Argentina. Na Copa de 1986, no México, esteve presente no grupo, mas sem reunir boas condições físicas, em razão de uma operação no joelho, se limitou a poucos minutos de jogo. Assim, seu show ficou reservado para 1982 na Espanha, quando ele entrou para a história ao ser um dos líderes de uma equipe de astros, que contava ainda com Zico, Sócrates, Cerezo, Júnior, Leandro e que entrou para a história do futebol mundial.

Naquela Copa ele atuou nas cinco partidas do Brasil e marcou 3 gols, apresentando um futebol tão refinado que foi agraciado com o prêmio de segundo melhor da torneio (bola de prata), mesmo tendo sido eliminado ainda nas quartas-de-final. Só não levou a bola de ouro, porque Paolo Rossi,  o “bambino d´ouro” italiano decidiu a Copa para a Itália.

Acredito que o jogo contra a Argentina (3×1), foi sua maior atuação pela seleção brasileira, mesmo tendo jogado uma barbaridade também contra a Itália. Só que no jogo contra os “Hermanos”, ele quase nos brinda com o que seria um dos mais belos gols de todas as Copas, quando fez uma tabela com Sócrates no alto, e sem deixar a bola cair emendou de primeira e de perna esquerda no travessão de Fillol, uma pintura, jogada de enciclopédia para ser ensinada nas escolas de futebol arte do mundo todo. Sem contar o gol de empate na derrota para os italianos, que fez até defunto levantar da tumba e comemorar. Até hoje, quando vejo aquele gol de novo, com ele correndo e comemorando em direção ao banco de reservas, me arrepio e vibro de novo, uma sensação poucas vezes repetidas em minha vida de torcedor.


Falcão foi o oitavo rei de Roma, ungido pelo Papa, comandando a equipe da Roma nas conquistas da Copa Itália e do Campeonato Italiano, “gastou” tanto a bola por lá que até hoje é reverenciado por aquelas bandas. Deixou em nossa memória belas jogadas e belos gols como o do emocionante empate contra a Itália na Copa de 1982, ou o de raça e talento contra o Palmeiras na semifinal do Brasileiro de 1979 em que escapa da sola de Mococa, ou ainda o da espetacular tabelinha de cabeça com escurinho, marcando já nos minutos finais da semifinal do Brasileiro de 1976 contra o Atlético de Minas Gerais.

Foi comentarista da Rede Globo e treinador de futebol, inclusive da seleção brasileira, também comandou um programa de esportes na Fox, sempre exibindo toda a sua visão de jogo acima do normal. Sua educação, simplicidade e a inteligência sempre o distinguiu dos demais e o tornou diferenciado.

Em minha opinião, Falcão foi um dos cinco jogadores mais completos do mundo, que tive o prazer de ver em ação, sobrava na turma, digo, em qualquer turma. Dominava os cinco fundamentos importantíssimos do futebol, que são: marcar, matar, passar, driblar e chutar. Dizem que Di Stefano e Cruyff foram os únicos jogadores que jogavam no campo todo, mas eu ouso a incluir neste seleto grupo de virtuoses Falcão.

Acho difícil ver alguém repetir o que o “anjo louro” fazia em campo naquele setor, pois diziam na época que ele deveria jogar de terno e gravata, tamanha era sua elegância e o tratamento que dispensava a amiga, a bola.

Quanta saudade! Ô tempo bão…

 

 

 

 

VALEU, ANDRADE!


Sessenta anos. Esta é a idade de Jorge Luís Andrade da Silva, o Andrade, que também faz anos nesta sexta-feira, 21. Foi ele um dos melhores volantes que vi jogar. Clássico, com extraordinária e ampla visão do gramado. Saía com a bola da área do Flamengo para deixá-la, impecavelmente redonda, nos pés ora do Adílio, ora do Zico. Invariavelmente tudo terminava em gols e, claro, em títulos. Muitos títulos. Vários campeonatos cariocas, brasileiros, uma Libertadores e um Mundial Interclubes..

Disputou pouco mais de 570 jogos pelo clube da Gávea, marca que o deixa entre os cinco jogadores que mais vezes entraram em campo pelo Flamengo.

Parabéns ao Andrade, ídolo incontestável dos rubro-negros.


Ao lado de Zico, Leandro e Júnior, Andrade comemora o título mundial

RIVALDO, O ÚLTIMO CAMISA 10 ROMÂNTICO

por André Felipe de Lima


Pelé foi categórico: Rivaldo está na lista dos 125 maiores jogadores vivos do mundo. Foi ele o último camisa 10 romântico do futebol brasileiro. Jogador igual ao Rivaldo hoje em dia? Não vislumbramos nem mesmo com bola de cristal.

Na Seleção Brasileira? Foi ídolo dos maiores do panteão de craques memoráveis. No Palmeiras? Sensacional. No Barcelona? Simplesmente o maior do mundo em 1999. O Bola de Ouro. O Rivaldo dos gols mágicos, inigualáveis. Foi vestindo a camisa azul e grená que Rivaldo mais brilhou. Marcou pouco mais de 130 gols em cerca de 230 jogos.

