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andré luiz pereira nunes

PORTUGUESA: A GRATA SURPRESA DO ESTADUAL

por André Luiz Pereira Nunes


A simpática Associação Atlética Portuguesa, da Ilha do Governador, se revelou a maior surpresa do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro de 2021. Pela primeira vez em sua história, se classificou para as semifinais da competição. Além disso, atingiu a sua melhor campanha em 96 anos de existência.

Curiosamente, no decorrer de sua longa trajetória, sempre esteve à sombra do homônimo paulista, considerado um dos grandes do estado de São Paulo. Porém, atualmente a Portuguesa de Desportos passa por uma fase bastante decadente, figurando pessimamente na segunda divisão estadual.

Com o retrospecto de cinco vitórias, três empates e duas derrotas, a agremiação insulana carioca dispõe da melhor defesa do certame. O sucesso se deve em grande parte ao treinador Felipe Surian, 39 anos, ex-atleta do Tupi, de Juiz de Fora, e técnico com passagens pelo próprio Galo Carijó, Villa Nova, Volta Redonda, Tupynambás, América de Natal, Joinville e Uberlândia. O comandante conseguiu dar liga a um elenco que tem verdadeiramente aprontado muitas surpresas no torneio.

Em confrontos com os chamados grandes, a Lusa bateu o Fluminense por 3 a 0, o Vasco por 1 a 0 e empatou com o Botafogo em 1 a 1 e o Flamengo em 2 a 2. Pra quem não sabe, a última vitória sobre o Fogão ocorrera em 11 de setembro de 1966. Na ocasião, os insulanos venceram por 3 a 0, no estádio Luso-Brasileiro, com gols de Marques, Lazinho e Mário Breves.

De acordo com o auxiliar-técnico Marcus Menezes, a união do elenco fez toda a diferença. Outro fator primordial para o sucesso da agremiação se deve à ótima gestão do presidente Marcelo Barros, responsável por uma verdadeira revolução administrativa. Vale frisar que na era Antônio Augusto de Abreu a Portuguesa era uma mera integrante da segunda divisão do Rio, portanto sem maiores pretensões. A situação é bem diferente nos dias de hoje, haja vista que a Lusa tem sido presença recorrente no Campeonato Brasileiro da Série D, ainda que com campanhas modestas, retrospecto muito melhor que o America, hoje relegado à segunda divisão do estadual e alijado das competições nacionais.

Seu maior destaque é o atacante Chayene Medeiros, o Chay. Curiosamente, o jogador, pretendido pelo Botafogo é oriundo do Fut-7. Inclusive chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira da categoria, vencendo até o título mundial. Na atual edição do estadual, chegou a marcar um dos gols da vitória por 3 a 0 sobre o Fluminense. Revelado pelo Bonsucesso, atuou no futebol da Tailândia e Malásia, antes de migrar para o Fut-7.

Em relação ao Campeonato Estadual, o clube ainda poderá sonhar mais alto, visto que se classificou para as semifinais. Seu adversário será o Fluminense, enquanto o Volta Redonda, outra grata surpresa, enfrentará o Flamengo.

Esses resultados positivos certamente darão frutos, pois além de novamente habilitada para a Série D, a Portuguesa ainda estará presente na próxima Copa do Brasil.

TRISTES RELATOS DE UM JORNALISTA ESPORTIVO

por André Luiz Pereira Nunes


O dia sete de abril é dedicado ao jornalista. Em que pese a importância da nossa profissão, não há muito com que comemorar. Quem acompanha o noticiário, tem total ciência das rotineiras e seguidas ondas de demissão que têm assolado os companheiros de classe, visto que jornais, portais, rádios e emissoras de TV passam por um delicado momento de severa contenção de despesas, sobretudo porque vivenciamos uma drástica crise em nosso país, já histórica e tradicionalmente assolado por inúmeras mazelas sociais e, que pra piorar, ainda se tornou um celeiro de novas cepas da Covid 19.

Escolhi por vocação, jamais por mau gosto, duas profissões maravilhosas que sempre me trouxeram prazer e bons amigos: jornalismo e o magistério. Sim, eu disse prazer e bons amigos, pois dinheiro e valorização profissional, infelizmente passam bem ao largo disso. Em relação ao jornalismo esportivo, que é obviamente o foco dessa matéria, vou-lhes contar a partir de algumas experiências pessoais como é desfavorecido o nosso trabalho.

