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andré luiz pereira nunes

MACKENZIE: AS ANTIGAS GLÓRIAS DO ALVINEGRO DO MÉIER

por André Luiz Pereira Nunes


O suburbano bairro do Méier, localizado na cidade do Rio de Janeiro, hoje oscila entre torcedores dos grandes clubes do Rio de Janeiro. Porém, teve o seu próprio time de futebol, o Sport Club Mackenzie, o qual hoje se dedica a uma vida social riquíssima e intensa, mas jamais sem renegar os feitos futebolísticos do passado.

No distante ano de 1913 já existia uma agremiação esportiva intitulada Odeon Futebol Clube, fundada a 1 de junho de 1912, e situada provisoriamente numa das dependências da residência da viúva do general Xavier de Brito, à Rua Getúlio, 153 (hoje 227), em Todos os Santos.  A garotada que morava na casa, filhos do general, abraçou a ideia e, no dia 14 de março de 1914, quando organizavam uma festa de aniversário no local, resolveram dissolver o clube e formar um outro mais sólido. 

A fundação ocorreu no dia seguinte e o nome escolhido, Sport Club Mackenzie, foi inspirado no Mackenzie College, de São Paulo, considerada uma instituição-modelo. Antes de chegar à atual sede, na Rua Dias da Cruz, 561, o clube passou da Rua Getúlio, 153 para outras casas, nas Ruas Tenente Costa (atual Padre Miguel Penalva), Ferreira de Andrade, Dias da Cruz (número 153, que agora pertence à Rua 24 de Maio), Archias Cordeiro, Mossoró, Méier, Cachambi e novamente Rua Getúlio, 153

O primeiro pavilhão continha as cores roxo e branco. A partir de 1916, passou a ostentar o preto e o branco, tendo sido o seu escudo e bandeira desenhados pelos associados Osvaldo dos Santos e Murilo de Castro Monteiro. 

Em 1921, chegou à primeira divisão ao disputar a Série B e conquistar o vice-campeonato. Dois anos depois, foi campeão do Torneio Início do Campeonato da Cidade, organizado pela Federação Metropolitana de Desportos Atléticos, voltando a ser vice-campeão da Série B da primeira divisão no mesmo ano. Em 1926, o Mackenzie conquistaria vários títulos, entre os quais, o de vencedor do Torneio Início da segunda divisão da AMEA, vice-campeão da mesma categoria no campeonato normal e campeão dos segundos e terceiros quadros da segunda divisão da AMEA. Um novo vice-campeonato foi conquistado em 1931 com o primeiro time, na segunda divisão da AMEA e, em 1936, o clube do Méier ganhou a primeira edição do Campeonato Carioca da Federação Atlética Suburbana, precursora do glorioso Departamento Autônomo, fundado em 1949.

O Mackenzie viria a encerrar as suas atividades futebolísticas em 1941. Desde a década de 30 o clube disputa com sucesso os certames de basquete, já tendo vencido mais de 40 títulos em diferentes categorias. Vale ressaltar que a sua rica trajetória também continuou a enveredar por outros desportos como o futebol de salão e o voleibol. A agremiação também conta com uma imponente sede social, a qual contén quadras para a prática desses esportes, assim como salões e restaurantes para sócios e visitantes.

CARROSSEL CAIPIRA: A MORTE DE VADÃO E O LENDÁRIO TIME DO MOGI-MIRIM

por André Luiz Pereira Nunes


Em 25 de maio faleceu, aos 63 anos, acometido de um tumor no fígado, o treinador Osvaldo Fumeiro Alvarez, o Vadão, notabilizado por haver dirigido grandes times brasileiros, além da Seleção Brasileira Feminina em duas passagens, uma delas nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, quando o escrete nacional ficou na quarta colocação e a um passo da conquista da medalha de bronze.