Como o próprio Rivaldo discursou, em sua despedida dos gramados, em março de 2014, sua linda carreira foi construída sem romantismo. Superou muitos obstáculos, desafios, renúncias, saudades e decepções, mas ergueu-se sempre. Sobretudo com alegrias, conquistas e profundas mudanças. Ora ensinando, ora aprendendo na roda da vida. Rivaldo, como ele mesmo definiu sobre si, jamais perdeu o foco: “Entre troféus, medalhas, premiações e títulos, em uma terra onde tudo se consome, deixo aqui uma história, talvez um exemplo, mas com certeza um testemunho de que vale a pena crer e lutar.”

Nesta quarta-feira, 19, é aniversário do grande meia campeão da Copa do Mundo de 2002. A nós, simples e humildes mortais, só resta uma coisa a fazer: agradecer ao cidadão recifense Rivaldo Vítor Borba Ferreira por tudo o que fez pela história do futebol brasileiro. Por manter viva em nossos corações a magia da camisa dez!


GERALDO, UM RENASCENTISTA DO FUTEBOL

por André Felipe de Lima


Oswaldo Brandão, então treinador da Seleção Brasileira em 1976, dizia com todas as letras: “É o jogador mais técnico do Brasil”. Ele se referia a Geraldo Cleofas Dias Alves ou simplesmente Geraldo “Assoviador”, que nasceu no dia 16 de abril de 1954, na mineira Barão de Cocais.

Nesta Páscoa recordamos de Geraldo, um grande jogador do Flamengo que, lamentavelmente, partiu muito novo. Há quem garanta ter sido ele, que foi da mesma geração de Zico, tecnicamente superior ao Galinho de Quintino. Embora vestisse a camisa 8, a 10 do Flamengo poderia ter sido dele caso não morresse com apenas 22 anos, no dia 26 de agosto de 1976, após sofrer um choque anafilático durante uma simples e totalmente desnecessária cirurgia para retirada das amídalas na clínica Rio-Cor, na rua Farme de Amoedo, em Ipanema. Muitos do Flamengo recomendavam a cirurgia porque ela supostamente aceleraria a recuperação em contusões.


Se não operasse, reforçaria a injusta fama de indisciplinado. Esse era o temor de Geraldo, que foi à clínica acompanhado do inseparável amigo Serginho, enfermeiro do Flamengo. Antes de entrarem no hospital, pararam na Igreja de Nossa Senhora da Paz, também em Ipanema. Rezaram e chegaram à clínica. No quarto, preparando-se para a cirurgia, rezaram novamente, juntos. “Ele me falou que só iria operar porque, se não, seria chamado de indisciplinado mais uma vez. Mas estava com muito medo e não escondia. Ele queria que eu ficasse a seu lado sempre. Chegou a brincar, pedindo que eu amarrasse seus pés, porque ‘poderia dar uma louca e sair correndo’. Eu vi quando chegou à Gávea, magrinho, cheio de ziquizira, alto e feio. Fui o último amigo a vê-lo vivo.”

No dia em que Assoviador morreu, Zico comentou que Geraldo tinha pavor de operações, mas que jamais o considerou indisciplinado e, sim, um cara com a opinião formada e um pouco “genioso”. “Como quase todos os craques”, descreveu-o Zico.

Ver Geraldo jogar era um prazer inenarrável. Fazia ele de uma partida de futebol uma galeria de arte, com jogadas cerebrais e de uma plasticidade incomum. Geraldo foi um renascentista do futebol, mas o destino cometeu um assalto contra os fãs do bom futebol ao sequestrar, sem chance de resgate, o nosso Geraldo “Assoviador”.

“Eu mesmo quero passar a camisa do meu filho. A camisa preta. Aquela que ele mais gostava. Aparecida, veja lá no guarda-roupa uma gravata escura. Pode ser a azul-marinho. O conjunto, aquele que veio do tintureiro. Calça preta e paletó quadriculado. Como é que pode? Sabe, eu não acredito que isto tudo é verdade. Que coisa impressionante que é a morte. Parece que eu ainda estou vendo ele saindo do Grupo Escolar Cel. Câncio de Albuquerque e pedindo para eu comprar uma bola. Isto foi lá em Barão de Cocais, nossa cidade. Que coisa impressionante é a morte. O que fizeram com meu filho não tem explicação. Aparecida, a camisa. O ferro já está quente”. Foi assim, num misto de incredulidade e resignação, que o pai de Geraldo, seu Oswaldo, preparava o corpo do filho para a derradeira e dolorosa despedida.

Brandão estava certo. Geraldo estava prestes a se tornar o melhor jogador do Brasil. Ao cronista Sérgio Noronha ressaltou: “Ele é um menino que tem muito o que aprender em matéria de disciplina tática, mas carrega um potencial de craque, e por isso vou insistir com ele na Seleção Brasileira”. Infelizmente, não deu tempo.

Mas Geraldo, além do grande futebol, foi um camarada alegre. Irradiava felicidade e bom humor por onde passava. Essa imagem foi a que ficou. Geraldo foi um ídolo fugaz, porém eterno.