Em diversas situações, ao longo de minha trajetória profissional, conquistei tremendos furos. O furo de reportagem acontece quando o profissional consegue dar a notícia à frente dos concorrentes, mediante esforço, talento, fontes confiáveis e credibilidade.

Vou-lhes contar um caso engraçado e, ao mesmo tempo triste, envolvendo essa questão. Certa vez, estava presente a uma reunião de um conselho arbitral na Federação de Futebol do Rio de Janeiro, no saudoso tempo em que as reuniões eram franqueadas a nós, o que posteriormente foi arbitrariamente proibido pelo presidente. Estava eu, portanto, acomodado em meu confortável assento quando um representante de clube me viu, se achegou e me relatou uma grande novidade. Tratava-se de uma notícia inédita que ele havia lido um ou dois dias antes. O interessante era que se tratava justamente de um furo que eu havia conseguido e noticiado. Eu, então, lhe disse:

– Amigo, o que você acaba de me relatar que leu na imprensa esportiva se trata da matéria que eu apurei e escrevi no veículo tal.

Aí ele me disse, muito constrangido:

– É verdade, André, agora me lembrei. Me desculpe. Eu não reparei que tinha sido você a escrever.

Esse fato ilustra o quanto o jornalista esportivo vale menos do que a própria notícia. É hábito lermos os jornais e não prestarmos atenção acerca de quem é o autor.

Outro acontecimento envolvendo a minha função ilustra bem a desvalorização da nossa profissão. Há cerca de mais de uma década fui convidado para ser assessor de imprensa de um grande clube do Rio de Janeiro. O presidente da agremiação me chamou em sua sala e então se deu o seguinte diálogo:

– André, você gostaria de ser nosso assessor de imprensa?

– Claro que sim, presidente. Seria uma honra.

– Só que tem o seguinte. Não podemos te pagar. Se as coisas melhorarem, pode ser que consigamos um dia. De repente, a gente consegue fazer um bem bolado. Sabe como é, né? É preciso roer o osso pra depois comer a carne. Pelo menos você fica na vitrine.

– Mas, espera aí, presidente. O senhor não vai pagar os jogadores?

– Sim, é claro.

– Não vai pagar o treinador, preparador físico e o restante da comissão técnica?

– Sim, é lógico.

– Não vai pagar o médico, visto que ele é obrigatório nas partidas?

– Vou, claro.

– Não tem patrocínio das empresas tal e tal para as despesas?

– André, estou entendendo, e sei bem onde você quer chegar, mas aqui o assessor de imprensa é sempre o último da fila. Todos esses que você elencou são essenciais para o espetáculo. Mas pensa comigo. Se não tivermos um assessor de imprensa, o clube jogará da mesma forma. Sem jogadores, comissão técnica e médico o time nem entra em campo.

– Sinto muito, presidente. Eu entendo a sua situação, mas não posso trabalhar de graça. Aliás, nem seria de graça. Eu teria que literalmente pagar para trabalhar, pois existem despesas, tais como deslocamento, que ficariam sob meu encargo, fora a manutenção do meu equipamento. Não há condições.

Convites como esses foram costumeiros e, ainda são recorrentes, na minha carreira.

Enquanto trabalhava em reportagens de campo, me deparei com situações verdadeiramente bizarras. Certa feita, fui cobrir um jogo decisivo, válido por uma das divisões de acesso, numa cidade do interior fluminense. O time mandante atuava num estádio cuja estrutura era totalmente precária. As arquibancadas eram feitas de tábuas, que por estarem totalmente soltas, se encontravam interditadas. Portanto, o jogo teoricamente não poderia ter público. Porém, havia um morro atrás do campo e foi para lá que se dirigiram os torcedores para assistir ao cotejo. Por volta da metade do segundo tempo, revoltados com o placar desfavorável, a claque começou a soltar morteiros que quase acertaram a mim e a um dos bandeirinhas. Pra piorar a situação, a arbitragem ao final da partida, teve que passar pela turba enfurecida para chegar ao vestiário. Houve tumulto que por sorte não resultou em agressões, pois também não havia policiamento. Naquele tempo eu ainda não tinha a manha e a malícia do experiente profissional e noticiei tudo nos mínimos detalhes. Pra meu azar, o delegado da partida nada mencionou sobre o ocorrido, o que me deixou em palpos de aranha. No dia seguinte, portanto, recebi uma carinhosa mensagem de que se voltasse um dia àquela cidade algo de muito ruim aconteceria comigo. O presidente do clube era uma figura influente e, por acaso, estava ligado à máfia das máquinas caça-níqueis e outras coisinhas mais. Pra minha sorte, não demorou nem um mês, foi metralhado em uma emboscada provocada por um grupo rival, fato que provocou risadas nos meus colegas, que jocosamente me disseram, logicamente brincando, que fora eu que o tinha matado. Voltei outras duas vezes à mesma cidade, em diferentes ocasiões, e não tive qualquer problema.