Há 28 anos Vadão foi o responsável pela formação do inesquecível ‘Carrossel Caipira’, em alusão à inovadora Seleção Holandesa, de Johann Cruijff, que imortalizou o futebol total e encantou o mundo na Copa de 1974. Foi assim que ficou conhecido o Mogi-Mirim, em 1992, cujo esquema tático, o 3-5-2, era bastante similar ao de Rinus Mitchells. Apesar de mal visto após o fracasso do Brasil na Copa de 1990, Vadão não se importou para as críticas, implantando um sistema de jogo com muita velocidade, o qual nenhum atleta guardava posição fixa. No entanto, é importante frisar que ele contou com amplo apoio do então presidente Wilson Fernandes de Barros, que montou uma equipe competitiva reunindo alguns valores da base com destaques de equipes de menor expressão. 

No primeiro semestre de 1992, o Mogi, capitaneado pelo magnífico trio composto por Rivaldo, Válber e Leto, conquistou a Copa 90 anos, organizada pela Federação Paulista de Futebol, em decisão contra o Grêmio São Carlense, perdendo apenas uma de onze partidas. No Campeonato Paulista, realizado no segundo semestre, a equipe foi a líder do Grupo B, garantindo uma vaga no quadrangular final, quando ficou na última colocação, feito que não desanimou os jogadores. Válber ainda foi o artilheiro da competição com 17 gols.

No ano seguinte, o Sapão não se classificou para a segunda fase do Campeonato Paulista, apesar de empatar o mesmo número de pontos que o Guarani, quinto colocado, e o Rio Branco, sexto. Foi o time que menos perdeu na competição juntamente com o líder Corinthians. Contudo, no segundo semestre o Carrossel foi extremamente vitorioso. Ao disputar o Torneio João Havelange, uma espécie de Torneio Rio-São Paulo, passou nas semifinais pelo Corinthians, mas acabaria derrotado, na decisão, pelo Vasco, nos pênaltis. Apesar do revés, a reputação do Carrossel Caipira não parava de crescer. No Torneio Ricardo Teixeira, integrado por equipes do Rio e São Paulo, que fornecia uma vaga na Série B do Campeonato Brasileiro de 1994, o Mogi bateu o Bangu, em duas partidas finais, e ficou com a taça após perder apenas um jogo no certame.

Rebaixado no Paulistão, em 1994, o alvirrubro voltaria à Série A1 logo no ano seguinte após obter o título da Série A2. Infelizmente o clube está mergulhado numa crise financeira sem precedentes que o rebaixou à quarta e última divisão do Campeonato Paulista. Em 2019, seus dirigentes retiraram o time das competições, mas com volta programada para este ano. Apesar das atuais desilusões, os fanáticos torcedores da cidade ainda sonham em reviver os agradáveis ares daquela memorável fase em que o Mogi-Mirim era motivo de orgulho para o futebol do interior paulista.

AUTOBOL, UM ESPORTE BRASILEIRO DISPUTADO POR CARROS

por André Luiz Pereira Nunes


É no mínimo inusitado imaginar uma partida de futebol contendo carros em vez de jogadores. Parece impossível, mas não só existiu essa modalidade, como ainda foi inventada, no início dos anos 70, por um brasileiro, embora tenha persistido por pouco tempo. Foi o doutor Mário Marques Tourinho, fã de futebol e automobilismo, quem a concebeu e a pôs em prática, apoiado pelo produtor de TV, José Maria Adame. Na época, Mário era diretor do departamento médico do America e médico da Associação Carioca de Volantes de Competição. 

A ideia ganharia corpo e se tornaria uma verdadeira febre com direito a uma ampla cobertura de jornais e televisão. Após algumas experiências envolvendo amistosos no estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, os organizadores resolveram, em 1973, organizar o primeiro Campeonato Carioca de Autobol no antigo estádio do America, na Rua Campos Sales, na Tijuca. Os disputantes foram America, Flamengo, Vasco e Fluminense. O campeão foi o Tricolor das Laranjeiras, o qual contava em seu elenco com o piloto Ivan Sant’Anna, hoje um famoso escritor, além de Alfredo, Fernando Davi e Paulo Jorge.

