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1981

O INESQUECÍVEL FLAMENGO DE 1981

por Luis Filipe Chateaubriand


O Flamengo de 1981 é, possivelmente, o melhor time que este escriba viu jogar.

Raul; Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico. Eis o time que, na opinião deste signatário, deveria ter sido a base da Seleção Brasileira de 1982.

Era um time perfeito, tecnicamente, taticamente e em termos de conjunto. Uma máquina de jogar futebol!

Eis os segredos do escrete:

·         O experiente goleiro Raul transmitia segurança à defesa.

·         O polivalente Leandro, com sua técnica apuradíssima, aparecia como elemento surpresa no ataque, deixando confusos os defensores adversários.

·         Os defensores Marinho e Mozer constituíam uma zaga composta de técnica e de vigor, o que inspirava excessivo respeito aos adversários.


·         Júnior era o lateral que se tornava atacante constantemente.

·         Andrade e Adílio se revezavam nas posições de volante e meia, confundindo os marcadores.

·         Tita, o ponteiro direito, e Lico, o ponteiro esquerdo, trocavam de posição constantemente, levando à loucura os oponentes. Além disso, com a bola atacavam como pontas, mas, sem ela, defendiam como meias. Pareciam fazer o time se multiplicar em campo.

·         Nunes, o artilheiro, não só fazia pilhas de gols, mas se movimentava ininterruptamente, de um lado a outro da área de ataque, levando consigo os marcadores. Com isso, abria espaço para a entrada dos companheiros, pelo meio.

·         Finalmente, Zico. Como diria Armando Nogueira, arco e flecha, tanto criava no meio para os atacantes, como chegava na área, se fazendo um deles. Técnica apuradíssima, inteligência ímpar, antevidência das jogadas, exemplo para o time, a estrela da companhia decidia quase sempre.

No banco de reserva, os bons Vítor, Figueiredo e Carlos Alberto também davam conta do recado, quando solicitados. O craque aposentado Paulo Cesar Carpegiani dirigia o time, que foi concebido pelo legendário Cláudio Coutinho – o mago da estratégia.

Tenho pena da garotada rubro negra, que se encontra toda ouriçada com as presenças de Arrascaeta e Gabigol: tivessem visto este timaço em ação, saberiam o que é se ouriçar de verdade!

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra "O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro". 

A SÍNDROME DE 81

por Iran Damasceno


O que pode ocorrer com um povo altamente miscigenado, onde várias raças e culturas se encontraram e formaram uma nação? Tudo, ainda mais em um país que escolheu, em dado momento, algo para amparar as suas angústias, para extravasar suas emoções, para despertar no outro certa indignação (por vezes ódio, infelizmente) e assim nos manter estagnados na paixão ou então caminhantes sem freio a caminho de conquistas que, por vezes, não nos enriquece em nada.

Obviamente que estamos falando do futebol e especificamente do Flamengo, clube de massa e aceito por mais de 40 milhões de brasileiros. Muitos títulos foram conquistados, muitos craques por lá passaram, tendo como seu maior ídolo o “Galinho de Quintino”, o popular e sensacional Zico. Entretanto, como se trata de um clube de futebol brasileiro, ele está, rigorosamente, na linha de fogo das más administrações e isto faz dele uma incoerência diante do seu potencial. Pois é, muitos títulos, todavia alguns outros clubes possuem mais conquistas que o rubro-negro e não são reconhecidos da mesma maneira e magnitude, o que pode nos levar a pensar em culturas populares, num dos estados mais populares e “leves” do Brasil, que é o Rio de Janeiro.

É, o Carioca é diferente mesmo. Mas, aconselhamentos não faltam ao “mais querido do Brasil” para que ele se torne, realmente, um clube de ponta: estamos falando da Comunicação e do Marketing, segundo alguns especialistas. Para alguns, o Flamengo se comunica mal por causa, principalmente, da sua subserviência em relação à sua torcida e aos patrocinadores, pecando assim, também, na forma como utiliza suas estratégias com a ferramenta Marketing.


Temos encontrado debates sobre a sobrevivência (?) do clube estar atrelada, antiga e arcaicamente, ao titulo solitário de 1981, que foi o mundial. Não é nenhum desmerecimento ao titulo, apenas achamos pouco para um clube que, segundo pesquisas internacionais, poderia ser uma marca mais forte que muitas da própria Europa.

Vale ressaltar que qualquer debate é logo jogado no túnel do tempo e remetido a 81, quando não, vem a velha e falida ideia de que seu maior “rival”, o Vasco da Gama, é o maior vice. O que nos espanta é saber que a concepção da junção das raças e culturas, em certos momentos, se limita a discorrer somente sobre o período em que levantam algum “caneco” e aí logo os seus adversários mais atentos vêm com fatos que podem ser transformados em argumentos convincentes, por exemplo, o que é sobre o “maior clube do mundo”, somente na década de 2000 ter conseguido construir um centro de treinamento.

Os mais “sacanas” chegam a compará-lo ao surgimento do empreendimento de postos de conveniência no Brasil, mais ou menos na década de 1990, quando nos EUA já existia há passados 50 anos. É uma forma de zoarem… Pois é, para os adversários mais vorazes toda a unanimidade é burra, lembrando ao ilustre tricolor Nelson Rodrigues, porém não podemos negar que a paixão do seu torcedor é algo de arrepiar. E então, vamos sair de 1981?