Outra situação interessante aconteceu quando fiz uma reportagem de jogo na Baixada Fluminense. O local só era acessível mediante moto-táxi. Percebi que o desolado caminho que levava ao campo servia de cemitério de carros usados para desmanche. Ao chegar finalmente ao estádio, fui apresentado ao presidente, demais membros da agremiação e alguns torcedores. Ficamos eu, a arbitragem e algumas pessoas conversando quando ouvimos, de repente, dois caras a uma curta distância conversando e, então, um disse para o outro:

– Cara, quase matei mais um hoje!

Posso lhes informar com total conhecimento de causa, e sem medo de errar, que a maioria dos assessores de imprensa de times do Rio de Janeiro ou trabalha de graça ou fica sem receber seus módicos vencimentos devido a costumeiros atrasos de pagamento.

Meus caros leitores, vocês não imaginam como é árdua a vida do jornalista. De como trabalhamos com afinco, energia e muita vontade para trazermos a notícia para vocês.

Me causa asco, por exemplo, presenciar colegas de profissão serem agredidos nas ruas por vândalos que são verdadeiros fascistas, apenas por fazerem o seu trabalho. O fato de alguém não gostar de uma determinada emissora não fornece permissão, a quem quer que seja, para molestar repórteres, cinegrafistas ou contra-regras, trabalhadores, como qualquer um de nós, que estão nas ruas expostos e que precisam trazer diariamente o pão de cada dia para suas casas.

Esta é uma singela e triste homenagem a todos os jornalistas esportivos do nosso país. Somos verdadeiros heróis!

FEDERAÇÃO SUBURBANA: NOTÁVEL INICIATIVA DE MÁRIO CALDERARO AGRUPOU TIMES DO SUBÚRBIO CARIOCA

por André Luiz Pereira Nunes


Graças aos notáveis esforços de Mário Calderaro, então presidente do Engenho de Dentro Atlético Clube, em 24 de agosto de 1936, foi fundada a Federação Atlética Suburbana em conferência realizada na sede da mencionada agremiação alvi-anil, campeã carioca, em 1925, pela Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT).

O projeto foi corroborado pelo experiente desportista Benedito Sarmento, o qual tivera marcantes atuações na crônica esportiva e como representante da Associação Atlética Suburbana, Liga Brasileira, Liga Metropolitana e outras entidades que impulsionaram o esporte menor na cidade do Rio de Janeiro. Sarmento, que granjeara grande simpatia nas rodas esportivas, morreria a 25 de junho de 1938.

Já o dinâmico Calderaro, residente à Rua Dr. Bulhões 77, tinha a intenção de reunir e valorizar os pequenos times, notadamente os do subúrbio da Central, que eram costumeiramente desprezados e excluídos pelas ligas que organizavam o futebol carioca. Seu clube, o Engenho de Dentro, sofria essa mesma segregação. Mesmo tendo se sagrado campeão da Sub Liga Carioca, em 1935, fora preterido no ano seguinte do certame principal da Liga Carioca de Football, criada dois anos antes, e precursora da profissionalização do esporte no Brasil.

– O meu clube sentiu-se ferido nos seus direitos a partir da escolha do Jequiá e da Portuguesa para figurarem no campeonato da Liga Carioca, visto que fomos campeões, em 1935, da Sub Liga, declarou na ocasião ao jornal O Imparcial.

Engenho de Dentro AC, Del Castilho FC, Modesto FC (Quintino), CA Central (Engenho Novo), Adélia FC (Engenho de Dentro), Mavílis FC (Caju), Ríver FC (Piedade), SC Abolição, Magno FC (Madureira) e SC América (Lins de Vasconcelos) estiveram presentes na convenção inaugural. O Ramos FC também compareceu, mas por conta da repercussão do encontro, passou a fazer restrições quanto a sua participação. Segundo o seu presidente, Vitório Caruso, a adesão definitiva não se concretizaria, pois considerava que a reunião tinha apenas caráter preparatório. O motivo, no entanto, era bem outro. Por ser filiado à Liga Carioca, temia uma punição e a sua consequente desfiliação.