Os jogos eram disputados em campos de terra batida ou saibro contendo as mesmas dimensões de um gramado de futebol. A bola, de couro de búfalo com diâmetro de 1 metro e peso de 11 kg, era conduzida por carros, cujo número por times variou ao longo dos anos de três, quatro, cinco ou seis. Os escolhidos eram modelos baratos, como o Dauphine, que tinham câmbio de três marchas, facilitando bastante as manobras, pois a ré e a primeira marcha faziam parte do mesmo canal. Outros automóveis como o Volkswagen Fusca 1300, Volkswagen 1600, antecessor da  Brasília, Gordini, Renault RQ e o Kharman-Ghia também foram bastante utilizados. É interessante frisar que os carros com capô redondo, como o Fusca, eram utilizados para “chutar” a bola para o alto, possibilitando que os outros veículos a “cabeceassem” para o gol. Já os de capô quadrado executavam passes rasteiros e cobranças de falta.

Na edição seguinte, em 1974, o Botafogo, que entrara no lugar do America, sagrou-se vencedor. Alguns cotejos também passaram a ser disputados no Colégio Santo Inácio, em Botafogo, no campo dos Funcionários do Horto Florestal e até no gramado das Laranjeiras, o qual aguardava replantio. Porém, a alegria durou pouco. O país, que vivia o auge da ditadura, experimentava outra de suas costumeiras e inúmeras adversidades econômicas que permearam a sua história. O estouro da crise mundial do petróleo, agravada pelo fim do transitório e ilusório Milagre Econômico culminaram em severas restrições à prática de competições automobilísticas no país, inviabilizando totalmente o Autobol, o qual permanece vivo apenas nas lembranças de alguns aficcionados e estudiosos do peculiar esporte cuja origem é totalmente brasileira.

O VITORIOSO E ABNEGADO MANOEL DE ALMEIDA

por André Luiz Pereira Nunes


Em 15 de outubro de 1988 faleceu Manoel Ferreira de Almeida. Foi enterrado no Cemitério Jardim da Saudade. Sua ausência abriu uma grande lacuna, pois fôra a maior liderança e a maior prestação de serviços a qual o futebol amador carioca poderia legar. O seu atual anonimato é uma das muitas injustiças que o esporte por vezes proporciona. Homem realizado profissionalmente, além de desportista nato, sempre esteve presente aos estádios para fazer o que mais gostava: comandar times. Contudo, a sua paixão jamais enveredou pelo profissionalismo. Gostava do futebol amador e, qualquer que fosse o clube, vestia a camisa com honradez e dignidade como se fosse a sua segunda pele.

De fácil comunicação, sabia cativar os jogadores e transmitir as suas recomendações. Formava equipes sempre com o intuito de vencer, pois jamais se contentava em ser um mero partícipe. Ainda chegou a cartola, no bom sentido, quando em 9 de março de 1972 assumiu a presidência do Atlético Clube Nacional, levando o clube de Ricardo de Albuquerque às maiores conquistas do extinto Departamento Autônomo, este tornado posteriormente Departamento de Futebol Amador da Capital e vinculado à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro.

Quando resolveu presidir o Nacional, descobriu que a agremiação da Estrada do Camboatá não dispunha de água, luz, esgoto, vestiários e tampouco da escritura do terreno. Para piorar, havia uma dívida de 18 milhões de cruzeiros. Sem nenhum esmorecimento, resolveu arregaçar as mangas e criar um grupo de trabalho composto por 38 fiéis colaboradores. Após nove meses, tudo estava sanado e o caixa ainda contava com 25 mil cruzeiros. Em fevereiro de 1983, lançou a pedra fundamental do ginásio contando com a colaboração do então presidente do Vasco, Agathyrno da Silva Gomes. Sete meses depois, o conjunto The Fiver’s abrilhantou a festa de inauguração. Ainda em 1972, dirigiu o time em um torneio de clubes profissionais, o Otávio Pinto Guimarães, conquistando a segunda colocação e ainda incluindo o clube na loteria esportiva, um feito inédito e notório. Também ganhou os títulos de campeão de juvenis, amadores e da Taça Disciplina e Eficiência.