A assembléia, presidida por Calderaro, proclamou presidente da nova entidade Manoel de Oliveira Brandão Sobrinho, então mandatário e principal esteio do Del Castilho, falecido a 15 de julho de 1947. Entre os dirigentes fundadores, se encontravam presentes, além dos já mencionados, Victor Paolino, José Carvalho Barbosa, Manoel Afonso Lisboa, João Machado, Mário Natividade, Oscar Jacques, entre outros.

Participaram do certame: Ríver, Adélia, SC Oposição, Abolição, Del Castilho, Central, Magno, Modesto, Mavílis, Engenho de Dentro, SC Mackenzie e Argentino FC (Cascadura). O Modesto sagrou-se campeão do Torneio Início, disputado no campo do Ríver, na Avenida João Pinheiro, enquanto o Del Castilho foi o vice-campeão. Pelo Campeonato Suburbano, o SC Mackenzie, do Méier, foi o vencedor inaugural, enquanto o SC Abolição, o qual possuía campo na Rua Cantídia Maciel, no Largo da Abolição, por onde passavam os bondes de Cascadura e Engenho de Dentro, o segundo colocado.


Mário Calderaro era uma figura muito conhecida no subúrbio carioca. Além do Engenho de Dentro, presidira a Associação Comercial Suburbana e fora sócio do Vasco da Gama. Contava com apenas 39 anos, quando em 28 de janeiro de 1940, menos de um mês após assumir a presidência da Federação Atlética Suburbana, se encontrava presente ao campo da Rua Henrique Scheid para assistir a partida entre Adélia e Ideal, de Parada de Lucas. No momento em que o Adélia consignava o segundo tento, Calderaro deixou-se contagiar pela emoção, o que foi fatal para seu coração cansado de vibrar durante as competições esportivas. Socorrido imediatamente, foi levado a um automóvel, o qual rumou rapidamente para o posto de assistência do Méier, mas durante a viagem sobreveio a morte.

Quando planejava quatro anos antes fundar uma entidade nos moldes da Federação Suburbana, poucos foram os que acreditaram na sua realização. Mas contra todos os entraves, desavenças e descrenças, enfrentando os obstáculos que lhe antepunham, conseguiu tornar realidade o que constituiu um motivo de orgulho para o esporte carioca. Quis o destino que falecesse justamente em seu posto de honra e no mesmo local onde seu clube tivera seus maiores dias de glória.

Desfrutando de um largo círculo de relações, se impusera à admiração de todos pela sua dedicação e abnegação à causa das pequenas agremiações dos subúrbios. Com a sua morte, perdeu o esporte menor um dos seus mais abnegados defensores, um verdadeiro benemérito de sua causa. Hoje seu nome batiza uma rua no bairro no qual viveu e devotou a sua maior paixão: o futebol.

Quando assumiu a presidência do Engenho de Dentro encontrou a agremiação com 93 sócios. Deixou-a com mais de 400. Sobre a criação de uma entidade suburbana independente, Mário declarou ao Imparcial, em 14 de agosto de 1936:


– Sempre pensei na possibilidade, e porque não dizer francamente, na conveniência dos clubes menores se congregarem em uma entidade independente. Na minha opinião uma liga suburbana com clubes eficientes, disciplinados e bem dirigidos seria o ideal para o esporte menor. Regulamentos facilmente compreensíveis, 11 medalhas de ouro para os jogadores campeões e 11 de prata para os do segundo colocado. Taça de posse temporária ao vencedor e de posse definitiva para o clube que fosse tricampeão fariam sucesso, ressaltou.

A existência da Federação Atlética Suburbana perduraria por apenas seis anos. O motivo de sua dissolução, em março de 1943, tinha relação com os critérios adotados pelo Conselho Nacional de Desportos (CND), os quais estabeleciam que apenas uma entidade deveria congregar clubes. Portanto, as equipes tiveram que solicitar adesão à segunda e terceira categorias da Federação Metropolitana de Futebol (FMF), presidida por Manuel do Nascimento Vargas Netto. O então presidente da Federação Suburbana, João Carlos Machado, figura proeminente do Ríver, passou a presidir a Segunda e Terceira Categorias de Amadores da supracitada entidade, sendo um dos artífices, em 1949, do histórico Departamento Autônomo, que congregou importantes equipes, como Campo Grande e Portuguesa, e revelou inúmeros talentos para o futebol brasileiro.

ÚLTIMA HOMENAGEM A DUFRAYER

por André Luiz Pereira Nunes


(Foto: Daniel Planel)

O futebol brasileiro ficou mais pobre no dia de hoje. Faleceu, aos 64 anos, o ex-volante do Fluminense Luiz Carlos Dufrayer. O Fluminense utilizou o seu perfil no Twitter para lamentar o seu desenlace. Ele se notabilizou por ter sido o capitão da equipe que conquistou a Copa São Paulo de Juniores em 1977. Fez parte pelo Tricolor das Laranjeiras de um memorável elenco que permaneceu invicto por mais de 80 partidas.

– Foram dois anos sem perder. Ganhamos cinco diferentes títulos seguidos. O último foi a Taça de Nice, em maio de 1977! – relembrou na ocasião.

Justamente, nessa época, Paulo Cézar Caju atuava pelo Olympique de Marselha. Sabendo que o time juvenil do Fluminense iria disputar esse torneio, pegou o carro e o dirigiu até a cidade. Foi quando viu o futebol de Dufrayer.

– Conhecia algumas pessoas ligadas ao Fluminense. Entre elas, o técnico Pinheiro que era o treinador dessa garotada. Era um grande time. Alguns despontaram no elenco profissional e fizeram sucesso no futebol brasileiro! – ressalta o ídolo da Seleção Brasileira, Botafogo, Grêmio e outros grandes clubes.

O MUSEU DA PELADA, no mês passado, fez uma linda homenagem ao ex-atleta que lutava há alguns anos contra um implacável câncer nos ossos. Na ocasião, Sergio Pugliese, acompanhado por Paulo Cézar Caju, Manoel de Mello Júnior, Beto Quatis e Márcio Aurélio promoveram uma ótima resenha, na Praça Seca, que deixou o ídolo das categorias de base das Laranjeiras bastante emocionado.

Nascido em 3 de fevereiro de 1957, no Rio de Janeiro, Dufrayer iniciou sua trajetória, aos 13 anos, no Fluminense. Capitão da equipe nas categorias de base, venceu muitos títulos, entre os quais, a Copa São Paulo de juniores, em 1977, em decisão contra a Ponte Preta.

Ao subir para o time profissional, não encontrou o espaço devido, visto que a concorrência na época era extremamente acirrada. O Fluminense era apelidado de Máquina Tricolor por dispor de inúmeros craques de qualidade incontestável.


Transferiu-se, portanto, para o Serrano de Petrópolis, em 1978, pelo qual atuou com Renê Simões e Ademar Braga, todos em início de carreira. No ano seguinte, jogou na Associação Desportiva Niterói, o antigo Manufatora, tendo participado inclusive do cotejo em que o Flamengo goleou a sua equipe por 7 a 1. Nessa partida, Zico marcou um memorável gol, um dos que Pelé não conseguiu fazer na Copa do Mundo de 70, o do corta-luz. Após uma curta passagem pelo Botafogo da Bahia, Dufrayer encerrou precocemente sua carreira no Yuracam, de Itajubá, por causa de uma cardiopatia.

Apesar de não ter alcançado o mesmo reconhecimento na esfera profissional, Dufrayer permaneceu vivo na memória dos torcedores e dirigentes das Laranjeiras. Para muitos era uma espécie de talismã, um símbolo da força e da tradição da vitoriosa categoria de base do Fluminense.

Sobre a homenagem prestada pelo MUSEU DA PELADA, ele deixou a seguinte mensagem:

“Passei uma boa parte da manhã de hoje chorando de emoção. Se bobear, ainda choro mais. Ficou tudo muito lindo, me amarrei, é claro! Tenho recebido muitos cumprimentos, tá repercutindo muito, graças a Deus. Agradeço de coração a generosidade e consideração. Hoje tô num dia com muitas dores e mal-estar, mas pra semana vou ligar pra agradecer também ao Pugliese. Aliás, falei com ele ontem, mas vou ligar com mais calma novamente.

Fui honrado e eternizado e sou grato a vocês por isso.

Deus abençoe a todos!”.