Tendo levado o Nacional às grandes vitórias, lamentava-se da decadência causada pelas posteriores gestões. Sempre enumerava os chamados coveiros e essa foi a principal tônica levantada em várias rodas de conversa formadas em seu enterro.

Após a experiência fora dos gramados, voltaria a atuar como técnico, alcançando sempre êxito no comando das equipes. Entre os inúmeros títulos, vale ressaltar o de 1977, pelo Nacional, quando bateu na final o glorioso Oriente, no campo do America. Já em 1982, após ser vice no ano anterior, foi campeão amador pelo Pavunense, em antológica decisão, em Moça Bonita contra o Oriente, transmitida de forma inédita pela Rádio Nacional. Em 1986, à frente do Francisco Xavier Imóveis, já bem idoso, apossou-se de seu último troféu no futebol amador da capital.

Manoel de Almeida nunca viveu do futebol. Pelo contrário, viveu para o futebol. Por 48 anos foi funcionário de primeiro escalão do Laboratório Schering, criando ainda um time da empresa, o qual se sagrou bicampeão de um certame classista.

RARA APARIÇÃO

por André Luiz Pereira Nunes


Os discos voadores parecem mesmo terem voltado à moda. Recentemente causou bastante impacto a notícia acerca de filmagens de um OVNI por parte de caças do Pentágono. E no começo dessa semana as mídias sociais se alvoroçaram com a suposta queda de um objeto espacial desconhecido no município de Magé, na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro. O que pouca gente sabe é que há 38 anos a aparição de um disco voador quase interrompeu uma partida de futebol válida pelo Campeonato Brasileiro.

Na noite de sábado, 6 de março de 1982, o Operário, cinco anos após ser semifinalista do Campeonato Brasileiro, vencia o badalado Vasco, de Roberto Dinamite e companhia, por 2 a 0, com direito a dois gols de Jones, pela abertura da segunda fase da Taça de Ouro, nome pelo qual era chamado o Brasileirão naquela época. Porém, o que mais ficou registrado na memória dos torcedores sul-matogrossenses foi a visão de um estranho objeto cilíndrico que cruzou os céus do estádio Morenão exalando luzes, contudo sem nenhuma emissão de ruído. 

Um dos personagens daquela peleja foi o lateral-direito Cocada, eternamente lembrado com muito carinho pela torcida cruzmaltina por ter sido o herói do título carioca de 1988 em cima do Flamengo. Na ocasião, atuando pelo time da casa, participou dos dois gols e ainda foi uma das testemunhas do tal objeto. O árbitro José de Assis Aragão também presenciou o ocorrido, mas não chegou a parar a partida. Já o lateral-direito Pedrinho disse não ter visto nada por estar totalmente concentrado no jogo.

De acordo com o ufólogo Ademar José Gevaerd, um dos mais renomados do país e criador e editor da Revista UFO, não foi feita nenhuma filmagem do ocorrido, uma vez que os cinegrafistas da TV Globo, que transmitiu a partida ao vivo com direito à narração de Galvão Bueno, não tiveram tempo de virar os pesados equipamentos para o céu. Afinal, eram os anos 80. O acontecimento inclusive serviu de inspiração e estímulo para que o jovem Gevaerd, então um mero professor de química, passasse a dedicar a sua vida inteiramente à ufologia. 

Vale relembrar que naquele certame ambos os times conseguiram se classificar, chegando à terceira fase, mas foram eliminados  no mata-mata. No fim, o Operário ficou na décima-terceira colocação geral e o Vasco na décima.