UNI-SOUZA: DOS CAMPOS DE PELADA ÀS COMPETIÇÕES PROFISSIONAIS

por André Luiz Pereira Nunes


Apesar das inúmeras dificuldades inerentes à pandemia, dois clubes estrearão na esfera profissional do Rio de Janeiro. O já anunciado Império Serrano Esporte Clube e uma outra surpresa oriunda dos campos de pelada na Penha, o Uni-Souza Futebol Clube.

A agremiação alvinegra, cuja mascote é a águia, foi fundada a 30 de setembro de 1987 pelos irmãos Cosmo e João Souza como Dá-lhe Souza Futebol Clube. Durante alguns anos disputou o tradicional Campeonato da Beira da Linha, na Penha Circular, juntamente com os rivais Verçosa, Falcão, Magé, Viracopo, Racing, Erreuno, Estrela, Rebu e Sumatex. Se sagrou vencedor do Torneio Início, em 1992, ao bater o Falcão na decisão.

Em 1990, por iniciativa de Almir Leite, saudoso colunista do Jornal dos Sports, se filiou ao Departamento de Futebol Amador da Capital (D.F.A.C), o antigo e prestigioso Departamento Autônomo (D.A). Na mesma ocasião, a agremiação foi obrigada por Eduardo Viana a mudar de nome, passando a se intitular Uni-Souza. Os inusitados e costumeiros desmandos do notório Caixa d`água eram bem conhecidos. Certa feita, também obrigou um time de Éden, intitulado Psicose, nome do estabelecimento comercial de seu proprietário, a se filiar com outra denominação, tendo que se chamar São João de Meriti Futebol Clube.

A estreia do Uni-Souza ocorreria de maneira discreta dois anos depois. Porém, em 1994, adveio o seu melhor retrospecto, ainda que o Departamento de Futebol Amador da Capital, na época comandado por Marco Antônio da Costa, um ex-quarto zagueiro e posterior representante do Esporte Clube Bandeirantes, além de diretor da Mangueira, estivesse em seus derradeiros anos. O Alvinegro da Penha mandava seus jogos no extinto estádio da Rua Silva Teles, em Vila Isabel, o qual pertencia ao então moribundo Confiança Atlético Clube. União Futebol Clube, de Vila Isabel, e União Central Futebol Clube, também faziam dessa praça de esportes seu mando de campo, um sinal claro de rarefação dos espaços destinados à prática do futebol.


Na categoria principal, a de adultos, o Uni-Souza acabaria eliminado nas semifinais pelo União Central, o campeão daquela tumultuada edição, a qual inclusive contou com as desistências de Flama Futebol Clube e Ordem e Progresso Atlético Clube, este último por imposição dos traficantes da Vila Cruzeiro.

Já nos juniores, o Uni-Souza chegaria à decisão da competição, sendo derrotado na final pelo Esporte Clube Dourados, de Cordovil, por 4 a 1, em cotejo disputado no estádio da Rua Bariri. Nesse ínterim, o presidente João Souza passou a se dedicar à profissionalização do rival União Central, mas não se desincompatibilizaria jamais de sua antiga paixão.

Após 1997, o Departamento Amador passou por um longo período de inatividade que o levou a sua extinção sumária e descabida. Desde 1949 houvera revelado milhares de craques para o futebol brasileiro. Porém, em meados dos anos 2000, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro resolveu agrupar alguns dos remanescentes, além de alguns estreantes, em seu departamento técnico, de modo que a antiga sede do D.F.A.C, sediada na Rua do Acre, 47, passou a servir a outros fins. O Campeonato Amador do Rio de Janeiro, tornado Copa Amador da Capital, hoje completamente descaracterizado e desfigurado, atualmente apenas contempla algumas categorias como sub 15 e sub 17. Em 2012, o Uni-Souza conquistou o sub-15 ao bater na decisão o Conselho Comunitário e Esportivo de Jacarepaguá. Em 2019, perdeu a final do sub 17 para a Associação Real Maré Futebol Clube, nos pênaltis.


Finalmente, em 2021, o notório integrante das peladas da Beira da Linha, na Penha, estreará como clube profissional, contando na presidência com Gilberto Figueiredo, cujo currículo se notabiliza pela descoberta e revelação do atacante Pedro, do Flamengo, o qual, na época, defendia o escrete juvenil do Duquecaxiense Futebol Clube. João Souza permanece como presidente de honra e, obviamente, está extremamente orgulhoso de presenciar seu time galgar mais um espaço em sua rica trajetória.